segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Crítica – Batman

 

Análise Crítica – Batman

Review – Batman
A trilogia Batman de Christopher Nolan criou uma espécie de modelo para filmes de super-heróis em termos de apresentarem um realismo convincente ao mesmo tempo em que mantinha a grandiloquência deste tipo de história. Mais de dez anos depois do fim da trilogia, ela continua influenciando a produção deste tipo de história, como este novo Batman, dirigido por Matt Reeves. A questão é que agora esse modelo “nolanizado” de realismo funcional soa mais como limitador do que ampliador de horizontes.

Na trama, Bruce Wayne (Robert Pattinson) já está há dois anos trabalhando como Batman e questiona se está fazendo alguma diferença. Tudo muda quando o misterioso Charada (Paul Dano) começa a matar figuras proeminentes de Gotham City. Cabe ao Batman investigar os crimes ao lado do tenente Gordon (Jeffrey Wright), seu único aliado em meio à corrupção que assola a polícia, e da misteriosa Selina Kyle (Zoe Kravitz), que esconde uma ligação com o mafioso Carmine Falcone (John Turturro).

É uma trama que foca mais no lado detetivesco do Batman e que, por isso, consegue trazer algum frescor, já que é uma faceta que sempre foi deixada de lado em outras versões do personagem. Por outro lado, toda a abordagem que remete ao trabalho de diretores como Michael Mann ou David Fincher já tinha sido explorada na trilogia de Nolan e, nesse sentido, o filme de Reeves acaba sendo mais um retrato realista e funcional do homem morcego, com pouco a se diferenciar do que veio antes.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

Crítica – The King of Fighters XV

 

Análise Crítica – The King of Fighters XV

Review – The King of Fighters XV

Quando joguei o primeiro beta de The King of Fighters XV confesso que fiquei bem empolgado. Era um refinamento de tudo que KOF XIV tinha feito com melhores e melhor netcode. Não cheguei a jogar o segundo beta, mas tudo parecia bem promissor. Tendo jogado o produto final, devo dizer que ele entregou tudo que o beta prometia, ainda que falte variedade nos modos.

A trama segue os eventos de KOF XIV. Depois da derrota de Verse, que trouxe de volta personagens que todos acreditavam estar mortos para sempre, um novo torneio é organizado. Shun’ei continua a tentar entender seus poderes, se juntando a Meitenkun e Benimaru, mas o herói encontra uma rival em Isla, uma garota com poderes similares aos seus. Isla se junta à misteriosa sacerdotisa Dolores e a Heidern, que tentam desvendar os mistérios de Verse.

O que o jogo chama de Modo História é basicamente um tradicional modo arcade, no qual o jogador enfrenta uma série de adversários da CPU até enfrentar o chefão final e assistir o desfecho de sua equipe. É bem apresentado, com algumas cutscenes plenamente computadorizadas (principalmente para algumas equipes canônicas) e os finais trazem bastante da trama, embora sejam compostos de imagens estáticas e texto sem voz. Inserir dublagem nos finais ajudaria a dar mais alguma emoção a esses desfechos.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

Crítica – The Sinner: 4ª Temporada

 

Análise Crítica – The Sinner: 4ª Temporada

Review – The Sinner: 4ª Temporada
Depois de uma fraca terceira temporada com um antagonista raso, The Sinner volta à sua boa forma com uma trama mais instigante e personagens interessantes, ainda que o arco do detetive Ambrose não tenha muito a dizer sobre o protagonista. Na trama, Harry Ambrose (Bill Pullman) está aposentado e vai passar férias em uma ilha junto com sua nova namorada. Lá ele conhece a jovem Percy (Alice Kremelberg), com quem desenvolve uma amizade. Quando Percy desaparece, supostamente tendo cometido suicídio, Ambrose se envolve na investigação e começa a desencavar segredos ocultos da pequena cidade.

A trama já se diferencia das outras temporadas ao começar com um suicídio ao invés de assassinato. Isso permite explorar outras facetas de culpa, conforme a investigação de Harry aponta para Percy guardando um segredo que tornou impossível de suportar. A culpa é algo que corrói a jovem por dentro e entender de onde vem um sentimento tão poderoso, tão insuportável que a impele ao suicídio, é a principal força que move a temporada.

Alice Kremelberg aparece relativamente pouco considerando a centralidade de Percy para a trama, mas faz valer cada cena ao construir Percy com um desespero silencioso. Uma pessoa que mesmo quando parece serena ou estoica, demonstra um olhar cansado e uma expressão de que carrega consigo um peso muito maior do que seria capaz de suportar.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

Crítica – Mães Paralelas

 

Análise Crítica – Mães Paralelas

Review – Mães Paralelas
Mais novo trabalho de Pedro Almodóvar, Mães Paralelas parte de uma das mais batidas premissas do melodrama: a troca de bebês. Apesar disso, o diretor espanhol insere outros elementos que afastam seu filme de uma mera reprodução de clichês e traz outras ponderações para além do tema da maternidade.

A trama é centrada em Janis (Penélope Cruz) e Ana (Milena Smit), duas mulheres cujo parto ocorre no mesmo dia e dividem um quarto de hospital. Quando Janis volta para casa, o pai de sua filha, Arturo (Israel Elejalde) diz não reconhecer a criança, achando não ser o pai. Janis faz um teste de DNA e descobre que ela também não é a mãe do bebê que levou para casa, desconfiando que sua filha foi trocada com a de Ana na maternidade. Assim, ela eventualmente procura Ana, mas ao saber que o bebê que Ana levou para casa morreu, Janis desiste de contar a verdade, mas traz Ana para trabalhar de babá da filha. Aos poucos as duas se aproximam e outros sentimentos afloram.

Como disse antes, o filme podia focar nessa tragédia da troca dos bebês e no sentimento que isso gera, mas parte desse microcosmo para falar sobre maternidade e memória. Sobre o peso das escolhas que mulheres fazem (ou são forçadas a fazer quando se tornam mães) e da importância da memória e conhecimento sobre suas origens. Janis é uma mulher que não conheceu o pai e cuja família é composta de gerações de mães solteiras. Ana não tem certeza do pai de sua filha, que pode ser fruto de um estupro e tem uma relação distante com a mãe que a deixou com o pai para tentar ser atriz. São pessoas marcadas pelo que não conhecem sobre si mesmas ou suas famílias e, por isso, sentem-se à deriva em muitos momentos.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

Crítica – No Ritmo do Coração

 

Análise Crítica – No Ritmo do Coração

Review – No Ritmo do Coração
Em seu cerne, No Ritmo do Coração é a típica história de um jovem que busca o sonho de ser artista, mas enfrenta resistência da família por ir contra os planos daquilo que esperavam. É algo bem prototípico, presente desde O Cantor de Jazz (1927), um dos primeiros filmes falados. No Ritmo do Coração, no entanto, se diferencia ao falar sobre a experiência de PCDs, especificamente uma família de surdos.

Na trama, Ruby (Emilia Jones) está terminando o colegial e é incentivada por um professor a tentar faculdade de canto. Ela é a única pessoa capaz de ouvir em sua casa, com o pai, Frank (Troy Kutsur), a mãe, Jackie (Marlee Matlin), e o irmão Leo (Daniel Durant), sendo surdos. A família de Ruby trabalha com pesca e eles se acostumaram a ter Ruby como voz e intérprete no seu cotidiano de trabalho. Assim, quando ela começa a se afastar da família para se preparar para tentar uma bolsa de estudos para a faculdade, isso cria conflitos em casa.

Seria aquela estrutura já conhecida da jovem em busca de um sonho que já ouvimos tantas vezes, mas aqui essa trama familiar é usada para falar sobre as experiências das pessoas surdas em nossa sociedade e como é viver em uma família assim. Há uma naturalidade enorme na convivência entre o elenco que interpreta o núcleo familiar principal, nos fazendo acreditar que são de fato pessoas que viveram sempre juntas. O trabalho de Troy Kutsur se destaca, fazendo de Frank um sujeito endurecido pelas dificuldades da vida, mas ainda assim um sujeito bem humorado que ama a esposa e os filhos. Eugenio Derbez também traz leveza e humor como o professor de música de Ruby.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

Crítica – Pacificador: 1ª Temporada

 

Análise Crítica – Pacificador: 1ª Temporada

Review – Pacificador: 1ª Temporada
Quando a série do Pacificador foi anunciada antes mesmo da estreia de O Esquadrão Suicida (2021), parecia que mais uma vez a Warner/DC estava metendo os pés pelas mãos forçando o seu universo compartilhado sem saber se funcionaria. Felizmente não só o filme do Esquadrão dirigido por James Gunn é bem bacana, como série surpreende e consegue humanizar um personagem que, de outro modo, seria meramente um babaca fascistoide.

Depois dos eventos de O Esquadrão Suicida, o Pacificador (John Cena) sai do hospital e é mais uma vez recrutado pela Argus para caçar as “borboletas”, seres alienígenas que estão controlando a mente de pessoas em posições de poder. A nova missão também coloca o personagem em rota de colisão com o pai, Auggie (Robert Patrick), que lidera uma gangue de supremacistas brancos.

Desde as primeiras cenas quando um faxineiro do hospital faz piada com o fato do Pacificador ser um exterminador de minorias, já fica claro que James Gunn quer usar essa trama e o personagem como um indiciamento desses heróis violentos que acham que matar os inimigos resolve tudo. Assim como em O Esquadrão Suicida, o roteiro usa ironia para apontar o paradoxo do raciocínio do Pacificador em matar qualquer um em nome da paz e como esse discurso é algo que cabe mais a tiranos ou genocidas do que um super-herói.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

Crítica – Inventando Anna

 

Análise – Inventando Anna

Review – Inventando Anna
O final de uma narrativa é muito decisivo na nossa experiência. Por melhor que seja a trama, ela pode ser prejudicada por um final ruim. De maneira semelhante, um bom final pode nos fazer perdoar os problemas que a narrativa apresentou ao longo do percurso. A minissérie Inventando Anna, produzida por Shonda Rhimes se encaixa mais na primeira categoria, com uma ótima construção de suas personagens, mas perde força em seu último episódio.

A trama é baseada em eventos reais, contando a história de Anna Delvey (Julia Garner), uma jovem de origem russa que ganhou destaque na alta sociedade de Nova Iorque ao fingir se passar por uma rica herdeira alemã. Ao longo de meses ela circulou na alta roda da cidade e quase conseguiu empréstimos milionários de grandes bancos para construir um clube social de luxo. Eventualmente Anna é presa por conta das várias pessoas e empresas que engambelou em seus esquemas, despertando a atenção da jornalista Vivian Kent (Anna Chlumsky) que decide fazer uma reportagem sobre ela.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

Crítica – Reacher: 1ª Temporada

 

Análise Crítica – Reacher: 1ª Temporada

Review – Reacher: 1ª Temporada

Não esperava grande coisa de Reacher. Os filmes com o personagem que foram estrelados por Tom Cruise eram bem básicos e se sustentavam basicamente pelo carisma do astro. Não tinha muita esperança que sem Cruise ou um grande nome como ele o material pudesse resultar em grande coisa. Depois de assistir toda a primeira temporada, confesso que é melhor do que imaginei.

Na trama, Jack Reacher (Alan Ritchson) está viajando pelo interior dos Estados Unidos quando chega a uma pequena cidade no interior da Geórgia. Lá, acontece um assassinato e como ele é o único forasteiro, logo é considerado suspeito. Agora ele precisa desvendar o crime e provar a inocência. Para isso terá a ajuda do detetive Finlay (Michael Goodwin) e da policial Roscoe (Willa Fitzgerald).

A trama tem alguns eventos excessivamente convenientes no primeiro episódio, mas, no geral, é hábil no manejo da intriga e na criação de uma atmosfera de suspense na qual não sabemos em quem confiar e qualquer um pode estar envolvido na grande conspiração que corrompe a cidade. A temporada consegue nos manter envolvidos no mistério e também trazer algumas reviravoltas inesperadas que constantemente nos fazer reavaliar o que sabemos.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

Crítica – Spencer

 

Análise Crítica – Spencer

Review – Spencer
Depois de falar sobre Jaqueline Kennedy em Jackie (2016), o diretor chileno Pablo Larraín agora se volta para falar de outra figura feminina do universo político/midiático neste Spencer, acompanhando a princesa Diana. A trama, baseada em eventos reais, acompanha os últimos dias de Diana (Kristen Stewart) na corte britânica até sua eventual decisão de deixar tudo e pedir divórcio do príncipe Charles.

A escolha da escala de planos já mostra muito como Diana se sente em meio à corte. A maioria dos planos se divide entre tomadas bastante abertas que mostram Diana sozinha nos grandes salões ou campinas, evidenciando seu isolamento do resto da corte. Até mesmo a cena em que ela conversa com Charles (Jack Farthing) ao redor de uma mesa de sinuca opta por enquadrá-los à distância, como que mostrando o quanto eles estão distanciados enquanto casal.

O outro tipo de enquadramento mais comum é o super close, com a câmera praticamente invadindo o espaço pessoal de Diana, não lhe dando nenhum espaço e criando um sentimento de opressão, como se ele estivesse sendo sempre observada e vigiada de perto, não dando a ela espaço para respirar. Sem um momento de privacidade ou algum instante que não seja devidamente controlado ou cronometrado pela corte. A todo momento a protagonista é interpelada por criados e funcionários que lhe lembram onde deve estar, o que vestir ou como se comportar. A impressão é que Diana é mais uma prisioneira do lugar do que uma habitante.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

Crítica – Uncharted: Fora do Mapa

Análise Crítica – Uncharted: Fora do Mapa


Review – Uncharted: Fora do Mapa
Apesar de adorar os games de Uncharted, não tive nenhuma empolgação quando esta adaptação para os cinemas, Uncharted: Fora do Mapa (sim, colocaram esse subtítulo redundante), foi anunciada. Os jogos já eram cinematográficos por natureza e não imagino o que a transição para live action poderia acrescentar em termos de narrativa, personagens ou ação. Tendo visto o filme, percebo que tinha razão.

A trama acompanha um jovem Nathan Drake (Tom Holland) conhecendo Sully (Mark Wahlberg) pela primeira vez e embarcando na primeira missão juntos. A dupla busca o tesouro de Magalhães, perdido há séculos. Eles, no entanto, não são os únicos perseguindo o tesouro, já que o perigoso milionário Moncada (Antonio Banderas) também busca o ouro perdido.

A primeira coisa que chama atenção é que o filme não parece se decidir em fazer algo totalmente novo ou simplesmente seguir os jogos. A ideia de recontar a história de Nathan, começando a cronologia do zero indicaria que o filme quer seguir seu próprio caminho. No entanto, o filme também insere situações e cenas de ação tiradas diretamente dos jogos, como a luta no avião do terceiro jogo ou o navio encalhado numa caverna do quarto jogo. Se a ideia era começar do zero, porque já reproduzir situações de aventuras com um Nathan mais experiente? Por outro lado, se queriam reproduzir os jogos, porque não adaptar diretamente um dos games? Com isso, o filme fica em um meio termo morno entre uma aventura original e uma adaptação direta, carecendo de identidade.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

Crítica – Licorice Pizza

 

Análise Crítica – Licorice Pizza

Review – Licorice Pizza
Já em seu título Licorice Pizza nos apresenta a uma mistura atípica de elementos doces e salgados que nunca deveriam se juntar. Essa ideia de uma mistura agridoce e caótica que deveria resultar em desastre mas que acaba dando um inesperado sabor serve como uma metáfora para a história dos dois protagonistas.

A trama se passa na Los Angeles da década de 1970, seguindo o astro mirim Gary (Cooper Hoffman) que se apaixona pela fotógrafa Alana (Alana Haim), dez anos mais velha que ele. Alana rejeita as investidas amorosas de Gary, mas fica amiga dele e decide ajudá-lo em seus empreendimentos. Aos poucos eles se aproximam e conhecem figuras pitorescas das Hollywood de então.

Há uma energia caótica que une Gary e Alana ao longo de suas perambulações pelos vales californianos, duas pessoas em pontos distintos da vida e com perspectivas diferentes de futuro. Em tese seria uma trama clichê de “opostos se atraem”, mas é justamente por conta dessa energia caótica, dos choques e cumplicidades entre esses dois personagens que o filme se eleva acima de uma premissa tão básica.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

Crítica – Morte no Nilo

 

 

Análise Crítica – Morte no Nilo

Review Crítica – Morte no Nilo
Confesso que apesar de adorar as histórias de Hercule Poirot, achei Assassinato no Expresso do Oriente (2017) aquém do que poderia ter sido, inclusive por não lidar com alguns problemas do romance original. Já este Morte no Nilo funciona melhor, inclusive dentro da proposta de um Poirot menos “calculadora humana” que o filme anterior já ensaiava e não construía tão bem. Ou talvez o romance original Morte no Nilo não esteja tão fresco em minha memória quanto Assassinato no Expresso do Oriente estava quando vi o anterior.

Na trama, Poirot (Kenneth Branagh) está de férias no Egito quando encontra o amigo Bouc (Tom Bateman), que o convida para acompanhar ele na comitiva de férias da recém-casada ricaça Linnet (Gal Gadot) e seu marido Simon (Armie Hammer). Quando Linnet é encontrada morta em sua cabine durante uma viagem de barco pelo Rio Nilo, cabe a Poirot descobrir qual dos passageiros é o culpado.

A trama demora a engrenar, levando muito tempo posicionando os personagens e explicando o passado deles até efetivamente ocorrer o assassinato. Talvez tivesse sido melhor se boa parte desses eventos passados tivessem sido mostrados em flashbacks e o crime acontecesse mais cedo, já que todo mundo sabe quem vai ser morta (a trama é pouco sutil em prefigurar isso, inclusive) e adiar demais isso torna tudo um exercício de paciência.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

Crítica – Murderville

 

Análise Crítica – Murderville

Review – Murderville
Adaptando uma série britânica, Murderville, nova produção da Netflix, tenta misturar trama policial com jogos de improvisação. A trama é centrada no policial Terry Seattle (Will Arnett) que a cada episódio recebe um convidado especial diferente como parceiro. A questão é que esse convidado não tem o roteiro do episódio, não sabe o que vai acontecer e precisa improvisar suas ações enquanto segue Terry na investigação, ao final o convidado precisa apontar corretamente quem é o culpado.

Apesar da ideia de tudo ser construído em cima de improviso, o formato é um pouco mais engessado do que se imaginaria. Todo episódio segue a mesmíssima estrutura, com o convidado conhecendo Terry em seu escritório, depois uma cena com a legista Amber (Lilan Bowden) na qual ela dá as principais pistas do caso, depois uma cena com cada um dos três suspeitos, por fim uma cena com todos os suspeitos reunidos para que o convidado aponte o culpado. Esse formato rígido acaba tornando tudo menos caótico do que se esperaria de uma trama centrada em improviso.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

Crítica – O Golpista do Tinder

 

Análise Crítica – O Golpista do Tinder

Review – O Golpista do Tinder
Produzido pela Netflix, o documentário O Golpista do Tinder é daqueles que mostram como a realidade pode ser mais maluca que ficção. A narrativa segue algumas mulheres que teriam conhecido via Tinder um suposto herdeiro de uma empresa bilionária de diamantes. Eles se apaixonam e tudo parece um conto de fadas até que o suposto herdeiro, durante uma viagem de negócios manda um vídeo de seu segurança em um hospital depois de supostamente tê-lo protegido de um atentado. Ele diz que está sendo caçado por traficantes de joias e que precisa usar o cartão de crédito da namorada, já que os dele estão sendo rastreados pelos inimigos. As vítimas logo mandam para ele os dados do cartão e logo o suposto herdeiro começa a pedir que elas aumentem o limite e demanda mais dinheiro.

Em termos de formato, é idêntico a todos os outros documentários sobre crimes reais que vemos na Netflix ou em outras plataformas, recorrendo a entrevistas imagens de arquivo e encenações. O diferente, além da história singular que narra, é como a montagem confere ritmo à trama, mantendo tudo ágil, tenso e constantemente apresentando novas guinadas. Ao longo da projeção a trama passa de algo curioso, para revoltante, para catártico e então revoltante de novo. Dizer mais seria estragar as surpresas da narrativa.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

Crítica – A Vida Depois

 

Análise Crítica – A Vida Depois

Review – A Vida Depois
Em uma das primeiras cenas de A Vida Depois, a protagonista se levanta da mesa e imediatamente seus pais e sua irmã se levantam como num pulo perguntando se está tudo bem com ela. A garota responde que sim e assim que ela sai a família mostra uma dor contida. Esse breve momento dá a tônica da trama, de como seu olhar sobre o trauma é menos sobre grandes momentos de drama e mais sobre os silêncios, sobre o não dito, sobre o sofrimento implícito que achamos que podemos ignorar, mas inevitavelmente se faz presente.

Na trama, Vada (Jenna Ortega) é uma colegial cuja escola é invadida por um atirador que mata alguns de seus colegas. Na hora do evento Vada estava no banheiro e fica lá escondida ao lado de Mia (Maddie Ziegler), uma das garotas populares, e de Quinton (Niles Fitch), um garoto assustado que entra no banheiro feminino para se esconder dos tiros.

Apesar de não ter testemunhado diretamente os eventos, Vada fica claramente impactada pelo que aconteceu, despertando preocupação dos pais. Por conta da experiência traumática que viveram juntas, Vada e Mia acabam se aproximando na tentativa de lidarem com o que aconteceu. É curiosa a escolha por mostrar essa tragédia sob a ótica de pessoas que não se envolveram diretamente com os eventos, a decisão serve para mostrar como esse tipo de violência deixa marcas até mesmo em quem estava às margens do acontecimento.

Conheçam os indicados ao Oscar 2022

 

Indicados ao Oscar 2022

A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas divulgou hoje, oito de fevereiro, os indicados ao Oscar 2022. O filme Ataque dos Cães teve o maior número de indicações, com doze menções, enquanto Duna ficou em segundo lugar com dez. Entre as surpresas está a indicação de Jessica Chastain a melhor atriz por In the Eyes of Tammy Faye enquanto que Casa Gucci surpreendeu ao ser indicado apenas por maquiagem e cabelo. A entrega dos prêmios deve acontecer no dia 27 de março e pela primeira desde 2018 a cerimônia terá um apresentador. Confiram abaixo a lista completa de indicados.

 

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

Crítica – Pokémon Legends: Arceus

 

Análise Crítica – Pokémon Legends: Arceus

Review – Pokémon Legends: Arceus
Desde os primeiros trailers, Pokémon Legends: Arceus parecia o game 3D de Pokémon que eu sempre tinha imaginado desde a época de Pokémon Red/Blue no Game Boy. As imagens mostravam um treinador caminhando por espaços abertos, podendo arremessar pokébolas furtivamente nas criaturinhas ou ser atacado por elas caso fosse visto, com batalhas entre pokémons acontecendo no próprio cenário, sem transição para uma arena de batalha genérica. Restava saber se o produto final estava à altura da promessa.

A trama gira em torno de um garoto sem memória que misteriosamente chega na região de Hisui (basicamente uma versão feudal de Sinnoh). Lá ele acaba se juntando à expedição do Galaxy Team para explorar os mistérios da região e ajudar o Professor Laventon a fazer a primeira Pokédex da história. Além disso, o jovem precisa ajudar os clãs locais, Diamante e Pérola, a manterem a paz entre si e acalmarem os pokémons lendários que servem como lordes da ilha. Essas poderosas criaturas entraram num frenesi agressivo desde que estranhas fendas aparecerem e agora é preciso desvendar o que está por trás da crise.

Indicados ao Framboesa de Ouro 2022

 

Indicados ao Framboesa de Ouro 2022

O Framboesa de Ouro, premiação que “homenageia” os piores do ano lançou hoje, 7 de fevereiro, sua lista de indicados. Entre os mais indicados estão Diana: O Musical, Querido Evan Hansen e Space Jam: Um Novo Legado. A surpresa veio por conta de uma nova categoria inteira dedicada a Bruce Willis, já que o astro de Duro de Matar tem feito ultimamente uma série de produções de baixo orçamento e todas são muito ruins. Entre os esnobados está Conquista, que chegou a figurar em nossa lista de piores do ano passado, que recebeu apenas uma indicação de pior atriz para Ruby Rose quando merecia menções em pior filme, direção, roteiro e ator coadjuvante (Morgan Freeman). A entrega dos prêmios acontecerá no dia 26 de março. Confiram abaixo a lista completa.

 

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

Crítica – Free Guy: Assumindo o Controle

 

Análise Crítica – Free Guy: Assumindo o Controle

Review – Free Guy: Assumindo o Controle
Não esperava muita coisa deste Free Guy: Assumindo o Controle, mas confesso que o resultado é uma aventura divertida, que brinca de maneira esperta com muitas convenções de games. A trama gira em torno de Guy (Ryan Reynolds), um caixa de banco que descobre que ele é um NPC em um game online. Ele se apaixona por uma usuária (Jodie Comer, de Killing Eve) e decide ajudá-la a encontrar provas de que o dono da empresa responsável pelo jogo, Antwan (Taika Waititi), roubou seu código-fonte de outro game.

A primeira coisa que chama atenção é como a trama capta bem como deve ser o cotidiano de algo como GTA Online para os NPCs que vivem na cidade. Tanques, tiroteios e explosões ocorrem a todo o momento conforme Guy caminha pela rua. Caos completo enquanto essas pessoas simplesmente tentam viver as próprias vidas. Personagens jogadores com atitudes ou visuais extremamente agressivos são, na verdade, crianças ou sujeitos toscos que moram com os pais.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

Crítica – Mundo em Caos

 

Análise Crítica – Mundo em Caos

Review – Mundo em Caos
Adaptando um livro distópico, este Mundo em Caos é mais uma produção que chegou atrasada para a festa sem perceber que o filão de adaptações literárias de distopias para jovens adultos já não tem dado certo há anos em Hollywood. Assim, ele segue a esteira de Mentes Sombrias (2018) e Máquinas Mortais (2019) como mais uma produção que segue o traçado desse tipo de história, sem oferecer nada de interessante.

A trama se passa no futuro, em um planeta chamado Novo Mundo que foi colonizado pela humanidade. Lá, os pensamentos dos homens emergem sem filtro de suas mentes, podendo ser ouvidos por todos, algo que eles chamaram de “o Ruído”. Mulheres não sobreviveram, fazendo deste um mundo masculino. Por isso a surpresa do jovem Todd (Tom Holland) ao encontrar Viola (Daisy Ridley) nos destroços de uma nave. A garota veio com um grupo de reconhecimento e precisa avisar sua nave de que o planeta é uma colônia viável. O problema é que Prentiss (Mads Mikkelsen), líder da vila de Todd, não quer dividir os recursos com novos colonos, querendo impedir Viola de trazer mais gente ao planeta. Assim, Todd e Viola partem em uma jornada para encontrar um meio de avisar a nave dela.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

Crítica – A Vizinha da Mulher na Janela

 

Análise Crítica – A Vizinha da Mulher na Janela

Review – A Vizinha da Mulher na Janela
Histórias de suspense sobre mulheres solitárias e traumatizadas que desenvolvem uma fixação por alguém próximo e acabam se envolvendo em problemas praticamente viraram um subgênero por si só como mostram filmes tipo A Garota do Trem (2016) ou A Mulher na Janela (2021). A série A Vizinha da Mulher na Janela parece perceber isso e decide parodiar esse tipo de história.

A trama é centrada em Anna (Kristen Bell) uma mulher solitária, que se divorciou do marido depois da morte trágica da filha e passa os dias tomando vinho. Um dia um pai solteiro se muda com a filha para a casa da frente e Anna começa a vê-los como uma tentativa de recomeço, se afeiçoando aos dois. Observando eles constantemente pela janela, ela tem a impressão de testemunhar um crime.

Como é comum nesse tipo de história, a personagem tem um problema com bebida, o que é conveniente para que duvidemos de sua percepção dos fatos. Tem também alguma fobia incomum que serve como desculpa conveniente para ela simplesmente não sair de casa para investigar as coisas. Aqui, no entanto, tudo isso é conduzido com um certo senso de absurdo, fazendo graça em cima dessas convenções.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

Crítica - Titane

 

Análise Crítica - Titane

Review - Titane
Novo longa de Julia Ducurnau, responsável pelo excelente Raw (2016), Titane é um filme bizarro. Digo isso porque a sensação de estranheza e desconforto certamente deve causar reações polarizadas. É um filme sobre nossa relação com máquinas e tecnologia, como transformamos máquinas em extensões de nós mesmos e nossos corpos. Ao mesmo tempo, é também um filme sobre solidão e carência, sobre como precisamos ser cuidados por alguém e ter alguém para cuidar.

A trama é focada em Alexia (Agatha Rousselle), que desde pequena sempre teve fixação por carros, algo que só se ampliou depois de um acidente em que teve uma placa de titânio colocada na cabeça. Adulta, ela ganha a vida como dançarina, com um número em dança sensualmente enquanto se esfrega em um carro potente. Ela também sente prazer em matar e quando sua última onda de matança lhe coloca na mira das autoridades, ela disfarça a aparência, fingindo ser o filho desaparecido de um bombeiro, Vincent (Vincent Lindon). Um homem tão solitário e carente que acredita em Alexia sem pestanejar.