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terça-feira, 14 de maio de 2024

Drops – Grandes Hits

 

Crítica – Grandes Hits

Review – Grandes Hits
É curioso como as vezes cineastas chegam em ideias similares num mesmo período de tempo. Esse ano, com semanas de diferença, tivemos dois filmes sobre pessoas viajando no tempo com o poder da música. Aqui no Brasil tivemos Evidências do Amor enquanto que o cinema hollywoodiano produziu este Grandes Hits, que parte de uma premissa relativamente similar, ainda que faça coisas diferentes com ela.

Na trama, Harriet (Lucy Boynton) lida com a perda do namorado, Max (David Corenswet, que vai ser o próximo Superman), em um acidente de carro dois anos atrás. Por conta de um ferimento que sofreu na cabeça no acidente em que Max morreu ela consegue voltar no tempo toda vez que ouve alguma música que lhe remete a algum momento importante com o namorado. Ao mesmo tempo, Harriet conhece David (Justin H. Min) no grupo de terapia de luto que frequenta. Eles se aproximam, mas ela tem dificuldade de se permitir viver algo com ele porque cada música que ouve a transporta para seu passado com Max.

segunda-feira, 13 de maio de 2024

Crítica – Palm Royale

 

Análise Crítica – Palm Royale

Review – Palm Royale
Estrelada por Kristen Wiig, a minissérie Palm Royale é um novelão exagerado e tem plena consciência disso. Adaptando um romance escrito por Juliet Mc Daniel, a série retrata a elite da Flórida na década de 1960, criticando a superficialidade e as hipocrisias dessas pessoas com um viés humorístico. Aviso que o texto contem SPOILERS da série.

A trama é protagonizada por Maxine (Kristen Wiig), uma ex-miss que sonha em entrar para o Palm Royale, o clube mais elitizado e seleto da Flórida. Sua chance vem quando Norma (Carol Burnett), a tia rica de seu marido tem uma embolia, deixando Maxine e o marido, Douglas (Josh Lucas), no controle dos bens dela por serem os únicos parentes vivos. Usando a riqueza de Norma, Maxine tenta entrar de qualquer jeito no mundo da alta sociedade e no clube Palm Royale.

terça-feira, 7 de maio de 2024

Crítica – Uma Ideia de Você

 

Análise Crítica – Uma Ideia de Você

Review – Uma Ideia de Você
De início não me interessei por Uma Ideia de Você. Parecia uma reciclagem de Um Lugar Chamado Notting Hill (1999) com gêneros invertidos e acrescentando a questão da idade. Resolvi dar uma chance ao ver que era dirigido por Michael Showalter, responsável por Doentes de Amor (2019) e pela minissérie The Dropout (2022), que nesses trabalhos conseguia equilibrar bem comédia, emotividade e reflexões consistentes sobre relacionamentos e sociedade. Aqui, porém, isso não acontece.

A trama é protagonizada pela galerista Solene (Anne Hathaway) uma mulher de quase 40 anos, divorciada e que tem que levar a filha para o concerto de uma boy band depois que o ex marido, Daniel (Reid Scott), desiste de levar a garota por conta de um compromisso de trabalho. Chegando no show, Solene se aproxima de Hayes (Nicholas Galitzine), um dos músicos da boy band August Moon. Dias depois, Hayes a procura em sua galeria e os dois iniciam um romance.

segunda-feira, 6 de maio de 2024

Crítica – Godzilla Minus One

 

Análise Crítica – Godzilla Minus One

Review Crítica – Godzilla Minus One
Quando se fala em filmes do Godzilla, muita gente lembra dos momentos mais farofa que se tornaram memes, como a imagem da criatura dando uma voadora em um monstro inimigo. A verdade, porém, é que o primeiro filme do Godzilla lançado em 1954 era uma produção séria que usava a criatura como um meio para expor o luto e o temor de um Japão arrasado pelas consequências das duas bombas atômicas disparadas contra o país. Quase 70 anos depois de sua origem, Godzilla Minus One devolve o rei dos monstros ao seu contexto original de um Japão pós Segunda Guerra para falar sobre os traumas desse período.

O filme se passa em 1947 com um Japão ainda se recuperando da guerra. Um país destruído, sem exército ou apoio internacional tendo que lidar com a ameaça atômica de Godzilla. O protagonista é Koichi Shikishima (Ryunosuke Kamiki) um piloto kamikaze que, nos momentos finais da guerra, fingiu um problema mecânico em seu avião para evitar a missão suicida que lhe foi dada. Ele volta para encontrar sua cidade em ruínas, seus vizinhos o repudiam por sua desonra de não levar a cabo sua missão e ele próprio se despreza por ter fugido da guerra.

terça-feira, 30 de abril de 2024

Crítica – Love Lies Bleeding: O Amor Sangra

 

Análise Crítica – Love Lies Bleeding: O Amor Sangra

Review – Love Lies Bleeding: O Amor Sangra
A máxima de que o amor nos leva a cometer as maiores loucuras é levada aos extremos mais violentos neste Love Lies Bleeding: O Amor Sangra conforme as duas protagonistas tentam proteger uma a outra e terminam por se envolver em mais crimes a cada nova tentativa. A narrativa se passa na década de 80 e é focada em Lou (Kristen Stewart), uma jovem solitária que trabalha em uma academia e se apaixona pela fisiculturista Jackie (Katy O’Brien). Lou tem uma relação ruim com o pai, também chamado Lou (Ed Harris), que é um importante traficante de armas da região e com quem Jackie vai trabalhar como garçonete em seu bar sem saber inicialmente o quanto ele é perigoso ou o parentesco dele. Expulsa de casa e viajando a esmo pelo país enquanto tenta competir em um torneio de fisiculturismo em Las Vegas, Jackie passa boa na academia em que Lou trabalha e as duas começam a se aproximar.

É curioso que apesar de ser um romance queer passado na década de 80, a homofobia é o menor dos problemas que essas personagens enfrentam, Mesmo o pai criminoso de Lou parece não se importar com o fato dela “gostar de garotas” e como ele é um criminoso conhecido isso dá a ela certa proteção. É uma maneira de não reduzir as experiências queer a uma existência de apenas lidar com o preconceito e explorar outras histórias que podem ser contadas com esses personagens.

segunda-feira, 29 de abril de 2024

Crítica – Xógum: A Gloriosa Saga do Japão

 

Análise Crítica – Xógum: A Gloriosa Saga do Japão

Review – Xógum: A Gloriosa Saga do Japão
Adaptando o romance homônimo de James Clavell, a minissérie Xógum: A Gloriosa Saga do Japão se baseia em eventos históricos da ascensão de Ieyasu Tokugawa à posição xógum, iniciando o período do xogunato que iria até a Restauração Meiji. Os trailers davam a impressão de uma trama tensa, cheia de intrigas e o produto final faz jus a essa promessa. Aviso que o texto pode conter SPOILERS da série.

A trama é centrada na figura de Yoshii Toranaga (Hiroyuki Sanada), inspirado na figura real de Tokugawa. Toranaga é membro de uma família nobre japonesa que poderia tomar o poder se quisesse, mas preferiu abdicar da posição. Como o herdeiro atual é uma criança, caberia a ele a posição de regente, mas ele crê que isso poderia enfraquecer a liderança do país e ao invés de um único regente o Japão passa a ser governado por um conselho de regentes. Esses conselheiros estão em constante disputa por poder e temem principalmente Toranaga.

sexta-feira, 26 de abril de 2024

Crítica – Último Ato

 

Análise Crítica – Último Ato

Review – Último Ato
O que fazer para unificar uma nação profundamente polarizada depois que uma parcela do país tentou violentamente abolir o Estado? É uma pergunta que se aplica aos Estados Unidos de hoje (e também ao Brasil, infelizmente), mas no caso da minissérie Último Ato se refere ao fim da Guerra de Secessão dos EUA e como o assassinato do presidente Abraham Lincoln representou um freio nas tentativas de unificar o país, trazendo justiça social e punindo os golpistas.

A trama começa no dia do assassinato de Lincoln (Hamish Linklater) e segue os doze dias da caçada empreendida contra o assassino John Wilkes Booth (Anthony Boyle) pelo ministro da guerra de Lincoln, Edwin Stanton (Tobias Menzies, de Outlander), e pelo detetive Lafayette Baker (Patton Oswalt). Ao mesmo tempo, Stanton luta para que o governo não recue nas reformas pretendidas por Lincoln, principalmente quando o presidente Andrew Jackson (Glenn Morshower), ele próprio um ex-escravagista, parece disposto a capitular às demandas dos ricos do derrotado sul.

terça-feira, 23 de abril de 2024

Crítica – Rivais

 

Análise Crítica – Rivais

Review – Rivais
Em uma de suas primeiras cenas em Rivais, a tenista interpretada por Zendaya diz que tênis é como um relacionamento, quando você joga você descobre tudo sobre a pessoa e ganhar ou perder tem a ver em como você joga essa relação com o outro na quadra. A fala dá a tônica do filme, que gira em torno da relação de Tashi (Zendaya), uma tenista promissora que tem a carreira interrompida por uma lesão no joelho, com os também tenistas Art (Mike Faist) e Patrick (Josh O’Connor).

Art e Patrick se envolveram com Tashi na juventude e tem estilos de jogo opostos. Art arrisca pouco e é mais técnico, Patrick é mais temperamental e confia mais no próprio talento do que em técnicas de treinamento. Ambos se envolvem com Tashi ao longo dos anos, mas ela se casa com Art e se torna treinadora dele. Anos depois Art está em uma maré de derrotas e isso atrapalha os planos do casal para que ele ganhe o US Open, o único dos Grand Slams que Art ainda não venceu. Para tentar recuperar a confiança dele, Tashi o inscreve em um pequeno torneio em um country club, mas a presença de Patrick na competição revive rancores antigos entre os três.

segunda-feira, 22 de abril de 2024

Crítica – Clube Zero

 

Análise Crítica – Clube Zero

Review – Clube Zero
Começando com um aviso de gatilho sobre as representações de distúrbios alimentares presentes no longa, Clube Zero acaba sendo mais sobre controle e a construção de uma mentalidade de culto. Sim, distúrbios alimentares estão presentes e são discutidos, mas a diretora austríaca Jessica Hausner parece mais interessada em como seu grupo de personagens se radicaliza do que nos distúrbios que surgem dessa radicalização.

A trama é centrada na professora Novak (Mia Wasikowska) que chega para dar aula em uma escola de elite e forma um clube sobre bem estar e nutrição para ajudar os estudantes. A professora tem visões bem radicais sobre alimentação, defendendo comer o mínimo possível para liberar as toxinas do corpo e para desestimular o predatismo da indústria agropecuária. Os estudantes sob sua tutela acreditam na mensagem da professora e entram em uma perigosa dinâmica na qual ela passa a exercer um controle excessivo sobre suas vidas e sua saúde.

segunda-feira, 15 de abril de 2024

Crítica – Guerra Civil

 

Análise Crítica – Guerra Civil

Review – Guerra Civil
O diretor Alex Garland sempre traz elementos provocadores em seus filmes e isso ajuda a torná-los marcantes mesmo quando o resultado final não atinge plenamente seu potencial como em Aniquilação (2018) ou Men: Faces do Medo (2022), produções que, embora competentes, não tiveram o mesmo impacto que sua estreia na direção com Ex Machina: Instinto Artificial (2014). Guerra Civil tinha potencial para alcançar esse mesmo patamar com uma trama sobre os Estados Unidos divididos por um conflito interno.

A narrativa se passa em um futuro próximo no qual diferentes facções se separaram do governo dos Estados Unidos e agora lutam para derrubar o governo e tomar o controle do país. O governo federal está nas cordas, a guerra está praticamente perdida. Os jornalistas que cobrem a guerra praticamente não tem mais histórias para contar. O repórter Joe (Wagner Moura) e a fotojornalista Lee (Kirsten Dunst) decidem ir até Washington D.C para tentar uma entrevista com o presidente, talvez a única matéria que resta na guerra. Para isso terão que atravessar pelo meio do front de batalha entre regiões cheias de conflito. Na viagem eles são acompanhados pelo veterano repórter Sammy (Stephen McKinley Henderson) e a fotógrafa novata Jessie (Cailee Spaeny).

quarta-feira, 10 de abril de 2024

Crítica – A Grande Entrevista

 

Análise Crítica – A Grande Entrevista

Review – A Grande Entrevista
O cinema gosta de contar histórias que lembram a importância do jornalismo. Em geral são narrativas focadas no jornalismo investigativo como Todos os Homens do Presidente (1976) ou Spotlight (2015), mas ocasionalmente também sobre o processo de entrevista e de extrair de um entrevistado alguma informação que ele não quisesse dar. Frost/Nixon (2008) fez isso ao retratar a seminal entrevista na qual David Frost fez Richard Nixon admitir publicamente os crimes que cometeu durante sua gestão. Em certa medida, A Grande Entrevista apresenta um processo similar ao mostrar como a BBC britânica conseguiu a entrevista com o Príncipe Andrew em 2009 na qual ele admitiu publicamente sua proximidade com o bilionário pedófilo Jeffrey Epstein e relações inapropriadas com menores de idade.

A trama começa em 2010, quando Andrew (Rufus Sewell) foi fotografado em público ao lado do bilionário que já era alvo de denúncias. Anos depois Epstein é preso por tráfico de menores e se suicida sob circunstâncias misteriosas na prisão. A relação entre o ricaço e o príncipe volta a ser discutida pela mídia britânica e o programa Newsnight da BBC decide tentar agendar uma entrevista com o arredio príncipe, recorrendo principalmente à produtora Sam McAllister (Billie Piper) e a âncora Emily Maitlis (Gillian Anderson).

quinta-feira, 4 de abril de 2024

Crítica – Todos Nós Desconhecidos

 

Análise Crítica – Todos Nós Desconhecidos

Review – Todos Nós Desconhecidos
Dirigido por Andrew Haigh, Todos Nós Desconhecidos é uma história sobre luto, solidão, intimidade e estranhamento. Sua narrativa sobre se manter preso ao passado e não se abrir para o presente, preferindo conviver os fantasmas de outrora poderia render um filme bem piegas, daqueles feitos para forçar o público ao choro, mas Haigh traz uma leveza e uma sensibilidade na condução que faz tudo ser emotivo sem cair na pieguice.

A trama é protagonizada por Adam (Andrew Scott), um escritor que aparentemente é a única pessoa morando em um alto prédio de habitação popular. O único outro morador que ele parece encontrar no local é Harry (Paul Mescal) e ambos começam a conversar. Com o tempo, Harry demonstra interesse em Adam, mas o escritor passa seu tempo revisitando a casa que cresceu na infância, tentando escrever um roteiro de cunho autobiográfico a respeito de sua relação com os pais falecidos. Em uma dessas idas, nas quais o trem funciona como uma máquina do tempo, ele encontra o pai (Jamie Bell) em uma loja de conveniência e vai jantar com ele e a mãe (Claire Foy), como se nada tivesse acontecido. Ele passa a dividir seu tempo entre os pais e Harry, mas esses mundos não demonstram facilidade em coexistir.

quarta-feira, 27 de março de 2024

Crítica – O Homem dos Sonhos

 

Crítica – O Homem dos Sonhos

Review – O Homem dos Sonhos
Com uma premissa bastante insólita, é difícil não ficar curioso para conferir O Homem dos Sonhos. O filme narra a história do pacato e frustrado professor universitário Paul (Nicolas Cage). Apesar de uma carreira estável, Paul anseia mais reconhecimento, algo que vem quando várias pessoas ao redor do país começam a dizer que estão vendo o professor em seus sonhos. O fenômeno ganha atenção da mídia e Paul logo se torna uma espécie de celebridade. O problema é que a fama não é o que o professor esperava.

É uma trama que transita entre comédia, drama, terror e surrealismo, com muito do que sustenta essa variação sendo a performance de Nicolas Cage. Logo quando conhecemos Paul o vemos como um sujeito pacato e relativamente patético, exemplificado na cena em que ele cobra de outra acadêmica os créditos por um termo que ele crê ter cunhado. A cena em questão nos mostra o anseio do personagem ao mesmo tempo em coloca algo de ridículo no modo como ele parecer exigir do mundo algum reconhecimento. Conforme a trama progride e a fama passa a ser um fardo para Paul e sua família, Cage transita entre a dor e a frustração de ver que nem assim suas ambições irão se realizar.

quinta-feira, 21 de março de 2024

Crítica – A Flor do Buriti

 

Análise Crítica – A Flor do Buriti

Review – A Flor do Buriti
Depois de Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos (2018) os diretores João Salaviza e Renée Nader Messora voltam a falar sobre a população indígena Krahô no interior do Tocantins. Em A Flor do Buriti os realizadores focam em narrar a história de luta pela terra dessa população e como eles resistiram a múltiplos massacres.

A narrativa vai da década de 1940 aos dias atuais, mas sem seguir uma cronologia, acompanhando a população da Aldeia Pedra Branca no presente e se deslocando no tempo conforme eles contam as histórias do passado ou seus espíritos entram em contato com ancestrais no passado, misturando cenas encenadas e personagens reais para narrar como a opressão aos indígenas sempre foi uma constante em suas vidas.

Se filmes como Martírio (2016) mostram anos de descaso ou políticas questionáveis da parte do Estado brasileiro, aqui essas décadas de descaso e perseguição são apresentadas do ponto de vista dos próprios indígenas, narrado, inclusive em sua própria língua. O fato dos Krahô falarem seu em sua língua é uma escolha estética e política, permite que eles se coloquem em seus próprios termos, com seu vernáculo e com toda a construção subjetiva e visão de mundo imbricada na própria língua.

quarta-feira, 20 de março de 2024

Crítica – Ecos do Silêncio

 

Análise Crítica – Ecos do Silêncio

Review – Ecos do Silêncio
Protagonizado por Thalles Cabral (o Nem de As Five) Ecos do Silêncio é um filme sobre errância, sobre se perder, se encontrar e tentar dar algum sentido ao caos da nossa existência. Infelizmente a produção nem sempre alcança as pretensões temáticas que se propõe a discutir.

A narrativa é centrada em Davi (Thalles Cabral), que viaja para a Argentina para estudar musicoterapia na esperança de poder ajudar o irmão que tem autismo severo. De lá ele parte para a Índia em uma jornada espiritual e acaba confrontando sua relação com a família e os traumas que o moveram até então.

O filme se move entre o presente de Davi, memórias de seu passado e ocasionais flashfowards de sua jornada na Índia. A impressão é que o filme tenta nos mergulhar no fluxo de consciência do personagem, mostrando como o passado materializa seu presente e informa o seu futuro, bem como nos faz sentir a conexão metafísica que o protagonista diz sentir em relação ao irmão.

terça-feira, 19 de março de 2024

Crítica – A Batalha da Rua Maria Antônia

 

Análise Crítica – A Batalha da Rua Maria Antônia

Review – A Batalha da Rua Maria Antônia
Apesar do golpe militar de 1964 ter acontecido há sessenta anos e o Brasil ter se redemocratizado em 1988, ainda existem muitos fatos e eventos do período da ditadura que não são conhecidos pelo grande público. Embora certamente deva ser algo conhecido em São Paulo, os eventos narrados em A Batalha da Rua Maria Antônia não são o tipo de coisa que vemos nos livros de história (pelo menos não na minha época de colégio), mas são importantes para compreender como funcionava a violenta repressão do governo do período.

A narrativa se passa ao longo de um dia em outubro de 1968 durante a ocupação da Faculdade de Filosofia da USP pelo movimento estudantil e os confrontos dos estudantes com alunos da Mackenzie e de instituições repressoras. O filme se divide em 21 cenas, todas construídas como planos-sequência, para narrar o aumento das tensões e eventual invasão do prédio da USP pela polícia. No centro disso tudo está Lilian (Pâmela Germano), uma estudante de filosofia que não está envolvida diretamente com o movimento estudantil, mas decide ficar na ocupação para ajudar a amiga Ângela (Isamara Castilho) na esperança de conversar com ela e entender porque Ângela tem se afastado apesar das duas serem amigas de infância.

segunda-feira, 18 de março de 2024

Crítica – Estranho Caminho

 

Análise Crítica – Estranho Caminho

Review – Estranho Caminho
Dirigido por Guto Parente, Estranho Caminho parece ser sobre a experiência da pandemia de Covid-19. Inicialmente temi que, como muitos filmes brasileiros recentes, a urgência de tratar uma crise contemporânea deixasse a produção tão presa a esse contexto que não comunicasse nada fora dele. Felizmente não é o caso e Estranho Caminho, na verdade, acaba sendo mais sobre nossa relação com a morte, usando a pandemia apenas como um pano de fundo sobre esses temas.

A trama é focada em David (Lucas Limeira), um jovem cineasta brasileiro radicado em Portugal que volta para sua cidade natal para apresentar seu longa em um festival de cinema. Quando a pandemia estoura e o lockdown é decretado no Brasil ele fica sem ter como voltar para Portugal e sem hospedagem na cidade. Sem opção, ele tenta entrar em contato com o pai, Geraldo (Carlos Francisco, do excelente Marte Um), com quem não fala há anos.

domingo, 17 de março de 2024

Crítica – Sem Coração

 

Análise Crítica – Sem Coração

Review – Sem Coração
Certos filmes te prendem não pela sua trama em si, mas pelo modo como apresentam essa trama. Sem Coração é um desses casos. Dirigido por Nara Normande e Tião, com um roteiro levemente baseado na juventude de Normande, a produção conta uma típica história de amadurecimento, despertar afetivo e perda de inocência. É um tipo de narrativa que já vimos aos montes, mas, ainda assim, conquista pela sensibilidade na construção dos arcos de seus personagens.

A narrativa se passa durante o verão de 1996 na região litorânea de Alagoas. Tamara (Maya de Vicq) está para ir para a faculdade em Brasília, então aproveita seu último verão com os amigos. Eles passam os dias na praia, em festas e entrando em imóveis vazios ou abandonados no lugar. Tamara acaba voltando a sua atenção para uma garota que seus amigos chamam de Sem Coração (Eduarda Samara) e que se mantem distante do resto da juventude do local. Tamara decide então se aproximar da garota.

sexta-feira, 15 de março de 2024

Crítica – Saudade Fez Morada Aqui Dentro

 

Análise Crítica – Saudade Fez Morada Aqui Dentro

Review – Saudade Fez Morada Aqui Dentro
Histórias sobre amadurecimento e adolescência são comuns no cinema. É uma fase de transição em que o jovem começa a perceber as complexidades da vida adulta e desapegar de uma série de noções infantis sobre o mundo. Saudade Fez Morada Aqui Dentro trata exatamente sobre essa transição e o senso de certas perdas irreversíveis que vem nesse momento da vida.

A trama é centrada em Bruno (Bruno Jefferson), um adolescente de 15 anos do interior da Bahia que descobre uma doença degenerativa que o fará perder a visão. Ciente das dificuldades que virão, o garoto tenta aproveitar o tempo em que ainda consegue enxergar ao mesmo tempo em que tenta se preparar para o futuro. Ele contará com a ajuda do irmão Ronny (Ronnaldy Gomes) e da colega de escola Angela (Angela Maria).

A narrativa segue o cotidiano de Bruno enquanto ele tenta manter um senso de normalidade a despeito do risco de perder a visão a qualquer momento. Seguimos o personagem na escola, em festas, enquanto brinca com os amigos ou pratica seus desenhos, talvez a habilidade que ele mais tema perder por conta de seu problema de visão. É uma espécie de luto em vida experimentado por Bruno, já que ele ainda não perdeu a visão, mas já lida com a dor de ter que se despedir de sonhos e desejos futuros do que ele poderia ser.

segunda-feira, 11 de março de 2024

Crítica – As Five: Terceira Temporada

 

Análise Crítica – As Five: Terceira Temporada

Resenha Crítica – As Five: Terceira Temporada
Depois de uma ótima primeira temporada, As Five entregou um segundo ano que parecia mais interessado em emular a série Girls, deixando um pouco a desejar. Essa terceira e última temporada mantem esse clima de querer soar como uma série gringa, mas o principal problema é que não encontra tramas interessantes para boa parte de suas personagens.

Lica (Manoela Aliperti) repete o mesmo arco de imaturidade e dependência financeira da mãe das outras temporadas. A impressão é que a personagem caminha em círculos sem ir para lugar algum. O arco dela poderia ter sido sobre ela construindo seu próprio portal depois de viralizar com a reportagem sobre Ellen (Heslaine Vieira) na temporada anterior, no entanto a série prefere requentar os mesmos conflitos de antes. Sim, a trama dá um motivo do porquê, apesar de tudo o portal de Lica não deslanchou, mas não é lá muito convincente.