quarta-feira, 23 de julho de 2025

Crítica – The Alto Knights: Máfia e Poder

 

Análise Crítica – The Alto Knights: Máfia e Poder

Review – The Alto Knights: Máfia e Poder
No papel The Alto Knights: Máfia e Poder soa como um filme promissor. A história real de uma rivalidade entre dois grandes mafiosos estrelada por Robert De Niro e dirigida pelo renomado Barry Levinson parece um filme com tudo para dar certo. Infelizmente, no entanto, o que parece se conduzir como se fosse um novo Os Bons Companheiros (1990) termina mais próximo de um desastre como Gotti: O Chefe da Máfia (2018).

Dupla explosiva

A narrativa se baseia na história real da rivalidade entre Frank Costello (Robert De Niro) e Vito Genovese (também Robert De Niro), dois imigrantes italianos que trabalharam juntos em organizações mafiosas nos Estados Unidos da metade século XX e se tornaram rivais disputando pelo controle. Suas personalidades são opostas, com Costello sendo um sujeito mais suave, mais político, enquanto Vito é cabeça quente, irascível e propenso a resolver tudo na base da violência. Quando um atentado à vida de Frank fracassa, ele resolve se aposentar do comando da organização passando tudo para Vito, mas a ambição e paranoia de Vito colocam tudo em risco.

A escolha de colocar De Niro para interpretar os dois protagonistas nunca soa nada mais do que um floreio estilístico que pouco acrescenta à trama. Sim, o ator é hábil em tornar Frank e Vito sujeitos distintos, com o segundo emanando o descontrole violento que De Niro fez com excelência em Touro Indomável (1980). Por outro lado, o material não consegue ir além desse olhar unidimensional sobre os dois personagens. Não ajuda que a maquiagem usada para transformar De Niro em Vito seja artificial ao ponto em que é possível ver a diferença entre a pele do ator e as próteses em algumas tomadas, nunca vendendo a ilusão de que se trata de outra pessoa. A maquiagem de Cosmo Jarvis (de Xógum) como Vincent, um atrapalhado capanga de Vito é mais convincente em fazer o ator desaparecer no personagem.

Mesmo a encenação dos poucos momentos em que Vito e Frank aparecem juntos é pouco interessante, sempre recorrendo a enquadramentos e marcações que deixam evidente a ilusão, como posicionar os dois personagens parados em lados opostos do quadro ou filmar as conversas em planos e contraplanos fechados no rosto de quem está falando. Considerando que nesse mesmo ano tivemos Pecadores no qual os gêmeos interpretados por Michael B. Jordan se movimentavam em cena, interagiam fisicamente e até brigavam entre si, o modo como o filme cria os dois De Niros soa previsível e datado.

Exposição criminosa

A narração em primeira pessoa de Frank explica e resume a trama o tempo todo, sendo o principal meio que o filme tem de dar algum senso de coesão para a história, já que o filme faz vários saltos temporais entre uma cena e outra. As transições entre as cenas são marcadas pela narração de Frank e imagens que deveriam emular fotos antigas e imagens de arquivo, quase como se estivéssemos vendo um documentário dentro do filme, um artifício que nunca é plenamente explorado ou explicado. A impressão é que estamos vendo uma versão resumida de algo que deveria ser uma série ou minissérie.

Como os sentimentos e motivações dos personagens são sempre explicados, mas nunca desenvolvidos em cena e como muitas cenas estão tão cronologicamente distantes uma da outra é difícil o filme construir qualquer drama consistente ou mesmo um senso de causa e consequência entre muitas ações. Vemos as maquinações, as intrigas, os atentados, mas não nos importamos com nada porque o filme não desenvolve seus protagonistas. A impressão é que estamos assistindo um verbete ilustrado de wikipedia e não uma narrativa. Se o interesse era contar o que aconteceu de uma maneira tão expositiva, talvez fosse melhor fazer um documentário ao invés de uma ficção.

Tudo aquilo que já conhecemos em filmes de máfia está presente aqui, no entanto, nada funciona como deveria. A despeito de se conduzir como se fosse um grande épico de máfia The Alto Knights: Máfia e Poder não passa de uma reprodução ruim de elementos familiares que não tem nada a dizer sobre seus dois protagonistas ou o contexto de crime organizado no século XX, se arrastando em uma trama entediante, sem uma direção clara do que quer com sua trama e mal conseguindo soar coesa.

 

Nota: 2/10


Trailer

Nenhum comentário: