quinta-feira, 16 de outubro de 2025

Crítica – John Candy: Eu Me Amo

 

Análise Crítica – John Candy: Eu Me Amo

Review – John Candy: Eu Me Amo
Na década de 80 o ator de John Candy era uma presença constante em comédias hollywoodianas, em especial por sua parceria com o diretor John Hughes, com quem colaborou em nove filmes. Candy faleceu em 94 por conta de um infarto, encerrando precocemente uma carreira que ainda tinha muito potencial. Dirigido por Colin Hanks, o documentário John Candy: Eu Me Amo é um tributo e um estudo da vida de Candy.

Gigante gentil

O documentário narra a vida de Candy desde a juventude, quando perde o pai aos cinco anos, um acontecimento que marca sua vida. A partir daí, o filme acompanha a sua juventude conforme ele ganha interesse por atuar, o crescimento de sua carreira e seus últimos anos de vida. Estruturalmente é um documentário biográfico bem comum, se valendo de imagens de arquivo e entrevistas para contar sua história. O que sustenta o filme, a despeito dessas estruturas típicas, é o acesso que o diretor Colin Hanks tem tanto a material de arquivo quando às pessoas próximas de John Candy.

Com imagens do acervo pessoal da família de Candy, inclusive vídeos que o ator fez ao longo dos anos de sua família e amigos, além de depoimentos de várias pessoas que trabalharam com ele como Bill Murray, Steve Martin, Martin Short, Eugene Levy, Catherine O’Hara, Macauley Culkin, Mel Brooks, Conan O’Brien ou Tom Hanks (pai do diretor Colin Hanks) ajudam a entender quem Candy era por trás das câmeras. O que essas pessoas, tanto colegas quanto familiares narram, é o quanto Candy era um profissional dedicado, um sujeito generoso e alguém que se preocupava com os colegas. Chama atenção a fala de Macauley Culkin, que narra como durante as gravações de Quem Vê Cara Não Vê Coração (1989), quando Culkin tinha apenas oito anos, Candy já notava a relação tóxica do garoto com o pai e tentava tomar conta de Culkin de um jeito que ele próprio narra que ninguém mais em Hollywood tentou ao longo dos anos, mesmo quando a relação dele com pai piorou.

Tal como nos filmes, vemos como Candy na vida real se assemelhava à maioria de seus personagens, um sujeito bonachão, engraçado, que chamava atenção por onde passava e que tinha um grande coração. Seria cômodo para o filme ser uma produção meramente laudatória, ainda mais considerando a morte precoce de Candy aos 54 anos, mas há um esforço de observar outras facetas do ator.

Problemas de imagem

A narrativa também analisa como Candy, a despeito de seu sucesso, era um homem profundamente inseguro. Primeiro por conta da aparência, sendo constantemente julgado e sendo alvo de piadas no ambiente midiático por ser um homem obeso. Outra fonte de sua insegurança e ansiedade era a perda do pai, que morreu aos 35 anos de problemas no coração. Sabendo que essas questões de saúde eram comuns em sua família (o irmão de Candy também teve um infarto ainda jovem) também eram fonte de tensão para o ator. Uma ansiedade que, paradoxalmente, ele descontava na comida e na bebida.

Amigos e parentes narram como esses excessos eram um modo dele tentar dar conta dos próprios sentimentos e que nos últimos anos o ator sequer ia regularmente ao médico porque sabia que seria instruído a comer e beber menos, algo que ele não estava disposto a fazer. É uma história que mostra como padrões estéticos também afetam homens e que até mesmo as pessoas mais gentis enfrentam seus próprios demônios a despeito de sempre parecerem solícitas e alegres.

Mesmo que relativamente quadrado, John Candy: Eu Me Amo entrega um tributo afetuoso ao seu biografado que se sustenta principalmente por conta de seu amplo acesso a fontes e material de arquivo.

 

Nota: 7/10


Trailer

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