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quinta-feira, 25 de julho de 2024

Rapsódias Revisitadas – Dublê de Corpo

 

Resenha – Dublê de Corpo

Review – Dublê de Corpo
O cinema de Brian de Palma sempre teve algo de referencial, com o diretor misturando influências de diferentes cineastas. Isso é visível em Dublê de Corpo, thriller erótico lançado em 1984 em que o diretor tenta fazer algo hitchcockiano. A trama segue Jake (Craig Wasson), um ator iniciante que recentemente perdeu um papel por conta de sua claustrofobia e pegou a namorada na cama com outro homem. Sem ter onde ficar, ele acaba aceitando a oferta Sam (Gregg Henry), um outro ator que ele conhece durante testes. Sam vai ficar fora da cidade por um tempo e oferece a Jake a casa onde ele está ficando. Ao levar Jake para o imóvel, Sam chama a atenção do amigo para a vizinha, que toda noite dança pelada em seu quarto. Jake começa a observá-la todo dia até que a vê ser abusada pelo marido e percebe uma figura estranha seguindo a mulher. Obecado, Jake tenta avisar a vizinha do que está ocorrendo.

É uma narrativa que claramente mistura Janela Indiscreta (1954) com Um Corpo que Cai (1958). Do primeiro de Palma pega a narrativa de viés voyeurístico, um sujeito que fica fascinado em observar as janelas até que observa algo que não deveria e se coloca em problemas. Do segundo ele pega a ideia de um protagonista com uma fobia paralisante que é usado como bode expiatório e cujo plano do vilão envolve usar uma mulher se passando por outra para atrair o protagonista.

quinta-feira, 18 de julho de 2024

Rapsódias Revisitadas – Garota Sombria Caminha Pela Noite

 

Crítica – Garota Sombria Caminha Pela Noite

A ideia de uma mulher vagando sozinha pelas ruas durante a madrugada em muitos casos pode estar ligada a uma noção de que ela estaria correndo perigo. A diretora Ana Lily Amirpour vira ao avesso essas expectativas sociais em Garota Sombria Caminha Pela Noite, seu primeiro longa metragem. Lançado em 2014, o filme traz como protagonista uma vampira que vaga pelas ruas à noite vestindo um hijab e usa a ideia de que uma mulher caminhando sozinha seria uma presa fácil para atrair suas vítimas.

A garota (Sheila Vand) vaga pelas ruas da ficcional Bad City em busca de vítimas para se alimentar. Seu caminho cruza com o de Arash (Arash Marandi), um jovem descolado e solitário preso entre os hábitos destrutivos do pai viciado, Hossein (Marshall Manesh), e a opressão do traficante Saeed (Dominic Rains). O modo como as vidas da garota e de Arash se cruzam acaba por transformar a vida de ambos.

terça-feira, 9 de julho de 2024

Rapsódias Revisitadas – Holocausto Brasileiro

 

Crítica – Holocausto Brasileiro

Review – Holocausto Brasileiro
Baseado no livro de mesmo nome de Daniela Arbex, o documentário Holocausto Brasileiro foi lançado em 2016 e narra a chocante história real do hospital psiquiátrico Colônia, localizado em Barbacena, interior de Minas Gerais. Em seus oitenta anos de funcionamento o hospital abrigou milhares de pacientes, alguns que sequer tinham problemas psiquiátricos, mas as condições desumanas do local causaram a morte de mais de sessenta mil pessoas.

Estruturado ao redor de entrevistas e imagens de arquivo, o documentário conta a história do hospital desde sua origem no início do século XX, quando foi criado como um centro terapêutico para a elite carioca, e depois quando se tornou um hospital psiquiátrico pertencente ao estado de Minas Gerais. A partir daí vemos como o local se tornou um espaço de exclusão e tormento no qual as autoridades não apenas aprisionavam pessoas com transtornos mentais severos, mas também qualquer um que não tivesse para onde ir, como crianças órfãs e pessoas em situação de rua. Todos os que estavam no hospital, independente do diagnóstico, eram tratados como pacientes psiquiátricos, recebendo uma medicação pesada e até tratamentos mais agressivos, como eletrochoques.

sexta-feira, 28 de junho de 2024

Rapsódias Revisitadas – Kramer vs Kramer

 

Análise – Kramer vs Kramer

Review – Kramer vs Kramer
Lançado em 1979, Kramer vs Kramer é um drama que tenta discutir sobre os papéis sociais presumidos para homens e mulheres, em especial nas expectativas da sociedade a respeito do trabalho de homens e mulheres nos cuidados domésticos. A trama é focada no casal Ted (Dustin Hoffman) e Joanna Kramer (Meryl Streep). Ted é um publicitário em ascensão enquanto Joanna abriu mão da própria carreira para se dedicar a cuidar da casa e do filho do casal, Billy (Justin Henry). Infeliz no casamento, Joanna decide deixar Ted e o deixa com Billy. Ted precisa reestruturar toda sua vida para cuidar do filho sozinho, mas depois de um ano e meio Joanna volta e decide pedir a guarda do garoto. 

Ted é um pai e marido negligente, que não percebe a infelicidade da esposa e não dá a mínima para as necessidades do filho, jogando tudo nas costas de Joanna. Ele exemplifica a mentalidade de que cabe ao homem apenas prover para o lar e que basta isso para ser considerado um bom marido, algo ressaltado posteriormente pelas perguntas do advogado dele a Joanna durante a audiência de custódia. 

quarta-feira, 26 de junho de 2024

Rapsódias Revisitadas – Velocidade Máxima

 

Crítica – Velocidade Máxima


Review – Velocidade Máxima
Eu perdi a conta de quantas vezes assisti Velocidade Máxima na Sessão da Tarde. Lançado em 1994, o filme foi responsável por sedimentar o status de estrela de ação de Keanu Reeves (que vinha do sucesso de Caçadores de Emoção e de uma performance criticada em Drácula de Bram Stoker) e também de Sandra Bullock, que tinha ganhado evidência no ano anterior ao estrelar O Demolidor ao lado de Sylvester Stallone e Wesley Snipes. É um filme marcado pelo tipo de cinema de ação feito na década de 90 com tudo de positivo e negativo que isso carrega. 

Na trama, o policial Jack Traven (Keanu Reeves) impede que um criminoso exploda bombas em um arranha-céu, com o suspeito aparentemente morrendo ao tentar fugir. Tempos depois ele e o parceiro, Harry (Jeff Daniels), recebem uma medalha pela ação. O problema é que o criminoso Howard (Dennis Hopper) não morreu e quer se vingar de Jack. Ele coloca uma bomba em um ônibus que irá se armar assim que o veículo chegar a 80 quilômetros por hora e irá explodir se o veículo ficar abaixo dessa velocidade. Jack localiza o ônibus e precisa mantê-lo em movimento até encontrar um meio de desarmar a bomba ou localizar o criminoso, contando com a ajuda da passageira Annie (Sandra Bullock) para guiar o ônibus depois que o motorista se fere.

quarta-feira, 19 de junho de 2024

Rapsódias Revisitadas – Rio, Zona Norte

 

Crítica - Rio, Zona Norte

Rapsódias Revisitadas – Rio, Zona Norte
Dirigido por Nelson Pereira dos Santos, responsável por obras seminais do cinema brasileiro como Vidas Secas (1963), Rio, Zona Norte foi lançado em 1957. É uma narrativa sobre a vida na periferia do Rio de Janeiro, do samba que dela emerge e como esse samba é apropriado pela elite carioca, deixando à míngua os músicos do morro. 

O protagonista é Espírito da Luz (Grande Otelo), um sambista da periferia carioca que cai de um trem lotado saindo da Central do Brasil e machuca a cabeça. Enquanto ele agoniza, voltamos aos seus últimos meses, quando ele lutava para gravar seus sambas, mas tem suas músicas roubadas pelo parceiro Maurício (Jece Valadão). Ele também enfrenta problemas com o filho Lourival (Haroldo de Oliveira), que se envolve com uma gangue de criminosos.

sexta-feira, 8 de março de 2024

Rapsódias Revisitadas – A Entrevista

 

Análise – A Entrevista

Resenha - A Entrevista
Lançado em 1966 e dirigido por Helena Solberg, o curta documental A Entrevista se estrutura ao redor de várias conversas de mulheres de classe média alta, com idades variando entre 19 e 27 anos. Essas mulheres falam de dilemas caros à época, como o papel da mulher na sociedade, entre o que se espera delas e o pensamento ainda em construção sobre sexo, casamento, virgindade, formação profissional, emancipação e outros temas do cotidiano feminino da época.

As vozes dessas mulheres estão fora de quadro, já que elas não quiseram mostrar seus rostos ou nomes no filme. Uma decisão compreensível considerando que em 1966 mulheres falando de sexo ou o desejo de uma carreira eram temas relativamente tabu e serem vistas conversando sobre isso poderia afetar a reputação das entrevistadas. Enquanto ouvimos essas entrevistas, o filme nos mostra fotografias de diferentes mulheres e imagens de uma mulher se preparando para seu casamento. A noiva é a cunhada da diretora, Glória Solberg, e é a única entrevista com som sincrônico, em que vemos a pessoa que está falando.

quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

Rapsódias Revisitadas – Sindicato de Ladrões

 

Crítica – Sindicato de Ladrões

Análise – Sindicato de Ladrões
Em uma determinada cena de Sindicato de Ladrões, o protagonista menciona que ter uma consciência é algo que pode levar uma pessoa à loucura. O filme seminal de Elia Kazan estrelado por Marlon Brando comemora seus 70 anos de lançamento em 2024 e suas reflexões sobre consciência de classe e manter seus princípios diante da corrupção ao nosso redor seguem válidos.

A trama acompanha Terry (Marlon Brando), um ex-boxeador que passou a trabalhar para os mafiosos que controlam o sindicato dos portuários em New Jersey. Quando uma pessoa próxima a Terry é morta por falar contra esses corruptos líderes sindicais e Terry se aproxima da irmã do morto, o ex-boxeador começa a se questionar se proteger esses mafiosos é mesmo a melhor escolha. A narrativa é levemente baseada na história real de um portuário que tentou derrubar o sindicato corrupto de onde trabalhava, mas se na vida real ele fracassou, na ficção Kazan tece uma trama que nos lembra da força que os trabalhadores tem quando se unem, mesmo que seja contra suas supostas lideranças.

segunda-feira, 20 de novembro de 2023

Rapsódias Revisitadas – A Negação do Brasil

 

Crítica – A Negação do Brasil

Review – A Negação do Brasil
O debate sobre representatividade negra no audiovisual tem recebido bastante atenção nos últimos anos, mas no meio da arte ele já era objeto de discussão faz muito tempo. Lançado em 2000 o documentário A Negação do Brasil, de Joel Zito Araújo, visa discutir as presenças e ausências da representação negra nas telenovelas brasileiras, mostrando como desde os anos 60 artistas negros já tentavam dar mais visibilidade a pessoas negras na teledramaturgia e a luta para isso desde então.

Recorrendo a entrevistas, imagens de arquivo e narrações feitas pelo próprio diretor o documentário argumenta que a pouca presença de negros na televisão e o tipo de representação feita dos negros nesses meios produz uma dupla negação da realidade social brasileira. De um lado a pouquíssima presença de negros em telenovelas seria uma negação da fatia que os negros ocupam da população brasileira. Por outro, as representações estereotipadas ou condescendentes que reproduziam a ideia de uma democracia racial plena negavam a pervasividade do racismo no nosso cotidiano e como isso afeta a população negra.

terça-feira, 31 de outubro de 2023

Rapsódias Revisitadas – O Estranho Mundo de Jack

 

Análise Crítica – O Estranho Mundo de Jack

Review – O Estranho Mundo de Jack
Embora muita gente pense ser um filme dirigido pelo Tim Burton, a animação stop motion O Estranho Mundo de Jack foi produzida pelo diretor e escrita a partir de um argumento desenvolvido por ele. A confusão, no entanto, é compreensível, já que o nome dele era sempre usado na divulgação quando o longa foi lançado em 1993 e também porque ele tem vários elementos que encontrávamos nos filmes do diretor ali no final da década de 80 e início dos anos 90.

A trama se passa na Cidade do Halloween, um lugar habitado por criaturas que vivem para assustar e trazer o Halloween para o nosso mundo. Se destacando entre os habitantes está o esqueleto Jack, considerado o Rei Abóbora e principal referência da cidade em sustos. Apesar de ser admirado por todos na cidade, passar ano após ano pensando apenas no Halloween faz Jack se sentir vazio. Vagando pela floresta nos arredores da cidade, Jack encontra portais para as cidades de outras datas comemorativas e entra na Cidade do Natal. Lá ele se encanta pelas luzes e cores natalinas e decide que o próximo Natal será feito por sua cidade. A questão é que os aterrorizantes habitantes da Cidade do Halloween não entendem exatamente o espírito natalino e veem tudo como mais uma oportunidade de assustar.

quarta-feira, 18 de outubro de 2023

Rapsódias Revisitadas – Jamaica Abaixo de Zero

 

Resenha – Jamaica Abaixo de Zero

Review  - Jamaica Abaixo de Zero
Perdi as contas de quantas vezes assisti Jamaica Abaixo de Zero na Sessão da Tarde na TV quando criança. Eu gostava tanto do filme que cheguei a gravar o filme VHS pra rever quando quisesse. Como em 2023 ele comemora 30 anos de seu lançamento em 1993, resolvi falar um pouco sobre ele.

A trama se baseia na história real da formação de uma equipe jamaicana de corrida trenó para as Olimpíadas de Inverno de 1988. Um esporte de inverno em uma ilha tropical é uma ideia tão insólita que é fácil entender porque a Disney quis transformar isso em filme. No filme a narrativa é centrada em Derice (Leon) um velocista que sonha em representar o país nas Olimpíadas. Quando um acidente na classificatória tira de Derice as chances de competir, ele busca outras alternativas ao sonho olímpico. É aí que ele conhece Irv (John Candy), estadunidense radicado em Kingston que anos atrás tentou convencer o pai de Derice a formar uma equipe de trenó com velocistas jamaicanos. Apesar de afastado do esporta há décadas, Irv relutantemente aceita treinar Derice e a equipe formada por ele.

sexta-feira, 29 de setembro de 2023

Rapsódias Revisitadas – A Vida é Dura: A História de Dewey Cox

 

Rapsódias Revisitadas – A Vida é Dura: A História de Dewey Cox

Review – A Vida é Dura: A História de Dewey Cox
Cinebiografias de músicos são um filão constantemente explorado pela indústria do cinema. Artistas famosos como Johnny Cash, Ray Charles, Elton John ou Elvis já ganharam filmes inspirados em suas vidas. Com uma produção tão profícua era apenas questão de tempo até que esse tipo de filme fosse parodiado. Isso aconteceu em 2007 com o lançamento de A Vida é Dura: A História de Dewey Cox.

O filme conta a história do fictício músico Dewey Cox (John C. Reilly) e o modo como superou adversidades para alcançar o sucesso. A trama brinca bastante com os clichês de como esse tipo de filme é estruturado, apresentando todos os momentos padrão dessas histórias, como a infância pobre e traumática (ele acidentalmente corta o irmão no meio com um facão), o abuso de drogas, os amores e as influências dele sobre outros músicos.

É tudo construído com um exagero extremo, ciente de como certos formatos já estão batidos em cinebiografias, como o fato da primeira esposa de Dewey, Edith (Kristen Wiig) dizer sem sutileza o tempo todo de como ele precisa desistir do sonho de ser músico ou como o pai de Dewey fala constantemente que o filho errado morreu. Em um dado momento, quando Dewey grava Walk Hard, a música que o tornaria famoso, o filme faz piada no modo como a montagem desses filmes dá a impressão de que o sucesso vem rápido com a cena do estúdio cortando diretamente para um locutor de rádio anunciando a canção que terminou de ser gravada há três minutos atrás.

segunda-feira, 18 de setembro de 2023

Rapsódias Revisitadas – Oldboy

Análise Crítica – Oldboy

 

Review – Oldboy
Tramas de vingança normalmente abordam como a busca por vingança devasta tanto o vingador quanto o alvo de sua fúria, mas poucos filmes mostram isso de maneira tão brutal e com consequências tão devastadoras como Oldboy. Lançado em 2003 e dirigido por Park Chan-Wook, o filme completa vinte anos em 2023 e volta aos cinemas em uma versão remasterizada em 4K.

A trama acompanha Oh Dae-Su (Choi Min-Sik) um homem relativamente patético que é sequestrado depois de uma noite de bebedeira. Dae-Su passa quinze anos preso em um minúsculo apartamento sem saber o que seus captores querem com ele, quando será solto ou o motivo de ter sido capturado. Quando misteriosamente acorda fora do cativeiro, ele busca se vingar daqueles que o prenderam, conseguindo ajuda da jovem Mi-do (Kang Hye-Jeong) para investigar seu passado. O problema é que os captores de Dae-Su parecem observá-lo de perto e a oportunidade de vingança soa como uma grande armadilha.

sexta-feira, 11 de agosto de 2023

Rapsódias Revisitadas – Paprika

 

Crítica – Paprika

Review – Paprika
Lançado em 2006 e dirigido por Satoshi Kon, Paprika recebeu muitas comparações com A Origem (2010), dirigido por Christopher Nolan, já que ambos giravam em torno da premissa de uma máquina que permite entrar nos sonhos das pessoas para cometer crimes. Não é a primeira vez que um trabalho de Kon veria um produto similar lançado por Hollywood anos depois. O longa Cisne Negro (2010) mostrava muitas similaridades com a animação de Kon Perfect Blue (1998) e o diretor Darren Aronofsky já tinha reproduzido uma cena da mesma animação em Requiem Para um Sonho (2001).

Paprika conta a história de um grupo de cientistas que cria um aparelho que permite visualizar e entrar nos sonhos das pessoas. A dra. Chiba usa o dispositivo para ajudar pacientes com problemas psicológicos entrando em seus sonhos como um avatar chamado Paprika. Quando o dispositivo é roubado do centro de pesquisa e os envolvidos com a máquina começam a agir estranhamente, Chiba e seus colegas creem que o ladrão está atacando as pessoas em seus sonhos e decidem encontrar o culpado.

quarta-feira, 28 de junho de 2023

Rapsódias Revisitadas – Jurassic Park: Parque dos Dinossauros

 

Crítica – Jurassic Park: Parque dos Dinossauros

Review – Jurassic Park: Parque dos Dinossauros
É impressionante como um filme lançado há trinta anos atrás se sustenta melhor do que muitos blockbusters recentes, mas é exatamente o que acontece com Jurassic Park: Parque dos Dinossauros. Lançado em 1993 e dirigido por Steven Spielberg adaptando um livro de Michael Crichton, é o tipo de produção de alto orçamento que quase não encontramos mais hoje. Um filme focado em encantar e entreter ao invés de tentar fisgar o público com nostalgia rasteira ou com easter eggs a um universo compartilhado. Um filme mais preocupado com o presente de sua história e seus personagens do que em estabelecer múltiplas continuações ou inserir personagens a serem usados em produções futuras. Algo que você podia simplesmente sentar no cinema ou em sua casa com pipoca nas mãos, dar play e curtir sem precisar ter conhecimento de um monte de filmes que vieram antes.

quinta-feira, 1 de junho de 2023

Rapsódias Revisitadas – As Pontes de Madison

 

Análise Crítica – As Pontes de Madison

Review – As Pontes de Madison
Lançado em 1995 e adaptando um romance escrito por Robert James Waller, As Pontes de Madison é uma narrativa sobre busca e desejo. Não necessariamente desejo sexual, mas o desejo por conexões humanas, por uma existência com significado e um senso de pertencimento. Um sentimento que quando encontrado por nos arrebatar e modificar para sempre, independente de uma curta duração.

A trama é protagonizada por Francesca (Meryl Streep) uma dona de casa do interior de Iowa na década de 60 que fica com quatro dias só para si quando o marido e os filhos viajam para uma feira agrícola. É aí que ela conhece o fotógrafo Robert Kincaid (Clint Eastwood) que está na região para fotografar as pontes cobertas da área para a revista National Geographic. Ambos se conectam e vivem um caso de amor nesses quatro dias que muda a trajetória deles para sempre.

A narrativa vai aos poucos construindo a conexão entre os dois personagens, que começa a partir de uma troca amistosa e de uma curiosidade genuína sobre o outro, aos poucos se desenvolvendo em uma forte conexão afetiva conforme eles vão se reconhecendo um no outro. São duas pessoas marcadas por seus fortes anseios por significado em suas relações, ambos se sentindo à deriva em suas vidas e, cada um ao seu modo, isolados. Considerando o curto período de tempo em que a narrativa se passa, dar a sensação de um caso assim poderia ter um impacto tão grande na vida dessas pessoas poderia ser difícil de tornar convincente, mas a trama é eficiente em fazer o espectador entender o peso disso para os dois personagens.

terça-feira, 2 de maio de 2023

Rapsódias Revisitadas – Central do Brasil

 

Análise Crítica – Central do Brasil

Review – Central do Brasil
Lançado em 1998, Central do Brasil celebra 25 anos em 2023 e fiquei em dúvida se eu teria algo a dizer sobre esse filme que já não tenha sido dito antes. Provavelmente o auge do movimento da Retomada do cinema brasileiro na segunda metade da década de 1990, Central do Brasil foi extremamente bem sucedido tanto em termos de bilheteria quanto de reconhecimento. Venceu o Urso de Ouro no Festival de Berlim, além de um prêmio para Fernanda Montenegro como melhor atriz, foi indicado a dois Oscars (melhor filme estrangeiro e melhor atriz), além de indicações ao BAFTA, César e Globo de Ouro.

A trama é protagonizada por Dora (Fernanda Montenegro) uma professora aposentada que passa seus dias na Estação Central do Brasil, no Rio de Janeiro, escrevendo cartas para pessoas analfabetas. Um dia ela conhece o garoto Josué (Vinícius de Oliveira), cuja mãe pediu para Dora escrever uma carta para o pai do menino. Quando a mãe de Josué é morta em um atropelamento e o garoto fica sozinho na estação, Dora se compadece e decide ajudar o menino, embarcando em uma viagem pelo coração do Brasil para encontrar a família do garoto e, no processo, acaba se redescobrindo.

sexta-feira, 14 de abril de 2023

Rapsódias Revisitadas – O Grande Lebowski

 

Crítica – O Grande Lebowski

Review – O Grande Lebowski
Você já imaginou como seria se personagens como Philip Marlowe e Sam Spade fossem hippies maconheiros ao invés de detetives argutos? De certa forma O Grande Lebowski, dirigido pelos irmãos Coen, é uma resposta para essa pergunta, colocando um sujeito relaxado e sempre sob efeito de narcóticos em uma trama criminal rocambolesca típica de film noir, misturando suspense e comédia. Lançado em 1998, o filme originalmente teve uma recepção morna da crítica, mas eventualmente ascendeu ao status de cult graças aos personagens excêntricos, em especial o protagonista interpretado Jeff Bridges.

A trama é centrada na figura de Jeff “O Cara” Lebowski (Jeff Bridges), um hippie desempregado que passa seu tempo fumando maconha e jogando boliche. Um dia criminosos invadem o apartamento dele, lhe dão uma surra e urinam em seu tapete enquanto cobram uma dívida até descobrirem que pegaram o Jeff Lebowski errado. O Cara então descobre que a pessoa que os bandidos estavam atrás era um milionário e decide cobrar dele pelo tapete que foi estragado, já que o item “dava coesão a sua sala”. O contato do Cara com “o grande Lebowski” dá início a uma complicada trama de chantagem e sequestro que mais soa como uma bad trip do Dude.

quinta-feira, 23 de março de 2023

Rapsódias Revisitadas – Tempo de Valentes

 

Análise Crítica – Tempo de Valentes

Review Crítica – Tempo de Valentes
Lançado em 2005, a produção argentina Tempo de Valentes é tributária a filmes de ação tipo Máquina Mortífera (1987) na qual uma dupla de parceiros improváveis e de personalidades opostas precisa desbaratar alguma perigosa conspiração. Embora derive de um modelo hollywoodiano, a produção evita soar genérica e consegue criar personalidade própria.

A trama acompanha o detetive da polícia federal Alfredo Díaz (Luis Luque), um policial durão que está com dificuldades de continuar com o trabalho depois de descobrir que foi traído pela mulher. Para ajudar Díaz, a corporação traz o terapeuta Mariano (Diego Peretti), que acaba acompanhando o policial em uma investigação de duplo homicídio que pode implicar uma conspiração envolvendo as forças armadas argentinas.

Díaz e Mariano estabelecem uma divertida química juntos ao explorarem a oposição entre o abrasivo detetive e o terapeuta certinho que se vê fora de sua zona de conforto em meio a uma investigação de homicídio. A questão da traição, porém, acaba sendo deixada para segundo plano conforme a trama investigativa engrena, o que é uma pena, já que isso poderia explorar questões de masculinidade que esse tipo de filme não costuma abordar.

domingo, 20 de novembro de 2022

Rapsódias Revisitadas – Alma no Olho

 

Análise – Alma no Olho

O Brasil produz cinema desde o final do século XIX, mas só na década de 1970 que tivemos uma pessoa negra ocupando pela primeira vez a função de diretor. O pioneirismo coube a Zózimo Bulbul, ator com uma longa trajetória no cinema tendo trabalhado com diretores importantes do Cinema Novo como Glauber Rocha e Leon Hirszman. Talvez tenha sido justamente o prestígio angariado em sua trajetória como ator que permitiu a ele abrir caminho para sua estreia como diretor no curta-metragem Alma no Olho lançado em 1974.