O diretor Zach Cregger chamou
minha atenção com o bacana e pouco visto Noites Brutais(2022), então fiquei curioso para seus próximos projetos. Este A Hora do Mal parte de uma premissa
instigante e é visível o esforço do realizador em tentar algumas escolhas
similares a Noites Brutais, mas que
aqui não funcionam tão bem.
Crianças nas sombras
A trama segue o cotidiano de uma
pequena cidade na qual todas as crianças de uma turma de ensino fundamental
saem correndo de casa no meio da madrugada, com apenas um menino da turma
deixando de fugir. As suspeitas logo caem sobre a professora, Justine (Julia
Garner), que parece tão surpresa com o evento quanto o resto da cidade. Dois
meses se passam e nada é resolvido. Justine começa a ser alvo de ataques dos
pais das crianças, em especial de Archer (Josh Brolin), que fica inquieto com a
inação das autoridades. Ao mesmo tempo, Justine começa a desconfiar que há algo
errado na casa de Alex (Cary Christopher), o único de seus alunos que não
sumiu, mas o diretor da escola, Marcus (Benedict Wong), não acredita nela.
Certos personagens tem uma
sinergia grande com as pessoas que as interpretam. Esse é o caso de Shelly,
protagonista de A Última Showgirl interpretada
por Pamela Anderson. É inevitável não pensar que a diretora Gia Coppola (neta
de Francis Ford Coppola) não levou em conta a trajetória profissional de
Anderson na hora de escalá-la como Shelly considerando as similaridades entre
as duas.
Show contínuo
Shelly (Pamela Anderson) trabalha
como dançarina no mesmo show burlesco em Las Vegas desde os anos 80. O show já
passou a muito de seu auge, atraindo cada vez menos público e tendo dançarinas
cada vez mais jovens e inexperientes. Shelly se tornou uma espécie de figura
materna para essas dançarinas mais jovens como Mary Anne (Brenda Song) e Jodie
(Kiernan Shipka, de O Mundo Sombrio de Sabrina). O mundo de Shelly, no entanto, sofre um revés quando Eddie (Dave
Bautista), o gestor do show, avisa que o espetáculo irá encerrar em duas
semanas. Shelly agora contempla o que o futuro lhe reserva depois de três
décadas construindo sua identidade ao redor de ser uma showgirl.
O primeiro Anônimo (2021) foi uma grata surpresa ao tentar transformar Bob
Odenkirk (de Better Call Saule Breaking Bad) em um herói de ação nos
moldes do John Wick. Não era o tipo de filme que pedia uma continuação ou tinha
a necessidade de virar uma franquia, mas, de todo modo, Anônimo 2 chegou às telas entregando mais do mesmo, embora, sim,
tenha sua medida de diversão.
Férias Frustradas
Depois dos eventos do primeiro
filme Hutch (Bob Odenkirk) volta a trabalhar como operativo enquanto ainda
tenta manter sua fachada de pacato pai de família. O trabalho, no entanto,
amplia a distância entre ele, a esposa e os filhos. Pensando em se reaproximar
da família, ele organiza uma viagem de férias para o parque aquático que seu
pai o levou na infância. A confusão, porém, encontra Hutch quando ele
acidentalmente esbarra em um grupo de policiais corruptos liderados pelo xerife
Abel (Colin Hanks) que usam a cidade como rota de tráfico para a perigosa
Lendina (Sharon Stone). Agora ele precisa lidar com a ameaça e manter a família
em segurança.
A primeira temporada de Wandinha sofria por sacrificar muito do
que torna a personagem (e toda a família Addams) singular em prol de uma trama
adolescente excessivamente aderente aos clichês desse tipo de história. Essa
segunda temporada prometia evitar esses lugares comuns e ser mais fiel ao
espírito da personagem. Tendo assistido a temporada completa é possível ver um
vislumbre disso, mas a verdade é que ainda soa como uma série adolescente
genérica vestindo a aparência do universo dos Addams.
Visões sinistras
A trama começa com Wandinha
(Jenna Ortega) tendo uma visão de eventos catastróficos acontecendo na sua escola
que culminariam na morte de sua amiga Enid (Emma Myers). Diante disso, a jovem
Addams decide investigar o que suas visões significam ao mesmo tempo que lida
com mudanças na escola, como a chegada do irmão Feioso (Isaac Ordonez) para
estudar lá e o novo diretor, Dort (Steve Buscemi), que parece ter seus próprios
interesses com o local.
Quando o diretor Spike Lee
anunciou que seu próximo projeto, este Luta
de Classes, seria um remake de Céu e
Inferno (1963), de Akira Kurosowa, fiquei temeroso. A última vez que Lee
fez uma nova versão de um filme asiático o resultado foi um dos piores (talvez
o pior) filmes de sua carreira no péssimo Oldboy:
Dias de Vingança (2013), remake do sul-coreano Oldboy (2003). Felizmente Luta
de Classes é, ao menos, um suspense competente, embora se perca um pouco no
que quer dizer.
Dias de luta
A narrativa é protagonizada por
David King (Denzel Washington), um magnata da música que está tentando tomar o
pleno controle de sua gravadora para impedi-la de ser vendida para um grande
conglomerado. As coisas se complicam quando o filho de seu motorista é
sequestrado por engano, com os sequestradores acreditando que levaram o filho
do próprio King. Agora ele é colocado em uma encruzilhada moral entre usar o dinheiro
para salvar seu império ou para pagar o resgate do filho do amigo, Paul
(Jeffrey Wright).
Não acompanho automobilismo,
então uma produção como F1: O Filme não
é algo que imediatamente desperta meu interesse. Fui assistir sem esperar muita
coisa e me surpreendi com o quanto ele executa bem sua narrativa ainda que seja
bastante previsível e faça pouco para de distanciar de elementos familiares
desse tipo de história.
Correr para viver
A trama é focada em Sonny (Brad
Pitt), um piloto cujo auge já passou há décadas. Ele teve sua chance na Fórmula
1, mas perdeu tudo depois de um acidente. Agora ele vaga pelos Estados Unidos
atrás de corridas que o desafiem para reencontrar seu amor pelo esporte. Uma
oportunidade de retornar à F1 chega quando Ruben (Javier Bardem), que foi
piloto na mesma época de Sonny, o chama para correr pela equipe que agora é
dono. Ruben está endividado e em três anos sua equipe não marcou um ponto
sequer, o que significa que seu conselho diretor pode forçá-lo a vender a
equipe. Ele pede Sonny ajuda para manter a equipe de pé e ser mentor de seu
jovem piloto, Joshua (Damson Idris). Por consideração a Ruben, Sonny aceita o
desafio.
Produzido pela Netflix, o
documentário Número Desconhecido:
Catfishing na Escola é um daqueles casos que mostra como a realidade pode
ser mais insólita do que qualquer ficção. É uma produção que segue de maneira
muito acomodada a cartilha de documentários sobre crimes, mas mantem nosso
interesse pelos caminhos inesperados que sua história de cyberbullying toma. Aviso que o texto contem SPOILERS do filme.
Quando um estranho chama
O filme conta a história da
adolescente Lauryn. Quando ela tinha catorze anos começou a receber mensagens
hostis de um número anônimo que diziam para ela terminar com o namorado, Owen,
e com várias ofensas e xingamentos a ela. Owen também passou a receber
mensagens com ofensas e que faziam um duvidar da fidelidade do outro. O bullying virtual se estende por meses,
até que as mães dos dois entram em contato com a escola, que não consegue
descobrir quem é o responsável. A polícia também é contatada e seus esforços em
apontar um culpado também não dão resultado, com a investigação se alongando
por quase dois anos. Mesmo bloqueando o número ou trocando de celular os dois
adolescentes continuam a ser alvo das mensagens, que ficam cada vez mais
agressivas.
Eu lembro que o reality show The Biggest Loser (algo como
O Grande Perdedor em português) teve
uma versão aqui no Brasil chamada Quem
Perde Ganha. Não consegui assistir sequer um episódio inteiro. Apesar de se
colocar como um programa focado em saúde ao colocar pessoas obesas em uma
competição na qual quem perdesse mais peso ao longo de um determinado período
de tempo ganharia um prêmio em dinheiro, o que eu via nas telas era que essas
pessoas eram colocadas em situações vexatórias ou em exercícios pouco adequados
para elas. A minissérie documental Magreza
na TV: A Verdade de The Biggest Loser reforçou minhas impressões ao
explorar os bastidores da versão original do reality nos Estados Unidos, que durou dezessete temporadas entre
2004 e 2016.
Nem ganhar ou perder
Ao longo de três episódios a
série tenta mostrar como o reality se
vendia como um estímulo a uma vida saudável e à perda de peso em um país com
crescentes taxas de obesidade e sedentarismo. A série confronta essa proposta
com a realidade do programa, no qual pessoas obesas eram colocadas diante de
treinadores cujos programas de exercícios físicos eram pouco adequados para
pessoas obesas e sem condicionamento físico, além do fato de que esses
treinadores constantemente humilhavam e criticavam os participantes. Isso,
somado ao fato de que os participantes eram encorajados a comer o mínimo de
calorias possível enquanto mantinham uma rotina diária de várias horas de
exercício mostra como a perda rápida de peso que era exibida pelo programa era
pouco saudável.
O escritor Stephen King e o
diretor Mike Flanagan são nomes que normalmente associamos com o terror. Flanagan
é responsável por séries como A Queda da Casa de Usher(2023), A Maldição da
Residência Hill (2018) e filmes como Doutor Sono(2019) e Jogo Perigoso(2017),
esses dois últimos também adaptações de Stephen King. Agora o diretor decide
adaptar um texto de Stephen King que não se encaixa no horror neste A Vida de Chuck, uma guinada que me
deixou curioso.
Por uma vida menos ordinária
A trama é focada em Chuck (Tom
Hiddleston), um homem de 39 anos que trabalha como contador. Quando anúncios
começam a aparecer por toda a cidade celebrando esse sujeito aparentemente
banal que ninguém conhece, todos ficam intrigados para saber o motivo de tanta
publicidade, principalmente em um mundo que parece estar à beira do colapso.
Aos poucos, vamos descobrindo a verdade por trás desses anúncios e aprendendo
sobre a vida de Chuck.
Dirigido por Jordan Scott, filha
de Ridley Scott, e adaptando um romance Nicholas Hogg A Seita tenta falar sobre a natureza das seitas e como elas
mobilizam o impulso humano por sociabilidade. Estruturado como um misto de
drama e suspense, a produção tem grandes pretensões, mas não alcança nenhuma
delas.
Culto perigoso
A narrativa gira em torno de Ben
(Eric Bana), um psicólogo social que foi morar na Alemanha depois do divórcio.
Reconhecido em sua área e professor universitário, Ben é chamado para auxiliar
a polícia em um caso de suicídio coletivo que parece resultado de algum culto
apolíptico. No curso da investigação ele se aproxima da policial Nina (Silvia
Hoeks). Ao mesmo tempo, a filha de Ben, Mazzie (Sadie Sink, de Stranger Things), chega a contragosto na
Alemanha para morar com o pai. Ela fica amiga de Martin (Jonas Dassler), mas
logo o espectador percebe que o rapaz está tentando aliciá-la para a mesma
seita que Ben investiga.
Envelhecer ainda é tratado como
algo inerentemente negativo. Muitas vezes tratamos pessoas idosas como um peso,
como pessoas que existem para dar trabalho aos demais. Principalmente em um
contexto no qual trabalhamos cada vez mais horas em temos menos tempo para
quaisquer outros afazeres. Dirigido por Gabriel Mascaro, O Último Azul pensa o que pode acontecer numa sociedade que leva ao
extremo essas visões sobre idosos.
Futuro imperfeito
Num futuro próximo o Brasil
embarcou em um regime totalitário no qual o foco é o trabalho e a
produtividade. Quando as pessoas chegam a uma certa idade são exiladas em uma
colônia de idosos supostamente para viver seus últimos dias em paz, evitando
causar problemas ou dar trabalho aos filhos, que ficam livres para trabalhar
sem preocupações. Tereza (Denise Weinberg) tem 77 anos, vive numa região remota
do Amazonas e está a poucos anos de ser mandada para a colônia. O processo, no
entanto, é acelerado quando uma nova lei baixa a idade para 75 anos, com ela
sendo imediatamente colocada sob tutela da filha, perdendo toda a autonomia, e
tendo sua viagem para a colônia agendada. Tereza, no entanto, ainda tem coisas
que quer fazer, especialmente viajar de avião. Como ela não consegue comprar
uma passagem comercial sem o consentimento da filha, ela decide pagar o
barqueiro Cadu (Rodrigo Santoro) para levá-la até uma cidade na qual poderá
fazer um voo de ultraleve. Ao longo da viagem irá descobrir mais sobre si do
que esperava.
Depois do bacana Fale Comigo(2023), os irmãos Phillipou
vem para seu segundo longa-metragem explorando o luto e os extremos nos quais
as pessoas vão para sanar sua dor. Faça
Ela Voltar tenta construir seu terror ao redor dessa dor.
Deixe ela entrar
Os irmãos Andy (Billy Barratt) e
Piper (Sora Wong) ficam órfãos depois da morte do pai. Como os dois são menores
de idade, são colocados em lares adotivos. Inicialmente, por Andy estar perto
de completar dezoito anos, ele deveria ser mandado para um local diferente de
Piper, mas consegue convencer a assistente social a mantê-los juntos por conta
de Piper ser cega. Os dois vão morar com Laura (Sally Hawkins), uma mulher
solitária que perdeu a filha, cega como Piper, anos atrás. Laura também cuida
do garoto Oliver (Jonah Wren Phillips), que não fala e exibe um comportamento
estranho, estando sempre com fome. Desde o início é visível que Laura se
importa mais com Piper e deixa Andy de lado, mas conforme os irmãos passam mais
tempo com sua nova tutora vai ficando evidente que ela tem planos sinistros
para eles, principalmente pelo modo que ela atormenta Andy.
Estrelada por Vanessa Kirby, a
produção da Netflix A Noite Sempre Chega
tenta funcionar simultaneamente como thriller,
além como um drama social e um estudo de personagem. O filme nem sempre
consegue equilibrar suas várias ideias, no entanto, alguns elementos bem
executados fazem a experiência valer à pena.
Noite afora
A trama é centrada em Lynette
(Vanessa Kirby), que vive junto com a mãe, Doreen (Jennifer Jason Leigh), e o
irmão mais velho, Kenny (Zack Gottsagen), que tem Síndrome de Down. Lynette se
equilibra entre vários empregos e outros serviços para tentar equilibrar as contas.
Ela e a mãe estão prestes a conseguir um empréstimo para comprarem a casa onde
moram ou perderão o imóvel. No dia de assinarem o financiamento, no entanto, Doreen
não aparece e Lynette descobre que a mãe comprou um carro com o dinheiro que
tinham guardado para a entrada da casa. Sem poder dar a entrada e iniciar a compra,
Lynette tem até a manhã seguinte para levantar o valor ou perderá a chance de
comprar o imóvel, iniciando uma corrida desesperada através da noite.
Depois do pavoroso Jurassic World: Domínio (2022), a
franquia parecia não ter mais onde ir com aqueles personagens. Talvez por isso
que resolveram fazer esse Jurassic World:
Recomeço como uma espécie de soft
reboot, mantendo o universo e a cronologia, mas trazendo novos personagens.
Podia ser um meio de trazer frescor a essa desgastada série de filmes, ainda
mais com Gareth Edwards, responsável por Rogue One: Uma História Star Wars(2016). Infelizmente não é o que acontece e a
produção não consegue afastar o gosto de janta velha requentada.
Narrativa jurássica
A trama é focada na mercenária
Zora (Scarlett Johansson), contratada pelo executivo de uma empresa
farmacêutica, Martin Krebs (Rupert Friend), para liderar uma missão a
territórios próximos da linha do Equador que agora são habitados por
dinossauros. O objetivo é recuperar amostras de sangue de três grandes
dinossauros ainda vivos para que elas sejam usadas em pesquisas para problemas
cardíacos. A extração do material é tarefa do paleontólogo Henry Loomis
(Jonathan Bailey, de Wicked). No
percurso eles encontram uma família liderada por Reuben (Manuel Garcia-Rulfo,
de O Poder e a Lei), que estava
viajando de barco com as duas filhas quando a embarcação foi atacada por um
dinossauro aquático. Com essa tripulação inesperada à bordo, o grupo liderado
por Zora precisa chegar na ilha e sobreviver aos dinossauros do local,
inclusive os bizarros experimentos que ficaram ocultos na ilha.
Relacionamentos amorosos são
muitas vezes pensados a partir da ideia de encontrarmos alguém que nos
completa. Alguém que nos entende, com quem podemos contar, alguém para
partilhar nossos sentimentos. No entanto, estar em um relacionamento também
significa abrir mão de várias coisas, permitir que o outro ocupe espaço em sua
vida, levar o outro em consideração e não apenas a si mesmo. É quase como um
processo de simbiose no qual duas pessoas passam a existir não apenas como
indivíduos, mas como coletivo. Essa ideia de junção é levada às últimas
consequências do horror corporal por Juntos.
Até que todos se tornem um
O relacionamento entre Tim (Dave
Franco) e Millie (Alison Brie) está esfriando. Tim percebe que sua carreira
musical não vai a lugar algum e agora que Millie conseguiu um emprego de
professora em uma pequena cidade isso talvez signifique aceitar que ele de fato
não tem futuro na música. Há uma relação de co-dependência entre eles, mas
ambos começam a ressentir um ao outro. Chegando na nova cidade, eles decidem
explorar uma trilha na floresta, mas a chuva os derruba em uma estranha caverna
com um sino na entrada, entalhes esquisitos nas paredes e uma nascente de água.
Sem conseguir sair, eles passam a noite no local e bebem da água. No dia
seguinte começam a perceber estranhos fenômenos no qual compartilham sensações
e seus corpos começam a grudar um no outro.
Eu tinha receio com a ideia de se
fazer uma nova versão de Corra que a
Polícia Vem Aí, afinal muito do que tornava a trilogia tão divertida era o
trabalho de Leslie Nielsen como o tenente Frank Drebin. A escolha de Liam
Neeson como o novo protagonista me intrigou, afinal Neeson é um ator que
construiu uma carreira quase toda em cima de papéis sérios, o que tem um
paralelo com a trajetória de Leslie Nielsen, que fazia personagens sérios em
ficção científica e filmes de desastre até que os irmãos Zucker o chamaram para
fazer Apertem os Cintos o Piloto Sumiu (1980)
e depois em Corra que a Polícia Vem Aí.
Tendo visto a nova versão, devo dizer que o resultado é divertido e coerente
com o espírito do original.
Quem precisa de polícia?
A narrativa é protagonizada por
Frank Drebin Jr. (Liam Neeson), que assim como o pai é detetive do Esquadrão de
Polícia de Los Angeles. Seu caso mais recente envolve um assassinato que pode
estar conectado a um roubo a banco e ao magnata da tecnologia Richard Cane
(Danny Houston). Ao curso da investigação o caminho de Frank cruza com a irmã
da vítima, a sedutora Beth (Pamela Anderson), que insiste em tentar ajudar com
o caso.
Lançado em 1995 e dirigido por
Carla Camurati, Carlota Joaquina:
Princesa do Brazil foi um marco do cinema brasileiro, iniciando o período
da chamada “retomada”. Depois de anos estagnada por conta de ações do governo
Collor, o sucesso do filme de Camurati sinaliza a força da produção nacional e
um novo ciclo produtivo do nosso cinema. Comemorando 30 anos de seu lançamento
em 2025, o filme retorna aos cinemas em uma versão restaurada em 4K, como
também aconteceu neste ano com Iracema: Uma Transa Amazônica(1975).
História revisitada
O longa acompanha a trajetória de
Carlota Joaquina (Ludmila Dayer/Marieta Severo), desde sua infância como
princesa na Espanha quando é levada ainda criança para Portugal, forçada a
casar com a realeza portuguesa, até sua idade adulta quando vem ao Brasil
acompanhando o marido, Dom João VI (Marco Nanini), quando a corte de Portugal
foge da Europa para não se envolver nas Guerras Napoleônicas.
Com nomes como Eddie Murphy e
Keke Palmer encabeçando o elenco, A
Última Missão poderia ser uma comédia de ação ao menos divertida. A
despeito de um elenco carismático, no entanto, o resultado acaba sendo algo que
não entretém como deveria.
Roubo sobre rodas
Russell (Eddie Murphy) é um
segurança responsável por conduzir um carro blindado. No dia de suas bodas de
prata ele quer terminar sua rota o mais rápido possível para voltar para casa,
mas isso pode ser difícil por conta de seu novo parceiro, o jovem e impulsivo
Travis (Pete Davidson). Para complicar as coisas o veículo da dupla é atacado
pela gangue liderada por Zoe (Keke Palmer), que deseja roubar o blindado para
usá-lo em um assalto a um cassino e levar milhões. Como os aliados de Zoe
acabam fracassando durante a perseguição, ela propõe o plano a Travis e
Russell.
Entre os vários gêneros que o
cinema brasileiro tem explorado com regularidade nos últimos anos, o thriller é um dos que menos aparece na
nossa cinematografia. Dirigido por Fernando Coimbra (responsável pelo excelente
O Lobo Atrás da Porta) este Os Enforcados tenta construir uma trama
de suspense a partir do universo da contravenção do jogo do bicho.
Profissão de risco
Regina (Leandra Leal) está no
meio da reforma da mansão na qual vive com o marido, Valério (Irandhir Santos),
os gastos estão altos e Valério lhe informa que precisarão diminuir custos pois
seus negócios não estão indo bem. Valério trabalha com o tio (Stepan
Nercessian) na exploração de caça-níqueis e jogo do bicho, sendo responsável
por lavar o dinheiro da contravenção do tio. Regina tenta estimular o marido a
tomar o controle dos negócios, já que o tio teria assassinado o pai de Valério
para chegar ao topo dos negócios. A oportunidade vem quando o tio pede para se
esconder na casa deles antes de fugir do país por conta de algum esquema que
deu errado. Tomar o controle, no entanto, é apenas o início dos problemas do
casal, já que o tio deixou muitas dívidas com outros figurões do crime.
A primeira coisa que chamou minha
atenção enquanto assistia o novo Guerra
dos Mundos foi a opção de contar toda a história a partir da tela do
computador do protagonista que monitorava toda a situação. A escolha não
parecia casar com o escopo da narrativa. Depois descobri a real razão para o
filme ter sido feito dessa maneira e isso só piorou minha impressão a respeito
do resultado final.
Guerra confinada
A narrativa é protagonizada pelo
analista de inteligência William Radford (Ice Cube). Ele é responsável por
monitorar vazamentos de dados, mas também começou a receber pedidos das
agências especiais a respeito de estranhos fenômenos eletromagnéticos ocorrendo
ao redor do mundo. Quando estranhas máquinas de três pernas caem do céu e
começam a atacar várias cidades do mundo, William resolve analisar o que está
havendo para tentar articular uma resposta.
Tudo é narrado a partir da tela
do computador de William, no qual ele acessa imagens de câmeras, conversa com
colegas e familiares por chamadas de vídeo e se informa por noticiários. Como a
produção foi filmada em 2020, durante a pandemia de COVID-19, as medidas
sanitárias de isolamento provavelmente motivaram essa estrutura do filme. Seria
uma oportunidade de usar esse senso de isolamento como uma metáfora para o
temor e ansiedade do nosso confinamento durante a pandemia, quando estávamos fechados
em nossas casas temendo um inimigo invisível e sem saber o que estava acontecendo.
O Guerra dos Mundos de 2005 dirigido
por Steven Spielberg usava muito bem o romance de H.G Wells para refletir sobre
seu tempo, em especial o senso de insegurança, paranoia e vulnerabilidade dos
Estados Unidos pós 11 de setembro. Essa nova versão, no entanto, não faz nada
disso.
Não há qualquer tentativa de usar
o confinamento do personagem para refletir sobre o confinamento pandêmico.
Tampouco há qualquer senso da escala ou da gravidade dos ataques já que as
imagens da invasão e dos conflitos em si são poucas e sempre borradas ou pixelizadas
para disfarçar a qualidade baixa dos efeitos visuais. Em termos de narrativa,
há apenas o clichê do pai que tenta consertar a relação com os filhos e uma
trama sobre vigilância governamental e privacidade, mas nenhuma delas tem muito
a oferecer além de lugares comuns. Não ajuda que Ice Cube e o resto do elenco
entreguem performances automáticas, desinteressadas, que são incapazes de
injetar qualquer senso de drama ou urgência nos eventos. Apesar de noventa minutos,
a impressão é que a narrativa dura muito mais por conta das arrastadas videochamadas
nas quais tudo se desenvolve, lembrando o horrendo Black Wake(2020) protagonizado pela brasileira Nana Gouvea.
Cinismo corporativo
Além do vazio narrativo e dramatúrgico,
a produção também incomoda pelo excesso de exposição de marcas de ferramentas
digitais e o modo como o filme, sem qualquer sutileza, apresenta os atributos
positivos dessas ferramentas, mostrando essas plataformas como potenciais
salvadoras do mundo. São construções que quebram nossa imersão na narrativa e
também soam como uma tentativa cínica de construir uma representação positiva
de big techs que tem sido alvo de
bastante escrutínio nos últimos anos por seu papel em contribuir para
desinformação ou discursos de ódio. Aqui todos esses questionamentos são
sublimados e todas essas plataformas têm apenas impactos positivos no mundo.
O pior, no entanto, é o que
acontece no clímax, quando William precisa fisicamente fazer o upload de um
vírus em servidores e precisa de um pen drive, recorrendo a uma grande empresa
de comércio eletrônico. O que se segue é uma publicidade cínica da velocidade
de entregas da Amazon Prime com seu uso de drones, basicamente fazendo a Amazon
ser a responsável por salvar o mundo por sua suposta agilidade na entrega e
avanços tecnológicos. É uma escolha que reduz o filme a uma mera propaganda
corporativa (e uma propaganda ruim ainda por cima) pensada apenas para gerar
valor para a empresa sem qualquer preocupação em entreter o espectador ou
fazê-lo refletir.