sexta-feira, 31 de outubro de 2025

Crítica – Pokémon Legends: Z-A

 

Análise Crítica – Pokémon Legends: Z-A

Review – Pokémon Legends: Z-A
Quando Pokémon Legends: Arceus foi lançado parecia que Pokémon estava indo por caminhos diferentes, entregando algumas mudanças pedidas faz tempo pelos fãs. Nem tudo funcionou, mas ao menos parecia que a Game Freak estava mais disposta a arriscar. O game seguinte na série principal Pokémon Scarlet/Violet trazia o mundo aberto unificado que se esperava, mas muitos problemas, tanto em performance quanto em jogabilidade e soava como um passo para trás tanto em relação a Arceus quanto a Sword/Shield. Agora Pokémon Legends: Z-A traz as mudanças mais ousadas na jogabilidade vistas até aqui, então fiquei bastante curioso para conferir.

Lenda urbana

A narrativa se passa na cidade de Lumiose, na região de Kalos, e o jogador controla um jovem recém chegado na cidade que se envolve na investigação de estranhos fenômenos que vem acontecendo no local, em especial pelo modo como a mega energia vem fluindo pela cidade e fazendo pokémons megaevoluírem mesmo sem um treinador. No percurso, o jovem protagonista precisa também disputar a liga Z-A, buscando o topo do ranking. A trama acontece cinco anos depois dos eventos de Pokémon X/Y, fazendo alusão aos eventos do game e quase funcionando como uma continuação direta a ele. Em geral não me importo muito com história nesses games, mas confesso que aqui fiquei investido na trama e nos personagens.

Se em Legends: Arceus tínhamos várias áreas na região de Hisui para explorar, aqui ficamos apenas na cidade de Lumiose. Por mais que a cidade seja ampla e com muita verticalidade, não é um lugar tão interessante de explorar. O problema principal é que falta variedade, tudo é muito igual, bairros tem pouca diferença em arquitetura ou tipos de espaço e não demora que tenhamos a sensação de que já vimos tudo que havia para ver, diferente dos biomas variados de Hisui. As Wild Areas, partes muradas dentro da cidade que funcionam como viveiros de Pokémon até tem ambientes diferentes, como um lago com um iceberg no meio ou uma área de construção habitada por pokémons terrestres ou metálicos, mas são ambientes pequenos, que não fazem o bastante para dar frescor à exploração.

Imaginei que o jogo poderia usar ambientes internos da cidade para criar dungeons como as que encontrávamos em games anteriores a Scarlet/Violet, mas o game não aproveita esse potencial. Temos alguns espaços desse tipo como os esgotos ou o laboratório abandonado da Team Flare onde vemos o potencial dessas dungeons, no entanto, elas são muito poucas e ficamos na cidade quase todo o tempo.

Mesmo o ciclo entre dia e noite falha em dar qualquer senso de transformação ou vida na cidade, com as diferenças mais notáveis sendo o comportamento e aparição de alguns pokémons dependendo da hora do dia e o fato de que durante a noite alguma parte da cidade se torna uma arena de batalha, um espaço em que diferentes treinadores vão disputar entre si. É nessas arenas que o jogador irá enfrentar outros treinadores para subir de rank na liga de Lumiose. Ao alcançar um certo número de pontos é necessário enfrentar um desafiante para subir de rank, essas batalhas se assemelham aos líderes de ginásios em outros games.

Não ajuda que visualmente a cidade soe como uma constante de texturas iguais na fachada dos prédios. Texturas bem pobres e que parecem saídas de games de três gerações atrás. Ao menos não tem os problemas de performance de Pokémon Scarlet/Violet, rodando estável (ao menos no Switch original onde joguei, não experimentei a versão de Switch 2) e sem bugs. Ao menos os modelos dos personagens principais são bem realizados, embora não exatamente impressionantes, e o dos pokémons também. Inclusive me surpreendi que cada criatura sem seu próprio efeito sonoro para o som de seus passos, o que ajuda a dar personalidade a eles.

Batalha de rua

O que sustenta o game é o combate. Como em outros games da franquia o jogador coleta criaturas, batalha com outros treinadores, sobe de nível, evolui seus monstrinhos e ensina novos golpes a eles, mas aqui a diferença é como acontece. As batalhas não são mais em turnos e sim em tempo real. Cada pokémon continua podendo aprender quatro movimentos e durante as batalhas cada um deles é um dos botões do controle. Como não há turnos ao usar cada movimento ele entra em recarga, com o tempo variando dependendo do poder do movimento e da velocidade do Pokémon. Isso muda a maneira de se conduzir no combate, já que você não pode simplesmente repetir o mesmo golpe até o adversário cair, sendo necessário mais do que nunca pensar na sinergia entre esses movimentos e criar um loop em que cada golpe potencialize o seguinte. É algo que me lembrou do combate em Xenoblade Chronicles e suas continuações.

Espaçamento também se torna um fator a ser levado em consideração, já que cada golpe tem sua área de efeito, disparos atingem uma linha a frente de seu pokémon, enquanto outros afetam um espaço ao redor do monstrinho e alguns atingem alvos individuais. Habilidades como Whirlpool ou Stealth Rock causam dano contínuo no pokémon que ficar em sua área de efeito. Embora o jogador continue controlando o treinador durante as batalhas, o pokémon acompanha seu dono, então basta se mover pela arena para que seu monstrinho também evite ataques. Alguns golpes, como U-Turn, também fazem a criatura se mover depois de atacar. Estar em movimento é importante para que o treinador não seja atingido, pois assim como em Legends: Arceus seu personagem também pode tomar dano e ser nocauteado por outros pokémons.

Durante a batalha os pokémons também podem megaevoluir e aqui as coisas são um pouco diferentes de games anteriores. Antes só era possível megaevoluir um monstrinho por batalha e isso durava até ele ser nocauteado ou o combate terminar. Agora o jogador pode megaevoluir quantos pokémons quiser durante a batalha desde que sua barra de mega energia esteja cheia. A transformação vai drenando a barra aos poucos e a criatura volta ao normal quando ela fica vazia. Atacar ou derrotar outras criaturas preenche a barra.

Uma das críticas às megaevoluções era como isso desequilibrava o jogo, tornando as criaturas que tinham essas transformações melhores que as demais. Aqui há uma tentativa de equilibrar isso com os Plus Moves, versões mais poderosas dos golpes que podem ser executadas gastando um segmento da barra de megaenergia. Isso ajuda a manter relevantes os pokémons sem megaevoluções, embora aqueles que as tem continuam com alguma vantagem considerando que durante a transformação todos os seus golpes se tornam Plus Moves, mas ao menos os monstrinhos sem as transformações ainda tem uma chance.

Pokémons selvagens, principalmente a partir da metade da história são bem agressivos, sendo fácil ser cercado por eles e situações assim mostram como é importante pensar no tipo de golpe que suas criaturas tem, já que efeitos de área podem derrubar vários inimigos de uma vez. Retornando de Legends: Arceus estão os pokémons alfa, versões maiores e mais poderosas das criaturas comuns e aqui alguns até vem com golpes exclusivos que aquele tipo de pokémon não aprende normalmente.

Além das batalhas contra pokémons selvagens e treinadores, outra forma de combate são as lutas contra os Rogue Mega Evolution, pokémons selvagens que megavoluíram sem um treinador e estão causando o caos na cidade. Essas criaturas são extremamente poderosas, com ataques que podem rapidamente nocautear tanto seus pokémons quanto o treinador, sendo importante saber quando atacar e quando se manter longe. Algumas dessas batalhas tem mecânicas singulares, em uma delas precisei me esconder atrás de um grande objeto para evitar que a rajada de energia do inimigo atingisse a mim e meu pokémon.

Assim, o combate sempre me manteve envolvido e interessado e mesmo as várias batalhas contra treinadores para atingir a pontuação para subir de rank nunca soaram como um grind chato e eu sempre estava disposto a mais um desafio. O combate é tão interessante que me motivou a experimentar as batalhas online (e o fato de que certas megaevoluções por enquanto só são obtidas nesse modo) e confesso que fui positivamente surpreendido.

Ao invés de combates 1x1 as batalhas online contam com quatro treinadores em uma arena aberta, cada um com três pokémons, e ganha que nocautear mais adversários em um determinado período de tempo. É um jeito diferente de pensar as batalhas, bem intenso e acelerado, mas cuja vitória não depende simplesmente de ter um pokémon super efetivo contra o adversário considerando que você vai ser atacado em várias direções, por diferentes tipos, te levando a escolher bem cada criatura e cada movimento, inclusive pensando em sua área de efeito e mobilidade. O online também é muito estável (algo raro nos games da Nintendo e especialmente em Pokémon) e em momento algum encontrei lags ou desconexão nas horas que passei nas batalhas ranqueadas online.

É por conta dessa renovação de mecânicas que Pokémon Legends Z-A entrega um game tão bacana, nos mantendo investidos em seu loop de gameplay a despeito de uma ambientação pouco interessante.

 

Nota: 8/10


Trailer

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