Dando sangue
O segundo ano começa algum tempo depois da primeira temporada em que Marie (Jaz Sinclair) e os demais “Guardiões da Godolkin” foram aprisionados e considerados culpados pela tragédia que, na verdade, ajudaram a evitar. Marie conseguiu escapar e tenta reencontrar a irmã da qual foi separada desde a infância. As coisas mudam quando ela encontra Annie (Erin Moriarty), a Luz-Estrela, que se tornou a principal força de oposição ao Capitão Pátria (Antony Starr). Annie pede que Marie retorne à universidade Godolkin para investigar o misterioso Projeto Odessa, que aparentemente daria uma arma contra o Capitão Pátria. A contragosto Marie retorna e descobre que seus colegas também foram levados de volta e todos tem a imagem reabilitada pelo novo reitor Cipher (Hamish Linklater), que tem um interesse especial em Marie e em desenvolver seus poderes.
A temporada explora as consequências do final da temporada mais recente de The Boys, com o discurso supremacista do Capitão Pátria tomando o campus da universidade que se tornou um terreno bem mais hostil a dissidências, com qualquer um que critique a ideologia dominante sendo tachado de “luz estrelita” podendo se tornar alvo de perseguição. É algo que reflete a ascensão do conservadorismo extremado nos Estados Unidos e como grandes corporações tem mudado seu posicionamento em virtude disso. Um exemplo é o tratamento dado a Jordan (Derek Luh/London Thor), que passa a ser tratada como uma aberração a ser eliminada.
O novo reitor acaba sendo o ponto focal de parte da narrativa. Cipher é uma figura enigmática, envolta em mistério. Ele age como se fosse muito poderoso, mas ninguém sabe quais são as habilidades dele, de onde ele vem ou o motivo dele ser obcecado em continuar a pesquisa de Thomas Godolkin (Ethan Slater, de Wicked). Cipher constantemente manobra para criar situações para incentivar Marie a usar seus poderes, com suas motivações sendo parte do mistério que o envolve.
Classe em conflito
Os conflitos entre os personagens repercutem a ruptura que houve no primeiro ano, com Sam (Asa Germann) e Cate (Maddie Phillips) ficando do lado do Capitão Pátria. Agora, Marie, Jordan e Emma (Lizze Broadway) se veem obrigados a cooperar com eles já que Cipher é uma ameaça que paira sobre todos. O grupo também lida com o falecimento de Andre (Chance Perdomo, que lamentavelmente morreu antes da temporada ser filmada) durante o tempo em que ficaram cativos e como isso afeta o pai dele, Polaridade (Sean Patrick Thomas), que volta para Godolkin para investigar Cipher e o que aconteceu com o filho.
Assim como na temporada anterior há um foco em entender esses personagens, o que os move e como esses traumas afetam seus poderes. Emma continua a desatrelar seus problemas de imagem ao uso dos poderes de alteração de tamanho, conseguindo mais domínio em como usar suas habilidades. Sam tenta compreender sua instabilidade mental ao se reaproximar dos pais em um arco que avança sua jornada emocional, mas ainda evidencia que ele ainda tem um longo caminho a percorrer. Inclusive quando ele perde o controle diante dos pais pensei que ele seria rejeitado por eles, regredindo seu progresso e, felizmente, a série não faz isso.
Falando em surpresas, a temporada vai dando várias pistas de qual é o segredo de Cipher ao ponto em que espectadores mais atentos serão capazes de antever a revelação de sua verdadeira natureza. Ser capaz de prever, no entanto, não tira o impacto do momento, já que quando a revelação vem há tanto em jogo para os personagens e cria uma mudança brusca na dinâmica de poder que não torna o momento entediante ou sem graça para quem conseguiu imaginar o que viria. É o tipo de coisa que lembra que mais importante do que acontece é como isso é contado e tudo que envolve essa revelação é carregado de um senso de urgência que nos envolve mesmo quando você já imagina qual será a revelação.
Como todas as outras produções situadas no universo de The Boys a trama também traz consigo um senso de absurdo por conta dos poderes de alguns personagens, como o sujeito que tem um buraco negro no ânus, e pela violência exacerbada de suas cenas de ação, principalmente quando esses momentos sanguinários são inesperados, a exemplo da cena em que a filha de Victoria Neuman (Claudia Doumit) executa de maneira brutal um super que estava perseguindo Marie e seus aliados.
Trazendo comédia, ação e
comentário social, a segunda temporada de Gen
V continua o consistente desenvolvimento de personagens iniciado em seu ano
de estreia ao mesmo tempo em que pavimenta os caminhos para a temporada final
de The Boys.
Nota: 8/10
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