quarta-feira, 22 de outubro de 2025

Crítica – Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado

 

Análise Crítica – Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado

Review – Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado
Lançado em 1997 Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado não era lá grande coisa, mas surfou na onda do revival de filmes slasher causado pelo sucesso do primeiro Pânico, tendo também em seu favor um jovem elenco de astros em ascensão como Ryan Phillipe, Sarah Michelle Gellar, Jennifer Love Hewitt e Freddie Prinze Jr. A tentativa de transformar esse filme em uma franquia morreu na praia na péssima continuação lançada um ano depois. Este novo Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado tenta renovar esses filmes em uma produção que não consegue se decidir se é um reboot ou uma continuação tardia e não faz nada digno de nota.

Feriado macabro

Como no filme original, a história acompanha um grupo de jovens que, depois de uma noite de bebedeira, causam um acidente na estrada matando uma pessoa. Como o lugar era deserto e não tinha mais ninguém eles fazem um pacto de nunca mais falar sobre isso. Dois anos depois eles se afastaram por conta do trauma, mas Ava (Chase Sui Wonders) retorna para sua cidade por conta do aniversário de Danica (Madelyn Cline). Durante a festa Danica recebe um bilhete com o lembrete do que aconteceu e logo uma estranha figura portando um gancho começa a atacar os envolvidos. Sem saber como lidar com a ameaça Ava procura Julie (Jennifer Love Hewitt) para entender como ela sobreviveu no passado.

O primeiro problema é que os personagens são páginas em branco, sem qualquer traço de personalidade. Sim, no filme original nenhum personagem era exatamente complexo, com Julie sendo mais definida pelo tamanho dos seios do que por qualquer traço de personalidade, mas ao menos figuras como Sarah Michelle Gellar e outros membros do elenco tinham carisma para sustentar seus personagens, o que não acontece aqui. Eu precisei entrar no IMDb para lembrar o nome dos personagens porque todos eles são tão sem graça que não consegui reter nenhum deles na memória e olha que eu assisti o filme na noite anterior à manhã em que escrevo esse texto.

As circunstâncias da trama são mal construídas. Se no original é possível entender que a morte causada por eles soa como uma fatalidade irresponsável de adolescentes idiotas, aqui eles conscientemente agem de maneira a provocar um acidente que ainda dá a chance deles prestarem socorro à vítima e ainda assim escolhem não fazer. A mudança torna os personagens mais desprezíveis do que no original e só fica pior quando o filme revela quem era o responsável pelas mortes.

Como a quantidade de suspeitos era pouca, a revelação acaba sendo óbvia e bem estúpida, já que tornar um dos membros do grupo o assassino não faz sentido dada a maneira como o acidente é construído. Afinal o assassino foi cúmplice da morte da qual quer se vingar, não fez nada quando poderia ao menos ter tentado prestar socorro, então é difícil crer na fúria homicida da pessoa.

Nostalgia tola

Talvez ciente de que a revelação do assassino era ruim, o filme tenta colocar outra reviravolta em cima disso ao apresentar a ideia de que havia um cúmplice e que era um dos personagens do filme original. Imagino que os responsáveis do filme pensaram que isso seria uma grande sacada e até poderia ser se fosse bem construído, mas não. A revelação soa gratuita, jogada de qualquer jeito para chocar, com a guinada do personagem não soando coerente ou merecida, sendo mais idiota do que impactante.

Na verdade a maioria das tentativas de referenciar o original soam forçadas, como o momento em que Danica tem um pesadelo com a miss interpretada por Sarah Michelle Gellar. Porque ela sonharia com alguém que nunca conheceu, que morreu antes dela nascer, não tinha qualquer conexão antes dos assassinatos e sequer sabia que existia antes de tudo começar? A resposta é que isso está lá apenas para forçar um apelo nostálgico, como se o mero ato de mencionar algo que conhecemos nos fizesse gostar do filme. Não há muito motivo para que os protagonistas visitem as lápides dos mortos no original ou os locais de seus assassinatos que não ficar referenciando o original para espremer uma nostalgia inane. A impressão é que o filme está mais interessado em ficar referenciando o passado do que construir seus novos protagonistas ou fazer qualquer coisa interessante com eles. Esse foco em nostalgia e na criação de uma franquia culmina na cena pós-créditos mais risível e despropositada desde Morbius (2022).

Se as mortes ao menos fossem criativas, tivessem um gore bem executado ou pelo menos fossem bem filmadas ao menos haveria alguma diversão a ser extraída aqui, só que nem isso o filme consegue oferecer. As cenas de perseguição e ataque do assassino sofrem com uma montagem excessiva e uma brutalidade pouco criativa ou impactante, carecendo de violência, sadismo ou mesmo de um senso de absurdo que marca alguns slashers.

Com uma trama estúpida, protagonistas sem sal, uma tentativa vazia de apelo nostálgico (por algo que nem era tão bom assim para começo de conversa) e mortes desprovidas de qualquer impacto ou tensão, o novo Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado é uma imensa perda de tempo.

 

Nota: 2/10


Trailer

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