Lançado em 2007, uma das coisas
mais interessantes de Saneamento Básico:
O Filme é como ele transita por várias ideias sem perder a coesão. Começa
como uma crítica bem-humorada à burocracia pública, pontuando a dificuldade de
conseguir um pequeno aporte para a construção de uma fossa, mas logo se torna
uma declaração de amor ao cinema e seu poder transformador. Claro, o diretor
Jorge Furtado já estava mais do que acostumado a transitar entre vários temas
em seus filmes, vide o curta Ilha das
Flores (1989) ou longas como O Homem
que Copiava (2003).
Artistas do desastre
A trama é centrada em Marina
(Fernanda Torres), que tenta pressionar a prefeitura de sua pequena cidade a
construir uma fossa para evitar que dejetos poluam o córrego da região. A
secretaria responsável lhe informa que não há mais verba para obras naquele
ano, no entanto, há disponível uma rubrica para a produção de um vídeo
educativo que não foi usada e que Marina poderia dispor caso fizesse o tal
vídeo. Pensando em usar o dinheiro para financiar a fossa, Marina decide
produzir um vídeo sobre um monstro de poluição que ataca a cidade por conta da
falta de saneamento básico. Para fazer isso recruta o marido, Joaquim (Wagner
Moura), e dos amigos Cilene (Camila Pitanga) e Fabrício (Bruno Garcia).
A primeira coisa que chamou minha
atenção enquanto assistia o novo Guerra
dos Mundos foi a opção de contar toda a história a partir da tela do
computador do protagonista que monitorava toda a situação. A escolha não
parecia casar com o escopo da narrativa. Depois descobri a real razão para o
filme ter sido feito dessa maneira e isso só piorou minha impressão a respeito
do resultado final.
Guerra confinada
A narrativa é protagonizada pelo
analista de inteligência William Radford (Ice Cube). Ele é responsável por
monitorar vazamentos de dados, mas também começou a receber pedidos das
agências especiais a respeito de estranhos fenômenos eletromagnéticos ocorrendo
ao redor do mundo. Quando estranhas máquinas de três pernas caem do céu e
começam a atacar várias cidades do mundo, William resolve analisar o que está
havendo para tentar articular uma resposta.
Tudo é narrado a partir da tela
do computador de William, no qual ele acessa imagens de câmeras, conversa com
colegas e familiares por chamadas de vídeo e se informa por noticiários. Como a
produção foi filmada em 2020, durante a pandemia de COVID-19, as medidas
sanitárias de isolamento provavelmente motivaram essa estrutura do filme. Seria
uma oportunidade de usar esse senso de isolamento como uma metáfora para o
temor e ansiedade do nosso confinamento durante a pandemia, quando estávamos fechados
em nossas casas temendo um inimigo invisível e sem saber o que estava acontecendo.
O Guerra dos Mundos de 2005 dirigido
por Steven Spielberg usava muito bem o romance de H.G Wells para refletir sobre
seu tempo, em especial o senso de insegurança, paranoia e vulnerabilidade dos
Estados Unidos pós 11 de setembro. Essa nova versão, no entanto, não faz nada
disso.
Não há qualquer tentativa de usar
o confinamento do personagem para refletir sobre o confinamento pandêmico.
Tampouco há qualquer senso da escala ou da gravidade dos ataques já que as
imagens da invasão e dos conflitos em si são poucas e sempre borradas ou pixelizadas
para disfarçar a qualidade baixa dos efeitos visuais. Em termos de narrativa,
há apenas o clichê do pai que tenta consertar a relação com os filhos e uma
trama sobre vigilância governamental e privacidade, mas nenhuma delas tem muito
a oferecer além de lugares comuns. Não ajuda que Ice Cube e o resto do elenco
entreguem performances automáticas, desinteressadas, que são incapazes de
injetar qualquer senso de drama ou urgência nos eventos. Apesar de noventa minutos,
a impressão é que a narrativa dura muito mais por conta das arrastadas videochamadas
nas quais tudo se desenvolve, lembrando o horrendo Black Wake(2020) protagonizado pela brasileira Nana Gouvea.
Cinismo corporativo
Além do vazio narrativo e dramatúrgico,
a produção também incomoda pelo excesso de exposição de marcas de ferramentas
digitais e o modo como o filme, sem qualquer sutileza, apresenta os atributos
positivos dessas ferramentas, mostrando essas plataformas como potenciais
salvadoras do mundo. São construções que quebram nossa imersão na narrativa e
também soam como uma tentativa cínica de construir uma representação positiva
de big techs que tem sido alvo de
bastante escrutínio nos últimos anos por seu papel em contribuir para
desinformação ou discursos de ódio. Aqui todos esses questionamentos são
sublimados e todas essas plataformas têm apenas impactos positivos no mundo.
O pior, no entanto, é o que
acontece no clímax, quando William precisa fisicamente fazer o upload de um
vírus em servidores e precisa de um pen drive, recorrendo a uma grande empresa
de comércio eletrônico. O que se segue é uma publicidade cínica da velocidade
de entregas da Amazon Prime com seu uso de drones, basicamente fazendo a Amazon
ser a responsável por salvar o mundo por sua suposta agilidade na entrega e
avanços tecnológicos. É uma escolha que reduz o filme a uma mera propaganda
corporativa (e uma propaganda ruim ainda por cima) pensada apenas para gerar
valor para a empresa sem qualquer preocupação em entreter o espectador ou
fazê-lo refletir.
Contando com a versão nunca
lançada oficialmente dirigida por Roger Corman, o Quarteto Fantástico já tinha
recebido quatro filmes sem que nenhum deles de fato acertasse o clima de
aventura da primeira família da Marvel. Só agora com este Quarteto Fantástico: Primeiros Passos que finalmente recebemos uma
produção que demonstra entender quem são esses personagens.
Família incrível
A trama se passa fora do universo
regular dos filmes da Marvel, em uma Terra na qual o Quarteto Fantástico são os
únicos heróis em atividade. Eles já atuam há anos e além de serem celebridades,
também tem uma ação filantrópica que transformou o mundo deles para melhor. Um
novo desafio se impõe a Reed (Pedro Pascal) e Sue (Vanessa Kirby) quando ela
descobre estar grávida. Com a ajuda de Johnny (Joseph Quinn) e Ben (Ebon Moss
Bachrach), Reed se prepara para a chegada do filho, mas o surgimento de uma
nova ameaça traz novas prioridades. A Surfista Prateada (Julia Garner) chega a
Terra avisando que em poucos meses o planeta será consumido por Galactus (Ralph
Ineson), o devorador de mundos.
Depois de uma excelente primeira
temporada que manteve a essência do primeiro game ao mesmo tempo em que
expandiu alguns elementos do seu universo, The Last of Uschega a sua segunda temporada com um desafio ainda maior. O
segundo game não é apenas mais longo e mais moralmente ambíguo, ele depende de
muitos elementos específicos da linguagem dos games para construir sua reflexão
sobre violência de maneira impactante.
Consequências violentas
A trama se passa alguns anos
depois da temporada anterior. Ellie (Bella Ramsay) e Joel (Pedro Pascal) agora
vivem na comunidade liderada por Tommy (Gabriel Luna). Apesar de seguros, Ellie
e Joel estão distantes um do outro. Porém quando Joel é morto por Abby (Kaitlyn
Dever) como vingança pelo que aconteceu no hospital dos Vaga-Lumes, Ellie
decide partir em uma jornada de vingança, mesmo que isso contrarie os conselho
da comunidade.
Quando Shrek foi lançado em 2001 sacudiu o meio da animação de Hollywood
ao apresentar um filme acessível para todas as idades com um protagonista que
estava bem distante do tipo de personagem típico das animações da Disney, a
principal referência no meio. Nesse sentido, não parece coincidência que pouco
tempo depois a Disney lança uma animação que, como o ogro Shrek, era
protagonizada por uma criatura bruta, destrutiva, mau-humorada e de caráter
duvidoso, quase como uma resposta à Dreamworks. Até a publicidade do filme era
focada em mostrar como o monstrinho Stitch era uma antítese de tudo que a
Disney tinha feito até então, deixando evidente que a Casa do Mickey queria
chamar atenção do público que gostou de Shrek por ser “anti-Disney”.
Ohana significa família
A trama acompanha Lilo, uma
menina de cinco anos que perdeu os pais e é criada pela irmã mais velha, Nani.
Lilo é bem solitária e Nani luta para manter um emprego sob o risco de perder a
guarda da irmã. Depois que Lilo cria problemas na escola, Nani decide levá-la
para adotar um cachorro, pensando que um animal de estimação aplacaria a
solidão da menina. É aí que Lilo encontra Stitch, uma criatura alienígena fruto
de experimentos genéticos que veio fugida para a Terra e está sendo caçado por
forças intergalácticas. Agora, Lilo deve ajudar Stitch a ser parte de sua
família, ao mesmo tempo em que a criatura tenta encontrar um meio de evadir
seus perseguidores.
Em um mundo pós apocalíptico em
que os recursos são escassos e há um grande controle populacional por parte do
governo, qualquer casal que deseje ter filhos precisa se submeter a um processo
no qual são avaliados por alguns dias para analisar se eles tem condições de
criar filhos. A Avaliação parte desse
conceito para pensar sobre relacionamentos afetivos, controle populacional e
totalitarismo estatal.
Teste despadronizado
A narrativa foca no casal Mia
(Elizabeth Olsen) e Aaryan (Himesh Patel), dois cientistas que se submetem ao
processo de avaliação para tentarem ter um filho. Eles são avaliados por
Virginia (Alicia Vikander) que irá ficar com eles por sete dias observando
diferentes aspectos da vida do casal para determinar se eles estariam aptos a
terem filhos ou não. De início Virginia age de forma bastante protocolar,
perguntando sobre o trabalho do casal ou a relação deles, mas a partir do
segundo dia, os testes passam a ser menos ortodoxos, incluindo Virginia se
comportando como criança para testar as reações deles ou tentando seduzi-los.
Depois de uma fraca sexta temporada não pensei que Black Mirror fosse
retornar para mais um conjunto de episódios. Esta sétima temporada é um pouco
melhor que a anterior, mas deixa a impressão de que a série está se repetindo e
não tem muito mais a dizer. Assim como na temporada anterior, por sinal, em
alguns episódios a questão da tecnologia chega a ser até marginal para as
narrativas.
Vida precarizada
O primeiro episódio é, talvez, o
melhor dessa nova leva. O casal Mike (Chris O’Dowd) e Amanda (Rashida Jones) se
vê com uma grande despesa médica quando ela passa a ser dependente de um
dispositivo tecnológico para se manter viva. O problema é que a empresa que faz
o dispositivo está sempre piorando seu serviço para oferecer pacotes mais caros
que são vendidos como melhorias, mas que na prática só entregam o mesmo básico
de antes.
Estrelado por Jack Quaid (de The Boys) e Sophie Thatcher (de Yellowjackets e Herege) o suspense Acompanhante
Perfeita usa sua premissa de ficção científica para ponderar sobre
objetificação da mulher e masculinidade tóxica. O casal Josh (Jack Quaid) e
Iris (Sophie Tatcher) viaja para passar um final e semana na casa de um casal
de amigos de Josh, Sergey (Rupert Friend) e Kat (Megan Suri). Quando Sergey
tenta estuprar Iris, ela o mata, mas então descobre a verdade sobre si: ela é
um robô programado para amar e servir Josh. A partir daí os habitantes da casa
pensam no que fazer com Iris enquanto ela pensa em meios de fugir do local para
não ser destruída.
Alma plástica
O início do filme vai dando
pistas sutis sobre quem Iris é de verdade fazendo a revelação soar orgânica ao
invés de um choque súbito. Ainda assim, penso que essa revelação teria mais
impacto se fosse construída a partir do ponto de vista da personagem ao invés
de um olhar mais onisciente da narrativa, com ela “apagando” depois de ouvir o
comando de desligamento de Josh e acordando algemada sem saber o que aconteceu
até que os outros personagens explicassem para ela a verdade sobre si.
Depois de três anos da excelente
primeira temporada, Ruptura finalmente
volta para seu segundo ano com uma trama que amplia os conflitos de seus
personagens e aprofunda a mitologia de seu universo, explorando mais o passado
da Lumon e do processo de ruptura.
Trabalho interno
Depois dos eventos do fim do
primeiro ano Mark (Adam Scott) volta a trabalhar refinando macrodados na Lumon.
Seu interno não sabe como voltou para lá nem o que aconteceu no mundo exterior
depois que conseguiram visitá-lo, mas sabe que sua esposa ainda está viva em
algum lugar na empresa e tenta encontrá-la com a ajuda dos colegas Irv (John
Turturro), Dylan (Zach Cherry) e Helly (Britt Lower), por quem está apaixonado.
A saída deles também impacta no modo como a Lumon lida com os funcionários que
passaram por ruptura, anunciando mudanças que supostamente vão melhorar a
qualidade de vida deles.
Estrelado por Miles Teller e Anya
Taylor-Joy, Entre Montanhas é mais
uma daquelas produções de streaming que
parece ter sido pensada por algum algoritmo. Pega elementos de diferentes
gêneros que atraem segmentos distintos da audiência, combina eles em um pacote
que parece feito para maximizar o alcance de público e justificar o orçamento,
mas o resultado final não passa de uma colcha de retalhos sem alma.
Romance à distância
Na trama, o atirador de elite
Levi (Miles Teller) recebe a missão de vigiar uma misteriosa fenda entre
montanhas. Seu predecessor não te dá muitas informações além de que da fenda
saem seres bizarros chamados de “homens ocos” cujo avanço deve ser contido. Do
outro lado da fenda a atiradora Drasa (Anya Taylor-Joy), também vigia o local.
Apesar da comunicação entre os atiradores ser proibida, a solidão leva os dois
a interagirem e começam a se aproximar. Além de se apaixonarem, eles também
decidem desvendar o mistério da fenda.
Segunda colaboração dos irmãos
Russo com a Netflix depois do insosso Agente Oculto(2022), este The Electric
State consegue ser ainda mais derivativo e menos memorável do que a
primeira colaboração entre os irmãos e a plataforma de streaming. É uma narrativa sobre uma distopia na qual as pessoas
passam boa parte do tempo em mundos virtuais, presas em sua própria nostalgia e
um adolescente precisa enfrentar o líder da corporação maligna que controla
tudo. Se isso lhe pareceu familiar é porque essa é a mesma trama de Jogador Número 1 (2018) e The Electric State é basicamente uma
versão piorada desse filme que já não era grande coisa para começo de conversa.
Futuro Mecânico
A trama, que adapta um romance
escrito por Simon Stalenhag, se passa em uma versão alternativa da década de
noventa na qual a humanidade criou robôs conscientes. Esses robôs se rebelaram
iniciando uma guerra que foi vencida quando o inventor Ethan Skate (Stanley
Tucci) criou um dispositivo que permitia que as pessoas controlassem drones
robóticos remotamente, igualando a batalha. Anos depois do fim do conflito
Michelle (Millie Bobby Brown) é uma órfã que vive em um lar adotivo hostil até
o dia em que recebe a visita de um estranho robô que diz ter a mente do irmão
que Michelle acreditava estar morto. Agora ela parte ao lado do robô para
reencontrar o irmão.
Misturar a estrutura de um filme found footage com uma trama de viagem no
tempo não é exatamente novo, Projeto
Almanaque (2015) já tinha feito isso. A produção britânica Máquina do Tempo adiciona ficção
histórica à mistura para dar sabor próprio a essa bricolagem de gênero.
Futuro imperfeito
A trama se passa na Inglaterra em
1941 e é toda contada por meio de rolos de filme feitos pelas irmãs Thomasina
“Thom” Hanbury (Emma Appleton) e Martha “Mars” Hanbury (Stefanie Martini). As
duas criam Lola, um aparato que permite acessar transmissões de rádio e
televisão de qualquer ponto no tempo. Com o experimento elas tem contato com
informações do futuro, se encantando com a arte da década de 90 como a música
de David Bowie ou os filmes de Stanley Kubrick. Elas também tem acesso ao que
acontece durante a Segunda Guerra Mundial e como os bombardeios nazistas afetam
a ilha. Assim, as duas irmãs decidem colocar seu invento à disposição do
governo britânico, ajudando a coletar inteligência de ações futuras dos
nazistas.
A divulgação da série Paradise, nova série do Disney+,não me atraiu muito. Produzida
pelo mesmo responsável por This is Us,
tudo fazia parecer que seria mais uma série investigativa com suspense e
intriga ao acompanhar um agente do serviço secreto que precisa investigar o
assassinato do presidente dos Estados Unidos com quem ele tinha uma desavença
pessoal. A impressão é que era mais um suspense sobre os bastidores do poder,
mas o final do primeiro episódio traz uma reviravolta que insere a narrativa em
uma ficção científica distópica e aí tudo se torna mais interessante. Aviso que
o texto contem SPOILERS da série.
Paraíso perdido
O agente Xavier Collins (Sterling
K. Brown) está há anos cuidando da segurança do presidente Cal Bradford (James
Marsden) quando ele é assassinado. Xavier guardava um rancor do presidente por
algo do passado, mas ainda assim precisa desvendar o crime. Anos atrás, ao
proteger o presidente de um atentado, Xavier ganhou a confiança do presidente e
se tornou um dos poucos a saber de uma catástrofe iminente que poderia destruir
o planeta.
Há um senso comum de que
distopias falam sobre o futuro, alertas de possibilidades trágicas ou horrendas
para a humanidade. A verdade, no entanto, é que distopias são sobre o agora,
sobre algo que já está acontecendo em nosso mundo. Pensei muito nisso enquanto
assistia Mickey 17, novo filme de
Bong Joon Ho depois de seu excelente Parasita(2019).
Mão de obra descartável
A narrativa acompanha Mickey
(Robert Pattinson), um trabalhador a bordo da espaçonave destinada a colonizar
o remoto planeta gelado Niflheim. Mickey, porém difere de outros trabalhadores
do local por um Descartável. Sua função é realizar trabalhos com claro risco de
morte porque se ele morrer pode ser clonado novamente carregando as mesmas
memórias de seu antecessor. Depois de sobreviver a uma queda que o mataria,
Mickey retorna ao seu quarto para descobrir que um novo Mickey foi feito por
acreditarem que ele estaria morto.
O sucesso de Sonic: O Filme(2020) foi um dos raros casos em que um bando de
nerds raivosos de internet conseguiu tornar algo melhor ao substituir o bizarro
visual fotorrealista do ouriço veloz por algo mais cartunesco e próximo do seu design nos games. Mesmo não sendo grande
coisa, o filme arrecadou o bastante para justificar uma continuação em Sonic 2: O Filme(2022) que melhorou um
pouco em relação ao anterior, ainda que sofresse com parte dos mesmos
problemas. Agora chegamos a este Sonic 3:
O Filme que entrega algo superior aos anteriores e se continuarmos a
progredir nesse nível talvez tenhamos um filme do Sonic realmente excelente lá
pelo sexto ou sétimo filme.
O primeiro Venom(2018) foi bem fraquinho. A continuação, Venom: Tempo de Carnificina (2021) conseguiu ser pior ao
desperdiçar a rivalidade entre Eddie Brock e Cletus Kasady em um conflito inane.
Aos tropeços essa franquia conseguiu virar uma trilogia que aqui, com Venom: A Última Rodada, encerra a
história com seu protagonista com um miado ao invés de um rugido, entregando o
pior dos três filmes.
Inimigos do abismo
Depois de levar Eddie Brock (Tom
Hardy) ao universo Marvel no final do segundo filme, este terceiro joga Brock
de volta no agora defunto universo de vilões da Sony sem fazer nada com o
gancho deixado no filme anterior. De volta ao seu mundo Brock se vê acusado
pelos assassinatos cometidos por Cletus/Carnificina (Woody Harrelson) no
anterior. Ele decide limpar seu nome, mas no caminho é atacado por criaturas
enviadas por Knull (Andy Serkis) que quer arrancar de Venom e Eddie o Codex que
eles carregam em si e é a chave para Knull fugir de sua prisão no vácuo.
Uma adolescente volta ao passado
para impedir um serial killer de
matar um ente querido e no processo aprende mais sobre o passado de sua
família. Essa era a premissa de Dezesseis Facadas(2023) e que é repetida neste Corte
no Tempo, mas sem o humor ou o gore da produção de 2023.
Mortes sem impacto
A trama é protagonizada por Lucy
(Madison Bailey, de Outer Banks), uma
garota que acidentalmente viaja no tempo para 2003, dias antes da irmã mais
velha, Summer (Antonia Gentry, de Ginny
& Georgia) ser assassinada. Presa no passado, ela precisa encontrar um
meio de retornar ao presente ao mesmo tempo em que busca um meio de impedir a
morte da irmã.
Tramas sobre trocas de corpos são
propícias para suspense. O fato de não sabermos quem está no corpo de quem é um
mecanismo de constante tensão e que pode ser usado para gerar reviravoltas. Identidades em Jogo tenta se construir
em cima dessa ideia, mas uma demora em engrenar e um olhar raso para seus
personagens deixa a produção aquém de seu potencial.
Quando escrevi sobre o péssimo Mentes Sombriasnos idos de 2018 e o
fraco Máquinas Mortaisem 2019
mencionei como eles chegaram atrasados para a festa das adaptações de romances
jovens distópicos, estreando em um momento em que todo mundo já estava cansado
dos clichês desse tipo de história e com tramas que não faziam muito mais do
que repetir tropos desgastados. Pois é com surpresa ver que Hollywood ainda
insiste neste gênero que ninguém mais quer com este Feios. Produzido pela Netflix, é mais uma adaptação de uma série de
romances sobre distopias protagonizadas por adolescentes e, como era de se
esperar, é muito, muito ruim.
De
certa forma The Umbrella Academytem
um problema similar ao de Game of Thrones
por adaptar uma história que não foi concluída em seu meio original,
ultrapassar a trama do material original e ter que construir um fim apenas com
apontamentos gerais dos criadores a respeito da direção em que querem levar a
narrativa. A terceira temporada da série já dava sinais de cansaço e agora este
quarto e último ano tropeça em uma conclusão que carece de impacto ao mesmo
tempo em que apenas repete ideias de tramas anteriores.
Apocalipse? Now?
A
temporada continua no ponto em que a anterior parou, com os Hargreeves indo
parar em uma nova linha do tempo em que eles não tem super poderes. Anos se
passam e eles se resignam a viver como pessoas comuns até que Cinco (Aidan
Gallagher), que agora trabalha para a CIA, descobre uma nova ameaça nos Guardiões.
Liderados pelos excêntricos Gene (Nick Offerman) e Jean (Megan Mulally, esposa
de Offerman na vida real), o grupo reúne pessoas com memórias das outras linhas
temporais criadas pelas ações dos Hargreeves e que se ressentem pela vida que
levam na realidade atual, tentando reverter a situação ao organizar um evento
cataclísmico que ira destruir a linha do tempo. Sim, mais uma vez os irmãos
precisam correr contra o tempo para impedir um iminente fim do mundo, que
original.