Conflito interior
A trama acompanha o casal de mercenários Issac (Omar Sy) e Kyrah (Kerry Washington). No passado eles serviram juntos da Shadow Force, divisão secreta que realizada missões de assassinato. Quando eles se apaixonaram e tiveram um filho decidiram abandonar a divisão, mas isso os colocou na mira do líder, o ardiloso Jack Cinder (Mark Strong). Eles vivem separados, com Issac cuidando do filho do casal, enquanto Kyrah caça os remanescentes do grupo que estão atrás deles. As coisas mudam quando Issac impede um assalto à banco, atraindo atenção da mídia e fazendo seu rosto circular na mídia, chamando atenção de quem os caçava, obrigando ele e Kyrah a se reunirem e eliminarem a ameaça de uma vez por todas.
O diretor Joe Carnahan conduz tudo com um senso de realismo sisudo, com uma fotografia dessaturada, que tenta fazer da narrativa uma trama séria de espionagem. Essa escolha, no entanto, contrasta com o tom de comédia romântica da história e o fato de que Issac e Kyrah estão sempre fazendo piadinhas e trocando comentários sarcásticos no meio da pancadaria, indo de encontro à natureza realista que Carnahan tenta imprimir. A abordagem visual contrasta até mesmo com toda a trama de espionagem que o texto constrói, já que seu universo de assassinos e operações secretas é tão exagerado e marcado por pessoas e situações absurdas que não faz muito sentido a abordagem sisuda adotada. É como se alguém pegasse a trama de um filme da franquia Velozes & Furiosos e tentasse guiar tudo com a estética dos filmes do Jason Bourne dirigidos pelo Paul Greengrass. O resultado é um produto em conflito consigo mesmo o tempo todo.
Mais que isso, é uma trama que não consegue desenvolver nenhum senso de urgência apesar dos personagens estarem sendo caçados o tempo todo e correndo contra o tempo para salvarem as próprias vidas. Os vários assassinos que os perseguem não tem qualquer personalidade e não passam de sacos de carne a serem facilmente despachados pelos protagonistas, nunca posando qualquer ameaça real a eles ou dando a impressão de que estão verdadeiramente em perigo. As poucas reviravoltas são bem previsíveis, como o fato de que alguém da dupla de agentes federais que está caçando Cinder ser responsável em passar a localização dos heróis para o vilão.
Humor perdido
As cenas tentativas de humor muitas vezes são inseridas em detrimento da ação, do drama ou do suspense do que em favor dele. Em muitos momentos Issac e Kyrah se envolvem em trocas de farpas que não são exatamente engraçadas e que em algumas situações, como a conversa sobre munição perto do final, sequer fazem sentido devido à urgência de certas situações.
Em outros casos a tentativa de humor sabota completamente a cena, como o momento em que Issac vai interrogar dois agentes e leva o filho junto. As interrupções da criança interrompendo o pai enquanto pede para ouvir sua música favorita deveriam trazer um contraste cômico para a tensão da situação, mas como o material é mais constrangedor do que engraçado, a tensão é esvaziada em prol de um humor que não faz rir e no fim nenhum dos sentimentos que a cena deveria evocar se concretizam.
Esse meio termo entre drama e comédia se verifica também nas atuações. Cinder é o tipo de vilão que Mark Strong deveria fazer sem esforço, mas aqui o personagem parece perdido na indefinição entre ser genuinamente ameaçador ou ser uma caricatura histriônica. Kerry Washington, por sua vez, consegue dar um módico de credibilidade a Kyrrah, com a cena em que ela reencontra o filho sendo possivelmente o único momento de emoção genuína em todo o longa.
A verdade é que Shadow Force: Sentença de Morte soa como
dois filmes diferentes tentando interferir um no outro e mesmo isoladamente
nenhuma de suas facetas soa grande coisa, resultando em um produto incapaz de
despertar qualquer coisa no espectador.
Nota: 3/10
Trailer
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