Mundo dos mortos
A trama foca em um grupo de heróis sobreviventes em um mundo tomado por zumbis, inclusive a maioria dos heróis. Kamala Khan (Iman Vellani), Riri Williams (Dominique Thorne) e Kate Bishop (Hailee Steinfeld) tentam como podem sobreviver no apocalipse. A sorte do trio muda quando encontram um transmissor espacial capaz de chamar a Tropa Nova, que poderia ajudar a exterminar a praga de zumbis, mas para isso precisariam levar o transmissor para fora da atmosfera. Agora elas tentam encontrar alguma antiga base da SHIELD que tenha o equipamento necessário.
Se nos quadrinhos essas histórias eram contadas do ponto de vista dos heróis transformados em zumbis, que ainda retinham uma parte da inteligência e tentavam encontrar cérebros para se alimentar, aqui tudo opera dentro dos lugares comuns de histórias de zumbis acompanhando um grupo de sobreviventes. Os três primeiros episódios inclusive seguem uma fórmula que séries como The Walking Dead levaram à exaustão, com o grupo chegando em um novo local que parece ser seguro, entrando em um conflito e o local sendo atacado por hordas de zumbis obrigando todos a fugirem. A quebra disso vem só no último episódio que coloca uma grande batalha contra a rainha dos zumbis.
Novos rostos, novas vítimas
Apesar da estrutura manjada, a série tem sua parcela de acertos. Os últimos ciclos de filmes e séries da Marvel apresentam uma quantidade enorme de personagens como a Ms. Marvel, o Shang Chi, o Cavaleiro da Lua, a Coração de Ferro e tantos outros, mas falharam em integrar esses personagens nas tramas principais do universo ou ao menos colocá-los em alguma situação juntos. Com isso a maioria dessas adições ficou soando muito insular, quase como se existissem à parte deste universo. Aqui, a narrativa foca justamente nessas figuras que não tiveram muito espaço para se destacar e algumas que mal apareceram, como o Blade, que aqui se torna o novo avatar do deus Konshu, mesclando as habilidades de Blade com as do Cavaleiro da Lua.
Sim, eu sei que os personagens presentes aqui são versões diferentes das do MCU, mas suas personalidades são similares e a série usa essa oportunidade para expandir esses heróis ao colocá-los para interagir com figuras que até então não encontraram, como a Ms. Marvel desenvolvendo uma amizade e um laço quase que de pai e filha com o Guardião Vermelho (David Harbour) ou o modo como Blade/Konshu se torna uma espécie de mentor desses heróis desacostumados a lidar com o sobrenatural. Do mesmo modo, amplia alguns relacionamentos já mostrados, como a amizade entre Shang Chi (Simu Liu) e Katy (Awkwafina) que agora se tornam parceiros de aventuras, com Shang dividindo seus anéis de poder com a amiga.
Outro acerto é a sensação de que ninguém está seguro. Nos filmes da Marvel em geral é bem fácil saber quem vai viver ou morrer, mas aqui a narrativa é muito boa em deixar claro a todo momento que qualquer um pode morrer, o que amplia o senso de perigo. Essas mortes acabam impactando não apenas por serem inesperadas, mas pelo tempo que a trama dá para os relacionamentos entre os personagens.
As lutas com os zumbis divertem pelo exagero sanguinolento e pela criatividade com a qual os heróis zumbificados usam seus poderes. Parte da diversão está em ver heróis que não costumam ser retratados em ambientes de violência extrema, como a Ms Marvel ou o Homem-Aranha, usando seus poderes de forma extrema, com o Homem-Aranha usando suas teias para arrancar cabeças ou Kamala mutilando zumbis com sua projeção de energia. O final talvez divida opiniões por ser muito pessimista ou por deixar algumas coisas em aberto, no entanto, acho coerente com o clima sombrio e a abordagem de conto de terror que a narrativa cria para si.
Fui assistir Marvel Zumbis sem esperar muita coisa e embora a série entregue uma
narrativa formulaica de pessoas sobrevivendo a um apocalipse zumbi ao menos
consegue criar um senso de urgência e consegue aproveitar vários personagens
que foram sub utilizados ao longo dos últimos anos.
Nota: 6/10
Trailer
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