Mostrando postagens com marcador Rapsódias Revisitadas. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Rapsódias Revisitadas. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 13 de junho de 2025

Rapsódias Revisitadas – Ed Wood

 

Crítica – Ed Wood

Análise Crítica – Ed Wood
Considerado por muito tempo como o pior diretor do mundo, os filmes de Ed Wood são lembrados por sua tosqueira, uso de imagens de arquivo e narrativas insólitas. Ele é uma figura singular no cinema dos EUA, vivendo às margens dessa indústria a despeito de seu desejo de ser parte dela. Talvez seja essa vida de pária que atraiu Tim Burton, sempre interessado em personagens solitários ou excluídos, a contar a história do diretor em Ed Wood, lançado em 1994.

Cinema nas bordas

A narrativa é toda filmada em preto e branco, acompanhando Ed (Johnny Depp) desde seus esforços para filmar seu primeiro longa-metragem, Glen or Glenda (1953), passando por sua amizade com o ator Bela Lugosi (Martin Landau), suas tentativas de se estabelecer na indústria e a culminância de sua carreira em Plan 9 From Outer Space (1959), produção que lhe deu fama, ou melhor, infâmia internacional.

sexta-feira, 23 de maio de 2025

Rapsódias Revisitadas – Lilo & Stitch (2002)

 

Análise – Lilo & Stitch

Review – Lilo & Stitch
Quando Shrek foi lançado em 2001 sacudiu o meio da animação de Hollywood ao apresentar um filme acessível para todas as idades com um protagonista que estava bem distante do tipo de personagem típico das animações da Disney, a principal referência no meio. Nesse sentido, não parece coincidência que pouco tempo depois a Disney lança uma animação que, como o ogro Shrek, era protagonizada por uma criatura bruta, destrutiva, mau-humorada e de caráter duvidoso, quase como uma resposta à Dreamworks. Até a publicidade do filme era focada em mostrar como o monstrinho Stitch era uma antítese de tudo que a Disney tinha feito até então, deixando evidente que a Casa do Mickey queria chamar atenção do público que gostou de Shrek por ser “anti-Disney”.

Ohana significa família

A trama acompanha Lilo, uma menina de cinco anos que perdeu os pais e é criada pela irmã mais velha, Nani. Lilo é bem solitária e Nani luta para manter um emprego sob o risco de perder a guarda da irmã. Depois que Lilo cria problemas na escola, Nani decide levá-la para adotar um cachorro, pensando que um animal de estimação aplacaria a solidão da menina. É aí que Lilo encontra Stitch, uma criatura alienígena fruto de experimentos genéticos que veio fugida para a Terra e está sendo caçado por forças intergalácticas. Agora, Lilo deve ajudar Stitch a ser parte de sua família, ao mesmo tempo em que a criatura tenta encontrar um meio de evadir seus perseguidores.

sexta-feira, 16 de maio de 2025

Rapsódias Revisitadas – Devorar (Swallow)

 

Análise – Devorar (Swallow)

Review – Devorar (Swallow)
Lançado em 2019, Devorar trabalha o horror corporal de uma maneira diferente do que estamos acostumados a ver em produções como as do Cronenberg ou da Julia Ducournau. Ao invés de transformações bizarras e bastante explicitas que despertam nossa angústia e até repulsa, o desconforto causado aqui é mais pelo temor das consequências do que a protagonista faz com o próprio corpo do que pela criatividade de modificações corporais insólitas.

Fome de viver

Não que as ações da protagonista Hunter (Haley Bennet) não sejam bizarras. Recém-casada, Hunter vai morar com o marido em uma remota mansão que seu sogro lhes deu de presente de casamento. Ela agora é uma dona de casa que vive isolada, recebendo visitas apenas dos sogros e de amigos do marido. Hunter se torna totalmente do cônjuge, que passa a exercer muito controle sobre a sua vida. Isso se agrava depois que ela engravida e a família do marido para a controla-la ainda mais, como se ela deixasse de ser uma pessoa para apenas ser um veículo para o filho nascituro. É aí que ela começa a desenvolver o hábito de comer estranhos objetos, inicialmente com coisas como bolas de gude, mas logo ingerindo coisas mais perigosas como pilhas ou tachinhas.

quinta-feira, 8 de maio de 2025

Rapsódias Revisitadas – Temos Papa

 

Análise – Temos Papa

Review - Habemus Papam
Lançado em 2011 e dirigido por Nanni Moretti, Temos Papa (Habemus Papam no original) reflete sobre o peso de ocupar um cargo tão poderoso e influente como o de Papa. O filme traz consigo uma tentativa de lembrar que por mais solene que seja o processo de eleição de um novo pontífice, aqueles envolvidos e o próprio escolhido são pessoas com seus próprios problemas dúvidas e inseguranças.

Papa em pânico

A trama começa com o falecimento do atual Papa e a necessidade de um conclave para eleger um novo líder da Igreja Católica. Durante a eleição o cardeal Melville (Michel Piccoli) é escolhido como Papa apesar de não estar entre os mais cotados. No momento em que ele está prestes a ser apresentado ao mundo, no entanto, o novo Papa tem um ataque de pânico e não consegue sair na sacada. Sem um novo papa, o processo do conclave não é concluído e os cardeais são obrigados a continuarem isolados.

sábado, 26 de abril de 2025

Rapsódias Revisitadas – The Rocky Horror Picture Show

 

Análise Crítica – The Rocky Horror Picture Show

Resenha Crítica – The Rocky Horror Picture Show
Lançado em 1975 The Rocky Horror Picture Show foi um fracasso de bilheteria. Com sua mistura de musical, ficção científica e temáticas LGBTQIA+ o filme, no entanto, acabou se tornando objeto de culto ao longo dos anos, com sessões à meia-noite lotadas de fãs vestidos como os personagens e cantando junto com os números musicais. Assistir ele hoje, cinquenta anos depois de seu lançamento original, torna fácil entender o motivo dele continuar divertindo.

Let’s do the time warp again

A trama envolve o casal Janet (Susan Sarandon) e Brad (Barry Bostwick) cujo carro quebra numa estrada chuvosa no meio da noite. Procurando ajuda, eles entram em uma estranha mansão que é habitada por Frank-N-Furter (Tim Curry), um cientista louco travesti alienígena que está devotado a criar um espécime perfeito em Rocky (Peter Hinwood). Para tal conta com a ajuda dos assistentes Riff Raff (Richard O’Brien) e Magenta (Patricia Quinn). A presença deles ali ao lado dos experimentos e da trupe de aliados de Frank-N-Furter faz o casal repensar sua vida puritana.

quinta-feira, 27 de março de 2025

Rapsódias Revisitadas – Os Produtores

 

Crítica – Os Produtores

Análise – Os Produtores
Escrito e dirigido por Mel Brooks, Primavera para Hitler (1967) era uma divertida comédia que satirizava a indústria do entretenimento e também o nazismo. O sucesso rendeu uma adaptação para a Broadway como musical e depois o musical teatral foi levado aos cinemas neste Os Produtores (um percurso similar ao de A Pequena Loja dos Horrores) que foi lançado em 2005.

Contabilidade criativa

A narrativa acompanha o fracassado produtor de teatro Max Bialystock (Nathan Lane), longe do seu auge e que recorre a seduzir velhinhas para continuar financiando suas peças. Quando seu contador, Leo Bloom (Matthew Broderick), descobre ser possível embolsar mais dinheiro com um fracasso do que com um sucesso, eles se unem para produzir o pior musical da história de modo a sair de cartaz depois da estreia e eles poderem fugir com o dinheiro da produção. O material escolhido é uma peça nazista chamada Primavera para Hitler, um musical escrito por um ex-soldado alemão, Franz Liebkind (Will Ferrell), feito para exaltar o terceiro reich. Com um material desprezível em mãos, os dois creem ter encontrado um fracasso certo, mas a produção acaba sendo um sucesso, sendo recebida como uma sátira, criando problemas para os dois.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

Rapsódias Revisitadas – Bye Bye Brasil

 

Análise – Bye Bye Brasil

Resenha Crítica – Bye Bye Brasil
Dirigido por Cacá Diegues e lançado em 1979, já próximo ao final da ditadura militar brasileira, Bye Bye Brasil é uma reflexão sobre esse período da história do país e das consequências dele em nossa sociedade. É um filme sobre conhecer o Brasil, suas transformações, imposições, sonhos e distopias. Em ver como é possível construir um país em meio a tudo que aconteceu, acontece e, de certa forma, continua a acontecer mesmo nos dias de hoje.

Turnê itinerante

A narrativa acompanha uma trupe de artistas ambulantes que viaja pelo interior do Brasil, a Caravana Rolidei. Ela é liderada pelo Lorde Cigano (José Wilker) e composta pela dançarina Salomé (Betty Faria) e pelo homem forte Andorinha (Príncipe Nabor). Eventualmente o sanfoneiro Ciço (Fábio Jr.) e sua esposa grávida Dasdô (Zaira Zambelli) se juntam à trupe. Conforme viajam o grupo tem dificuldade de conseguir público para seus shows, já que mesmo os menores rincões agora tem ao menos uma televisão que serve de entretenimento para o público e os distrai do circo. Cigano, no entanto, adquire esperança de um novo lugar ao ouvir sobre Altamira no Pará, onde a rodovia transamazônica está sendo construída e que se tornou um lugar de grande oportunidade.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

Rapsódias Revisitadas – Rudolph: A Rena do Nariz Vermelho

 

Resenha – Rudolph: A Rena do Nariz Vermelho

Review – Rudolph: A Rena do Nariz Vermelho
Lançado em 1964 como um especial televisivo, a animação Rudolph: A Rena do Nariz Vermelho faz parte de um ciclo de produções natalinas em stop-motion produzidas pela Videocraft como Frosty: O Boneco de Neve (1969) ou Verdadeira História de Papai Noel (1970). Todas elas são produções infantis que recorrem a números musicais para contar suas histórias.

Aceitando as diferenças

A narrativa é baseada em uma canção natalina lançada em 1949, que, por sua vez, se baseava em um poema escrito dez anos antes. Ela é protagonizada por Rudolph, uma rena que nasce com um nariz vermelho brilhante e é alvo de zombaria de todos, incluindo seu pai, por conta de sua aparência diferente. Isolado, Rudolph conhece um elfo que deixou a oficina de Papai Noel para buscar o sonho de ser dentista e ambos vão parar na ilha dos brinquedos rejeitados, um lugar onde vivem os brinquedos que ninguém quer. Lá, Rudolph se compromete a voltar à oficina do Papai Noel e convencê-lo a encontrar um lar para esses brinquedos.

quinta-feira, 28 de novembro de 2024

Rapsódias Revisitadas – Casamento Sangrento

 

Crítica – Casamento Sangrento

Review – Casamento Sangrento
Lançado em 2019 Casamento Sangrento não foi exatamente um sucesso imediato, mas acabou ganhando um certo status cult ao longo do tempo por conta de sua narrativa slasher cheia de mortes sangrentas e o carisma hiperbólico de seus personagens. A narrativa é centrada em Grace (Samara Weaving), que está prestes a casar com Alex (Mark O’Brien), cuja rica família, dona de um império de jogos de tabuleiro, não vê Grace com bons olhos.

Jogos mortais

No dia do casamento Alex avisa Grace da sua tradição familiar. Toda vez que alguém se casa, o novo membro da família precisa jogar um jogo com a família. O que Alex não conta para a noiva é que o que estará em jogo é a vida dela, já que sua família pretende usá-la como sacrifício para a misteriosa entidade que seria responsável pela prosperidade em seus negócios.

segunda-feira, 30 de setembro de 2024

Rapsódias Revisitadas – Assassinato em Gosford Park

 

Crítica – Assassinato em Gosford Park

Review – Assassinato em Gosford Park
Apesar do título em português evocar um suspense investigativo, Assassinato em Gosford Park é um drama mais interessado no que o assassinato no centro da trama movimenta entre os diferentes personagens que habitam a luxuosa mansão britânica na qual a narrativa se passa do que no crime em si. É um filme sobre questões de classe social e como a criadagem é tratada de forma invisível, com os funcionários usando essa invisibilidade a seu favor.

A narrativa se passa em 1932 e acompanha um final de semana na propriedade de Gosford Park, chefiada pelo truculento William McCordle (Michael Gambon). A propriedade abriga no final de semana membros proeminentes da sociedade britânica, como lady Constance Trentham (Maggie Smith), a filha de McCordle, Sylvia (Kristin Scott Thomas), Raymond Stockbridge (Charles Dance), além de convidados estrangeiros como o produtor de cinema Morris Weissman (Bob Balaban). Esses ricos vem acompanhados de seus criados, como Mary (Kelly Macdonald), que serve lady Trentham, ou Henry (Ryan Philippe) assistente de Weissman que acaba sendo colocado junto com os outros criados, além da própria equipe da mansão, como a sra. Wilson (Helen Mirren), Elsie (Emily Watson), George (Richard E. Grant) e o chefe dos criados, o sr. Jennings (Alan Bates).

quarta-feira, 25 de setembro de 2024

Rapsódias Revisitadas – A Paixão de Joana d’Arc

 

Crítica – A Paixão de Joana d’Arc

Review – A Paixão de Joana d’Arc
Lançado em 1928, A Paixão de Joana d’Arc é um marco na história do cinema por múltiplos motivos. Foi o primeiro longa-metragem a narrar a história da heroína francesa Joana d’Arc, que liderou o país contra os ingleses. É também um marco pela maneira de filmar do diretor Carl T. Dreyer que desafiou várias convenções da linguagem audiovisual da época e que mesmo em relação ao cinema de hoje traz uma construção pouco usual.

terça-feira, 10 de setembro de 2024

Rapsódias Revisitadas – Campo dos Sonhos

 

Análise – Campo dos Sonhos

Review – Campo dos Sonhos
Lançado em 1989, Campo dos Sonhos foi tão referenciado e parodiado que mesmo que não assistiu conhecia a frase “se você construir, ele virá”. É um drama que se vale do realismo fantástico para falar sobre beisebol, sonhos, relações entre pais e filhos e como o esporte pode unir gerações.

Sonhos e desilusões

A trama adapta um romance escrito por W.P Kinsella, sendo protagonizada por Ray (Kevin Costner), um fazendeiro que está se aproximando da idade que o pai tinha quando ele morreu e teme que, assim como o pai, vai envelhecer sem nunca ter concretizado seus sonhos. Um dia ele ouve uma voz dizendo “se você construir, ele virá” e tem uma visão de um campo de beisebol sendo construído em seu milharal. Com o apoio da esposa, Annie (Amy Madigan), Ray ceifa parte de sua plantação para construir um campo de beisebol. Com o campo pronto, o jogador Shoeless Joe Jackson (Ray Liotta), ídolo do pai de Ray, surge misteriosamente do meio do milharal para jogar apesar de ter morrido há décadas. Ray então começa a ter visões envolvendo o recluso escritor Terrance Mann (James Earl Jones) e decide ir atrás dele, acreditando ser possível resolver o mistério do campo de beisebol.

quinta-feira, 25 de julho de 2024

Rapsódias Revisitadas – Dublê de Corpo

 

Resenha – Dublê de Corpo

Review – Dublê de Corpo
O cinema de Brian de Palma sempre teve algo de referencial, com o diretor misturando influências de diferentes cineastas. Isso é visível em Dublê de Corpo, thriller erótico lançado em 1984 em que o diretor tenta fazer algo hitchcockiano. A trama segue Jake (Craig Wasson), um ator iniciante que recentemente perdeu um papel por conta de sua claustrofobia e pegou a namorada na cama com outro homem. Sem ter onde ficar, ele acaba aceitando a oferta Sam (Gregg Henry), um outro ator que ele conhece durante testes. Sam vai ficar fora da cidade por um tempo e oferece a Jake a casa onde ele está ficando. Ao levar Jake para o imóvel, Sam chama a atenção do amigo para a vizinha, que toda noite dança pelada em seu quarto. Jake começa a observá-la todo dia até que a vê ser abusada pelo marido e percebe uma figura estranha seguindo a mulher. Obecado, Jake tenta avisar a vizinha do que está ocorrendo.

É uma narrativa que claramente mistura Janela Indiscreta (1954) com Um Corpo que Cai (1958). Do primeiro de Palma pega a narrativa de viés voyeurístico, um sujeito que fica fascinado em observar as janelas até que observa algo que não deveria e se coloca em problemas. Do segundo ele pega a ideia de um protagonista com uma fobia paralisante que é usado como bode expiatório e cujo plano do vilão envolve usar uma mulher se passando por outra para atrair o protagonista.

quinta-feira, 18 de julho de 2024

Rapsódias Revisitadas – Garota Sombria Caminha Pela Noite

 

Crítica – Garota Sombria Caminha Pela Noite

A ideia de uma mulher vagando sozinha pelas ruas durante a madrugada em muitos casos pode estar ligada a uma noção de que ela estaria correndo perigo. A diretora Ana Lily Amirpour vira ao avesso essas expectativas sociais em Garota Sombria Caminha Pela Noite, seu primeiro longa metragem. Lançado em 2014, o filme traz como protagonista uma vampira que vaga pelas ruas à noite vestindo um hijab e usa a ideia de que uma mulher caminhando sozinha seria uma presa fácil para atrair suas vítimas.

A garota (Sheila Vand) vaga pelas ruas da ficcional Bad City em busca de vítimas para se alimentar. Seu caminho cruza com o de Arash (Arash Marandi), um jovem descolado e solitário preso entre os hábitos destrutivos do pai viciado, Hossein (Marshall Manesh), e a opressão do traficante Saeed (Dominic Rains). O modo como as vidas da garota e de Arash se cruzam acaba por transformar a vida de ambos.

terça-feira, 9 de julho de 2024

Rapsódias Revisitadas – Holocausto Brasileiro

 

Crítica – Holocausto Brasileiro

Review – Holocausto Brasileiro
Baseado no livro de mesmo nome de Daniela Arbex, o documentário Holocausto Brasileiro foi lançado em 2016 e narra a chocante história real do hospital psiquiátrico Colônia, localizado em Barbacena, interior de Minas Gerais. Em seus oitenta anos de funcionamento o hospital abrigou milhares de pacientes, alguns que sequer tinham problemas psiquiátricos, mas as condições desumanas do local causaram a morte de mais de sessenta mil pessoas.

Estruturado ao redor de entrevistas e imagens de arquivo, o documentário conta a história do hospital desde sua origem no início do século XX, quando foi criado como um centro terapêutico para a elite carioca, e depois quando se tornou um hospital psiquiátrico pertencente ao estado de Minas Gerais. A partir daí vemos como o local se tornou um espaço de exclusão e tormento no qual as autoridades não apenas aprisionavam pessoas com transtornos mentais severos, mas também qualquer um que não tivesse para onde ir, como crianças órfãs e pessoas em situação de rua. Todos os que estavam no hospital, independente do diagnóstico, eram tratados como pacientes psiquiátricos, recebendo uma medicação pesada e até tratamentos mais agressivos, como eletrochoques.

sexta-feira, 28 de junho de 2024

Rapsódias Revisitadas – Kramer vs Kramer

 

Análise – Kramer vs Kramer

Review – Kramer vs Kramer
Lançado em 1979, Kramer vs Kramer é um drama que tenta discutir sobre os papéis sociais presumidos para homens e mulheres, em especial nas expectativas da sociedade a respeito do trabalho de homens e mulheres nos cuidados domésticos. A trama é focada no casal Ted (Dustin Hoffman) e Joanna Kramer (Meryl Streep). Ted é um publicitário em ascensão enquanto Joanna abriu mão da própria carreira para se dedicar a cuidar da casa e do filho do casal, Billy (Justin Henry). Infeliz no casamento, Joanna decide deixar Ted e o deixa com Billy. Ted precisa reestruturar toda sua vida para cuidar do filho sozinho, mas depois de um ano e meio Joanna volta e decide pedir a guarda do garoto. 

Ted é um pai e marido negligente, que não percebe a infelicidade da esposa e não dá a mínima para as necessidades do filho, jogando tudo nas costas de Joanna. Ele exemplifica a mentalidade de que cabe ao homem apenas prover para o lar e que basta isso para ser considerado um bom marido, algo ressaltado posteriormente pelas perguntas do advogado dele a Joanna durante a audiência de custódia. 

quarta-feira, 26 de junho de 2024

Rapsódias Revisitadas – Velocidade Máxima

 

Crítica – Velocidade Máxima


Review – Velocidade Máxima
Eu perdi a conta de quantas vezes assisti Velocidade Máxima na Sessão da Tarde. Lançado em 1994, o filme foi responsável por sedimentar o status de estrela de ação de Keanu Reeves (que vinha do sucesso de Caçadores de Emoção e de uma performance criticada em Drácula de Bram Stoker) e também de Sandra Bullock, que tinha ganhado evidência no ano anterior ao estrelar O Demolidor ao lado de Sylvester Stallone e Wesley Snipes. É um filme marcado pelo tipo de cinema de ação feito na década de 90 com tudo de positivo e negativo que isso carrega. 

Na trama, o policial Jack Traven (Keanu Reeves) impede que um criminoso exploda bombas em um arranha-céu, com o suspeito aparentemente morrendo ao tentar fugir. Tempos depois ele e o parceiro, Harry (Jeff Daniels), recebem uma medalha pela ação. O problema é que o criminoso Howard (Dennis Hopper) não morreu e quer se vingar de Jack. Ele coloca uma bomba em um ônibus que irá se armar assim que o veículo chegar a 80 quilômetros por hora e irá explodir se o veículo ficar abaixo dessa velocidade. Jack localiza o ônibus e precisa mantê-lo em movimento até encontrar um meio de desarmar a bomba ou localizar o criminoso, contando com a ajuda da passageira Annie (Sandra Bullock) para guiar o ônibus depois que o motorista se fere.

quarta-feira, 19 de junho de 2024

Rapsódias Revisitadas – Rio, Zona Norte

 

Crítica - Rio, Zona Norte

Rapsódias Revisitadas – Rio, Zona Norte
Dirigido por Nelson Pereira dos Santos, responsável por obras seminais do cinema brasileiro como Vidas Secas (1963), Rio, Zona Norte foi lançado em 1957. É uma narrativa sobre a vida na periferia do Rio de Janeiro, do samba que dela emerge e como esse samba é apropriado pela elite carioca, deixando à míngua os músicos do morro. 

O protagonista é Espírito da Luz (Grande Otelo), um sambista da periferia carioca que cai de um trem lotado saindo da Central do Brasil e machuca a cabeça. Enquanto ele agoniza, voltamos aos seus últimos meses, quando ele lutava para gravar seus sambas, mas tem suas músicas roubadas pelo parceiro Maurício (Jece Valadão). Ele também enfrenta problemas com o filho Lourival (Haroldo de Oliveira), que se envolve com uma gangue de criminosos.

sexta-feira, 8 de março de 2024

Rapsódias Revisitadas – A Entrevista

 

Análise – A Entrevista

Resenha - A Entrevista
Lançado em 1966 e dirigido por Helena Solberg, o curta documental A Entrevista se estrutura ao redor de várias conversas de mulheres de classe média alta, com idades variando entre 19 e 27 anos. Essas mulheres falam de dilemas caros à época, como o papel da mulher na sociedade, entre o que se espera delas e o pensamento ainda em construção sobre sexo, casamento, virgindade, formação profissional, emancipação e outros temas do cotidiano feminino da época.

As vozes dessas mulheres estão fora de quadro, já que elas não quiseram mostrar seus rostos ou nomes no filme. Uma decisão compreensível considerando que em 1966 mulheres falando de sexo ou o desejo de uma carreira eram temas relativamente tabu e serem vistas conversando sobre isso poderia afetar a reputação das entrevistadas. Enquanto ouvimos essas entrevistas, o filme nos mostra fotografias de diferentes mulheres e imagens de uma mulher se preparando para seu casamento. A noiva é a cunhada da diretora, Glória Solberg, e é a única entrevista com som sincrônico, em que vemos a pessoa que está falando.

quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

Rapsódias Revisitadas – Sindicato de Ladrões

 

Crítica – Sindicato de Ladrões

Análise – Sindicato de Ladrões
Em uma determinada cena de Sindicato de Ladrões, o protagonista menciona que ter uma consciência é algo que pode levar uma pessoa à loucura. O filme seminal de Elia Kazan estrelado por Marlon Brando comemora seus 70 anos de lançamento em 2024 e suas reflexões sobre consciência de classe e manter seus princípios diante da corrupção ao nosso redor seguem válidos.

A trama acompanha Terry (Marlon Brando), um ex-boxeador que passou a trabalhar para os mafiosos que controlam o sindicato dos portuários em New Jersey. Quando uma pessoa próxima a Terry é morta por falar contra esses corruptos líderes sindicais e Terry se aproxima da irmã do morto, o ex-boxeador começa a se questionar se proteger esses mafiosos é mesmo a melhor escolha. A narrativa é levemente baseada na história real de um portuário que tentou derrubar o sindicato corrupto de onde trabalhava, mas se na vida real ele fracassou, na ficção Kazan tece uma trama que nos lembra da força que os trabalhadores tem quando se unem, mesmo que seja contra suas supostas lideranças.