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terça-feira, 9 de julho de 2024

Rapsódias Revisitadas – Holocausto Brasileiro

 

Crítica – Holocausto Brasileiro

Review – Holocausto Brasileiro
Baseado no livro de mesmo nome de Daniela Arbex, o documentário Holocausto Brasileiro foi lançado em 2016 e narra a chocante história real do hospital psiquiátrico Colônia, localizado em Barbacena, interior de Minas Gerais. Em seus oitenta anos de funcionamento o hospital abrigou milhares de pacientes, alguns que sequer tinham problemas psiquiátricos, mas as condições desumanas do local causaram a morte de mais de sessenta mil pessoas.

Estruturado ao redor de entrevistas e imagens de arquivo, o documentário conta a história do hospital desde sua origem no início do século XX, quando foi criado como um centro terapêutico para a elite carioca, e depois quando se tornou um hospital psiquiátrico pertencente ao estado de Minas Gerais. A partir daí vemos como o local se tornou um espaço de exclusão e tormento no qual as autoridades não apenas aprisionavam pessoas com transtornos mentais severos, mas também qualquer um que não tivesse para onde ir, como crianças órfãs e pessoas em situação de rua. Todos os que estavam no hospital, independente do diagnóstico, eram tratados como pacientes psiquiátricos, recebendo uma medicação pesada e até tratamentos mais agressivos, como eletrochoques.

segunda-feira, 8 de julho de 2024

Crítica – Ninguém Sai Vivo Daqui

 

Análise Crítica – Ninguém Sai Vivo Daqui

Review – Ninguém Sai Vivo Daqui
Inspirado no livro-reportagem Holocausto Brasileiro, de Daniela Arbex (que baseou o documentário de 2016 de mesmo nome), este Ninguém Sai Vivo Daqui narra a história do hospital psiquiátrico Colônia, localizado no interior de Minas Gerais, como uma história de terror. Com mais de 60 mil internos mortos ao longo de décadas, muitos dos quais sequer sofriam de transtornos mentais, o caso se tornou um símbolo da luta antimanicomial no Brasil.

A narrativa se passa nos anos 70 e é focada em Elisa (Fernanda Marques), enviada à força para Colônia pela família depois de engravidar de um namorado e recusar o casamento arranjado com outro homem feito por seu pai. Inicialmente sem saber o motivo de estar lá, ela logo descobre que outros internos e internas do lugar tem histórias como a dela, pessoas sem histórico de doença mental que foram colocados lá por não aderirem a certas normas sociais ou por não terem nada nem ninguém para onde ir. Ao vivenciar um cotidiano de maus tratos e torturas, ela tenta encontrar um meio de fugir.

quarta-feira, 19 de junho de 2024

Rapsódias Revisitadas – Rio, Zona Norte

 

Crítica - Rio, Zona Norte

Rapsódias Revisitadas – Rio, Zona Norte
Dirigido por Nelson Pereira dos Santos, responsável por obras seminais do cinema brasileiro como Vidas Secas (1963), Rio, Zona Norte foi lançado em 1957. É uma narrativa sobre a vida na periferia do Rio de Janeiro, do samba que dela emerge e como esse samba é apropriado pela elite carioca, deixando à míngua os músicos do morro. 

O protagonista é Espírito da Luz (Grande Otelo), um sambista da periferia carioca que cai de um trem lotado saindo da Central do Brasil e machuca a cabeça. Enquanto ele agoniza, voltamos aos seus últimos meses, quando ele lutava para gravar seus sambas, mas tem suas músicas roubadas pelo parceiro Maurício (Jece Valadão). Ele também enfrenta problemas com o filho Lourival (Haroldo de Oliveira), que se envolve com uma gangue de criminosos.

terça-feira, 18 de junho de 2024

Crítica – O Estranho

 

Análise Crítica – O Estranho

Review – O Estranho
As primeiras imagens de O Estranho se situam séculos atrás, mostrando a região de Guarulhos numa época anterior à ocupação urbana de hoje. As imagens como a natureza foi severamente modificada e como uma população indígena que existia ali provavelmente foi removida ou não existe mais. Essa tentativa de trazer o passado para o presente e pensar no que foi feito com os espaços e populações nativas é o cerne do filme. 

A trama gira em torno de Alê (Larissa Siqueira), uma mulher que trabalha no aeroporto de Guarulhos e lida com uma dupla ausência. De um lado trabalhar naquele local a faz pensar na história passada de sua família indígena que foi removida da região e de outro da filha, que desapareceu décadas atrás. Outra ausência iminente é a da namorada, Silvia (Patricia Saravy), que está para se mudar para um local mais longe, também se afastando de suas origens e do terreiro do qual faz parte. 

quarta-feira, 12 de junho de 2024

Crítica – Evidências do Amor

 

Análise Crítica – Evidências do Amor

Review – Evidências do Amor
Quando escrevi sobre Grandes Hits mencionei como é curioso que pessoas diferentes, em lugares diferentes, tenham ideias similares para um mesmo filme. Nesse caso é a premissa que ouvir certas músicas estaria tão conectado aos nossos sentimentos e memória que nos faria viajar no tempo. A produção brasileira Evidências do Amor parte da mesma ideia, embora trace com ela caminhos diferentes do hollywoodiano Grandes Hits, que foi lançado quase no mesmo tempo.

A trama gira em torno de Marco (Fábio Porchat), que não supera o fim do noivado com Laura (Sandy Leah). Agora toda vez que ouve a canção Evidências, de Chitãozinho & Xororó, música que cantou junto com Laura em um karaokê quanto se conheceram, ele é transportado ao passado e revive memórias do relacionamento. Reviver essas memórias o faz perceber que a decisão dela em terminar talvez não tivesse sido tão súbita quanto pensava e que ele tem responsabilidade no fim da relação. Assim, Marco tenta embarcar nessas memórias para pensar em uma maneira de retomar o relacionamento.

segunda-feira, 10 de junho de 2024

Crítica – 13 Sentimentos

 

Análise Crítica – 13 Sentimentos

Review – 13 Sentimentos
Novo filme de Daniel Ribeiro, responsável por Hoje Eu Quero Voltar Sozinho (2014), é uma comédia romântica sobre término e sobre se reencontrar depois de um relacionamento longo. A trama gira em torno de João (Artur Volpi), um jovem cineasta que terminou a relação de dez anos que tinha com Hugo (Sidney Santiago). Ele tenta reconstruir a vida e conhece Vitor (Michel Joelsas), se apaixonando por ele, mas também não quer embarcar diretamente em um novo relacionamento e tenta experimentar outros caminhos.

A narrativa tem uma estrutura que remete a comédias românticas hollywoodianas, com o protagonista passando por vários encontros, conhecendo diferentes tipos de pretendentes e conversando a respeito disso com uma dupla de amigos. É uma estrutura que o filme executa razoavelmente bem, ainda que repita certos clichês que soam bem manjados hoje. O principal é o dos amigos que parecem existir para gravitar em torno dele, já que os dois não tem qualquer arco narrativo e servem basicamente como orelha para João falar sobre os próprios sentimentos, além de ocasional alívio cômico.

quarta-feira, 3 de abril de 2024

Crítica – Uma Família Feliz

 

Análise Crítica – Uma Família Feliz

Review – Uma Família Feliz
Um final bem construído pode fazer toda a diferença. Pode até salvar uma produção que não é grande coisa. De maneira análoga, um final ruim, mal desenvolvido, pode afundar um filme que até então estava bom. Isso é infelizmente o que acontece em Uma Família Feliz suspense bem conduzido pelo diretor José Eduardo Belmonte (responsável por filmes como Carcereiros, Alemão e Billi Pig) que naufraga por um péssimo clímax que abandona tudo que fora desenvolvido até então.

A trama é protagonizada por Eva (Grazi Massafera), prestes a ter seu primeiro filho com o marido, Vicente (Reynaldo Gianecchini), que tem duas filhas de um casamento anterior. Cuidando do recém nascido e também das duas enteadas, Eva começa a se sentir sozinha em casa e o cansaço de fazer tudo sozinha começa a afetá-la. Ao mesmo tempo seu bebê e as duas enteadas começam a exibir machucados desconhecidos, que Eva não sabe como explicar e Vicente começa a desconfiar dela.

sexta-feira, 22 de março de 2024

Crítica – Not Dead

 

Resenha Crítica – Not Dead

Review – Not Dead
Quando falamos em música em Salvador normalmente pensamos em axé music, mas o cenário musical da cidade é muito mais diverso que isso e o documentário Not Dead visa falar de uma das formas musicais que teve (e tem) uma presença na cidade que é o punk rock. Como alguém que viveu praticamente a vida toda em Salvador, achei interessante conhecer um aspecto da vida cultural da cidade que é pouco falado e pouco visto nas representações midiáticas.

O filme segue um grupo de pessoas influentes no surgimento da cena punk em Salvador nos anos 80, contando sobre a criação da loja Not Dead, que vendia roupas e mercadorias com estética punk e servia como um espaço para congregar a cultura punk em Salvador. A partir disso ele nos mostra como está a cena punk hoje, as bandas que surgiram naquela época que ainda estão ativas e como a ideologia punk transformou a vida dos envolvidos mesmo aqueles que não seguem diretamente engajados na cena punk soteropolitana hoje.

quinta-feira, 21 de março de 2024

Crítica – A Flor do Buriti

 

Análise Crítica – A Flor do Buriti

Review – A Flor do Buriti
Depois de Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos (2018) os diretores João Salaviza e Renée Nader Messora voltam a falar sobre a população indígena Krahô no interior do Tocantins. Em A Flor do Buriti os realizadores focam em narrar a história de luta pela terra dessa população e como eles resistiram a múltiplos massacres.

A narrativa vai da década de 1940 aos dias atuais, mas sem seguir uma cronologia, acompanhando a população da Aldeia Pedra Branca no presente e se deslocando no tempo conforme eles contam as histórias do passado ou seus espíritos entram em contato com ancestrais no passado, misturando cenas encenadas e personagens reais para narrar como a opressão aos indígenas sempre foi uma constante em suas vidas.

Se filmes como Martírio (2016) mostram anos de descaso ou políticas questionáveis da parte do Estado brasileiro, aqui essas décadas de descaso e perseguição são apresentadas do ponto de vista dos próprios indígenas, narrado, inclusive em sua própria língua. O fato dos Krahô falarem seu em sua língua é uma escolha estética e política, permite que eles se coloquem em seus próprios termos, com seu vernáculo e com toda a construção subjetiva e visão de mundo imbricada na própria língua.

quarta-feira, 20 de março de 2024

Crítica – Ecos do Silêncio

 

Análise Crítica – Ecos do Silêncio

Review – Ecos do Silêncio
Protagonizado por Thalles Cabral (o Nem de As Five) Ecos do Silêncio é um filme sobre errância, sobre se perder, se encontrar e tentar dar algum sentido ao caos da nossa existência. Infelizmente a produção nem sempre alcança as pretensões temáticas que se propõe a discutir.

A narrativa é centrada em Davi (Thalles Cabral), que viaja para a Argentina para estudar musicoterapia na esperança de poder ajudar o irmão que tem autismo severo. De lá ele parte para a Índia em uma jornada espiritual e acaba confrontando sua relação com a família e os traumas que o moveram até então.

O filme se move entre o presente de Davi, memórias de seu passado e ocasionais flashfowards de sua jornada na Índia. A impressão é que o filme tenta nos mergulhar no fluxo de consciência do personagem, mostrando como o passado materializa seu presente e informa o seu futuro, bem como nos faz sentir a conexão metafísica que o protagonista diz sentir em relação ao irmão.

terça-feira, 19 de março de 2024

Crítica – A Batalha da Rua Maria Antônia

 

Análise Crítica – A Batalha da Rua Maria Antônia

Review – A Batalha da Rua Maria Antônia
Apesar do golpe militar de 1964 ter acontecido há sessenta anos e o Brasil ter se redemocratizado em 1988, ainda existem muitos fatos e eventos do período da ditadura que não são conhecidos pelo grande público. Embora certamente deva ser algo conhecido em São Paulo, os eventos narrados em A Batalha da Rua Maria Antônia não são o tipo de coisa que vemos nos livros de história (pelo menos não na minha época de colégio), mas são importantes para compreender como funcionava a violenta repressão do governo do período.

A narrativa se passa ao longo de um dia em outubro de 1968 durante a ocupação da Faculdade de Filosofia da USP pelo movimento estudantil e os confrontos dos estudantes com alunos da Mackenzie e de instituições repressoras. O filme se divide em 21 cenas, todas construídas como planos-sequência, para narrar o aumento das tensões e eventual invasão do prédio da USP pela polícia. No centro disso tudo está Lilian (Pâmela Germano), uma estudante de filosofia que não está envolvida diretamente com o movimento estudantil, mas decide ficar na ocupação para ajudar a amiga Ângela (Isamara Castilho) na esperança de conversar com ela e entender porque Ângela tem se afastado apesar das duas serem amigas de infância.

segunda-feira, 18 de março de 2024

Crítica – Estranho Caminho

 

Análise Crítica – Estranho Caminho

Review – Estranho Caminho
Dirigido por Guto Parente, Estranho Caminho parece ser sobre a experiência da pandemia de Covid-19. Inicialmente temi que, como muitos filmes brasileiros recentes, a urgência de tratar uma crise contemporânea deixasse a produção tão presa a esse contexto que não comunicasse nada fora dele. Felizmente não é o caso e Estranho Caminho, na verdade, acaba sendo mais sobre nossa relação com a morte, usando a pandemia apenas como um pano de fundo sobre esses temas.

A trama é focada em David (Lucas Limeira), um jovem cineasta brasileiro radicado em Portugal que volta para sua cidade natal para apresentar seu longa em um festival de cinema. Quando a pandemia estoura e o lockdown é decretado no Brasil ele fica sem ter como voltar para Portugal e sem hospedagem na cidade. Sem opção, ele tenta entrar em contato com o pai, Geraldo (Carlos Francisco, do excelente Marte Um), com quem não fala há anos.

domingo, 17 de março de 2024

Crítica – Sem Coração

 

Análise Crítica – Sem Coração

Review – Sem Coração
Certos filmes te prendem não pela sua trama em si, mas pelo modo como apresentam essa trama. Sem Coração é um desses casos. Dirigido por Nara Normande e Tião, com um roteiro levemente baseado na juventude de Normande, a produção conta uma típica história de amadurecimento, despertar afetivo e perda de inocência. É um tipo de narrativa que já vimos aos montes, mas, ainda assim, conquista pela sensibilidade na construção dos arcos de seus personagens.

A narrativa se passa durante o verão de 1996 na região litorânea de Alagoas. Tamara (Maya de Vicq) está para ir para a faculdade em Brasília, então aproveita seu último verão com os amigos. Eles passam os dias na praia, em festas e entrando em imóveis vazios ou abandonados no lugar. Tamara acaba voltando a sua atenção para uma garota que seus amigos chamam de Sem Coração (Eduarda Samara) e que se mantem distante do resto da juventude do local. Tamara decide então se aproximar da garota.

sábado, 16 de março de 2024

Crítica – Eros

 

Análise Crítica – Eros

Review – Eros
Apesar de termos mais abertura para falar sobre isso, as discussões sobre sexo ainda encontram tabus nos meio social. O documentário Eros visa abrir uma conversa sobre isso, especificamente sobre o universo de motéis e o que atrai as pessoas para ir a um motel fazer sexo.

A produção retrata diferentes casais que frequentam motéis com filmagens feitas pelos próprios personagens. São imagens que retratam a experiências dessas pessoas nos motéis, conversas sobre relacionamentos, sexo ou o motivo de irem a locais como aquele com frequência e ocasionalmente até as próprias experiências sexuais dos personagens. Com casais de diferentes idades, sexualidades e fetiches, o filme tenta construir um panorama amplo da experiência das pessoas em motéis ao mesmo tempo em que busca pontos comuns.

Nesse sentido, as experiências retratadas nos fazem ver o motel como um lugar de realizar fantasias ou ter experiências que, em geral, não podemos ter em casa já que a maioria das pessoas não pode construir uma gruta artificial dentro de casa ou deixar o quarto todo equipado com artefatos de sadomasoquismo, um casal praticante de BDSM chega a comentar como seria pouco prático colocar em algum cômodo de casa os equipamentos que encontram no motel.

sexta-feira, 15 de março de 2024

Crítica – Saudade Fez Morada Aqui Dentro

 

Análise Crítica – Saudade Fez Morada Aqui Dentro

Review – Saudade Fez Morada Aqui Dentro
Histórias sobre amadurecimento e adolescência são comuns no cinema. É uma fase de transição em que o jovem começa a perceber as complexidades da vida adulta e desapegar de uma série de noções infantis sobre o mundo. Saudade Fez Morada Aqui Dentro trata exatamente sobre essa transição e o senso de certas perdas irreversíveis que vem nesse momento da vida.

A trama é centrada em Bruno (Bruno Jefferson), um adolescente de 15 anos do interior da Bahia que descobre uma doença degenerativa que o fará perder a visão. Ciente das dificuldades que virão, o garoto tenta aproveitar o tempo em que ainda consegue enxergar ao mesmo tempo em que tenta se preparar para o futuro. Ele contará com a ajuda do irmão Ronny (Ronnaldy Gomes) e da colega de escola Angela (Angela Maria).

A narrativa segue o cotidiano de Bruno enquanto ele tenta manter um senso de normalidade a despeito do risco de perder a visão a qualquer momento. Seguimos o personagem na escola, em festas, enquanto brinca com os amigos ou pratica seus desenhos, talvez a habilidade que ele mais tema perder por conta de seu problema de visão. É uma espécie de luto em vida experimentado por Bruno, já que ele ainda não perdeu a visão, mas já lida com a dor de ter que se despedir de sonhos e desejos futuros do que ele poderia ser.

segunda-feira, 11 de março de 2024

Crítica – As Five: Terceira Temporada

 

Análise Crítica – As Five: Terceira Temporada

Resenha Crítica – As Five: Terceira Temporada
Depois de uma ótima primeira temporada, As Five entregou um segundo ano que parecia mais interessado em emular a série Girls, deixando um pouco a desejar. Essa terceira e última temporada mantem esse clima de querer soar como uma série gringa, mas o principal problema é que não encontra tramas interessantes para boa parte de suas personagens.

Lica (Manoela Aliperti) repete o mesmo arco de imaturidade e dependência financeira da mãe das outras temporadas. A impressão é que a personagem caminha em círculos sem ir para lugar algum. O arco dela poderia ter sido sobre ela construindo seu próprio portal depois de viralizar com a reportagem sobre Ellen (Heslaine Vieira) na temporada anterior, no entanto a série prefere requentar os mesmos conflitos de antes. Sim, a trama dá um motivo do porquê, apesar de tudo o portal de Lica não deslanchou, mas não é lá muito convincente.

sexta-feira, 8 de março de 2024

Rapsódias Revisitadas – A Entrevista

 

Análise – A Entrevista

Resenha - A Entrevista
Lançado em 1966 e dirigido por Helena Solberg, o curta documental A Entrevista se estrutura ao redor de várias conversas de mulheres de classe média alta, com idades variando entre 19 e 27 anos. Essas mulheres falam de dilemas caros à época, como o papel da mulher na sociedade, entre o que se espera delas e o pensamento ainda em construção sobre sexo, casamento, virgindade, formação profissional, emancipação e outros temas do cotidiano feminino da época.

As vozes dessas mulheres estão fora de quadro, já que elas não quiseram mostrar seus rostos ou nomes no filme. Uma decisão compreensível considerando que em 1966 mulheres falando de sexo ou o desejo de uma carreira eram temas relativamente tabu e serem vistas conversando sobre isso poderia afetar a reputação das entrevistadas. Enquanto ouvimos essas entrevistas, o filme nos mostra fotografias de diferentes mulheres e imagens de uma mulher se preparando para seu casamento. A noiva é a cunhada da diretora, Glória Solberg, e é a única entrevista com som sincrônico, em que vemos a pessoa que está falando.

quarta-feira, 6 de março de 2024

Crítica - Bom Dia, Verônica: 3ª Temporada

 

Análise Crítica - Bom Dia, Verônica: 3ª Temporada

Review - Bom Dia, Verônica: 3ª Temporada
Depois de um segundo ano em que a trama se perde um pouco em uma conspiração excessivamente mirabolante, Bom Dia, Verônica chega em sua terceira e última temporada com uma duração abreviada de apenas três episódios. Imagino que deve ter sido mais uma decisão de financiamento da Netflix do que da equipe criativa da série, já que o número reduzido não dá conta de resolver tudo que foi construído até aqui com o impacto que deveria.

A trama começa no ponto onde o segundo ano parou. Depois que Verônica (Tainá Muller) prende o evangelista Matias (Reynaldo Gianecchini) ela vai atrás do misterioso Doúm, líder da máfia da qual Matias fazia parte. Investigando as origens do grupo criminoso, ela fica na mira de Jerônimo (Rodrigo Santoro), que parece saber mais do que parece. Quando a filha de Verônica é sequestrada, ela precisa correr para solucionar tudo.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Crítica – Amanhã

 

Análise Crítica – Amanhã

Review – Amanhã
O que muda em um país ao longo de vinte e como os problemas sociais se transformam ao longo do tempo? Parece ser a partir dessa pergunta que o documentário Amanhã estrutura sua narrativa. Ele começa em 2002 filmando três crianças e as trocas entre elas. Em Belo Horizonte a Barragem Santa Lúcia divide a cidade em duas realidades distintas: de um lado a favela e de outro um bairro de classe média. Os habitantes de um lado não cruzam para o outro, construindo uma espécie de fronteira implícita que revela a separação de classes no Brasil.

Em 2002 o diretor Marcos Pimentel filma três crianças. Julia e Christian moram no lado pobre da barragem, enquanto Zé Thomaz vive no lado de classe média. Essas crianças passam alguns dias na casa do outro para experimentar as realidades diferentes. Vinte anos depois o filme retoma o contato com esses personagens e usa a vida deles como uma metonímia para as mudanças no Brasil ao longo dessas duas décadas.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

Crítica – O Sequestro do Voo 375

 

Análise Crítica – O Sequestro do Voo 375

Review – O Sequestro do Voo 375
O cinema brasileiro tem alguns gêneros que são constantemente explorados como filão comercial a exemplo de comédias e biografias. Outros, como o terror, vem até crescendo de produção nos últimos anos. O suspense, por outro lado, segue como um gênero pouco explorado nas nossas produções de vocação mais comercial e O Sequestro do Voo 375 vem para mudar isso.

A trama se passa em 1988 e se baseia na história real do sequestro de um voo da VASP saindo de Minas Gerais. O sequestrador, Nonato (Jorge Paz) toma o controle do avião e ordena que os pilotos mudem a rota para Brasília, desejando jogar a aeronave em cima do Palácio do Planalto para matar o então presidente José Sarney, a quem culpa pelo desemprego e alta inflação que assola o país. Sob a arma do sequestrador, o piloto Murilo (Danilo Grangheia) precisa achar um meio de aterrissar em segurança e manter todos vivos na aeronave.