sexta-feira, 8 de agosto de 2025

Rapsódias Revisitadas – Plano de Voo

 

Crítica – Plano de Voo

Review – Plano de Voo
Lançado em 2005, o suspense Plano de Voo chama atenção por sua atmosfera de incerteza e manejo da intriga ao acompanhar um mistério em que nada é o que parece. A narrativa é protagonizada por Kyle (Jodie Foster), uma enlutada engenheira de aviação que parte em um voo de Berlim para os Estados Unidos levando o corpo do marido recém-falecido. Ela vai acompanhada da filha pequena, Julia (Marlene Lawston), mas pouco tempo depois do avião decolar a menina desaparece. Ela pede ajuda à equipe para encontrar a garota, mas logo é informada pelo capitão que não há registro de que Julia tenha embarcado. Assim, Kyle tenta descobrir o que está acontecendo.

Voo noturno

A narrativa constrói bem o clima de claustrofobia e paranoia que envolve a protagonista. Alguém em um ambiente fechado, com todos duvidando de si, lutando para provar que está correta. A dúvida se desloca também para o espectador, já que considerando o trauma recente da perda do marido, começamos a considerar que talvez ela esteja realmente imaginando coisas e a situação não seja o que ela pensa ser.

A tensão causada pela dúvida é sustentada pelo trabalho de Jodie Foster, que faz de Kyle alguém claramente abalada pelos acontecimentos recentes, tomada por trauma, mas com uma segurança a respeito de ter levado a filha para o avião que nos deixa incertos se ela tem razão ou se foi tão tomada pelo trauma e negação que está experimentando um delírio tão severo que coloca a si mesmo e os outros em risco. É essa ambiguidade que nos deixa em suspense, ativamente buscando alguma pista que nos dê alguma certeza do que está realmente acontecendo e a narrativa sabe muito bem dosar o ritmo das revelações ou conflitos para que nunca tenhamos plena certeza do que está realmente acontecendo.

O problema é que quando chega a hora de revelar a verdade do que aconteceu com Julia, o filme não consegue resolver isso de maneira muito satisfatória. Por um lado eu fico feliz que ao menos as revelações são coerentes com a lógica que o filme estabeleceu até então, ao contrário de algo como o horrendo Os Esquecidos (2004), que do nada resolve explicar tudo dizendo que era uma conspiração alienígena. Aqui não há uma guinada absurda no regime de verossimilhança, no entanto, o plano do vilão soa excessivamente mirabolante e cheio de variáveis que ele não teria como prever ou que são mal explicadas. Além disso, o antagonista é facilmente manipulado por Kyle durante o clímax, o que põe em questão como ele teria conseguido sequer bolar um plano tão complexo.

É uma pena, já que tudo que foi desenvolvido até o terceiro ato tinha tudo para fazer de Plano de Voo um ótimo suspense, mas como ele derrapa em seu desfecho acaba entregando um resultado que não chega a ser exatamente ruim, só não faz jus ao potencial que o filme demonstrou ter.


Trailer

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