Sem que ninguém esperasse o
terror australiano Fale Comigo se
tornou um fenômeno de bilheteria e chegou a ser alardeado como o melhor terror
do ano. Não chega a ser tudo isso, mas é uma produção bem envolvente por conta
do cuidado com seus personagens e da maneira singular com a qual apresenta seu
mundo de espíritos.
A trama acompanha um grupo de
jovens que encontra uma mão embalsamada que tem o poder de entrar em contato
com os espíritos. Por diversão eles usam a mão em festas como se tudo fosse uma
grande brincadeira. Mia (Sophie Wilde) fica mais tempo do que deveria com um
espírito no corpo e passa a ver coisas mesmo quando não usa a mão, sendo
assombrada inclusive pelo espírito da falecida mãe. Aos poucos a garota vai
perdendo o senso de realidade e passa a ser manipulada por esses espíritos.
Enquanto premissa não há
exatamente nada de novo em histórias de jovens que brincam com o sobrenatural e
esbarram em forças muito além de seu controle, o que chama atenção aqui é a
maneira com a qual o filme trabalha essas ideias. É um terror com um ritmo bem
deliberado, que toma seu tempo para estabelecer seus personagens e sua
mitologia. Talvez o ritmo soe lento para alguns, mas essa construção de como o
trauma da perda da mãe pesa sobre Mia e o que significa para ela a amizade com
Jade (Alexandra Jensen), Riley (Joe Bird), bem como o acolhimento que recebe da
mãe de Jade, Sue (Miranda Otto) são importantes para que sintamos o risco de
tudo que está em jogo para Mia uma vez que a crise se estabeleça.