terça-feira, 12 de agosto de 2025

Crítica – C.I.C: Central de Inteligência Cearense

 

Análise Crítica – C.I.C: Central de Inteligência Cearense

Review – C.I.C: Central de Inteligência Cearense
O diretor Halder Gomes e o ator Edmilson Filho já parodiaram diferentes gêneros cinematográficos em filmes como os dois Cine Holliúdy e O Shaolin do Sertão (2016). A mais nova parceria da dupla é C.I.C: Central de Inteligência Cearense que satiriza filmes de espiões, como a franquia James Bond

Licença para matar (de rir)

A narrativa é protagonizada por Wanderley (Edmilson Filho), que serve na Central de Inteligência Cearense como o Agente Karkará. Sua mais nova missão é recuperar um projeto científico secreto sendo desenvolvido na tríplice fronteira que foi roubado pela misteriosa organização criminosa R.O.L.A (certamente zoando com siglas como S.P.E.C.T.R.E ou S.H.I.E.L.D). O agente precisa descobrir o que é esse projeto secreto, bem como quem é a cabeça da R.O.L.A. Para tal, contara com a ajuda do agente paraguaio Romerito (Gustavo Falcão) e a agente argentina Micaela (Adriana Ferri).

É claramente uma grande esculhambação com histórias de espionagem, com Wanderley se apresentando de maneira similar a James Bond (dizendo “meu nome é Ley, Wanderley”) e uma cena de Micaela saindo do mar claramente referenciando (e fazendo graça) com a saída de Ursula Andress em 007 Contra o Satânico Dr. No (1962). Tudo isso é embalado por um grande senso de absurdo que não tem medo de ser totalmente idiota, como a cena inicial envolvendo uma luta em cima de um avião que se revela como uma atração de parque aquático, ou mesmo imaturo, vide os vários trocadilhos envolvendo o nome da organização R.O.L.A que estariam em casa em um filme do Austin Powers.

A produção assume de maneira consciente sua própria idiotice, o que ajuda a embarcar na narrativa mesmo quando muito não faz sentido. É evidente que tudo está ali meramente para contextualizar as várias gags visuais e situações cômicas envolvendo uma versão cearense de agência de espionagem e, no geral, não há muito problema com isso considerando a criatividade da produção em produzir nonsense, seja nos criminosos argentinos viciados em colecionar figurinhas de futebol, seja no modo como o agente paraguaio luta usando diferentes tipos de muamba. Diverte também pelo exagero das cenas de ação conforme Karkará usa seus implantes biônicos para enfrentar inimigos, incluindo o combate contra um capanga interpretado por André Segatti, que transita pelo filme como se fosse uma versão brasileira do Dolph Lundgren.

Espionagem lenta

Por outro lado, a narrativa é prejudicada por um ritmo que não combina com um besteirol dessa natureza. É o tipo de história que requer um ritmo constante para encadear piada após piada rapidamente para não dar tempo ao espectador para pensar como os elementos da história malmente se conectam por relações de causa e efeito. Isso acontece aqui, já que o filme se entrega a longos momentos de conversas expositivas nos quais elementos desse universo ficcional ou dos personagens precisam ser explicados e acabam fazendo tudo soar mais arrastado do que deveria.

O mesmo pode ser dito do desfecho. Quando os vilões são derrotados, a impressão é que o filme está caminhando para seu final, mas ao invés disso temos alguns epílogos que dão a sensação de que vai acabar, mas não acaba, quase como em O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei (2003). É uma pena, já que um ritmo mais conciso ajudaria a deixar o filme mais ágil.

C.I.C: Central de Inteligência Cearense tem senso de humor o bastante para entregar algo minimamente divertido, ainda que prejudicado por um ritmo narrativo inconsistente.

 

Nota: 6/10


Trailer

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