Quando escrevi sobre Meu Malvado Favorito 3(2017) mencionei como o filme deixava evidente o
desgaste criativo da franquia, se limitando a encadear uma série de gags
cômicas de modo aleatório e episódico sem uma trama que ajudasse a nos manter
investidos em todo o caos. Este Meu
Malvado Favorito 4 segue o mesmo caminho, partindo de um fiapo narrativo
para jogar um monte de situações cômicas a esmo, sendo que uma parcela não
funciona como deveria.
Gru (Leandro Hassum) se vê ameaçado pelo antigo inimigo
Maxime Le Mal, que fugiu da prisão e jura se vingar de Gru e de sua família.
Agora ele, a esposa, Lucy (Maria Clara Gueiros), e as filhas se mudam para uma
pequena cidade, recebendo novas identidades. Ao mesmo tempo, os minions são
levados para o QG da Liga Antivilões para serem treinados como agentes, o que
logicamente dá muito errado e gera muitas confusões.
Assim como outras animações que tiveram continuações demais,
Kung Fu Panda 4 dá sinais de cansaço
da franquia e um senso de que tudo é feito a toque de caixa simplesmente porque
é mais barato e menos arriscado financeiramente fazer mais um do que tentar
algo novo. A trama coloca Po para enfrentar uma nova vilã ao mesmo tempo em que
o mestre Shifu o incumbe de encontrar um novo Dragão Guerreiro para
substituí-lo, já que Po deve se tornar o líder espiritual do Vale da Paz. Em
sua jornada, Po encontra a raposa Zhen e se alia a ela contra a nova vilã.
A trama é relativamente previsível, sendo óbvio desde o
início que Zhen vai trair Po e depois se arrepender por conta da amizade
genuína que o panda mostrou a ela. Do mesmo modo, é bem evidente quem Po
escolherá como seu sucessor. A vilã Camaleoa, apesar da dublagem de Viola Davis
torná-la ameaçadora, acaba se revelando uma antagonista bastante genérica,
longe dos vilões marcantes dos filmes anteriores, em especial o Tai Lung do
primeiro filme que reaparece aqui para nos lembrar de filmes melhores da
franquia. A ideia da vilã poder se transformar em inimigos do passado de Po
poderia servir de metáfora para o personagem confrontar seu passado, mas na
narrativa nunca faz nada de muito interessante com esse conceito.
Não tive lá muita vontade de conferir Wonka. A ideia de contar a origem do personagem nunca me soou como
uma premissa interessante e o personagem não era o tipo que pedia um prelúdio.
Na verdade, parte do charme de Willy Wonka era ter uma aura de mistério ao seu
redor por não sabermos muito a respeito dele e isso lhe conferia certa
imprevisibilidade. Wonka de fato não
tem muito a dizer sobre seu personagem e conhecermos sua origem não traz nada
que nos ajude a vê-lo sob um novo prisma, mas tem encantamento o bastante para
ser uma aventura divertida.
Na trama um jovem Willy Wonka (Timothee Chalamet) chega à
Inglaterra para abrir sua loja de chocolates, mas enfrenta resistência de um
cartel de chocolate que não vê com bons olhos as invenções de Wonka.
Perseguido, Wonka conta com a ajuda da órfã Noodle (Calah Lane) e do misterioso
Umpa Lumpa (Hugh Grant) para denunciar a corrupção do cartel que mantem
controle até mesmo sobre o chefe de polícia (Keegan Michael Key).
Feito para celebrar os 100 anos da Disney, Wish: O Poder dos Desejos é uma
homenagem mais focada em nos lembrar do longevo legado do estúdio do que para
mostrar o espírito de inovação que o tornou tão amado. É uma produção que tem
sua parcela de qualidades, mas que não tem o impacto que esperaríamos de uma
celebração de um século.
A trama é focada em Asha, uma jovem que deseja se tornar
aprendiz do rei Magnifico, um monarca que trouxe paz e prosperidade ao reino
com seu poder de extrair e guardar os desejos de seus cidadãos, realizando-os
periodicamente. Quando Asha descobre que o rei usa os desejos como forma de
controlar a população ao invés de inspirá-la, ela decide devolver os desejos ao
povo. A jovem faz um pedido para uma estrela e ela ganha vida. Agora, com a
ajuda da estrela e seus poderes mágicos, ela decide enfrentar o rei.
É uma trama típica da Disney, com animais falantes e números
musicais que nos lembra da importância de sonhar e perseguir os próprios
desejos. Não tem nada aqui que quebre o molde do estúdio, mas não chega a ser
um grande problema já que a produção tem carisma e encantamento o suficiente
para nos manter interessados. Os números musicais são vibrantes e alguns deles,
como o que envolve galinhas dançantes, remetem aos mosaicos das coreografias de
Busby Berkeley. Não tem nenhuma música que soe com o impacto de hit instantâneo algo como Dos Oruguitas ou Não Falamos do Bruno de Encanto (2021), mas são canções carismáticas que entregam o que se espera.
Muito da graça do filme vem de como a trama costura
referências aos vários filmes da Disney ao longo do último século, da silhueta
da Malévola que aparece no livro de magia sombria do rei, passando pelo fato de
que os amigos de Asha se vestem como os sete anões, que o manto que a
protagonista usa remete ao da fada madrinha de Cinderela (1950) ou o vilão basicamente se tornar ao final no
espelho da Rainha Má de Branca de Neve e
os Sete Anões (1937). Nesse sentido, o avô de Asha ser um idoso de 100 anos
em busca de alcançar seu desejo de inspirar as pessoas é uma clara metáfora
para a Disney em si, que chega ao seu aniversário de um século ainda tentando
nos fazer acreditar nos sonhos e na magia.
Como algo que nos diz o tempo todo que foi feito para
celebrar o legado do seu estúdio, é relativamente decepcionante que ele
arrisque tão pouco e prefira que sua celebração consista meramente de repousar
sobre os próprios louros passados (nos lembrando de vários filmes melhores do
que esse que estamos assistindo) do que em nos mostrar que a Disney ainda é
capaz de inovar, de nos surpreender, de nos pegar desprevenidos e nos fazer nos
perguntar “como eles imaginaram isso?” como fizemos em seus filmes mais
memoráveis. Ao invés de nos mostrar como tem vigor para mais outros 100 anos de
encantamento Wish: O Poder dos Desejos
se acomoda em meramente nos fazer lembrar das glórias passadas. Claro, o filme
tem lá seus bons momentos e não tem nada de particularmente problemático, só
não está plenamente à altura de ser celebração que se propõe a ser.
Não sabia o que esperar de Leo animação produzida e estrelada por Adam Sandler, mas o que
encontrei é uma aventura infantil razoavelmente divertida e inofensiva apesar
de lugar-comum. Na trama, Leo (Adam Sandler) é um lagarto de 74 anos que vive
como mascote de uma turma de quinta série em uma escola na Flórida. Quando ele
descobre que pode ter apenas mais um ano de vida, decide fugir para aproveitar
o tempo que resta. Acontece que ele acaba se envolvendo com os problemas
pessoais dos alunos e decide ajudá-los.
Os arcos das crianças são tramas bem comuns nesse tipo de
história, como a criança que se sente deslocada depois do divórcio dos pais,
crianças inseguras com a própria aparência, outra que é superprotegida pelos
pais ou uma cujos pais substituem presentes e bens materiais por afeto. Ainda
assim há um calor humano genuíno nas interações entre Leo e as crianças, com o
crescimento e aprendizado que elas têm sendo coerente com a dinâmica que a
trama estabelece e mostrando como uma criança pode se desenvolver se lidar com
seus problemas.
Dezembro chega e inevitavelmente começam a pipocar filmes
natalinos nos streamings e canais a
cabo. A Batalha de Natal, produzido
pela Prime Video, é o mais novo exemplar de produção feita à toque de caixa
para capitalizar no espírito das festas de fim de ano. Sim, eu sei que em pleno
2023 fazer um filme de natal que seja muito diferente ou inovador é complicado
considerando o volume de produções desse tipo que inundam os catálogos todo ano,
mas, ainda assim, A Batalha de Natal não
afasta a sensação de que já vimos tudo isso antes e que o filme funciona como
uma espécie de checklist de clichês
do gênero sem muita imaginação.
A trama gira em torno Chris (Eddie Murphy), um homem recém
desempregado que decide vencer a qualquer custo o concurso de decoração de
Natal de seu bairro para conquistar o prêmio em dinheiro da competição. Chris
acaba fazendo um pacto com a elfa natalina Pepper (Jillian Bell) para vencer,
mas a elfa cobra um custo e se ele não encontrar cinco anéis dourados até a
noite de Natal, Chris será transformado em uma decoração natalina.
Apesar de gostar do universo das
Tartarugas Ninja, não estava lá muito interessado na animação As Tartarugas Ninja: Caos Mutante.
Provavelmente porque os últimos dois filmes live-action
não foram grande coisa e isso esfriou minha vontade de ver qualquer coisa com
esses personagens. Felizmente essa nova animação acerta no espírito de aventura
e na energia adolescente de seus protagonistas.
A trama reconta a origem de
Leonardo, Michelangelo, Donatello, Raphael e o mestre Splinter. Animais comuns
transformados em humanoides quando um mutagênico cai nos esgotos. Já
adolescentes, as tartarugas querem se integrar no mundo dos humanos, mas
Splinter teme que eles sejam tratados como monstros e caçados ou usados como
arma. Os quatro irmãos acabam ficando amigos da adolescente April O’Neil e
juntos vão investigar a gangue do Superfly, que vem aterrorizando a cidade. Ao
longo da investigação descobrem que Superfly é também um mutante que lidera um
bando de outros mutantes.
O material de divulgação de Elementos não fez muito para me deixar
empolgado para a nova animação da Pixar. Parecia uma trama romântica bem típica
de “opostos se atraem” com os diferentes seres elementais servindo como
metáfora para tensões étnicas e de classe social. Tendo visto o filme constato
que era meio que isso mesmo, embora os visuais e a construção do romance seja
boa o bastante para manter nosso interesse.
A trama se passa em uma cidade
habitada por seres formados por elementos, com uma população de fogo, água, ar
ou terra. A família de Faísca migrou para a cidade décadas atrás com o sonho de
reconstruir lá suas vidas sem esquecer as tradições de seu povo. Embora Faísca
queira ser uma boa filha, ela não tem certeza se quer assumir a loja do pai.
Quando ela conhece o elemental da água Gota, eles acabam tendo que juntar
esforços para impedir vazamentos de água no bairro do fogo e acabam se
apaixonando.
Mais nova tentativa de um live action de suas animações clássicas,
A Pequena Sereia é mais uma animação
a usar tecnologia de ponta para recriar de maneira bastante realista o universo
submarino de sua protagonista. A exemplo de produções como o remake de O Rei Leão (2019) esse fotorrealismo
mais tira do que acrescenta à experiência.
Na trama Ariel (Halle Bailey) é
uma sereia sonhadora que anseia em conhecer o mundo da superfície apesar de seu
pai, o poderoso Rei Tritão (Javer Bardem) alertá-la dos perigos que os humanos
representam. Quando Ariel salva o príncipe Eric (Jonah Hauer King) ela se torna
ainda mais decidida em experimentar o modo de vida dos humanos. A sereia decide
aceitar um perigoso acordo com a bruxa do mar Ursula (Melissa McCarthy) para se
tornar humana, mas isso coloca os mares e a superfície em risco.
O filme recria o fundo do mar com
muita fidelidade e competência técnica, mas essa escolha por realismo faz o
reino submarino soar vazio, sem graça e desprovido de encantamento. Isso fica
evidente no número musical de Aqui no Mar,
uma das canções mais marcantes da animação que perde muito da sua energia e
deslumbramento porque as criaturas marinhas estão presas a se movimentarem como
criaturas marinhas. Se até o filme do Aquaman
(2018) conseguiu colocar um polvo tocando bateria, não vejo porque uma trama
mais lúdica e fantasiosa como A Pequena
Sereia deveria se prender tanto ao realismo.
Depois que o Superman de Zack Snyder dividiu opiniões com uma visão mais cínica sobre o personagem, a
impressão é que nos últimos anos a Warner vem tentado resgatar a imagem de um
Superman mais esperançoso, benevolente e mais humano. Isso se aplica ao
tratamento do personagem na série Superman
& Lois e também nesta nova série animada Minhas Aventuras com o Superman.
A trama acompanha os primeiros
anos de Clark Kent em Metropolis, iniciando como estagiário no Planeta Diário
ao lado do colega de faculdade Jimmy Olsen e conhecendo a intensa Lois Lane.
Clark, Jimmy e Lois logo se tornam amigos e se unem para investigar o
aparecimento de criminosos usando uma tecnologia extremamente avançada. Diante
da ameaça desses criminosos, Clark decide usar seus poderes para proteger a
cidade como Superman, mas isso o torna alvo dos militares.
Para quem tem alguma
familiaridade com o personagem muitos desdobramentos e reviravoltas são
relativamente previsíveis. É bem óbvio, por exemplo, que o misterioso general
investigando as ações do Superman é o general Sam Lane, pai de Lois. Do mesmo
modo, os sinais na tecnologia kryptoniana que ataca a Terra claramente indicam
a intervenção de Brainiac (ou algo similar) e não de Jor-El como Clark
acredita.
A Nintendo conseguiu fazer uma
boa adaptação de seus games com a animação Super Mario Bros: O Filme, mas essa não foi a primeira tentativa de levar as
aventuras do encanador bigodudo para as telonas. A honra pertence a Super Mario Bros, lançado em 1993 e que
ao invés de animação era feito com atores. O resultado foi tão atroz que a
Nintendo levou décadas sem querer levar suas propriedades ao cinema até que a
recente animação finalmente quebrou a resistência da empresa e fez um grande
sucesso.
O filme teve uma produção
conturbada, sendo dirigido por um casal (Annabel Jenkel e Rocky Morton) em seu
primeiro longa-metragem e que não tinham muita noção do material ou controle da
situação. O fracasso retumbante do filme, por sinal, fez que os dois não
voltassem a dirigir outro filme em Hollywood. Ao longo dos anos os atores Bob
Hoskins e John Leguizamo falaram inúmeras vezes da relação ruim que tinham com
os diretores e que para suportar o péssimo ambiente de trabalho bebiam bastante
e estavam constantemente bêbados no set. Isso inclusive levou Hoskins a se
machucar durante a gravação de uma das cenas de ação.
Depois de uma malfadada tentativa
de levar os games do Mario Bros aos cinemas na década de 90 em um live action estrelado por Bob Hoskins e
John Leguizamo, a Nintendo faz uma segunda tentativa de levar esse universo aos
cinemas em forma de animação. O cenário é logicamente diferente, afinal agora
as adaptações de games vem se provado bem sucedidas tanto no cinema e na
televisão, vide os sucessos comerciais dos filmes do Sonic ou de séries como Cyberpunk: Mercenários,Castlevania ou Cuphead.
A trama é tão simples quanto nos
games, Mario é um encanador do Brooklyn que cai por acidente em outro universo,
o Reino dos Cogumelos. Lá ele se alia à princesa Peach para derrotar Bowser e
resgatar Luigi, que foi capturado pelo vilão. O estúdio Illumination,
responsável por Meu Malvado Favorito,
conduz todo o filme com seu estilo de trama ágil, com muita coisa acontecendo,
piadas sucessivas, mas superficial no modo como trata seus personagens.
Conheço mais Damian Wayne (por
conta do arco do Grant Morrison com o Batman) do que Jonathan Kent e nunca
tinha visto nenhuma história dos dois interagindo, então não sabia muito o que
esperar deste Batman e Superman: Batalha
Super Filhos. Felizmente o resultado é uma aventura divertida, que explora
bem o conflito entre os protagonistas e seus pais.
Na trama, Jonathan Kent tem uma
relação um pouco distante com o pai. Na ótica do garoto, o pai passa mais tempo
preocupado com seu trabalho como repórter do que com ele. As coisas mudam no
aniversário de Jonathan quando ele manifesta poderes e Clark revela a ele que é
o Superman. Clark procura ajuda do Batman para saber se Jonathan irá manifestar
seus mesmos poderes e nessa viagem Jonathan entre em atrito com o agressivo
Damian, filho do Batman e seu atual Robin. Damian, no entanto, é obrigado a
recorrer a Jonathan depois que Batman, Superman e toda a Liga da Justiça são
dominados pelo vilão Starro.
Confesso que não tive interesse
nenhum em assistir Gato de Botas (2011)
quando foi lançado. Só fui assistir anos depois em algum final de semana sem
ter o que fazer quando passava na TV a cabo e era exatamente o caça-níqueis
inane que imaginei que seria. Por isso também não tive lá grande vontade ou
expectativa para conferir este Gato de
Botas 2: O Último Pedido. Esperava que fosse ser o estúdio chutando o
cavalo (ou gato nesse caso) morto de uma franquia que deveria ter acabado uns
três filmes atrás. Depois de conferir o filme, no entanto, o resultado é
surpreendente e muito superior ao anterior. É praticamente O Sétimo Selo(1957) ou Logan
(2017) no universo Shrek.
Na trama o Gato (Antonio Banderas)
está na última de suas nove vidas e na mira do temível caçador de recompensas
conhecido como Lobo (Wagner Moura). Com medo de perder sua última vida, o Gato
empreende uma jornada para uma misteriosa floresta buscando encontrar um
fragmento de estrela cadente para que possa realizar um desejo. O problema é
que ele não é o único atrás da estrela.
Confesso que nunca tive lá grande
vínculo com o clássico da Sessão da Tarde Matilda
(1996), achava divertido, assistia quando passava, mas não foi algo tão
presente na minha formação cinéfila. Ainda assim, fiquei curioso para conferir
este Matilda: O Musical, que adapta o
musical teatral baseado no livro de Roald Dahl que inspirou o filme de 96.
A trama é a mesma da versão da
década de 90, Matilda (Alisha Weir) é uma garota precoce e genial negligenciada
pelos pais picaretas que é mandada para a escola dirigida pela rígida Sra.
Trunchbull (Emma Thompson), que sente prazer em humilhar as crianças. Felizmente,
Matilda encontra refúgio nos amigos e na professora Honey (Lashana Lynch).
Tal como o primeiro filme, a
narrativa é sobre como adultos não entendem ou subestimam as crianças, além de
criticar um modelo educacional repressivo que tenta colocar as crianças dentro
de um padrão restrito de conduta através de castigos arbitrários que não educam
coisa alguma. Através de Matilda somos lembrados da inventividade e senso de
imaginação que temos durante a infância, bem como o fato de que crianças as
vezes tem motivos compreensíveis para agir de um modo que adultos considerariam
como travesso.
Tenho um fraco por animações em stop motion, então logo que vi esse Wendell & Wild no catálogo da
Netflix me interessei em ver. É uma aventura que mistura comédia e terror,
fazendo uma boa mescla dos dois gêneros. A trama é protagonizada por Kat, uma
garota órfã que retorna à sua cidade natal apenas para descobrir que uma mega
corporação agora é dona de praticamente tudo. Desejando retomar a cidade,
incluindo o negócio de seus falecidos pais, Kat acaba fazendo um acordo com os
demônios Wendell e Wild, trazendo-os para o mundo material e tirando-os de sua
prisão infernal em troca de que eles ressuscitem seus pais. O problema é que os
demônios não são exatamente competentes no que fazem e ressuscitam pessoas
erradas, causando uma grande confusão.
O longa chama atenção por seu
aspecto visual e a criatividade com a qual concebe seu plantel de seres
infernais, mortos vivos e seres sobrenaturais. São designs bizarros o
suficiente para soarem fora de nosso mundo, mas ao mesmo tempo divertidos o
suficiente para não assustarem um público infantil. Boa parte dos personagens
remete aos dubladores como os demônios Wendell e Wild, cuja aparência remete a
Jordan Peele e Keegan Michael Key, que fazem as vozes da dupla em inglês.
Depois de dois filmes, Turma da Mônica: Laçose Turma da Mônica: Lições, a trilogia live-action da turminha criada por
Maurício de Souza se encerra neste Turma
da Mônica: A Série, feita para a Globoplay. Tinha minhas dúvidas se o
material iria funcionar no contexto de uma série, mas felizmente o resultado é
tão bom quanto os filmes.
A trama gira em torno de
descobrir quem sabotou a festa da Carminha Frufru (Luiza Gattai), com a
fofoqueira do bairro, Denise (Becca Guerra), assumindo a investigação e
interrogando as crianças do local. As suspeitas, claro, recaem sobre Mônica
(Giulia Benite) e sua turma, já que eles não se davam bem com a garota. Devo
confessar que, de todas as possibilidades de contar uma história da turminha,
uma trama investigativa/policialesca seria a última coisa que imaginaria,
principalmente com um mistério tão bem manejado.
Claro, quem conhece a história e
o universo da turminha vai conseguir perceber com certa antecedência quem
estava por trás de tudo, no entanto, saber o real culpado não significa que o
desenvolvimento da trama não tenha suas surpresas. Cada episódio é centrado no
testemunho de um dos personagens envolvidos, nos dando a perspectiva dessa
pessoa para os eventos e permitindo que pouco a pouco montemos o quebra cabeça.
Dirigido por Richard Linklater,
realizador que já fez outros trabalhos com animação em rotoscopia (quando se
desenha por cima das performances de atores reais) e neste Apollo 10 e Meio: Aventura na Era Espacial busca recriar o clima
dos anos de 1960. A trama segue Stan, um garoto chamado pela NASA para a missão
de testar um módulo espacial que foi erroneamente construído muito pequeno.
Assim, Stan seria a primeira pessoa na Lua, antes de Neil Armstrong e a missão
da Apollo 11.
Toda a aventura tem um clima de
nostalgia, que tenta nos deixar imersos na experiência de como seria viver na
década de 60. De certa forma, Linklater parece mais interessado em reconstruir
essa experiência sensível a partir do que filme, do que contar sobre a aventura
de Stan no espaço. A trama se entrega a longas digressões que impedem a
progressão da trama, mas que valem pelo amplo panorama que pintam sobre como
era a vida neste período, tudo contado com muito humor e afeto pela maneira com
a qual Linklater constrói suas imagens e pela narração de Jack Black, que faz a
versão adulta de Stan. Em muitos momentos, a impressão é que a trama envolvendo
Stan e a NASA nem precisaria existir para dar conta do que Linklater quer.
Considerando o baixo nível das
adaptações de games, Sonic: O Filmefoi
uma relativa surpresa ao ser bem fiel ao espírito do ouriço azul. Tinha
problemas de ritmo e os personagens humanos eram desinteressantes, mas
conseguia ser moderadamente divertido. Esse Sonic
2: O Filme melhora em alguns aspectos, mas repete alguns erros do anterior.
Na trama, Robotinik (Jim Carrey)
consegue voltar à Terra e busca vingança contra Sonic(Ben Schwartz) e Tom (James Marsden). O
cientista louco, no entanto, não chega sozinho e vem acompanhado de Knuckles
(Idris Elba), que busca o poder da Esmeralda Mestra.
Assim como o primeiro filme, essa
segunda aventura sofre com problemas de ritmo, ao se render a digressões que
pouco acrescentam à trama e apenas quebram o ritmo de urgência e velocidade que
a narrativa tenta construir. Alguns segmentos, como a cena de Sonic e Tails (Collen
O'Shanussy) em uma taverna russa, poderiam ser cortados sem problemas. O mesmo
pode ser dito de boa parte das subtramas envolvendo os personagens humanos,
como o casamento da cunhada de Tom ou o momento em que Maddie (Tika Sumpter)
vai resgatar Sonic dos militares. São segmentos que apenas protelam o
desenvolvimento do conflito principal e oferecem muito pouco em troca.
Fazia tempo que a Pixar não fazia
um filme tão maduro quanto este Red:
Crescer é uma Fera, uma produção que pondera sobre as dores do
amadurecimento e a complexidade das relações entre pais e filhos. A trama se
passa no Canadá do início dos anos 2000 e é protagonizada por Meilin, uma
garota de treze anos que sofre para atender as altas (e por vezes impossíveis)
que a mãe, Ming, tem para ela. Um dia, depois de uma discussão com a mãe,
Meilin se vê transformada em um enorme panda vermelho, descobrindo que isso é
algo que acontece com as mulheres de sua família sempre que alcançam uma certa
idade.
Meilin logo aprende a controlar a
transformação e pensa em como conviver com ela, mas Ming acha melhor que a filha
evite se transformar e pede que Meilin espere até o momento apropriado para um
ritual que irá selar o panda dela para sempre. Aos poucos, no entanto, Meilin
se questiona se quer se livrar dessa parte de si.
A ideia de uma transformação
ligada a emoções extremas e a chegada da adolescência é uma clara metáfora para
a puberdade (e a cor vermelha pode ser relacionada à menstruação). Digo isso
tanto no sentido das transformações físicas da puberdade e dificuldade de
conviver com essas mudanças e entender o próprio corpo, mas também das mudanças
comportamentais da adolescência conforme os jovens começam a ser mais
independentes, descobrir seu lugar no mundo e sair da proteção dos pais.