Foi uma surpresa o anúncio de que a Marvel iria reviver a
animação dos X-Men da década de 90 neste X-Men
97. Mais surpreendente ainda é que a produção não tenha se acomodado a ser
uma exploração cínica da nostalgia noventista e tenha realmente feito algo
incrível com esses personagens e esse universo. A verdade é que X-Men 97 é muito melhor do que teria
qualquer direito de ser e provavelmente é a melhor produção da Marvel Studios
desde sua origem.
A série continua de onde a animação original parou, com
Xavier sendo levado pelos Shi’ar depois de sofrer uma tentativa de assassinato.
Sem seu líder, os X-Men tentam prender Bolivar Trask e os remanescentes do
programa dos sentinelas, mas o testamento de Xavier coloca Magneto no comando
da equipe e da escola, iniciando novas tensões dentro do grupo.
Poucos produtos da Marvel entenderam tão bem a essência de
seus personagens e suas diferentes facetas como essa série faz. A série explora
os X-Men como super-heróis, como metáfora social para o preconceito, como
personagens de ficção científica e também como protagonistas de um grande
melodrama familiar repleto de triângulos amorosos e traições. Tudo isso embalado
em um pacote coeso, que nunca soa tonalmente inconsistente a despeito das várias
direções nas quais joga seus personagens.
A primeira temporada de Velmafoi tão universalmente odiada que se tornou um fenômeno de hate watching, com muita gente
assistindo só para conferir o que de fato ela tinha de tão ruim. Apesar de
ninguém ter gostado, a quantidade de pessoas que assistiram só para falar mal
garantiu que a série animada tivesse audiência suficiente para uma segunda
temporada.
O segundo ano começa com a turma tentando voltar ao normal
depois dos eventos do ano anterior. A tranquilidade, no entanto, dura pouco já
que uma nova onda de assassinatos volta a aterrorizar a cidade, começando pela
morte do xerife. Com as autoridades sem liderança, cabe a Velma e o resto da
turma tentarem resolver o mistério.
Velma era uma das piores personagens da temporada de
estreia. Egoísta, mesquinha, sem qualquer escrúpulo de usar os amigos sem se
importar com eles e desprovida de qualidades que a redimissem, ela era uma
personagem insuportável de acompanhar. Essa nova temporada some com isso e traz
uma Velma que, apesar de ser irritante por sua conduta sabichona, é mais
preocupada com o bem estar das pessoas ao seu redor e tem mais elementos que nos
fazem torcer por ela.
Assim como outras animações que tiveram continuações demais,
Kung Fu Panda 4 dá sinais de cansaço
da franquia e um senso de que tudo é feito a toque de caixa simplesmente porque
é mais barato e menos arriscado financeiramente fazer mais um do que tentar
algo novo. A trama coloca Po para enfrentar uma nova vilã ao mesmo tempo em que
o mestre Shifu o incumbe de encontrar um novo Dragão Guerreiro para
substituí-lo, já que Po deve se tornar o líder espiritual do Vale da Paz. Em
sua jornada, Po encontra a raposa Zhen e se alia a ela contra a nova vilã.
A trama é relativamente previsível, sendo óbvio desde o
início que Zhen vai trair Po e depois se arrepender por conta da amizade
genuína que o panda mostrou a ela. Do mesmo modo, é bem evidente quem Po
escolherá como seu sucessor. A vilã Camaleoa, apesar da dublagem de Viola Davis
torná-la ameaçadora, acaba se revelando uma antagonista bastante genérica,
longe dos vilões marcantes dos filmes anteriores, em especial o Tai Lung do
primeiro filme que reaparece aqui para nos lembrar de filmes melhores da
franquia. A ideia da vilã poder se transformar em inimigos do passado de Po
poderia servir de metáfora para o personagem confrontar seu passado, mas na
narrativa nunca faz nada de muito interessante com esse conceito.
Depois do sucesso de The Last of Us, outro game passado em um cenário apocalíptico ganha uma
adaptação como série televisiva. Fallout
chama atenção pelo modo como se mantem fiel à estética dos games e suas
mecânicas principais ao contar uma história sobre como esse mundo se tornou o
deserto nuclear que conhecemos.
A trama se passa mais de duzentos anos depois que uma guerra
nuclear dizimou o planeta. Parte da humanidade passou a viver em refúgios,
abrigos subterrâneos protegidos da radiação da superfície. Os habitantes desses
refúgios esperam a queda na radiação para voltar a habitar a superfície, que se
tornou um deserto povoado por criaturas mutantes e saqueadores violentos. No
centro da narrativa está Lucy (Ella Purnell), uma habitante do refúgio 33 que
precisa se aventurar na superfície depois que seu pai é sequestrado por
saqueadores.
A série transpõe com muita fidelidade a estética presente
nos games que mescla referências dos anos 50 com elementos de futurismo,
criando uma espécie de “futuro analógico”. O clima dos games, de um ermo hostil
no qual diversas facções lutam por poder e dominação também está presente, com
algumas dos principais grupos dos games aparecendo ao longo desta primeira
temporada.
Não tive lá muita vontade de conferir Wonka. A ideia de contar a origem do personagem nunca me soou como
uma premissa interessante e o personagem não era o tipo que pedia um prelúdio.
Na verdade, parte do charme de Willy Wonka era ter uma aura de mistério ao seu
redor por não sabermos muito a respeito dele e isso lhe conferia certa
imprevisibilidade. Wonka de fato não
tem muito a dizer sobre seu personagem e conhecermos sua origem não traz nada
que nos ajude a vê-lo sob um novo prisma, mas tem encantamento o bastante para
ser uma aventura divertida.
Na trama um jovem Willy Wonka (Timothee Chalamet) chega à
Inglaterra para abrir sua loja de chocolates, mas enfrenta resistência de um
cartel de chocolate que não vê com bons olhos as invenções de Wonka.
Perseguido, Wonka conta com a ajuda da órfã Noodle (Calah Lane) e do misterioso
Umpa Lumpa (Hugh Grant) para denunciar a corrupção do cartel que mantem
controle até mesmo sobre o chefe de polícia (Keegan Michael Key).
Depois de um Ghostbusters: Mais Além (2021) que se apoiava quase que exclusivamente em nostalgia, Ghostbusters: Apocalipse de Gelo tinha
potencial para finalmente levar a franquia em novas direções. Era a
oportunidade de dar novos rumos, desenvolver os novos personagens e reinventar
esse universo. A ideia de um novo vilão, com uma nova mitologia, se afastando
do Gozer que o original reciclou do filme anterior tinha potencial, mas não se
concretiza.
A trama se inicia quando Ray (Dan Aykroyd) encontra um orbe
que aprisionou um espírito ancestral que deseja destruir o mundo com poderes de
gelo. A criatura agita os fantasmas de Nova Iorque, dando mais trabalho aos
Caça-Fantasmas. Quando uma missão destrói várias ruas, a prefeitura interfere e
Phoebe (Mckenna Grace) fica impedida de ajudar a mãe e o irmão a combater
fantasmas por ser menor de idade.
Depois do horrendo Morbius
(2022) a Sony parece não ter aprendido a lição e continua a insistir na ideia
equivocada de construir um universo com personagens que gravitam em torno do
Homem-Aranha sem, no entanto, usar o herói. A mais nova adição nesse plantel de
erros é Madame Teia, um filme tão
equivocado, tão sem sentido e incompetente que acaba se tornando divertido e,
nesse sentido, acaba sendo um pouco melhor do que Morbius. Um patamar fácil de superar, admito.
A trama acompanha Cassandra Webb (Dakota Johnson) uma
paramédica que desenvolve a capacidade de ver o futuro depois de um incidente
de quase morte. Ela passa a ter visões com três garotas sendo assassinadas e
quando as encontra no metrô decide protegê-las do perigoso Ezekiel Sims (Tahar
Rahim). Assim, Cassie coloca as jovens Julia (Sydney Sweeney), Anya (Isabela
Merced) e Mattie (Celeste O’Connor) sob sua proteção, já que elas estão
destinadas a serem super-heroínas e Sims tem visões de que elas o matarão no
futuro.
Abrindo com um diálogo que diz algo tipo “existem muitas
histórias sobre cavaleiros salvando donzelas em perigo, essa não é uma delas”
faz parecer que Donzela, produção
original da Netflix,tem algo de
bastante subversivo. O problema é que o filme não faz nada de interessante com
essa ideia e ou que já tenha sido feito melhor por outros filmes com
protagonistas femininas.
A trama é protagonizada por Elodie (Millie Bobby Brown), uma
princesa de um reino que está definhando e é convencida pelo pai, lorde Bayford
(Ray Winstone), e pela madrasta, Lady Bayford (Angela Bassett), a se casar com
um príncipe de um próspero reino distante para salvar o seu próprio. Chegando
lá se encanta pela beleza do local e como é recebida pela rainha Isabelle
(Robin Wright) e o príncipe Henry (Nick Robinson). No casamento, porém, ela
descobre que tudo não passa de uma farsa e um ritual para sacrificá-la a um
dragão que habita o reino muito antes dos humanos chegarem. Sozinha no covil do
dragão, Elodie precisa encontrar um jeito de sobreviver.
Divulgado como o último filme do venerável Hayao Miyazaki, O Menino e a Garça foi lançado nos
cinemas japoneses sem qualquer trailer, apenas com um pôster para dar alguma
noção do que seria. Até o lançamento no ocidente saíram alguns trailers, mas
preferi assisti-lo sem ver nada, aberto a qualquer coisa que Miyazaki colocasse
diante de mim e sem saber o que esperar.
A trama se passa no Japão da década de 1940 e acompanha
Mahito, um garoto que perde a mãe em um bombardeio em sua vila durante a
Segunda Guerra Mundial. Ele é então mandado para morar com o pai e sua nova
esposa, que está grávida. Mahito tem dificuldade de se adaptar a essa nova vida
e as coisas começam a ficar estranhas quando uma garça que habita o lago da propriedade
começa a falar com ele e chamá-lo para uma torre em ruínas próxima que é alvo
de lendas dos moradores locais. Ao entrar na torre Mahito é levado para um
estranho universo paralelo e agora precisa sobreviver às ameaças e voltar para
casa.
Depois que Mestres do Universo: Salvando Etérniame pegou de surpresa com a maturidade com a qual
trabalhava seus personagens e trazia transformações significativas para o
universo da trama e os protagonistas, estava curioso para ver o que o produtor
e roteirista Kevin Smith faria com os ganchos deixados pela série. O resultado
é esse Mestres do Universo: A Revolução,
que entrega uma aventura mais tradicional do He-Man e passa longe da ousadia da
série anterior.
A trama continua do ponto em que a anterior parou. Esqueleto
se reconstruiu usando tecnologia e ajuda Hordak e sua horda a invadirem
Eternia. Enquanto isso Adam lida com a morte do pai e se divide entre seu papel
de herói e a possibilidade de ser Rei. Teela tenta usar seus poderes de
feiticeira para recriar Preternia de modo que as almas dos heróis caídos tenham
para onde ir.
A impressão é que muito dessa nova série foi pensado em
resposta às reações negativas de fãs à série anterior e o quanto ela mexia com
o status quo desse universo (o que
era seu melhor atributo na minha opinião, afinal bons personagens se
transformam com o tempo). Aqui, durante boa parte dos cinco episódios, não
temos qualquer tentativa de mexer na fórmula ou na dinâmica entre os personagens,
entregando uma aventura mais típica de He-Man contra o Esqueleto sem muito
desenvolvimento para os personagens.
Os trailers de Argylle:
O Superespião não me despertaram nenhum interesse em assistir o filme. Ainda
assim, tinha alguma esperança que pudesse ser bacana pela condução de Matthew
Vaughn. Tendo visto o filme, porém, posso dizer os trailers dão uma impressão errada
do produto final. Na verdade ele é ainda pior e mais estúpida.
A trama é protagonizada por Elly (Bryce Dallas Howard),
escritora responsável por criar o personagem literário Argylle (Henry Cavill)
que se tornou um sucesso mundial. Durante uma viagem de trem ela é abordada
pelo espião Aidan (Sam Rockwell) e descobre que seus livros narravam uma
conspiração internacional verdadeira. Agora ela e Aidan correm contra o tempo
para encontrar um arquivo que irá expor uma unidade de espiões renegados dentro
da CIA.
Não tive lá muito interesse quando soube deste Monarch: Legado de Monstros, série que
se passa no mesmo universo dos filmes recentes de Godzilla e King Kong. A
impressão é que poderia ser mais um caça-níqueis feito para “expandir o
universo”, mas que seria insular às tramas dos filmes e não teria a presença de
nada que vemos nos cinemas. Algo como a série dos Agentes da SHIELD, que apenas mencionava alguns eventos dos filmes
(e depois de um tempo nem isso), mas tinha uma participação marginal nos
acontecimentos do MCU e praticamente nenhuma participação de personagens dos
filmes.
Monarch: Legado de
Monstros, porém, mostrou que eu estava errado. Não só amplia de modo
consistente a mitologia apresentada nos filmes, fazendo conexões entre todas as
produções até agora, como também conta uma história mais interessante do que os
filmes que fez do Godzilla. Parte disso é porque mantem a trama focada em um
grupo restrito de personagens ao invés de se dividir em mais de uma dúzia de
pessoas ao redor do globo.
A primeira temporada de What If...? tinha algumas boas histórias, mas sofria um pouco com alguns
episódios que não desenvolviam suas premissas de modo interessante. Essa
segunda temporada é mais consistente na sua curadoria de histórias e apresenta
tramas que se valem melhor de suas ideias.
Como na primeira temporada, a série acerta ao situar suas
tramas em diferentes gêneros. O primeiro episódio protagonizado pela Nebulosa é
bem tributário ao film noir,
remetendo a produções como O Falcão
Maltês (1940) ou o noir futurista
de Blade Runner (1982). O episódio de
Peter Quill invadindo a Terra remete a filmes de monstro e aquele que traz
Happy preso na torre dos Vingadores com um bando de criminosos é claramente
feito para remeter a Duro de Matar(1988).
Feito para celebrar os 100 anos da Disney, Wish: O Poder dos Desejos é uma
homenagem mais focada em nos lembrar do longevo legado do estúdio do que para
mostrar o espírito de inovação que o tornou tão amado. É uma produção que tem
sua parcela de qualidades, mas que não tem o impacto que esperaríamos de uma
celebração de um século.
A trama é focada em Asha, uma jovem que deseja se tornar
aprendiz do rei Magnifico, um monarca que trouxe paz e prosperidade ao reino
com seu poder de extrair e guardar os desejos de seus cidadãos, realizando-os
periodicamente. Quando Asha descobre que o rei usa os desejos como forma de
controlar a população ao invés de inspirá-la, ela decide devolver os desejos ao
povo. A jovem faz um pedido para uma estrela e ela ganha vida. Agora, com a
ajuda da estrela e seus poderes mágicos, ela decide enfrentar o rei.
É uma trama típica da Disney, com animais falantes e números
musicais que nos lembra da importância de sonhar e perseguir os próprios
desejos. Não tem nada aqui que quebre o molde do estúdio, mas não chega a ser
um grande problema já que a produção tem carisma e encantamento o suficiente
para nos manter interessados. Os números musicais são vibrantes e alguns deles,
como o que envolve galinhas dançantes, remetem aos mosaicos das coreografias de
Busby Berkeley. Não tem nenhuma música que soe com o impacto de hit instantâneo algo como Dos Oruguitas ou Não Falamos do Bruno de Encanto (2021), mas são canções carismáticas que entregam o que se espera.
Muito da graça do filme vem de como a trama costura
referências aos vários filmes da Disney ao longo do último século, da silhueta
da Malévola que aparece no livro de magia sombria do rei, passando pelo fato de
que os amigos de Asha se vestem como os sete anões, que o manto que a
protagonista usa remete ao da fada madrinha de Cinderela (1950) ou o vilão basicamente se tornar ao final no
espelho da Rainha Má de Branca de Neve e
os Sete Anões (1937). Nesse sentido, o avô de Asha ser um idoso de 100 anos
em busca de alcançar seu desejo de inspirar as pessoas é uma clara metáfora
para a Disney em si, que chega ao seu aniversário de um século ainda tentando
nos fazer acreditar nos sonhos e na magia.
Como algo que nos diz o tempo todo que foi feito para
celebrar o legado do seu estúdio, é relativamente decepcionante que ele
arrisque tão pouco e prefira que sua celebração consista meramente de repousar
sobre os próprios louros passados (nos lembrando de vários filmes melhores do
que esse que estamos assistindo) do que em nos mostrar que a Disney ainda é
capaz de inovar, de nos surpreender, de nos pegar desprevenidos e nos fazer nos
perguntar “como eles imaginaram isso?” como fizemos em seus filmes mais
memoráveis. Ao invés de nos mostrar como tem vigor para mais outros 100 anos de
encantamento Wish: O Poder dos Desejos
se acomoda em meramente nos fazer lembrar das glórias passadas. Claro, o filme
tem lá seus bons momentos e não tem nada de particularmente problemático, só
não está plenamente à altura de ser celebração que se propõe a ser.
Os primeiros escritos sobre gêneros dramatúrgicos datam da
Grécia antiga e de pensadores como Aristóteles. O filósofo ponderava como os
gêneros, com suas estruturas típicas, propiciavam certa economia narrativa.
Como o espectador já sabia mais ou menos como a história iria se estruturar, o
dramaturgo poderia focar sua atenção nas particularidades dos personagens ou do
universo. Hollywood se vale até hoje desse princípio de economia narrativa, com
filmes tipo John Wickou Missão Impossível simplificando suas
tramas (porque já sabemos como elas irão transcorrer) para focar no espetáculo
de ação.
Zack Snyder, por outro lado, parece ignorar a ideia de
economia narrativa neste Rebel Moon Parte
1: A Menina do Fogo, um filme que é basicamente uma cópia de Star Wars misturado com algumas outras
produções (como Os Sete Samurais do
Kurosawa). Não há nada de original na trama ou universo criado por ele e não
teria problema se Snyder ao menos reconhecesse essa natureza derivativa e oferecesse
visuais, locais ou cenas de ação bem construídas (como os dois Avatarde James Cameron), mas ao invés
disso o diretor parece tão deslumbrado com sua própria criação que conduz tudo
com absoluta segurança de que fez algo completamente original, resultando em
uma trama arrastada pela necessidade de explicar os próprios clichês sem fazer
nada para subvertê-los, como se estivéssemos assistindo algo completamente
novo.
Depois de um live
action de One Pieceque
surpreendeu ao não ser péssimo, a Netflix entrega outra adaptação com atores
razoavelmente bem sucedida com este Yu Yu
Hakusho. É fiel ao espírito do anime ainda que peque por tentar cobrir uma
quantidade grande de tramas em apenas cinco episódios.
A história é a mesma do anime e do mangá. Yusuke Urameshi
(Takumi Kitamura) é um valentão que não se importa muito com escola, mas tem um
bom coração. Quando ele se coloca na frente de um caminhão e morre para evitar
que uma criança seja atropelada, o governante do mundo dos mortos, Koenma
(Keita Machida), lhe dá a chance de retornar ao mundo dos vivos como um
detetive sobrenatural para enfrentar yokais que saíram do mundo espiritual para
atormentar os humanos.
Inicialmente parece que essa primeira temporada irá adaptar
o arco do detetive sobrenatural, a primeira grande saga do material original.
Nos últimos episódios, porém, a série mescla o resgate a Yukina, que seria o
clímax do primeiro arco, com o arco do torneio das trevas, basicamente cobrindo
metade do anime em apenas cinco episódios de cerca de cinquenta minutos cada.
Logicamente é muito pouco para dar conta de quatro protagonistas, as relações
entre eles, com os coadjuvantes importantes e a rivalidade com certos vilões
como o Toguro (Go Ayano).
Considerando que o universo DC está morto e enterrado, com a
Warner querendo rapidamente chegar aos novos filmes sob a batuta do James Gunn,
não tinha muitas expectativas quanto a este Aquaman
2: O Reino Perdido. Afinal, assim como The Flash
era um filme que estava pronto faz tempo, foi adiado várias vezes e sofreu
várias mudanças por conta das trocas de lideranças na Warner/DC e por polêmicas
envolvendo o elenco (mais notadamente Amber Heard), embora este filme tenha
passado por menos perrengues de bastidores que o do velocista escarlate.
A trama se passa alguns anos depois do primeiro filme. Arthur
(Jason Momoa) e Mera (Amber Heard) agora tem um filho e a responsabilidade de
gerir o reino de Atlântida. As coisas se complicam quando o Arraia Negra (Yahya
Abdul-Mateen II) encontra o tridente sombrio do Reino Perdido e passa a ser
influenciado pelo espírito do rei maligno que reside na arma. O Arraia sabe que
está sendo usado pelo rei, mas decide aceitar para poder se vingar de Arthur.
Dezembro chega e inevitavelmente começam a pipocar filmes
natalinos nos streamings e canais a
cabo. A Batalha de Natal, produzido
pela Prime Video, é o mais novo exemplar de produção feita à toque de caixa
para capitalizar no espírito das festas de fim de ano. Sim, eu sei que em pleno
2023 fazer um filme de natal que seja muito diferente ou inovador é complicado
considerando o volume de produções desse tipo que inundam os catálogos todo ano,
mas, ainda assim, A Batalha de Natal não
afasta a sensação de que já vimos tudo isso antes e que o filme funciona como
uma espécie de checklist de clichês
do gênero sem muita imaginação.
A trama gira em torno Chris (Eddie Murphy), um homem recém
desempregado que decide vencer a qualquer custo o concurso de decoração de
Natal de seu bairro para conquistar o prêmio em dinheiro da competição. Chris
acaba fazendo um pacto com a elfa natalina Pepper (Jillian Bell) para vencer,
mas a elfa cobra um custo e se ele não encontrar cinco anéis dourados até a
noite de Natal, Chris será transformado em uma decoração natalina.
Meu primeiro contato com a obra de Bryan Lee O’Malley foi a
adaptação para os cinemas de Scott
Pilgrim Contra o Mundo (2010), de Edgar Wright. Um tempo depois fui ler o
quadrinho homônimo que inspirou o filme e gostei ainda mais, já que ele
aprofundava mais os vários personagens e dava mais evidência ao fato de Scott
estar longe de ser um “cara legal” e que Ramona tinha seu grau de
responsabilidade no modo como tratava aqueles com quem se relacionava. Agora,
cerca de vinte anos depois do lançamento do quadrinho, ele é adaptado como
série animada pela Netflix neste Scott
Pilgrim: A Série.
Inicialmente pensei que fosse ser uma adaptação mais fiel da
HQ e me empolguei pelo fato do elenco de dubladores ser o mesmo do filme do
Edgar Wright, já que todos funcionavam muito bem. A série, no entanto, é mais
uma releitura do material original do que uma transposição direta, o que acaba
se revelando uma boa escolha. Primeiro que evita a estrutura de uma ordem
linear no enfrentamento com os ex-namorados de Ramona, algo que fez o quadrinho
e o filme soarem repetitivos em certos pontos. Segundo que com o distanciamento
de vinte anos de sua própria obra, O’Malley, que escreveu os roteiros dos oito
episódios, pode examinar melhor alguns aspectos que não foram tão bem trabalhados no
original e expande muito de suas ideias.
Depois do picolé de chuchu que foi a minissérie Invasão Secreta não estava disposto a voltar tão cedo a outra série da Marvel e só
acompanhei essa segunda temporada de Loki porque o primeiro ano foi bem
bacana. Ainda que não seja tão bom quanto sua estreia, esse segundo ano ao
menos tem um final que encerra com consistência o arco iniciado por Loki no
primeiro Thor (2011).
A trama retoma ao ponto em que o ano anterior terminou, com
Loki (Tom Hiddleston) retornando à AVT, mas uma versão diferente àquela em que
estava e agora ninguém o reconhece. Loki se dá conta de que está aleatoriamente
viajando através do tempo e O.B (Ke Huy Quan), o responsável por boa parte da
tecnologia da AVT, lhe avisa que isso pode estar relacionado com a energia
emitida pelo Tear Temporal, mecanismo que constrói as linhas do tempo, que saiu
do controle desde que Sylvie (Sophia di Martino) matou Aquele Que Permanece
(Jonathan Majors). Agora Loki precisa restaurar o Tear para salvar a si mesmo e
o multiverso.