quinta-feira, 23 de outubro de 2025

Crítica – Jogo Sujo

 

Análise Crítica – Jogo Sujo

Eu fui assistir este Jogo Sujo, produzido pela Prime Video, com alguma curiosidade, já que o diretor e roteirista Shane Black, criador de Máquina Mortífera, dirigiu algumas das comédias de ação mais divertidas e subestimadas dos últimos anos em Beijos e Tiros (2005) e Dois Caras Legais (2016). Infelizmente, no entanto, o que acontece aqui é uma produção sem graça, mais próxima do que Black fez no fraco O Predador (2018) do que em seus melhores trabalhos.

Honra entre ladrões

A narrativa adapta um dos romances protagonizados pelo ladrão Parker, criado por Donald Westlake e que já tinha sido levado antes aos cinemas em um filme protagonizado por Jason Statham. Aqui, Parker (Mark Wahlberg) sobrevive a uma emboscada depois de um roubo e decide se vingar de quem o traiu. No caminho ele descobre que a ladra Zen (Rosa Salazar, de Alita: Anjo de Combate) um esquema de roubo ainda maior, envolvendo roubar o tesouro de uma ditadura latino-americana que está sendo exposto na ONU.

De início os personagens excêntricos e diálogos espirituosos parecem evocar o que o cinema de Black faz de melhor ao apresentar uma aventura cheia de personalidade e humor. O ladrão Grofield (Lakeith Stanfield), que usa o produto de seus roubos para administrar um teatro, ou o golpista vivido por Keegan Michael Key são exemplos das personalidades pitorescas que a narrativa nos apresenta.

Conforme o filme progride, no entanto, ele vai caindo em todos os clichês de filmes de roubo e tudo que havia de mais singular vai se diluindo. Ao invés disso acompanhamos de maneira bem burocrática os elementos típicos desse tipo de história, como Parker indo atrás de velhos conhecidos para montar sua equipe ou quando os planos iniciais são frustrados e a equipe é forçada a improvisar. Ainda há o problema de todos os clichês e estereótipos sobre América Latina que o filme reproduz, com o vilão sendo uma caricatura de ditador.

Não ajuda que esse miolo se estende mais do devia com um excesso de personagens e reviravoltas que só fazem alongar a narrativa a desnecessárias duas horas e dez quando não há estofo em sua trama ou personagens para sustentar essa duração. É o tipo de aventura que funcionaria melhor como uma produção despretensiosa e mais concisa. A ação diverte pelo senso de exagero e absurdo, como no momento em que os personagens correm para desviar de um trem que cai em alta velocidade sobre eles ou a perseguição inicial que leva os carros a uma pista de hipismo. Infelizmente, esses elementos não são suficientes para que Jogo Sujo consiga se elevar para algo além de mais uma produção esquecível de streaming.


Nota: 5/10


Trailer


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