segunda-feira, 14 de julho de 2025

Crítica – Karate Kid: Lendas

 

Análise Crítica – Karate Kid: Lendas

Review – Karate Kid: Lendas
A série Cobra Kai conseguiu ressuscitar a franquia Karate Kid quando ela parecia morta, já que mesmo uma tentativa de remake estrelada por Jackie Chan (inexplicavelmente trocando caratê por kung fu a despeito do título se manter) não chegou a decolar embora não tenha sido um fracasso. Com Cobra Kai se encerrando depois de se alongar demais, a franquia volta aos cinemas neste Karate Kid: Lendas, que reúne o Sr. Han (Jackie Chan) do remake com Daniel Larusso (Ralph Macchio).

Novo protagonista, mesma história

A narrativa é encabeçada por Li Fong (Ben Wang), estudante e sobrinho do Sr. Han que se muda da China para os Estados Unidos depois que sua mãe consegue um emprego em um hospital em Nova Iorque. Lá ele se aproxima da garota Mia (Sadie Stanley) e do pai dela, Victor (Joshua Jackson), dono de uma pizzaria no bairro. Quando Li descobre que Victor está devendo para pessoas perigosas e vai tentar recuperar o dinheiro em uma luta de boxe, Li decide ajudar Victor a treinar com seu conhecimento de Kung Fu. Ao mesmo tempo, ele disputa a atenção de Mia com o valentão Conor (Aramis Knight).

É algo muito similar ao primeiro Karate Kid, o remake e ao arco inicial do Miguel (Xolo Maridueña) em Cobra Kai: um jovem que se muda de cidade, se apaixona por uma garota, lida com um valentão e precisa treinar para uma competição. De início parece que o filme vai mexer um pouco com a fórmula ao fazer o garoto se tornar o mentor de uma figura mais velha, invertendo a fórmula, mas logo Victor se machuca e cabe a Li treinar para um torneio de caratê para salvar a pizzaria. Para ajudar Li a treinar o Sr. Han vem da China e ainda recruta a ajuda de Daniel Larusso para ensinar caratê a Li.

O problema nem é a repetição da mesma premissa, é que o filme não consegue oferecer nada além disso. Tudo é tão aderente a elementos que já vimos antes inúmeras vezes que fica difícil se conectar com a história ou personagens porque as engrenagens movendo tudo são muito evidentes. Li é o típico protagonista com um trauma do passado e que tenta se encaixar na nova vida, raramente tendo espaço para exibir qualquer traço de personalidade além dos lugares comuns que constroem sua motivação.

Reunião inane

A reunião entre o Sr. Han e Daniel Larusso era o centro da divulgação do filme e parecia que algo grandioso sairia do encontro dos dois, mas a verdade é que esses personagens mal interagem. Não há uma construção da relação entre eles, com Daniel simplesmente aparecendo para ajudar a treinar Li depois de inicialmente recusar o pedido do Sr. Han. Chan e Macchio têm algumas cenas divertidas em que tentam mostrar que seus respectivos estilos de luta são mais apropriados para Li.

A química dos dois, no entanto, é desperdiçada por um texto que não tem muito a fazer com esses dois personagens, especialmente com Daniel. Ele poderia ser retirado do filme que não faria muita diferença. A impressão é que ele está ali só como apelo nostálgico, como se o personagem tivesse sido adicionado no último minuto para ajudar a atrair público para o filme por conta da popularidade de Cobra Kai. Uma escolha curiosa considerando que o que fez as primeiras temporadas da série serem tão interessantes era como ela criticava o problema de se apegar à nostalgia.

As cenas de luta são bem executadas, mas dificilmente despertam qualquer empolgação ou perigo porque conta dos personagens serem tão básicos ao ponto que fica difícil se importar com eles. Conor não é nada mais do que um obstáculo no caminho de Li, mal aparecendo ao longo do filme. Até Karate Kid: A Hora da Verdade (1984) conseguia fazer Johnny Lawrence (William Zabka) um antagonista marcante e Cobra Kai mostrou como olhar esse tipo de história por múltiplas perspectivas poderia enriquecer os personagens. A rivalidade apresentada aqui soa como um retrocesso de tudo que a franquia fez. Boa parte desses problemas vem da narrativa tentar concentrar tantos personagens e arcos em curtos noventa e quatro minutos, fazendo tudo soar apressado, mal desenvolvido.

Karate Kid: Lendas não consegue entregar o que promete ao reunir dois mentores da franquia em uma trama que não os aproveita e apenas repete mecanicamente uma série de ideias manjadas.

 

Nota: 5/10


Trailer


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