Bom companheiro
A narrativa acompanha o cão Indy, que se muda para uma remota casa de campo com o seu tutor depois que o humano ganha o imóvel como herança do avô após o seu falecimento. Chegando lá Indy começa a identificar fenômenos estranhos, mas seu humano fica alheio ao perigo. Conforme seu tutor passa a ser afetado pelo local Indy tenta agir, mas as forças sinistras passam a focar também em impedir o cachorro.
Como tudo é do ponto de vista de Indy, só temos acesso ao que está acontecendo com seu dono por breves diálogos no qual ele fala com a irmã no telefone ou com vizinhos. Aos poucos vamos entendendo que Todd (Shane Jensen) é um viciado em recuperação e que o avô dele faleceu sozinho na mesma casa sob circunstâncias misteriosas. Não vemos o rosto de Todd ou outros humanos durante boa parte do tempo, são presenças cujo nosso conhecimento a respeito delas é limitado, já que passamos boa parte do tempo com Indy.
Tinha minhas dúvidas se o cachorro conseguiria sustentar o filme praticamente sozinho, mas Indy é um protagonista adorável que reage de maneira convincente do que esperaríamos de um cachorro em uma situação sobrenatural como a do filme. O cão é bastante expressivo em nos fazer perceber o cuidado dele pelo dono, a curiosidade e também o quanto certos eventos o deixam assustado. O diretor Ben Leonberg (tutor de Indy na vida real) sabe muito bem como articular as imagens de Indy com a dos horrores na casa.
Horror canino
Dito isso, eu não diria que Bom Menino é um terror muito assustador. Muito da tensão vem mais de nossa conexão com Indy e medo do que possa acontecer com ele do que pelas imagens e criaturas sendo efetivamente assustadoras. A assombração da casa aparece em criaturas sombrias e membros que emergem das sombras, mas o que move nossas emoções é a imersão no ponto de vista de Indy. O terror aqui é mais sobre o desconhecido, o não visto, do que sobre um monstro específico.
Algumas situações se repetem ao longo do filme. Inicialmente as sequências de pesadelos são interessantes por imaginarem como seria um pesadelo do ponto de vista de um cachorro, mas logo cansam, principalmente por diluírem a força de momentos de maior tensão que são revelados não serem reais. É como se o filme temesse perder o espectador se sentíssemos que algo realmente ruim poderia acontecer com Indy. Felizmente a duração enxuta, de cerca de setenta minutos, impede que a repetição canse. Outro problema é que como temos informações limitadas sobre Todd e passamos o filme todo com Indy, o que acontece com o tutor no final perde parte do impacto por conta dessa falta de construção do personagem.
Mesmo que narrativamente simples,
Bom Menino se mostra um terror
divertido pelo carisma de sua estrela canina e a criatividade de contar sua
história a partir do ponto de vista dele.
Nota: 6/10
Trailer


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