A primeira temporada de Wandinha sofria por sacrificar muito do
que torna a personagem (e toda a família Addams) singular em prol de uma trama
adolescente excessivamente aderente aos clichês desse tipo de história. Essa
segunda temporada prometia evitar esses lugares comuns e ser mais fiel ao
espírito da personagem. Tendo assistido a temporada completa é possível ver um
vislumbre disso, mas a verdade é que ainda soa como uma série adolescente
genérica vestindo a aparência do universo dos Addams.
Visões sinistras
A trama começa com Wandinha
(Jenna Ortega) tendo uma visão de eventos catastróficos acontecendo na sua escola
que culminariam na morte de sua amiga Enid (Emma Myers). Diante disso, a jovem
Addams decide investigar o que suas visões significam ao mesmo tempo que lida
com mudanças na escola, como a chegada do irmão Feioso (Isaac Ordonez) para
estudar lá e o novo diretor, Dort (Steve Buscemi), que parece ter seus próprios
interesses com o local.
Quando o diretor Spike Lee
anunciou que seu próximo projeto, este Luta
de Classes, seria um remake de Céu e
Inferno (1963), de Akira Kurosowa, fiquei temeroso. A última vez que Lee
fez uma nova versão de um filme asiático o resultado foi um dos piores (talvez
o pior) filmes de sua carreira no péssimo Oldboy:
Dias de Vingança (2013), remake do sul-coreano Oldboy (2003). Felizmente Luta
de Classes é, ao menos, um suspense competente, embora se perca um pouco no
que quer dizer.
Dias de luta
A narrativa é protagonizada por
David King (Denzel Washington), um magnata da música que está tentando tomar o
pleno controle de sua gravadora para impedi-la de ser vendida para um grande
conglomerado. As coisas se complicam quando o filho de seu motorista é
sequestrado por engano, com os sequestradores acreditando que levaram o filho
do próprio King. Agora ele é colocado em uma encruzilhada moral entre usar o dinheiro
para salvar seu império ou para pagar o resgate do filho do amigo, Paul
(Jeffrey Wright).
Dirigido por Brian De Palma, Um Tiro na Noite foi lançado em 1981 e
constrói uma narrativa de suspense que funciona como uma reflexão sobre a
importância do som no cinema, lembrando como a dimensão é tão responsável pela
construção de elementos emocionais, sensoriais e narrativos quanto a imagem. É
também um filme que sabe muito bem manejar a tensão do espectador.
Ruídos e sussurros
Jack (John Travolta) é um técnico
de som que vem trabalhando em produções B de terror em Hollywood. Uma noite ele
está em um parque capturando sons ambientes quando grava um carro perdendo o
controle e mergulhando em um lago. Jack salva uma mulher, Sally (Nancy Allen),
que estava no banco do carona, mas não consegue salvar o motorista. Na
delegacia, descobre que o motorista era o governador, prestes a ser candidato à
reeleição, e que ele não sobreviveu. A polícia enquadra o evento como um
acidente, afirmando que o carro perdeu o controle ao furar um pneu, mas Jack
suspeita de assassinato, já que em sua gravação ele capta o som de um tiro
antes do carro perder o prumo. O problema é que ninguém acredita em Jack.
É difícil não olhar para O Clube do Crime das Quintas-Feiras e
não pensar em trabalhos da Agatha Christie protagonizados pela personagem Miss
Marple ou na série Assassinato Por
Escrito, ambos produtos em que protagonistas idosas resolvem crimes. O Clube do Crime das Quintas-Feiras não
esconde sua referências e tenta ser uma versão contemporânea desse tipo de
história.
Detetives de poltrona
A trama é centrada nos amigos
Elizabeth (Helen Mirren), Ibrahim (Ben Kingsley) e Ron (Pierce Brosnan), que
vivem na mesma comunidade de idosos e todas as quintas-feiras se reúnem para
discutir algum crime antigo sem solução na esperança de resolvê-lo. Ao trio se
junta Joyce (Celia Imrie), enfermeira aposentada que traz ao grupo um
importante conhecimento médico. As coisas se tornam mais sérias para eles
quando um dos donos da comunidade em que vivem é assassinado e o outro planeja
vender o local, o que implicaria em tirar dali todos os idosos. Agora eles
precisam correr contra o tempo para resolver o crime antes de perderem seus
lares.
Dirigido por Jordan Scott, filha
de Ridley Scott, e adaptando um romance Nicholas Hogg A Seita tenta falar sobre a natureza das seitas e como elas
mobilizam o impulso humano por sociabilidade. Estruturado como um misto de
drama e suspense, a produção tem grandes pretensões, mas não alcança nenhuma
delas.
Culto perigoso
A narrativa gira em torno de Ben
(Eric Bana), um psicólogo social que foi morar na Alemanha depois do divórcio.
Reconhecido em sua área e professor universitário, Ben é chamado para auxiliar
a polícia em um caso de suicídio coletivo que parece resultado de algum culto
apolíptico. No curso da investigação ele se aproxima da policial Nina (Silvia
Hoeks). Ao mesmo tempo, a filha de Ben, Mazzie (Sadie Sink, de Stranger Things), chega a contragosto na
Alemanha para morar com o pai. Ela fica amiga de Martin (Jonas Dassler), mas
logo o espectador percebe que o rapaz está tentando aliciá-la para a mesma
seita que Ben investiga.
O título nacional de Motorista de Fuga vende a ideia de que
este será um filme de perseguições, alta velocidade, adrenalina e a produção
nunca entrega isso. Em parte por quase não ter perseguições, embora o principal
problema é que a produção não sabe exatamente o que quer ser.
Fuga sobre rodas
A narrativa é centrada em Edie
(Samara Weaving), uma mulher que na juventude foi motorista de fuga para
criminosos e agora tenta levar uma vida legítima. Ela acaba sendo puxada de
volta para o crime por conta do ex-namorado, John (Karl Glusman), que está
devendo a pessoas erradas, principalmente a Nico (Andy Garcia), com quem Edie
trabalhou no passado. Para ajudar John, Edie se envolve em um esquema para
roubar milhões de um cassino.
Estrelada por Vanessa Kirby, a
produção da Netflix A Noite Sempre Chega
tenta funcionar simultaneamente como thriller,
além como um drama social e um estudo de personagem. O filme nem sempre
consegue equilibrar suas várias ideias, no entanto, alguns elementos bem
executados fazem a experiência valer à pena.
Noite afora
A trama é centrada em Lynette
(Vanessa Kirby), que vive junto com a mãe, Doreen (Jennifer Jason Leigh), e o
irmão mais velho, Kenny (Zack Gottsagen), que tem Síndrome de Down. Lynette se
equilibra entre vários empregos e outros serviços para tentar equilibrar as contas.
Ela e a mãe estão prestes a conseguir um empréstimo para comprarem a casa onde
moram ou perderão o imóvel. No dia de assinarem o financiamento, no entanto, Doreen
não aparece e Lynette descobre que a mãe comprou um carro com o dinheiro que
tinham guardado para a entrada da casa. Sem poder dar a entrada e iniciar a compra,
Lynette tem até a manhã seguinte para levantar o valor ou perderá a chance de
comprar o imóvel, iniciando uma corrida desesperada através da noite.
Entre os vários gêneros que o
cinema brasileiro tem explorado com regularidade nos últimos anos, o thriller é um dos que menos aparece na
nossa cinematografia. Dirigido por Fernando Coimbra (responsável pelo excelente
O Lobo Atrás da Porta) este Os Enforcados tenta construir uma trama
de suspense a partir do universo da contravenção do jogo do bicho.
Profissão de risco
Regina (Leandra Leal) está no
meio da reforma da mansão na qual vive com o marido, Valério (Irandhir Santos),
os gastos estão altos e Valério lhe informa que precisarão diminuir custos pois
seus negócios não estão indo bem. Valério trabalha com o tio (Stepan
Nercessian) na exploração de caça-níqueis e jogo do bicho, sendo responsável
por lavar o dinheiro da contravenção do tio. Regina tenta estimular o marido a
tomar o controle dos negócios, já que o tio teria assassinado o pai de Valério
para chegar ao topo dos negócios. A oportunidade vem quando o tio pede para se
esconder na casa deles antes de fugir do país por conta de algum esquema que
deu errado. Tomar o controle, no entanto, é apenas o início dos problemas do
casal, já que o tio deixou muitas dívidas com outros figurões do crime.
Lançado em 2005, o suspense Plano de Voo chama atenção por sua
atmosfera de incerteza e manejo da intriga ao acompanhar um mistério em que
nada é o que parece. A narrativa é protagonizada por Kyle (Jodie Foster), uma
enlutada engenheira de aviação que parte em um voo de Berlim para os Estados
Unidos levando o corpo do marido recém-falecido. Ela vai acompanhada da filha
pequena, Julia (Marlene Lawston), mas pouco tempo depois do avião decolar a menina
desaparece. Ela pede ajuda à equipe para encontrar a garota, mas logo é
informada pelo capitão que não há registro de que Julia tenha embarcado. Assim,
Kyle tenta descobrir o que está acontecendo.
Voo noturno
A narrativa constrói bem o clima
de claustrofobia e paranoia que envolve a protagonista. Alguém em um ambiente
fechado, com todos duvidando de si, lutando para provar que está correta. A
dúvida se desloca também para o espectador, já que considerando o trauma
recente da perda do marido, começamos a considerar que talvez ela esteja
realmente imaginando coisas e a situação não seja o que ela pensa ser.
No papel Operação Vingança parece um thriller
bem típico. Sujeito tem esposa assassinada por terroristas e monta um plano
de vingança e, bom, é exatamente isso, uma aplicação de fórmulas conhecidas sem
nada que o ajude a se destacar de um oceano de produções similares.
Revanche previsível
Heller (Rami Malek) é um
programador que trabalha para a CIA. Quando sua esposa, Sarah (Rachel
Brosnahan, que recentemente foi a Lois Lane em Superman), é assassinada em um atentado terrorista na Europa, ele
exige participar da busca pelos culpados. Para isso, recebe treinamento de
campo do veterano Henderson (Lawrence Fishburne), que não vê como Heller será
capaz de cumprir a missão. As coisas se complicam quando Heller descobre que os
envolvidos no atentado são mercenários empregados pela CIA em missões secretas,
significando que a agência não tem qualquer interesse em capturá-los.
A primeira coisa que chamou minha
atenção enquanto assistia o novo Guerra
dos Mundos foi a opção de contar toda a história a partir da tela do
computador do protagonista que monitorava toda a situação. A escolha não
parecia casar com o escopo da narrativa. Depois descobri a real razão para o
filme ter sido feito dessa maneira e isso só piorou minha impressão a respeito
do resultado final.
Guerra confinada
A narrativa é protagonizada pelo
analista de inteligência William Radford (Ice Cube). Ele é responsável por
monitorar vazamentos de dados, mas também começou a receber pedidos das
agências especiais a respeito de estranhos fenômenos eletromagnéticos ocorrendo
ao redor do mundo. Quando estranhas máquinas de três pernas caem do céu e
começam a atacar várias cidades do mundo, William resolve analisar o que está
havendo para tentar articular uma resposta.
Tudo é narrado a partir da tela
do computador de William, no qual ele acessa imagens de câmeras, conversa com
colegas e familiares por chamadas de vídeo e se informa por noticiários. Como a
produção foi filmada em 2020, durante a pandemia de COVID-19, as medidas
sanitárias de isolamento provavelmente motivaram essa estrutura do filme. Seria
uma oportunidade de usar esse senso de isolamento como uma metáfora para o
temor e ansiedade do nosso confinamento durante a pandemia, quando estávamos fechados
em nossas casas temendo um inimigo invisível e sem saber o que estava acontecendo.
O Guerra dos Mundos de 2005 dirigido
por Steven Spielberg usava muito bem o romance de H.G Wells para refletir sobre
seu tempo, em especial o senso de insegurança, paranoia e vulnerabilidade dos
Estados Unidos pós 11 de setembro. Essa nova versão, no entanto, não faz nada
disso.
Não há qualquer tentativa de usar
o confinamento do personagem para refletir sobre o confinamento pandêmico.
Tampouco há qualquer senso da escala ou da gravidade dos ataques já que as
imagens da invasão e dos conflitos em si são poucas e sempre borradas ou pixelizadas
para disfarçar a qualidade baixa dos efeitos visuais. Em termos de narrativa,
há apenas o clichê do pai que tenta consertar a relação com os filhos e uma
trama sobre vigilância governamental e privacidade, mas nenhuma delas tem muito
a oferecer além de lugares comuns. Não ajuda que Ice Cube e o resto do elenco
entreguem performances automáticas, desinteressadas, que são incapazes de
injetar qualquer senso de drama ou urgência nos eventos. Apesar de noventa minutos,
a impressão é que a narrativa dura muito mais por conta das arrastadas videochamadas
nas quais tudo se desenvolve, lembrando o horrendo Black Wake(2020) protagonizado pela brasileira Nana Gouvea.
Cinismo corporativo
Além do vazio narrativo e dramatúrgico,
a produção também incomoda pelo excesso de exposição de marcas de ferramentas
digitais e o modo como o filme, sem qualquer sutileza, apresenta os atributos
positivos dessas ferramentas, mostrando essas plataformas como potenciais
salvadoras do mundo. São construções que quebram nossa imersão na narrativa e
também soam como uma tentativa cínica de construir uma representação positiva
de big techs que tem sido alvo de
bastante escrutínio nos últimos anos por seu papel em contribuir para
desinformação ou discursos de ódio. Aqui todos esses questionamentos são
sublimados e todas essas plataformas têm apenas impactos positivos no mundo.
O pior, no entanto, é o que
acontece no clímax, quando William precisa fisicamente fazer o upload de um
vírus em servidores e precisa de um pen drive, recorrendo a uma grande empresa
de comércio eletrônico. O que se segue é uma publicidade cínica da velocidade
de entregas da Amazon Prime com seu uso de drones, basicamente fazendo a Amazon
ser a responsável por salvar o mundo por sua suposta agilidade na entrega e
avanços tecnológicos. É uma escolha que reduz o filme a uma mera propaganda
corporativa (e uma propaganda ruim ainda por cima) pensada apenas para gerar
valor para a empresa sem qualquer preocupação em entreter o espectador ou
fazê-lo refletir.
Dirigido por Mel Gibson, Ameaça no Ar tenta construir um thriller a partir de um espaço
confinado. Em tese seria uma boa maneira de criar tensão, mantendo seus
personagens em um diminuto espaço enquanto lidam com uma ameaça constante. O
resultado, no entanto, é desprovido de qualquer fagulha de suspense.
Plano de voo
A narrativa acompanha a agente
federal Madolyn (Michelle Dockery), encarregada de levar uma importante
testemunha, Winston (Topher Grace) através do estado do Alasca. Da cidade onde
estão, a agência só lhe consegue um velho avião bimotor no qual só cabem eles
dois e o piloto, Daryl (Mark Wahlberg). No meio do voo, no entanto, eles
descobrem que Daryl tomou o lugar do piloto real e é um assassino enviado para
matar Winston, impedindo-o de testemunhar contra um figurão do crime. Agora
Madolyn e Winston precisam encontrar um meio de sobreviver ao assassino e levar
o avião até o seu destino.
A produção britânica Os Radley tenta fazer algo diferente com
histórias de vampiros ao contar a história de uma família vampírica que tenta
viver uma vida normal em sua vizinhança pacata, abdicando do consumo de sangue.
Os problemas que se impõem a eles no cotidiano, no entanto, ampliam a vontade
de morder pessoas.
Fome de viver
Os jovens Rowan (Harry Baxendale)
e Clara (Bo Bragason) Radley são adolescentes aparentemente comuns, embora se
sintam diferentes e deslocados dos demais. A confirmação de que eles são de
fato diferentes vem quando Clara reage a um colega de escola que tenta abusar
dela, criando presas e mordendo seu pescoço para devorar seu sangue. É então
que seus pais Peter (Damian Lewis) e Helen (Kelly Macdonald) revelam a verdade:
eles são vampiros, mas optaram por uma vida abstêmia por não quererem ter que
matar pessoas. Para lidar com o cadáver do colega morto, Helen chama o cunhado
Will (também Damian Lewis), que ao contrário deles não tem qualquer questão
moral em devorar sangue.
No papel The Alto Knights: Máfia e Poder soa como um filme promissor. A
história real de uma rivalidade entre dois grandes mafiosos estrelada por
Robert De Niro e dirigida pelo renomado Barry Levinson parece um filme com
tudo para dar certo. Infelizmente, no entanto, o que parece se conduzir como se
fosse um novo Os Bons Companheiros
(1990)termina mais próximo de um
desastre como Gotti: O Chefe da Máfia(2018).
Dupla explosiva
A narrativa se baseia na história
real da rivalidade entre Frank Costello (Robert De Niro) e Vito Genovese
(também Robert De Niro), dois imigrantes italianos que trabalharam juntos em
organizações mafiosas nos Estados Unidos da metade século XX e se tornaram
rivais disputando pelo controle. Suas personalidades são opostas, com Costello
sendo um sujeito mais suave, mais político, enquanto Vito é cabeça quente,
irascível e propenso a resolver tudo na base da violência. Quando um atentado à
vida de Frank fracassa, ele resolve se aposentar do comando da organização
passando tudo para Vito, mas a ambição e paranoia de Vito colocam tudo em
risco.
Estrelado por Hunter Schafer, Cuckoo: O Medo Chama cria uma misteriosa
atmosfera de horror para sua história, mas conforme progride não consegue dar
conta dos múltiplos temas que tenta abordar. A narrativa é centrada em Gretchen
(Hunter Schafer), uma jovem que se muda para a Alemanha com o pai, Luis (Marton
Csokas), a madastra, Beth (Jessica Henwick), e a irmã caçula Alma (Mila Lieu),
que desde que nasceu nunca conseguiu falar. Luis vai para o país a trabalho,
para reformar o remoto resort nas montanhas de propriedade do excêntrico Konig
(Dan Stevens). Gretchen começa a trabalhar como recepcionista do remoto resort,
mas logo começa a notar estranhos fenômenos e a ser perseguida por uma bizarra
mulher encapuzada. Como ninguém mais vê a tal mulher, o pai e a madrasta acham
que Gretchen está tentando chamar atenção, já que eles estão focados nos
problemas de saúde de Alma.
Espécie invasora
A narrativa vai aos poucos
construindo um senso de tensão e estranheza conforme fenômenos bizarros vão
acontecendo ao redor de Gretchen, desde conduta esquisita dos hóspedes,
passando por estranhos sons e momentos de deja
vu que ela experimenta até as violentas perseguições da mulher encapuzada.
Há uma ambiguidade nesses momentos que nos deixa incertos se é tudo na mente de
Gretchen, que lida com o senso de isolamento e o falecimento inesperado de sua
mãe, ou se há de fato uma criatura à espreita que explica todos os fenômenos
estranhos.
Por outro lado, alguns segredos
são bem óbvios desde o início como o fato de Konig claramente estar escondendo
algo, o que mina parte da ambiguidade que a narrativa tenta construir. O que
era uma narrativa sobre o luto de Gretchen e o senso de não pertencimento dela
à nova família do pai vai se abrindo a outros temas a partir do momento em que
o filme decide explicar o que de fato está acontecendo e qual a natureza da
ameaça.
As experiências de Konig com
criaturas híbridas deslocam os temas do luto para falar de ética científica,
direitos reprodutivos da mulher e diferentes configurações de família, mas
nunca há tempo suficiente para desenvolver todas essas ideias. O filme se torna
um slasher competente, com bons
momentos de tensão graças aos visuais bizarros e senso de estranheza com o qual
tudo é conduzido, mas fica a impressão de que a narrativa levanta muitas
questões e não as trabalha a contento.
De certa forma Tempo de Guerra passa por questões
similares a Falcão Negro em Perigo (2001).
Ambas são produções tecnicamente bem feitas nas suas reconstruções de situações
de guerra, mas que é míope demais no contexto ao redor desse conflito para que
seu efeito seja qualquer outra coisa que não uma celebração maniqueísta da
resiliência das tropas retratadas.
Guerra interior
A trama conta a história real de
uma tropa de fuzileiros durante a Guerra do Iraque que ficou acuada em dentro
de uma casa enquanto tentavam dar suporte a outra unidade. Sem ter como sair e
com soldados feridos, eles tentam resistir aos ataques externos enquanto buscam
um modo de cuidar dos feridos e evacuar em segurança. A narrativa se passa em
tempo real, acompanhando a situação conforme ela se desenrola e busca um
registro mais realista de uma operação de guerra.
Me aproximo desse Premonição 6: Laços de Sangue como
alguém que não é um profundo conhecedor da franquia. Assisti o primeiro e o
segundo filme e, assim como aconteceu com Jogos
Mortais, me dei por satisfeito e resolvi parar por aí. Com esse sexto filme
chegando mais de uma década depois do quinto fiquei curioso por terem
resolvidos ressuscitar a franquia.
Desafiando a morte
A trama é centrada em Steph (Kaitlyn
Santa Juana), uma jovem universitária que começa a ter sonhos recorrentes com o
desabamento de um restaurante panorâmico que mata várias pessoas. Com o tempo
ela descobre que uma das pessoas no sonho era sua avó e como as visões estão
atrapalhando em seu desempenho na faculdade, ela decide descobrir o que
aconteceu com a sua avó e, no processo desenterra segredos de sua família.
Existem dois filmes dentro de Echo Valley e, infelizmente, a produção
escolhe por priorizar o menos interessante deles. Apesar de um começo promissor
e de um elenco competente, a produção acaba degringolando em um suspense B que sequer
consegue executar bem suas principais reviravoltas.
Querida menina
Depois de uma perda pessoal
severa, Kate (Julianne Moore) passa a viver reclusa em sua fazenda de cavalos.
O cotidiano solitário dela é interrompido pelo retorno Claire (Sydney Sweeney),
sua filha viciada em drogas. De início parece que Claire está disposta a se
reestruturar, mas logo fica evidente que ela está ali só para conseguir
dinheiro e outros recursos antes de voltar para as ruas. Kate tenta ajudá-la,
mas logo se vê enredada nos crimes da filha.
Depois de dar novo fôlego à
franquia com OPredador: A Caçada (2022), o diretor Dan Trachtenberg retorna ao
universo dos yautja (a raça dos predadores) nesta antologia animada Predador: Assassino de Assassinos. A
narrativa acompanha três histórias que se passam em épocas diferentes e mostram
a presença dos predadores em nosso planeta o longo da história humana.
Quem mata os matadores?
A primeira história se passa no
período dos vikings, com a guerreira
Ursa liderando seu povo em uma campanha para se vingar daqueles que mataram seu
pai. A segunda acontece no Japão feudal, com os irmãos Kenji e Kiyoshi lutando
entre si pela herança do pai. A terceira é durante a Segunda Guerra Mundial com
o mecânico Torres descobrindo que as aeronaves de seu porta-aviões estão sendo
abatidas por uma nave que não pertence aos inimigos.
Lançado em 2016, o primeiro O Contadorchamava atenção pelo
protagonista neurodivergente vivido por Ben Affleck, mas além disso era um
suspense moroso, com poucos elementos marcantes. Não era um filme que me
deixava curioso por mais, nem parecia ter sucesso ou fãs pedindo por uma
continuação. Ainda assim esse O Contador
2 é lançado quase dez anos depois do original e continua sendo um suspense
meia boca impedido de mergulhar no completo tédio por conta do protagonista.
Identificando padrões
A trama começa com o assassinato
de King (J.K Simmons) durante a investigação a um esquema de tráfico de
pessoas. A agente Marybeth (Cynthia Addai-Robinson) relutantemente pede ajuda a
Christian (Ben Affleck) para ajudar a descobrir o que aconteceu, já que o nome
dele estava nos arquivos de King. No percurso, Christian também é auxiliado
pelo irmão Braxton (Jon Bernthal) de quem tenta se reaproximar.