Se tem um cineasta contemporâneo capaz
de entender a sensibilidade do romance Frankenstein
de Mary Shelley esse alguém é Guillermo del Toro. Seu Frankenstein, produzido em parceria com a Netflix, é uma competente
releitura do seminal texto de Shelley, se mantendo fiel ao seu espírito ao
mesmo tempo em que agrega uma visão bem particular do diretor.
Pessoas normais assustam
A narrativa é centrada em Victor
Frankenstein (Oscar Isaac), um nobre destituído que desde jovem se tornou
obcecado em ser capaz de reanimar os mortos e criar uma nova forma de vida. Sem
ser levado a sério pela comunidade científica, ele consegue financiar sua
pesquisa através do magnata comercial Harlander (Christoph Waltz). Com o
dinheiro Victor consegue montar um laboratório e começa seu processo de estudar
a reanimação. Quando ele finalmente consegue reconstruir um ser humano a partir
de partes de cadáveres e reanima seu construto, se decepciona com a Criatura
(Jacob Elordi) e decide destruir o experimento. A Criatura, no entanto,
sobrevive e passa a perseguir Victor.
Você já pegou seu cachorro
latindo para um canto vazio da casa e se perguntou porque diabos ele estava
fazendo isso? A inspiração de Bom Menino provavelmente
foi um desses momentos, já que o filme consiste de uma história de terror contada
do ponto de vista de um cachorro que percebe as assombrações que cercam o dono
e tenta protegê-lo, embora seu tutor não perceba as reais intenções de seu
animal.
Bom companheiro
A narrativa acompanha o cão Indy,
que se muda para uma remota casa de campo com o seu tutor depois que o humano
ganha o imóvel como herança do avô após o seu falecimento. Chegando lá Indy
começa a identificar fenômenos estranhos, mas seu humano fica alheio ao perigo.
Conforme seu tutor passa a ser afetado pelo local Indy tenta agir, mas as
forças sinistras passam a focar também em impedir o cachorro.
Histórias são produtos de seu
tempo, elas refletem ideais, posicionamentos e visões de mundo do período em
que são feitos. A fábula da Cinderela foi feita em um período em que o valor de
uma mulher estava atrelado à sua beleza e que a única coisa que se esperava de
uma mulher era que ela arrumasse um marido de posses para casar, melhorando a
posição de sua família. É por isso que certas histórias que permanecem no imaginário
popular são constantemente reinterpretadas, para pensar como ela seria adequada
aos valores do contexto em que se insere. A produção norueguesa A Meia-Irmã Feia faz exatamente isso ao
olhar a fábula sobre valores contemporâneos de objetificação da mulher e
padrões de beleza tacanhos.
Rivalidade feminina
A trama gira em torno de Elvira (Lea
Myren), uma jovem que sonha em se casar com o príncipe, mas cuja família não vai
bem financeiramente. Sua mãe, Rebekka (Ane Dahl Torp) se casa novamente com um
aristocrata que parece ter dinheiro e se muda para a Suécia com Elvira e a
filha mais nova, Alma (Flo Fagerli). Lá elas conhecem Agnes (Thea Sofie Loch
Næss), a bela filha do novo padrasto. Agnes age como uma garota mimada,
julgando Elvira pela aparência e menosprezando a nova irmã. É aí que a protagonista
descobre que o padrasto não tinha dinheiro e casou com Rebekka por interesse.
Ele morre pouco tempo depois, deixado a família cheia de dívidas. Como Alma
ainda é muito jovem, o plano de Rebekka é arrumar um marido rico para Elvira,
salvando a família. Ela espera conseguir no baile oferecido pelo príncipe, mas
para isso precisará fazer algo à respeito da aparência de Elvira, em especial
quando ela é ofuscada pela naturalmente bela Agnes.
O primeiro O Telefone Preto(2022) era um conto eficiente sobre perda de
inocência que tocava em alguns elementos sobrenaturais, mas se mantinha
razoavelmente pé no chão focando no protagonista que tentava escapar do
cativeiro de um serial killer. Este O Telefone Preto 2 entra mais no
sobrenatural e expande a mitologia ao redor dos personagens apresentados no
filme anterior.
Nas montanhas da loucura
A narrativa se passa alguns anos
depois que Finn (Mason Thames, cujo crescimento torna um pouco difícil
acreditar que seu personagem ainda é um adolescente) sobreviveu ao Sequestrador
(Ethan Hawke). Ele é marcado pelo trauma de tudo que viveu e sua irmã caçula
Gwen (Madeleine McGraw) começa a ter visões intensas de crianças sendo mortas
na neve e de sua falecida mãe ainda jovem em um retiro religioso nas montanhas.
Finn recebe estranhas ligações, similares às do telefone preto de quando estava
em cativeiro e Gwen passa a acreditar que as duas coisas estão conectadas. A
garota logo descobre que a mãe deles trabalhou em um acampamento cristão nas
montanhas geladas do interior e convence Finn a se candidatar com ela para
trabalharem no local como monitores para investigar mais. Chegando lá, o local
é tomado por uma violenta tempestade de neve, deixando Finn, Gwen e os
funcionários do local isolados antes que os campistas chegassem. Presos nas
montanhas, eles precisam descobrir o que conecta aquele lugar à mãe deles e ao
Sequestrador.
Depois da série What If?, a próxima incursão da Marvel
em séries animadas é este Marvel Zumbis
que não só continua a partir do episódio dos zumbis em What If? como pega inspiração nos quadrinhos Zumbis Marvel embora guie sua história por caminhos diferentes. Com
apenas quatro episódios, a minissérie animada é concisa e acerta em algumas
coisas que os filmes da Marvel tem deixado a desejar.
Mundo dos mortos
A trama foca em um grupo de
heróis sobreviventes em um mundo tomado por zumbis, inclusive a maioria dos
heróis. Kamala Khan (Iman Vellani), Riri Williams (Dominique Thorne) e Kate
Bishop (Hailee Steinfeld) tentam como podem sobreviver no apocalipse. A sorte
do trio muda quando encontram um transmissor espacial capaz de chamar a Tropa
Nova, que poderia ajudar a exterminar a praga de zumbis, mas para isso
precisariam levar o transmissor para fora da atmosfera. Agora elas tentam
encontrar alguma antiga base da SHIELD que tenha o equipamento necessário.
O diretor Zach Cregger chamou
minha atenção com o bacana e pouco visto Noites Brutais(2022), então fiquei curioso para seus próximos projetos. Este A Hora do Mal parte de uma premissa
instigante e é visível o esforço do realizador em tentar algumas escolhas
similares a Noites Brutais, mas que
aqui não funcionam tão bem.
Crianças nas sombras
A trama segue o cotidiano de uma
pequena cidade na qual todas as crianças de uma turma de ensino fundamental
saem correndo de casa no meio da madrugada, com apenas um menino da turma
deixando de fugir. As suspeitas logo caem sobre a professora, Justine (Julia
Garner), que parece tão surpresa com o evento quanto o resto da cidade. Dois
meses se passam e nada é resolvido. Justine começa a ser alvo de ataques dos
pais das crianças, em especial de Archer (Josh Brolin), que fica inquieto com a
inação das autoridades. Ao mesmo tempo, Justine começa a desconfiar que há algo
errado na casa de Alex (Cary Christopher), o único de seus alunos que não
sumiu, mas o diretor da escola, Marcus (Benedict Wong), não acredita nela.
Depois do bacana Fale Comigo(2023), os irmãos Phillipou
vem para seu segundo longa-metragem explorando o luto e os extremos nos quais
as pessoas vão para sanar sua dor. Faça
Ela Voltar tenta construir seu terror ao redor dessa dor.
Deixe ela entrar
Os irmãos Andy (Billy Barratt) e
Piper (Sora Wong) ficam órfãos depois da morte do pai. Como os dois são menores
de idade, são colocados em lares adotivos. Inicialmente, por Andy estar perto
de completar dezoito anos, ele deveria ser mandado para um local diferente de
Piper, mas consegue convencer a assistente social a mantê-los juntos por conta
de Piper ser cega. Os dois vão morar com Laura (Sally Hawkins), uma mulher
solitária que perdeu a filha, cega como Piper, anos atrás. Laura também cuida
do garoto Oliver (Jonah Wren Phillips), que não fala e exibe um comportamento
estranho, estando sempre com fome. Desde o início é visível que Laura se
importa mais com Piper e deixa Andy de lado, mas conforme os irmãos passam mais
tempo com sua nova tutora vai ficando evidente que ela tem planos sinistros
para eles, principalmente pelo modo que ela atormenta Andy.
Relacionamentos amorosos são
muitas vezes pensados a partir da ideia de encontrarmos alguém que nos
completa. Alguém que nos entende, com quem podemos contar, alguém para
partilhar nossos sentimentos. No entanto, estar em um relacionamento também
significa abrir mão de várias coisas, permitir que o outro ocupe espaço em sua
vida, levar o outro em consideração e não apenas a si mesmo. É quase como um
processo de simbiose no qual duas pessoas passam a existir não apenas como
indivíduos, mas como coletivo. Essa ideia de junção é levada às últimas
consequências do horror corporal por Juntos.
Até que todos se tornem um
O relacionamento entre Tim (Dave
Franco) e Millie (Alison Brie) está esfriando. Tim percebe que sua carreira
musical não vai a lugar algum e agora que Millie conseguiu um emprego de
professora em uma pequena cidade isso talvez signifique aceitar que ele de fato
não tem futuro na música. Há uma relação de co-dependência entre eles, mas
ambos começam a ressentir um ao outro. Chegando na nova cidade, eles decidem
explorar uma trilha na floresta, mas a chuva os derruba em uma estranha caverna
com um sino na entrada, entalhes esquisitos nas paredes e uma nascente de água.
Sem conseguir sair, eles passam a noite no local e bebem da água. No dia
seguinte começam a perceber estranhos fenômenos no qual compartilham sensações
e seus corpos começam a grudar um no outro.
Misturando realidade e fantasia, A Morte de um Unicórnio tenta falar
sobre a ganância humana e nossa conduta predadora em relação à natureza. O
filme, no entanto, esgota rapidamente suas ideias e dá a impressão de uma narrativa
que constantemente repete os mesmos temas sem sair do lugar.
Animais fantásticos
A trama segue Ridley (Jenna
Ortega), que acompanha o pai Elliot (Paul Rudd) em um retiro corporativo no
qual ele espera que seu chefe moribundo, Odell (Richard E. Grant), o torne o
representante de sua família no conselho da empresa quando ele morrer. No
caminho para a propriedade de Odell, porém, Elliot acidentalmente atropela um
unicórnio. Ele coloca o animal no carro, acreditando que a criatura está morta
e quando chega na mansão do chefe, descobre que o sangue do animal tem
propriedades curativas. Odell logo se anima com as possibilidades medicinais
para curar seu câncer e outras doenças, mas Ridley alerta a família e o pai que
matar um unicórnio pode trazer consequências severas.
O primeiro M3gan(2023)era um terror bastante tributário à franquia Brinquedo Assassino, embora atualizado
para a contemporaneidade, usando sua boneca cibernética para falar de
dependência tecnológica e como delegamos a criação de nossos filhos a
dispositivos digitais. Uma continuação poderia seguir fácil nesse caminho de
terror, mas M3gan 2.0 resolve
arriscar, mudando de terror para ação.
Rebelião das máquinas
A narrativa começa quando o
governo perde o controle de Amelia (Ivanna Sakhno), um robô de ataque criado a
partir de ideias semelhantes às de Megan. Gemma (Allison Williams) e Cady (Violet
McGraw) são identificadas como alvos potenciais de Amelia e passam a ser
vigiadas pelo governo, mas as autoridades logo se mostram incapazes de
protegê-las. É então que Gemma é contatada por Megan, cuja consciência ainda
existe em espaços digitais. Megan pede a Gemma que construa para ela um novo
corpo para que ela possa continuar cumprindo sua diretriz primária: tomar conta
de Cady. Sem escolha, Gemma cria um novo corpo para Megan enfrentar Amelia.
Quem viveu o final dos anos 90 se
lembra do pânico sobre o bug do milênio. O temor de que quando os sistemas de
computadores fizessem a passagem do 99 para o 00 do 2000 geraria uma pane nos
sistemas que poderia causar uma série de problemas. O filme Y2K: O Bug do Milênio tenta falar desse
medo em uma trama que mistura terror e comédia, mas não sai bem sucedido nesses
esforços.
Rebelião das máquinas
A narrativa é centrada em Eli
(Jaeden Martell) que junto com o melhor amigo Danny (Julian Dennison) pensam em
como pegar garotas na festa de ano novo da escola que vai marcar a virada para
o ano 2000. Eli pensa em se aproximar de Laura (Rachel Zegler), a garota
popular por quem é apaixonado, mas assim que chega a meia-noite os computadores
ganham autonomia e começam a matar pessoas. Agora eles precisam sobreviver.
Estrelado por Hunter Schafer, Cuckoo: O Medo Chama cria uma misteriosa
atmosfera de horror para sua história, mas conforme progride não consegue dar
conta dos múltiplos temas que tenta abordar. A narrativa é centrada em Gretchen
(Hunter Schafer), uma jovem que se muda para a Alemanha com o pai, Luis (Marton
Csokas), a madastra, Beth (Jessica Henwick), e a irmã caçula Alma (Mila Lieu),
que desde que nasceu nunca conseguiu falar. Luis vai para o país a trabalho,
para reformar o remoto resort nas montanhas de propriedade do excêntrico Konig
(Dan Stevens). Gretchen começa a trabalhar como recepcionista do remoto resort,
mas logo começa a notar estranhos fenômenos e a ser perseguida por uma bizarra
mulher encapuzada. Como ninguém mais vê a tal mulher, o pai e a madrasta acham
que Gretchen está tentando chamar atenção, já que eles estão focados nos
problemas de saúde de Alma.
Espécie invasora
A narrativa vai aos poucos
construindo um senso de tensão e estranheza conforme fenômenos bizarros vão
acontecendo ao redor de Gretchen, desde conduta esquisita dos hóspedes,
passando por estranhos sons e momentos de deja
vu que ela experimenta até as violentas perseguições da mulher encapuzada.
Há uma ambiguidade nesses momentos que nos deixa incertos se é tudo na mente de
Gretchen, que lida com o senso de isolamento e o falecimento inesperado de sua
mãe, ou se há de fato uma criatura à espreita que explica todos os fenômenos
estranhos.
Por outro lado, alguns segredos
são bem óbvios desde o início como o fato de Konig claramente estar escondendo
algo, o que mina parte da ambiguidade que a narrativa tenta construir. O que
era uma narrativa sobre o luto de Gretchen e o senso de não pertencimento dela
à nova família do pai vai se abrindo a outros temas a partir do momento em que
o filme decide explicar o que de fato está acontecendo e qual a natureza da
ameaça.
As experiências de Konig com
criaturas híbridas deslocam os temas do luto para falar de ética científica,
direitos reprodutivos da mulher e diferentes configurações de família, mas
nunca há tempo suficiente para desenvolver todas essas ideias. O filme se torna
um slasher competente, com bons
momentos de tensão graças aos visuais bizarros e senso de estranheza com o qual
tudo é conduzido, mas fica a impressão de que a narrativa levanta muitas
questões e não as trabalha a contento.
Me aproximo desse Premonição 6: Laços de Sangue como
alguém que não é um profundo conhecedor da franquia. Assisti o primeiro e o
segundo filme e, assim como aconteceu com Jogos
Mortais, me dei por satisfeito e resolvi parar por aí. Com esse sexto filme
chegando mais de uma década depois do quinto fiquei curioso por terem
resolvidos ressuscitar a franquia.
Desafiando a morte
A trama é centrada em Steph (Kaitlyn
Santa Juana), uma jovem universitária que começa a ter sonhos recorrentes com o
desabamento de um restaurante panorâmico que mata várias pessoas. Com o tempo
ela descobre que uma das pessoas no sonho era sua avó e como as visões estão
atrapalhando em seu desempenho na faculdade, ela decide descobrir o que
aconteceu com a sua avó e, no processo desenterra segredos de sua família.
Lançado em 2019, Devorar trabalha o horror corporal de
uma maneira diferente do que estamos acostumados a ver em produções como as do
Cronenberg ou da Julia Ducournau. Ao invés de transformações bizarras e bastante
explicitas que despertam nossa angústia e até repulsa, o desconforto causado
aqui é mais pelo temor das consequências do que a protagonista faz com o
próprio corpo do que pela criatividade de modificações corporais insólitas.
Fome de viver
Não que as ações da protagonista
Hunter (Haley Bennet) não sejam bizarras. Recém-casada, Hunter vai morar com o
marido em uma remota mansão que seu sogro lhes deu de presente de casamento.
Ela agora é uma dona de casa que vive isolada, recebendo visitas apenas dos
sogros e de amigos do marido. Hunter se torna totalmente do cônjuge, que passa
a exercer muito controle sobre a sua vida. Isso se agrava depois que ela
engravida e a família do marido para a controla-la ainda mais, como se ela
deixasse de ser uma pessoa para apenas ser um veículo para o filho nascituro. É
aí que ela começa a desenvolver o hábito de comer estranhos objetos,
inicialmente com coisas como bolas de gude, mas logo ingerindo coisas mais
perigosas como pilhas ou tachinhas.
Alguns filmes são tão singulares
no modo como constroem sua atmosfera e contam sua história que nos conquistam
mesmo que o conjunto como um todo tenha suas falhas. Eu Vi o Brilho da TV é esse tipo de produção, algo que desafia
classificações de gênero, caminhando entre o horror, drama psicológico e
surrealismo para refletir sobre identidade e pertencimento.
Tempo de tela
A trama é centrada em Owen
(Justice Smith), um garoto solitário e sem senso de si que se torna obcecado
por uma série de televisão sobre duas garotas que enfrentam monstros
sobrenaturais (pensem em algo como Buffy).
Ele encontra uma amiga em Maddy (Brigette Lundy-Paine), que é igualmente
solitária e misantropa, mas compartilha com Owen a obsessão pela série The Pink
Opaque. O tempo passa, a série é cancelada, Maddy desaparece, mas Owen continua
fixado pela série, atraído por seu magnetismo enquanto os anos passam, o mundo
parece se mover e ele permanece estagnado.
Dirigido por Ryan Coogler (responsável por Pantera Negra, Creed e Fruitvale Station), Pecadores lembra um pouco Um Drink no Inferno (1996) ao contar a
história de um grupo de pessoas presas em um bar na beira da estrada tomado por
vampiros enquanto eles tentam sobreviver até o amanhecer. As semelhanças, no
entanto, ficam só na premissa básica, já que Pecadores tem questões bem diferentes de como pensa os vampiros e
nas relações entre seus personagens.
A voz suprema do blues
A narrativa se passa nos Estados
Unidos da década de 1930. Os gêmeros Fumaça e Fuligem (ambos Michael B. Jordan)
retornam para sua pequena cidade no Mississipi para abrirem um clube de blues
usando o dinheiro que ganharam dos gângsteres de Chicago. Eles recrutam o primo
Sammie (Miles Catton) para tocar no clube por conta do talento do garoto,
apesar do pai de Sammie, um pastor de igreja não querer que ele se envolva com
música que não seja gospel. A música tocada por Sammie é tão poderosa que é
capaz de acessar o mundo espiritual e chama a atenção do vampiro Remmick (Jack
O’Connell), que decide atacar o local para devorar Sammie e absorver seu poder.
É curioso que este Presença, filme de 2024 de Steven
Soderbergh tenha chegado aqui depois do filme mais recente do diretor, Código Preto. Se Código Preto trazia o realizador de volta a algo menos experimental
que seus últimos filmes, Presença é
um trabalho mais conceitual de Soderbergh em termos de como ele conta a
história.
Câmera-olho
A câmera é uma presença constante
em cena, mas ela opera de maneira relativamente paradoxal. Apesar de estar
fisicamente no espaço em muitos casos ela age como um olhar onisciente sobre
aquele universo ficcional, com os personagens nunca reconhecendo a presença do
dispositivo, sendo simultaneamente uma presença e uma ausência. De certa forma
a câmera age como um espectro, uma assombração, vendo sem ser vista. Soderbergh
leva isso para a literalidade ao contar toda a história de Presença do ponto de vista de uma assombração presente em uma casa.
A câmera funciona aqui como o olhar etéreo dessa entidade que vaga pelo imóvel.
Dirigido por Osgood Perkins,
responsável por Longlegs: Vínculo Mortal(2024),
este O Macaco adapta o conto homônimo
de Stephen King. Ele usa seu brinquedo amaldiçoado para falar de nosso medo da
morte e como se deixar paralisar por isso nos impede de viver. Apesar desse
tema ele não é uma produção que almeja ser um terror mais “cabeça”, muito pelo
contrário. A intenção parece ser um pastiche de horror B setentista ou
oitentista nos moldes de Maligno(2021),
de James Wan, embora não seja tão bem sucedido.
Brinquedo assassino
A trama acompanha Hal (Christian Convery, de Sweet Tooth). Na infância ele e o
irmão gêmeo Bill (Christian Convery) mexem nas coisas do pai que os abandonou e
encontram um misterioso macaco de brinquedo que ele trouxe de uma viagem.
Depois de dar corda no brinquedo para que o macaco toque seu tambor, alguém
próximo a eles sempre morre no que parece ser algum acidente bizarro. Depois de
várias tragédias eles decidem se livrar do boneco. Vários anos se passam e já
adulto Hal (Theo James) tenta se reconectar com o filho, Petey (Colin O’Brien)
levando ele para uma viagem a um parque de diversões. Os planos mudam quando
Hal recebe a notícia da morte da tia que os criou e lá acaba mais uma vez
reencontrando o macaco e toda a morte que vem junto com ele.
Depois da malfadada tentativa de
criar um universo compartilhado de monstros com blockbusters bombásticosa
partir do fraco A Múmia(2017), a
Universal decidiu voltar às origens desses personagens e fazer filmes em menor
escala e focados no horror. O primeiro desses filmes foi o ótimo O Homem Invisível (2020), de Leigh
Whannell e agora a Universal traz de volta outro monstro com o mesmo diretor
neste Lobisomem.
Fera interior
A trama é focada em Blake
(Christopher Abbott), que desde a infância teve uma relação complicada com o
pai excessivamente agressivo. Já adulto ele é notificado que seu pai foi
considerado legalmente morto depois de ter desaparecido na floresta anos atrás.
Agora ele, a esposa, Charlotte (Julia Garner, de Ozark), e a filha, Ginger (Matilda Firth), viajam para a cidade
natal de Blake e para a cabana remota de seu pai para resolver a questão dos
bens. Chegando na propriedade eles são atacados por uma feroz e estranha
criatura e Blake é mordido por ela. Aos poucos Blake sente como se a mordida o
tivesse transformando.
Considerado um dos primeiros
filmes de horror, Nosferatu (1922)
segue impactante mesmo hoje, mais de cem anos depois de seu lançamento. Essa
releitura do romance Drácula, escrito por Bram Stoker, já tinha recebido um
remake, dirigido pelo também alemão Werner Herzog em Nosferatu: O Vampiro da Noite (1979). Agora, o vampiro imortalizado
nos cinemas por atores como Max Schreck e Klaus Kinski retorna nas mãos do
diretor Robert Eggers (de A Bruxae O Farol), que traz sua construção
cuidadosa de atmosfera para essa história.
A sombra do vampiro
A trama se passa na Alemanha do
século XIX. O recém-casado Thomas Hutter (Nicholas Hoult) almeja uma promoção
e, para isso, aceita a tarefa de ir até a Transilvânia levar documentos para
uma propriedade alemã que o misterioso conde Orlok (Bill Skarsgard) deseja adquirir. Lá Thomas
encontra um mal ancestral que fixa sua mira em Ellen (Lily Rose-Depp) e chega
na Alemanha levando uma praga de ratos que ameaça toda a cidade.