terça-feira, 9 de setembro de 2025

Crítica – F1: O Filme

 

Análise Crítica – F1: O Filme

Review – F1: O Filme
Não acompanho automobilismo, então uma produção como F1: O Filme não é algo que imediatamente desperta meu interesse. Fui assistir sem esperar muita coisa e me surpreendi com o quanto ele executa bem sua narrativa ainda que seja bastante previsível e faça pouco para de distanciar de elementos familiares desse tipo de história.

Correr para viver

A trama é focada em Sonny (Brad Pitt), um piloto cujo auge já passou há décadas. Ele teve sua chance na Fórmula 1, mas perdeu tudo depois de um acidente. Agora ele vaga pelos Estados Unidos atrás de corridas que o desafiem para reencontrar seu amor pelo esporte. Uma oportunidade de retornar à F1 chega quando Ruben (Javier Bardem), que foi piloto na mesma época de Sonny, o chama para correr pela equipe que agora é dono. Ruben está endividado e em três anos sua equipe não marcou um ponto sequer, o que significa que seu conselho diretor pode forçá-lo a vender a equipe. Ele pede Sonny ajuda para manter a equipe de pé e ser mentor de seu jovem piloto, Joshua (Damson Idris). Por consideração a Ruben, Sonny aceita o desafio.

É o típico drama do mentor experiente tentando resolver traumas do passado em oposição a um jovem talentoso de cabeça quente que desperdiça o próprio potencial por ser imaturo. Já vimos um monte de histórias assim, é verdade, no entanto aqui a narrativa dá espaço suficiente para que compreendamos o que move esses dois sujeitos que eles soam como personagens com alguma nuance e não só uma reprodução de elementos familiares. Isso é auxiliado também pelo trabalho de Pitt e Idris, que acertam na dinâmica de constante atrito entre os dois, convencendo de como os egos de cada um criam barreiras na relação entre eles.

O filme também entende a cultura desse esporte, evitando o clichê do piloto gênio que resolve tudo sozinho e lembrando que na F1 o sucesso depende da sinergia entre piloto, carro, estratégia da equipe durante a corrida, o trabalho dos engenheiros em melhorar os carros e a agilidade dos mecânicos no pit stop. A narrativa consegue dar atenção a cada um desses níveis, em especial para a engenheira interpretada por Kerry Condon, ilustrando o grau de coletividade necessário para ser bem sucedido.

Velocidade vertiginosa

Todo esse drama é acompanhado por intensas cenas de corrida. Em Top Gun:Maverick (2022) o diretor Joseph Kosinski transmitiu muito bem a intensidade de estar no cockpit de um avião de combate e as manobras vertiginosas que os pilotos precisam fazer para sobreviver às missões. Aqui, ele faz a mesma coisa com o automobilismo. Nos colocando dentro do cockpit dos carros e muitas vezes recorrendo a tomadas em primeira pessoa, as cenas de corrida nos fazem sentir como é estar dentro de uma máquina daquelas, a velocidade experimentada pelos pilotos e a velocidade de tomada de decisão que essas pessoas precisam ter. Planos mais abertos ajudam a contextualizar a posição dos pilotos na pista e em relação aos adversários, nos deixando em alerta dos perigos que estão se aproximando.

A montagem contribui para o senso de velocidade das corridas e também do diálogo constante entre piloto e equipe no qual decisões estratégicas precisam ser tomadas rapidamente, podendo decidir o destino da corrida. Essa fluidez da montagem se estende para além das cenas de corrida, com o filme sendo bem eficiente na cadência e no ritmo da trama, fazendo as cerca de duas horas e vinte do filme passarem sem que eu sentisse.

Mesmo sendo corridas roteirizadas, me peguei torcendo pelos personagens por conta da maneira intensa com a qual tudo é conduzido e também pelo senso de imprevisibilidade que é dado às corridas. Até mesmo durante a corrida final a sensação é que tudo pode acontecer, que esses personagens podem triunfar, mas também de que há um risco real de tudo dar errado para eles.

Mesmo não tendo nada de inovador, F1: O Filme conquista pela atenção que dá aos seus personagens e pela intensidade das cenas de corrida.

 

Nota: 7/10


Trailer


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