quinta-feira, 5 de junho de 2025

Crítica – Sereias

 

Análise Crítica – Sereias

Review – Sereias
A minissérie Sereias é um novelão. Digo isso não em um sentido perjorativo, já que sua abordagem novelesca, cheia de excessos e histrionismos é parte do que a torna divertida, no entanto, sei que muita gente não se atrai por esse tipo de produto. Por isso aviso logo que se algo com uma pegada novelesca não é a sua praia, você talvez não se atraia pela série. Aviso que o texto contem SPOILERS da série.

O canto da sereia

A trama é centrada em Devon (Meghann Fahy), uma mulher que abriu mão de muita coisa na vida para cuidar da irmã mais nova depois do falecimento da mãe e agora tem que cuidar do pai que está em estado avançado de demência. Não conseguindo lidar sozinha com a responsabilidade, ela tenta contato com a irmã mais nova, Simone (Milly Alcock), que a ignora. Devon decide então ir até onde a irmã está, uma luxuosa casa de veraneio em uma ilha habitada por ricaços na qual Simone trabalha como assistente pessoal de Michaela (Julianne Moore), a esposa filantropa do bilionário Peter Kell (Kevin Bacon). Lá vê uma estranha relação de co-dependência entre Michaela e Simone, decidindo tirar a irmã dali, mas logo a própria Devon é puxada para a órbita de Michaela.

quarta-feira, 4 de junho de 2025

Crítica – Oh, Canadá

 

Análise Crítica – Oh, Canadá

Review – Oh, Canadá
Dirigido por Paul Schrader, Oh, Canadá é sobre como nenhum registro é capaz de dar conta de um indivíduo. Tentar contar a história de alguém envolve escolhas, envolve fabulação, e nesse processo o sujeito é transformado em um ser de linguagem, um personagem, que por mais que se tente nunca refletirá completamente a complexidade de uma pessoa real. É uma análise de como se constrói um discurso mitificado sobre alguém e as fissuras nesse discurso, embora nem chegue a executar suas ideias com a contundência que acredita estar exercendo.

Multidões dentro de si

A narrativa adapta o romance Foregone, de Russell Banks, e é centrada em Leo Fife (Richard Gere), um renomado documentarista que nos anos 60 teria fugido dos Estados Unidos para o Canadá por se recusar a servir na Guerra do Vietnã. Agora, com um câncer em estado avançado, ele aceita falar para o documentário que um antigo estudante, Malcolm (Michael Imperioli), está fazendo a seu respeito. Ao longo da conversa, Leo revisita sua juventude (na qual passa a ser interpretado por Jacob Elordi) e, sabendo que seus dias estão contados, reconta sem reservas a sua vida, oferecendo um olhar sobre si que vai além da visão construída de um cineasta engajado.

segunda-feira, 2 de junho de 2025

Crítica – A Fonte da Juventude

 

Análise Crítica – A Fonte da Juventude

Review – A Fonte da Juventude
Em seus primeiros filmes, Guy Ritchie era um diretor promissor com um estilo singular, mas com o tempo a impressão é que muito disso se perdeu e suas produções se tornaram cada vez mais genéricas, soando como trabalhos que poderiam ser feitos por qualquer peão de estúdio hollywoodiano. Mencionei isso quando escrevi sobre Guerra Sem Regras (2024), O Pacto (2023) ou Esquema de Risco (2023) e essas observações continuam valendo neste A Fonte da Juventude.

Aventura familiar

A narrativa gira em torno de Luke (John Krasinski), um arqueólogo e ladrão de artefatos que é contratado pelo ricaço Owen (Domhnall Gleeson) para encontrar a mítica fonte da juventude. Como algumas pistas estão além de seu entendimento, Luke recruta a irmã, Charlotte (Natalie Portman), que relutantemente se junta à equipe. A busca não será fácil, já que eles estão sendo caçados tanto pelas autoridades quanto por uma cabala de protetores do segredo da fonte liderada por Esme (Eiza Gonzalez).

quinta-feira, 29 de maio de 2025

Crítica – Pablo & Luisão

 

Análise Crítica – Pablo & Luisão

Review – Pablo & Luisão
Uma das coisas mais engraçadas que já li na internet foi o fio que o ator Paulo Vieira fez no finado Twitter contando as histórias de sua família, em especial as desventuras de seu pai, Luís, e o melhor amigo dele, Pablo. No longo fio, Paulo Vieira narrava como Pablo e Luisão sempre se metiam em roubadas ao tentarem inventar novos empreendimentos ou formas de economizar dinheiro.

Algumas situações eram tão absurdas que eu só acreditava porque Vieira colocava fotos e vídeos nos relatos. Eram coisas que pareciam ter saído diretamente de uma sitcom, então não foi surpresa quando foi anunciado que Pablo & Luisão viraria uma série. Por mais empolgado que estivesse, no entanto, também estava receoso, já que a última vez que a Globoplay tentou transformar um fio cômico de internet em série o resultado foi a péssima Eu, a Vó e a Boi (2019). Felizmente esse não é o caso e Pablo & Luisão é uma das melhores comédias dos últimos anos.

quarta-feira, 28 de maio de 2025

Crítica – Confinado

 

Análise Crítica – Confinado

Review – Confinado
Refazendo o suspense argentino 4x4 (2019), este Confinado soa como mais um remake hollywoodiano voltado para o público estadunidense com preguiça de ler legendas considerando que o original argentino não é tão antigo. É uma tentativa de mesclar thriller com uma reflexão sobre classe social e desigualdades da vida urbana, mas não executa bem nenhuma dessas ideias.

Confinamento veicular

A narrativa é centrada em Eddie (Bill Skarsgard) um criminoso pé de chinelo que está tentando juntar dinheiro para pagar suas dívidas e tentar rever a filha, cujos direitos de visitação perdeu por conta de seus problemas legais. Um dia ele vê uma SUV de luxo parada em um estacionamento deserto e tenta abri-la na esperança de encontrar algo de valor. Ao entrar ele se vê trancado no carro e uma voz vinda do computador de bordo se anuncia como William (Anthony Hopkins), um homem que transformou o carro em uma armadilha para criminosos. Transformando o veículo em uma câmara de tortura digna do Jigsaw de Jogos Mortais, William tenta punir Eddie enquanto ele tenta pensar em um meio de sair dali.

terça-feira, 27 de maio de 2025

Crítica – The Last of Us: Segunda Temporada

 

Análise Crítica – The Last of Us: Segunda Temporada

Review – The Last of Us: Segunda Temporada
Depois de uma excelente primeira temporada que manteve a essência do primeiro game ao mesmo tempo em que expandiu alguns elementos do seu universo, The Last of Us chega a sua segunda temporada com um desafio ainda maior. O segundo game não é apenas mais longo e mais moralmente ambíguo, ele depende de muitos elementos específicos da linguagem dos games para construir sua reflexão sobre violência de maneira impactante.

Consequências violentas

A trama se passa alguns anos depois da temporada anterior. Ellie (Bella Ramsay) e Joel (Pedro Pascal) agora vivem na comunidade liderada por Tommy (Gabriel Luna). Apesar de seguros, Ellie e Joel estão distantes um do outro. Porém quando Joel é morto por Abby (Kaitlyn Dever) como vingança pelo que aconteceu no hospital dos Vaga-Lumes, Ellie decide partir em uma jornada de vingança, mesmo que isso contrarie os conselho da comunidade.

segunda-feira, 26 de maio de 2025

Crítica – Missão Impossível: O Acerto Final

Análise Crítica – Missão Impossível: O Acerto Final

Review – Missão Impossível: O Acerto Final
Continuando de onde Missão Impossível: Acerto de Contas (2023) parou, este Missão Impossível: O Acerto Final não é apenas uma finalização da história iniciada na aventura de 2023, mas também uma culminância de toda a franquia até aqui. Tal como aconteceu em Vingadores: Ultimato (2019), outro filme que também era a culminação de toda uma série de filmes, esta que se pretende a ser a aventura derradeira de Ethan Hunt sofre por querer ser mais do que um filme, funcionando como uma grande “volta olímpica” da franquia celebrando a si mesma resultando em algo que por vezes soa demasiadamente inchado, cedendo sob o peso da própria megalomania.

A soma de todas as escolhas

Não que seja ruim, longe disso, mas o filme anterior conseguia ser grandiloquente e refletir sobre o percurso de Ethan Hunt (Tom Cruise) até aqui sem parecer tão explicitamente fanservice, oferecendo uma aventura que colocava o pé no acelerador desde o primeiro momento e só parava quando os créditos subiam. Aqui a trama começa com Ethan precisando descobrir o que a chave cruciforme que obteve no final do filme anterior é capaz de abrir. A chave representa a última chance de parar a Entidade, uma perigosa IA que começou a atacar os sistemas dos arsenais nucleares do mundo e, caso tome o controle deles, pode eliminar toda humanidade. Com poucos dias e poucas pistas antes do iminente apocalipse, a única chance de Ethan é rastrear Gabriel (Esai Morales).

sexta-feira, 23 de maio de 2025

Rapsódias Revisitadas – Lilo & Stitch (2002)

 

Análise – Lilo & Stitch

Review – Lilo & Stitch
Quando Shrek foi lançado em 2001 sacudiu o meio da animação de Hollywood ao apresentar um filme acessível para todas as idades com um protagonista que estava bem distante do tipo de personagem típico das animações da Disney, a principal referência no meio. Nesse sentido, não parece coincidência que pouco tempo depois a Disney lança uma animação que, como o ogro Shrek, era protagonizada por uma criatura bruta, destrutiva, mau-humorada e de caráter duvidoso, quase como uma resposta à Dreamworks. Até a publicidade do filme era focada em mostrar como o monstrinho Stitch era uma antítese de tudo que a Disney tinha feito até então, deixando evidente que a Casa do Mickey queria chamar atenção do público que gostou de Shrek por ser “anti-Disney”.

Ohana significa família

A trama acompanha Lilo, uma menina de cinco anos que perdeu os pais e é criada pela irmã mais velha, Nani. Lilo é bem solitária e Nani luta para manter um emprego sob o risco de perder a guarda da irmã. Depois que Lilo cria problemas na escola, Nani decide levá-la para adotar um cachorro, pensando que um animal de estimação aplacaria a solidão da menina. É aí que Lilo encontra Stitch, uma criatura alienígena fruto de experimentos genéticos que veio fugida para a Terra e está sendo caçado por forças intergalácticas. Agora, Lilo deve ajudar Stitch a ser parte de sua família, ao mesmo tempo em que a criatura tenta encontrar um meio de evadir seus perseguidores.

quinta-feira, 22 de maio de 2025

Crítica – O Estúdio

 

Análise Crítica – O Estúdio

Review – O Estúdio
Há uma contradição fundamental entre o regime estético e a narrativa de O Estúdio. De um lado temos uma série de escolhas estéticas altamente sofisticadas, com longos planos sequência conforme os personagens caminham em sets de filmagem ou grandes eventos construindo um senso de constante movimento e unidade espacial para as cenas. Por outro lado, por mais que haja uma encenação cuidadosamente planejada que reflete bastante atenção na linguagem do cinema, a série é fundamentalmente sobre um grupo de pessoas vulgares, estúpidas e que podem até pensar que se importam com a arte, mas na prática produzem o mesmo lixo corporativo de sempre.

Indústria caótica

Essa contradição não é um equívoco ou uma escolha impensada. Na verdade soa como uma decisão bem deliberada de construir um regime visual que tenta evocar como esses personagens, em especial o chefe de estúdio Matt Remick (Seth Rogen), pensam sobre si mesmos e faz o estilo chocar com a realidade estúpida do que eles de fato são, desnudando de maneira ainda mais escancarada o cinismo, a estupidez e a visão mercantilizada, utilitarista e imatura que eles tem do cinema enquanto arte. A dissonância entre estética e narrativa é, na prática, uma maneira de ilustrar a dissonância cognitiva de seu protagonista.

terça-feira, 20 de maio de 2025

Crítica – Capcom Fighting Collection 2

 

Análise Crítica – Capcom Fighting Collection 2

Review – Capcom Fighting Collection 2

Nos últimos anos a Capcom vem trabalhando bastante para tornar disponíveis seus sucessos de outrora que não era possível mais jogar oficialmente em praticamente nenhuma plataforma. A primeira Capcom Fighting Collection era uma coletânea de games de luta que trazia de volta franquias como Darkstalkers e Cyberbots. Ano passado foi a vez dos jogos de luta em parceria com a Marvel na Marvel vs Capcom Fighting Collection. Agora é a vez de jogos de luta lançados no início dos anos 2000 com esta Capcom Fighting Collection 2, trazendo de volta para múltiplas plataformas games que não estavam mais disponíveis há tempos, cujas últimas versões caseiras foram em consoles como PSP ou Dreamcast.