terça-feira, 5 de agosto de 2025

Crítica – A Morte de um Unicórnio

 

Análise Crítica – A Morte de um Unicórnio

Review – A Morte de um Unicórnio
Misturando realidade e fantasia, A Morte de um Unicórnio tenta falar sobre a ganância humana e nossa conduta predadora em relação à natureza. O filme, no entanto, esgota rapidamente suas ideias e dá a impressão de uma narrativa que constantemente repete os mesmos temas sem sair do lugar.

Animais fantásticos

A trama segue Ridley (Jenna Ortega), que acompanha o pai Elliot (Paul Rudd) em um retiro corporativo no qual ele espera que seu chefe moribundo, Odell (Richard E. Grant), o torne o representante de sua família no conselho da empresa quando ele morrer. No caminho para a propriedade de Odell, porém, Elliot acidentalmente atropela um unicórnio. Ele coloca o animal no carro, acreditando que a criatura está morta e quando chega na mansão do chefe, descobre que o sangue do animal tem propriedades curativas. Odell logo se anima com as possibilidades medicinais para curar seu câncer e outras doenças, mas Ridley alerta a família e o pai que matar um unicórnio pode trazer consequências severas.

A ideia de um bando de bilionários tentando usar a morte de uma criatura rara e mágica como um meio de lucro a despeito de consequências horríveis que possam acontecer soa como uma metáfora para a exploração de recursos naturais e como os ricaços pouco se importam com o que eles destroem desde que possa dar lucro. Embora Odell diga que irá tornar Elliot sócio igualitário no empreendimento envolvendo o unicórnio, é bem evidente que o ricaço só quer usá-lo como testa de ferro. O momento em que Odell e sua família abrem uma garrafa de champanhe pra comemorar e depois de dividirem a bebida entre si deixam apenas um pequeno gole da Elliot serve como uma metáfora visual para a ganância da família.

Natureza em fúria

Uma vez que uma dupla de unicórnios vingativos chega para se vingar daqueles que mataram sua cria, o filme insere mais elementos de terror enquanto tenta continuar com sua sátira social. A questão é que essa segunda metade apenas repete as ideias já trabalhadas sobre a ganância dos super ricos e como eles veem o mundo como um grande buffet do qual eles podem se alimentar sem consequência e enxergam pessoas de classes mais baixas como meros peões em seus esquemas. Do mesmo modo, estão ali novamente as mesmas ideias a respeito da soberba humana em tentar domar a natureza que o filme já apresentara e que já vimos também nos vários filmes da franquia Jurassic Park, por exemplo.

É tudo muito superficial e mesmo as mortes sangrentas nas mãos das criaturas não ajudam muito a dar contundência as observações que o filme tenta fazer. Richard E. Grant, Tea Leoni e Will Poulter até conseguem render alguns momentos divertidos com seus bilionários babacas, mas são personagens tão unidimensionais que depois de algum tempo eles começam a soar cansativos por não terem muito mais a oferecer. Jenna Ortega se limita a tentar ser a voz da razão do grupo, alertando sem sucesso dos perigos que podem se impor a eles.

É uma pena. A premissa fantasiosa poderia render algo interessante se A Morte de um Unicórnio não tivesse tão pouco a dizer a respeito das dinâmicas de classe e do capitalismo que tenta satirizar.

 

Nota: 5/10


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