sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

Drops – Com Quem Será?

 

Análise – Com Quem Será?

Review – Com Quem Será?
O prospecto de uma comédia romântica estrelada por Keanu Reeves e Winona Ryder parecia promissor. Eles já tinham sido um casal em Drácula de Bram Stoker (1992) do Francis Ford Coppola, mas neste Com Quem Será? teriam a chance de construir um outro tipo de relacionamento, mais próximo de filmes românticos. O resultado, no entanto, é decepcionante mesmo que não seja culpa da dupla principal. 

Afeto estático

A trama acompanha Frank (Keanu Reeves) e Lindsay (Winona Ryder). Eles se conhecem durante um voo e se desentendem durante o trajeto. Chegando ao destino os dois descobrem que vão para o mesmo lugar, o casamento do irmão de Frank. Ele não tem um bom relacionamento e só foi para o casamento por insistência da família. Já Lindsey tinha sido noiva do irmão de Frank, mas foi largada por ele há seis anos e resolveu ir para mostrar que o tinha superado. Incialmente os dois se conectam pelo seu desdém do noivo, mas logo veem que tem mais coisas em comum e também bastante divergências.

O filme é vendido como uma comédia romântica tradicional, mas funciona mais próximo de algo como Antes do Amanhecer (1995) e suas continuações, acompanhando um casal se conhecendo e conversando ao longo de extenso período de tempo. Se a trilogia de Linklater consegue tornar envolventes histórias que consistem basicamente de oitenta minutos de duas pessoas conversando, o mesmo não acontece aqui nas mãos do roteirista e diretor Victor Levin e muito vem das escolhas de encenação.

Cada cena em uma longa conversa entre Frank e Lindsay conforme eles trocam farpas, confissões e, eventualmente, declarações de amor, mas todas elas são filmados em planos abertos estáticos, muitas vezes com os dois personagens sentados lado a lado, sem qualquer transição de planos, movimento de câmera ou mesmo movimentação desses personagens no enquadramento. Imagino que a ideia era transmitir um senso de naturalismo, mostrando como os dois atores sustentam seus personagens em takes longos e sem cortes, mas nesse caso ao menos poderia dar algum senso de fluidez pelo movimento de câmera. Do jeito que está tudo soa engessado, monótono e até artificial em sua imobilidade.

Na trilogia de Linklater, por exemplo, a câmera sempre conseguia destacar algum pequeno gesto, alguma nuance de expressão que apesar de discreta dizia muito a respeito do que Jesse (Ethan Hawke) e Celine (Julie Delpy) sentiam e pensavam. Aqui, como não há esse cuidado e a câmera se mantém relativamente distante dos protagonistas, o roteiro precisa recorrer a muitos diálogos expositivos onde os personagens precisam falar explicitamente o que sentem e pensam ao invés de encontrar outros meios de tornar isso visível ao público. É uma pena, já que Reeves e Ryder tem uma ótima química juntos e são convincentes como pessoas já desencantadas com o amor que veem um no outro a chance de algo diferente e verdadeiro.


Nota: 4/10


Trailer

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