Envelhecer ainda é tratado como algo inerentemente negativo. Muitas vezes tratamos pessoas idosas como um peso, como pessoas que existem para dar trabalho aos demais. Principalmente em um contexto no qual trabalhamos cada vez mais horas em temos menos tempo para quaisquer outros afazeres. Dirigido por Gabriel Mascaro, O Último Azul pensa o que pode acontecer numa sociedade que leva ao extremo essas visões sobre idosos.
Futuro imperfeito
Num futuro próximo o Brasil embarcou em um regime totalitário no qual o foco é o trabalho e a produtividade. Quando as pessoas chegam a uma certa idade são exiladas em uma colônia de idosos supostamente para viver seus últimos dias em paz, evitando causar problemas ou dar trabalho aos filhos, que ficam livres para trabalhar sem preocupações. Tereza (Denise Weinberg) tem 77 anos, vive numa região remota do Amazonas e está a poucos anos de ser mandada para a colônia. O processo, no entanto, é acelerado quando uma nova lei baixa a idade para 75 anos, com ela sendo imediatamente colocada sob tutela da filha, perdendo toda a autonomia, e tendo sua viagem para a colônia agendada. Tereza, no entanto, ainda tem coisas que quer fazer, especialmente viajar de avião. Como ela não consegue comprar uma passagem comercial sem o consentimento da filha, ela decide pagar o barqueiro Cadu (Rodrigo Santoro) para levá-la até uma cidade na qual poderá fazer um voo de ultraleve. Ao longo da viagem irá descobrir mais sobre si do que esperava.