sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Lixo Extraordinário – Miami Connection


Crítica – Miami Connection


Resenha – Miami Connection
Miami Connection é daqueles filmes que é tão ruim, tão sem sentido que acaba se tornando divertido de assistir. Se houvesse um mínimo de qualidade seria algo genérico, esquecível e sem personalidade, mas é a ruindade que o torna memorável.

A trama foca nos integrantes da banda Dragon Sound, que são liderados por Mark (Y.K Kim) e praticam Tae-Kwon-Do nas horas vagas. Um dos integrantes da banda, John (Vincent Hirsch), se envolve com Jane (Kathy Collier), a irmã de Jeff (William Ergle), líder de uma gangue de motoqueiros que trabalha junto com uma gangue de ninjas para traficar cocaína na cidade. Jeff decide que a banda é uma ameaça e resolve eliminá-los.

Se vocês leram o parágrafo acima com atenção, perceberão que há um salto lógico enorme na sequência de eventos. Qual a razão de Jeff considerar a banda uma ameaça ao tráfico? Eles são só uma banda que canta sobre amizade e acreditar nos próprios sonhos, nada do que eles fazem representa uma ameaça para os negócios ou para Jane (na verdade, o fato de Jeff ser um traficante tem mais potencial para por Jane em risco do que a banda). Ah, você exclama, mas será que não é pelo risco da irmã contar para eles sobre as atividades de Jeff? Bem, não, porque a Jane deixa claro em seus diálogos que não sabe no que o irmão está envolvido, apenas que são coisas sombrias. Então qual o motivo de Jeff querer tanto eliminar a banda? Bem, não há um além da necessidade disso acontecer para mover a trama para frente.

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Crítica – Maniac


Análise Crítica – Maniac


Review – Maniac
Maniac, escrita por Patrick Sommervile (um dos roteiristas de The Leftovers) e dirigida por Cary Fukunaga (que dirigiu a primeira temporada de True Detective), é uma minissérie estranha. Digo isso não só pela premissa e estrutura narrativa, mas também pelo modo como ela embarca em digressões longuíssimas que às vezes perdem de vista os temas principais da trama. Nesse sentido, sua pulsão em ser esquisita é simultaneamente sua melhor qualidade e seu pior problema e imagino que, em virtude disso, será um daqueles produtos com reações extremadas, que você ou ama ou detesta.

A história se passa em um futuro próximo. Annie (Emma Stone) tem problemas em lidar com um trauma do passado e está viciada em uma droga experimental e consegue um meio de entrar em um teste clínico para tentar obter mais da droga. Owen (Jonah Hill) é um jovem esquizofrênico e filho mais novo de uma rica família. Seu pai pediu para que ele testemunhe e minta em favor do irmão mais velho, Jed (Billy Magnussen), acusado de assédio. Owen sabe que o irmão é culpado e quer fugir para não precisar testemunhar, mas para conseguir dinheiro acaba indo parar no mesmo teste clínico que Annie.

terça-feira, 25 de setembro de 2018

Crítica – Crimes em Happytime


Análise Crítica – Crimes em Happytime


Review – Crimes em Happytime
Crimes em Happytime começa como uma versão adulta de Uma Cilada Para Roger Rabbit (1988), trocando desenhos animados por fantoches e colocando-os em situações não apropriadas para o público infantil, usando palavrões, drogas e sexo. O resultado, porém, acaba mais próximo de algo como Bright (2017), que não tem muito a dizer sobre o próprio universo ou metáforas sociais que tenta traçar.

A narrativa acompanha o fantoche Phillips (voz de Bill Baretta), um ex-policial que agora trabalha como detetive particular. Um dia Phillips testemunha o assassinato de um famoso fantoche que era parte do elenco de uma série de sucesso nos anos 90 e a polícia o pede para ajudar na investigação ao lado de sua antiga parceira, a detetive Connie Edwards (Melissa McCarthy).

O universo criado pela trama concebe os fantoches como cidadãos de segunda classe, sempre subestimados por serem pequenos e fofos, tratados como inferiores e incapazes. Poderia render alguma metáfora social sobre preconceito, mas, tal como Bright, não vai além do lugar comum de falar sobre como o ser humano tem dificuldade de lidar com o que é diferente. O desenvolvimento desses temas também se perde pelo fato do caso investigado serem uma simples trama de vingança, não servindo para reverberar as metáforas sobre sociedade e preconceito que o texto inicialmente tenta emplacar.

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Crítica – Um Pequeno Favor


Análise Crítica – Um Pequeno Favor


Review – Um Pequeno Favor
Um Pequeno Favor é uma mistura estranha de suspense ao estilo Garota Exemplar (2014) e uma comédia sobre o tédio e o lado sombrio da classe média suburbana dos Estados Unidos. Parecem elementos que, em tese, seriam conflitantes demais para funcionar em conjunto, mas o diretor Paul Feig, de Missão Madrinha de Casamento (2011) e Caça-Fantasmas (2016) consegue fazer funcionar essa combinação inusitada.

A trama é centrada em Stephanie (Anna Kendrick), uma mãe viúva que cria o filho sozinha e tem como o único passatempo seu vlog sobre a vida de mãe. Um dia ela conhece Emily (Blake Lively), a mãe de um dos colegas de escola de seu filho. Executiva em uma empresa de moda, Emily é praticamente o inverso da certinha Stephanie, mas as duas acabam ficando amigas e trocam segredos. Um dia, Emily desaparece misteriosamente e Stephanie resolve descobrir o que aconteceu com a amiga.

Dizer mais sobre o que acontece seria estragar a experiência, mas a partir desse momento na narrativa, o que começou com um tom bastante cômico começa a ganhar contornos sombrios. Se os primeiros minutos constroem comédia em cima da personalidade energética, ingênua e aparentemente certinha de Stephanie, aos poucos vai se tornando um suspense mais tradicional, ainda que não abra mão do humor, como na cena em que Stephanie conversa com um policial na casa de Emily.

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Crítica – Popstar: Sem Parar, Sem Limites


Análise Crítica – Popstar: Sem Parar, Sem Limites


Review – Popstar: Sem Parar, Sem LimitesNão consigo encontrar outra maneira de começar a falar de Popstar: Sem Parar, Sem Limites além de dizer que é o melhor falso documentário sobre música desde This is Spinal Tap (1984). Assim como o filme de 84 dirigido por Rob Reiner, esta narrativa comandada pelo grupo The Lonely Island (cujo principal integrante é o Andy Samberg de Brooklyn Nine Nine) entende perfeitamente o cenário da música, seus absurdos e seu jogo de vaidades.


A trama acompanha o músico Conner (Andy Samberg), que parte para a carreira solo depois de fazer sucesso em uma boy band que formava com amigos de infância. Seu primeiro disco foi um mega sucesso e ele está prestes a lançar um segundo, mas o resultado sai abaixo do esperado. Tudo é contado com uma estrutura e modo de filmar que são bem típicos de documentários sobre músicos, com direito a imagens de arquivo que reproduzem o visual de VHS velho e entrevistas com músicos famosos interpretando a si mesmos como Mariah Carey, 50 Cent e Ringo Starr.

É uma história de ascensão, queda e reparação bem típica deste tipo de narrativa biográfica (ficcional ou documental), mas contada com um senso irônico sobre todo esse universo musical. O filme mostra como os bastidores do pop, empresários e os próprios músicos estão mais interessados em se manter na mídia do que na música que produzem e o desespero por manter a relevância os leva a criar situações polêmicas para atrair a atenção midiática, como quando Conner vai ao banheiro na casa de Anne Frank.

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Crítica – Buscando...


Análise Crítica – Buscando...


Review – Buscando...
Fui assistir Buscando... achando que seria mais um desses filmes que usa o formato de ser contado pela tela de um computador para disfarçar uma narrativa inócua, personagens desinteressantes e produção tosca tal qual Amizade Desfeita (2015). O que encontrei, no entanto, foi um competente suspense que tem muito a dizer sobre nosso comportamento online.

A narrativa segue David (John Cho), um pai viúvo que se distanciou da filha, Margot (Michelle La) depois da morte da esposa. Quando Margot desaparece misteriosamente, David resolve checar o computador da filha para buscar informações que possam ajudar na investigação policial liderada pela detetive Vick (Debra Messing). Aos poucos, David vai descobrindo que sabia muito pouco sobre a vida da filha.

O começo conta toda a vida de Margot desde a infância usando quase que exclusivamente meios visuais, com vídeos, e-mails e postagens em redes sociais para narrar a relação da garota com o pai. O filme mostra como os computadores se tornaram praticamente extensões das nossas mentes, servindo de repositórios da nossa memória (com fotos e vídeos), do nosso cotidiano (através das agendas), círculos de convivência (através de redes sociais) ou dos nossos pensamentos, principalmente pelo modo como os personagens digitam algo e depois apagam, denotando a hesitação e incerteza deles. O interessante é que o filme concebe esse panóptico do mundo digital como uma espécie de paradoxo: apesar de todos poderem ver e ser vistos por todo mundo, ninguém realmente olha um para o outro.

terça-feira, 18 de setembro de 2018

Crítica - 22 Milhas

Análise Crítica - 22 Milhas


Review - 22 Milhas
Filme mais recente da parceria do diretor Peter Berg e do ator Mark Wahlberg, que juntos fizeram O Grande Herói (2015), Horizonte Profundo (2016) e O Dia do Atentado (2017), este 22 Milhas se pretende a uma mistura entre Sicario (2015) e Operação Invasão (2011). O problema é que 22 Milhas não tem o apuro visual do primeiro nem as cenas de ação do segundo.

A trama acompanha um grupo paramilitar liderado por James Silva (Mark Wahlberg). Em uma missão para a CIA, Silva precisa localizar material radioativo roubado para impedir que ele seja vendido a terroristas. Uma pista surge quando Li Noor (Iko Uwais), um oficial de um país asiático, afirma ter a localização do material, mas pede para ser retirado de seu país antes de entregar os dados para a equipe de Silva. Assim, os protagonistas precisam levar Li até o aeroporto, protegendo-o das pessoas que o consideram um traidor.

Já nos primeiros minutos fica evidente a câmera chacoalhante e montagem ultra fragmentada, cortando a cada dois segundos, que tornam 22 Milhas insuportável de assistir. Incapaz de estabelecer qualquer senso de coesão espacial ou temporal, o filme sequer consegue deixar claro os eventos de sua simplória narrativa e precisa constantemente alternar as cenas com flashfowards de Silva testemunhando em uma audiência nas quais ele basicamente explica em longos diálogos o que acabou de acontecer.

Vencedores do Emmy 2018

Emmy 2018 Winners



A cerimônia de entrega do Emmy, premiação máxima da televisão dos Estados Unidos, aconteceu ontem, 17 de setembro. A cerimônia sagrou Game of Thrones como melhor série de drama, enquanto que The Marvelous Mrs. Maisel venceu como melhor série de comédia. No campo das minisséries, o vencedor foi American Crime Story: The Assassination of Gianni Versace, que também faturou o prêmio de melhor ator para Darren Criss. A série Westworld venceu na categoria de melhor atriz coadjuvante com Thadie Newton, que interpreta a Maeve, enquanto que o ator Matthew Rhys finalmente foi reconhecido por seu trabalho na série The Americans. Confiram abaixo a lista completa de indicados com os vencedores em negrito.

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Crítica – BoJack Horseman: 5ª Temporada


Análise Crítica – BoJack Horseman: 5ª Temporada


Review – BoJack Horseman: 5ª Temporada
A quarta temporada de BoJack Horseman se tornou marcante ao explorar o traumático passado familiar do protagonista e no impacto negativo de relação dele com os pais. Esta quinta temporada, por sua vez, ganha força ao explorar como a conduta destrutiva de BoJack afeta todos ao redor dele e como até aqui a maioria dos personagens foi permissivo com as ações do protagonista.

A narrativa da temporada é centrada na nova série estrelada por BoJack (Will Arnett) na qual ele interpreta um policial durão, traumatizado e abusivo. Durante as gravações BoJack se envolve com Gina (Stephanie Beatriz, a Rosa de Brooklyn Nine Nine), sua co-estrela na série dentro da série. Diane (Alison Brie) participa como roteirista, Princess Carolyn (Amy Sedaris) é uma das produtoras e inexplicavelmente Todd (Aaron Paul) se torna um dos executivos da empresa de streaming responsável pela série protagonizada por BoJack. Assim, a trama consegue unir todos os personagens em um mesmo espaço, evitando a natureza fragmentada da temporada anterior.

A escolha de contar a produção de uma série dentro da série serve como veículo para comentar sobre o momento da produção televisiva dos EUA e a nova “era de ouro” na qual ela se encontra (ou Peak TV como dizem os veículos de lá), cheia de séries sombrias e pessimistas protagonizada por homens anti-heróis de comportamento questionável. Com isso, a quinta temporada zoa essa tendência televisiva de tratar tudo que é sisudo, violento e sexualizado como um sinônimo de conteúdo maduro, complexo ou de qualidade. Flip (Rami Malek), o showrunner da série dentro série, fica a todo momento dizendo coisas do tipo “a escuridão é uma metáfora para escuridão”, construindo um olhar irônico sobre como essa tendência da televisão virou um padrão repetido no piloto automático.

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Crítica – Spider-Man (PS4)


Análise Crítica – Spider-Man (PS4)


Review – Spider-Man (PS4)
Fazia tempo que os personagens da Marvel não recebiam um jogo digno de seu potencial, mas felizmente o exclusivo para Playstation 4 Spider-Man chega para mudar isso e faz pelo Amigão da Vizinhança o que os games da série Arkham fizeram pelo Batman.

Na trama, Peter Parker já é o Homem-Aranha há oito anos. Ele está separado de Mary Jane e agora trabalha como um cientista. Sua vida tanto parece estar entrando nos eixos, principalmente quando surge a oportunidade de prender Wilson Fisk, o Rei do Crime, e trazer um pouco de paz para a cidade de Nova Iorque. A prisão de Fisk, no entanto, acaba dando início a uma disputa de gangues por controle da cidade e o surgimento de novos vilões que irão testar ao limite as habilidades de Peter.

A primeira coisa a se notar é como jogo da desenvolvedora Insomniac, responsável pela franquia Ratchet & Clank, acerta a sensação de ser o Homem-Aranha. Se balançar entre os prédios usando as teias é quase como uma veloz dança aérea conforme a física realista do movimento pendular muda sua velocidade e altura do salto dependendo do momento em que você solta a teia. A câmera se aproxima e se afasta do personagem para dar essa sensação de ganho de velocidade e conforme progredimos no jogo, adquirimos novas ferramentas para explorar Nova Iorque ainda mais rápido.

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Crítica - Hotel Artemis

Análise Crítica - Hotel Artemis


Review - Hotel Artemis
Não estava muito empolgado para conferir Hotel Artemis. O material de divulgação vendia algo incomodamente similar ao universo do primeiro e segundo John Wick, com um hotel que servia de base para supercriminosos, fornecendo cuidados médicos e um porto seguro a eles. O resultado final acaba sendo menos derivativo do que eu esperava, mas ainda assim não aproveita muito do universo que cria.

A trama se passa em um futuro próximo tomado por instabilidade política e social, girando em torno do titular Hotel Artemis, que é gerenciado pela Enfermeira (Jodie Foster). O hotel serve como esconderijo para criminosos que precisam em cuidados médicos e a narrativa mostra uma noite na qual o estabelecimento fica cheio em virtude de protestos e crimes acontecendo em Los Angeles. Com muitos criminosos confinados no diminuto espaço, as tensões parecem crescer entre eles.

O cenário futurista e distópico impede que o cenário soe como um plágio descarado do Hotel Continental de John Wick e o diretor Drew Pearce consegue imprimir uma personalidade e estética própria ao local que o distancia de uma mera cópia, ainda que parta de uma premissa similar. O principal problema, no entanto, é que todo universo criado no filme, em especial sua ambientação distópica, acaba fazendo pouca diferença na história. Tudo poderia se passar nos dias atuais sem muita perda.

Outra questão é que a trama se move muito rápido e dá pouco tempo para que essa ambientação ou os personagens que nela vivem sejam plenamente desenvolvidos. Muitos personagens parecem existir ou agir meramente para mover a trama para frente, como Morgan (Jenny Slate), além de muita coisa acontecer por puro acaso ou necessidade do roteiro.

Apesar dos personagens serem unidimensionais, atores como Sterling K. Brown, Charlie Day e Sofia Boutella conseguem dar a eles carisma o suficiente para que eles não se tornem aborrecidos. Outros atores, por outro lado, acabam tendo pouco espaço para fazer qualquer coisa marcante como é o caso de Zachary Quinto e Jeff Goldblum. Na verdade, toda a tensão que o filme parece estar construindo entre os diferentes personagens nunca se concretiza plenamente.

Quem carrega o filme, porém, é Jodie Foster. Retornando às telas depois de cinco anos sem trabalhar como atriz, Foster dá à enfermeira um semblante constantemente cansado. De início imaginamos que é resultado do desgaste físico e mental de seu trabalho, mas aos poucos vamos percebendo que seu cansaço é muito mais emocional, fruto de um trauma do passado. Ela usa também sua linguagem corporal para comunicar muito da personalidade da personagem, com passos rápidos, mas curtos, denotando a energia e controle da enfermeira. O filme ainda entrega algumas boas cenas de ação, em especial a luta no corredor envolvendo a assassina Nice (Sofia Boutella), que ajudam a evidenciar a natureza brutal e estilizada daquele universo.

Hotel Artemis acaba sendo menos genérico do que eu imaginava, mas trata seus personagens e universo de modo muito superficial para realizar seu potencial, a despeito da ação estilizada e do trabalho de Jodie Foster.


Nota: 5/10


Trailer

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Crítica - O Predador


Análise Crítica - O Predador


Review - O Predador
Apesar de existir há mais de 30 anos e ao longo de seis filmes (contando este e os dois Alien vs Predador), a franquia Predador nunca conseguiu produzir nada que superasse o primeiro filme estrelado por Arnold Schwarzenegger. Pois este O Predador, dirigido por Shane Black (que atuou no primeiro filme como o militar Hawkins), tenta devolver a franquia a sua glória oitentista.

A trama começa quando o atirador de elite Quinn Mackenzie (Boyd Holbrook) tem uma missão interrompida por uma espaçonave trazendo um Predador. Ele consegue escapar com parte do equipamento da criatura e, sabendo que o governo tentará encobrir tudo, envia a tecnologia alienígena para uma caixa postal em seu nome. A encomenda, no entanto, acaba sendo entregue na casa dele e seu filho autista, Rory (Jacob Tremblay), que ativa o equipamento, atraindo a atenção das criaturas. Agora Quinn precisa correr até o filho e chegar até ele antes dos alienígenas e dos agentes governamentais liderados por Traeger (Sterling K. Brown), que estão dispostos a tudo para manter toda a questão oculta.

Desde o início é possível perceber que o filme investe seus personagens da mesma postura excessiva de machão dos filmes de ação oitentistas, com direito a constantes frases de efeito nos diálogos. O texto tenta contornar a pura celebração desse modelo antiquado (e talvez anacrônico) de masculinidade ao tornar o esquadrão de Quinn um bando de ex-militares mentalmente instáveis. Parece haver aí um comentário subjacente sobre como essa exaltação à macheza e ao militarismo produz pessoas pouco saudáveis, mas, ao mesmo tempo, as tentativas do filme em extrair humor dos problemas mentais desses personagens nem sempre funciona. Estresse Pós-Traumático ou Síndrome de Tourette são condições severas que afligem muita gente e tratar tudo isso como um mero veículo para riso soa mais constrangedor do que efetivamente engraçado.

terça-feira, 11 de setembro de 2018

Crítica – O Paciente: O Caso Tancredo Neves


Análise Crítica – O Paciente: O Caso Tancredo Neves


Review – O Paciente: O Caso Tancredo Neves
A internação (e posterior morte) de Tancredo Neves às portas de sua posse como presidente do Brasil, marcando o fim do governo militar, foi alvo de muitas especulações e teorias conspiratórias ao longo dos anos. Alguns dizem que ele não estava doente, que tinha sido alvejado, outros dizem que ele já estava morto. Enfim, toda sorte de teoria da conspiração existe ao redor da morte do nosso quase-presidente que foi substituído pelo seu vice, José Sarney. O Paciente: O Caso Tancredo Neves, baseado no livro homônimo de Luis Mir, visa entender o que aconteceu nos bastidores do caso e os fatores que levaram à morte de Tacredo Neves (Othon Bastos).

A trama funciona como uma mistura entre as séries The West Wing e House, combinando a intriga dos bastidores do poder com um mistério médico. É um formato que tinha tudo para dar errado considerando que já entramos no cinema sabendo o final e isso poderia diluir o suspense, mas felizmente isso não acontece e o filme é hábil em trabalhar o jogo de intrigas e egos entre as equipes de assessores e médicos.

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Crítica – O Banquete


Análise Crítica – O Banquete


Review – O Banquete
A rica Nora (Drica Moraes) organiza um jantar em sua casa para comemorar os dez anos de casamento de seus amigos Mauro (Rodrigo Bolzan) e Bia (Mariana Lima). Assim que Plínio (Caco Ciocler), marido de Nora, chega em casa bêbado, fica evidente que alguma ruim está acontecendo tanto com o casal de anfitriões quanto o casal de aniversariantes. Conforme a noite avança e os demais convidados vão chegando, descobrimos que Mauro está para ser preso depois de ter publicado uma carta aberta desafiando o então presidente Fernando Collor. No entanto, parece que Nora não reuniu todos ali para se solidarizarem com o amigo.

A premissa é levemente baseada no incidente envolvendo o jornalista Otavio Frias Filho, que em 1991 publicou uma carta aberta contra Collor que o levou a ser processado pelo então presidente. O Banquete, no entanto, não faz nada com essa ambientação “de época” ou com o momento histórico/político no qual sua trama se passa. Essa história poderia ser situada em qualquer época e Mauro poderia estar prestes a ser preso por qualquer crime que não faria a menor diferença. Assim, o pano de fundo histórico soa despropositado e vazio, afinal não há sentido em fazer questão de situar sua narrativa em um momento tão específico da história sem ter nada a dizer sobre esse recorte temporal.

domingo, 9 de setembro de 2018

Crítica - Punho de Ferro: 2ª Temporada


Análise Crítica - Punho de Ferro: 2ª Temporada


Review - Punho de Ferro: 2ª Temporada
A primeira temporada de Punho de Ferro foi de longe a pior das séries da Marvel na Netflix, decepcionando tanto em termos de narrativa quanto na ação. Essa segunda temporada até consegue melhorar muitos problemas da anterior, conseguindo ser minimamente assistível, mas ainda é a mais fraca das produções da Casa de Ideias para a Netflix.

A temporada começa com Danny (Finn Jones), cumprindo a promessa que fez para Matt Murdock (Charlie Cox) no final de Os Defensores de manter a cidade segura na ausência do Demolidor. Danny também faz isso para buscar um novo propósito para si agora que sua missão de destruir o Tentáculo foi concluída. Novas ameaças surgem no horizonte quando Joy Meachum (Jessica Stroup) se alia a Davos (Sacha Dawan) para se vingarem de Danny, recorrendo também à mercenária Mary Walker (Alice Eve).

A primeira coisa em que é possível detectar uma melhora é no tratamento a Danny. Se no ano de estreia ele era um moleque mimado insuportável que queria tudo do jeito dele e choramingava quando não conseguia o que queria, agora ele é um sujeito mais humilde, preocupado em construir uma vida ao lado de Colleen (Jessica Henwick), manter a cidade segura e promover a paz entre as facções das Tríades de Chinatown para evitar um confronto. É definitivamente uma melhora, tornando-o um personagem mais fácil de simpatizar e dando a ele conflitos que o humanizam, mas tal qual a primeira temporada ele ainda soa como alguém menos interessante que outros personagens.

quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Crítica – How to Get Away With Murder: 4ª Temporada

Análise Crítica – How to Get Away With Murder: 4ª Temporada


Review – How to Get Away With Murder: 4ª Temporada
Quando escrevi sobre a terceira temporada de How to Get Away With Murder mencionei que a série estava se perdendo em tramas mal concebidas e soluções desonestas, talvez indicando que seu fôlego criativo estava acabando. Essa quarta temporada, no entanto, mostra que a série ainda pode render, ainda que não atinja o alto nível dos dois primeiros anos.

A trama começa com Annalise (Viola Davis) tentando reconstruir sua vida depois dos eventos da temporada anterior. Ela demite todos os seus estagiários e funcionários, incluindo a dedicada Bonnie (Liza Weil), e decide reconstruir sua carreira sozinha. A decisão deixa Connor (Jack Falahee), Michaela (Aja Naomi King), Asher (Matt McGorry) e Laurel (Karla Souza) longe dos problemas dela, mas isso não significa que suas vidas ficarão tranquilas. Como Laurel sabe que foi seu pai o responsável pela morte de Wes (Alfred Enoch), ela pede ajuda aos colegas para conseguir provas do crime.

A mudança na dinâmica dos personagens já no primeiro episódio ajuda a dar um frescor à narrativa ao quebrar o molde que vinha sendo duramente seguido até então, funcionando quase como um leve reboot. A alteração também permite explorar facetas dos personagens que até então não tinham sido exploradas, em especial ao tentar entender quem são essas pessoas quando não estão sob a influência de Annalise. Isso faz os personagens se perguntarem o que eles querem ser enquanto advogados e lhes dá novos direcionamentos.

quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Crítica – A Freira


Análise Crítica – A Freira


Review – The Nun A Freira
É bastante curioso que a mesma Warner que tem dificuldade para consolidar o universo compartilhado dos heróis da DC tenha conseguido há alguns anos emplacar seu universo compartilhado de filmes de terror derivados dos dois Invocação do Mal. Depois dos dois filmes sobre a boneca Annabelle, agora é a vez de A Freira, protagonizado pela sinistra aparição de Invocação do Mal 2 (2016).

A narrativa se passa na década de 50 em um misterioso convento no interior da Romênia. Quando uma freira do local é encontrada morta sob circunstâncias misteriosas, o vaticano envia o padre Burke (Damian Bichir) e a freira Irene (Taissa Farmiga) para investigar os fenômenos. Os dois tem a ajuda de Frenchie (Jonas Bloquet), um fazendeiro local familiarizado com as lendas envolvendo o convento.

O diretor Corin Hardy (do correto A Maldição da Floresta) investe em contrastes entre luz e sombra para criar sua atmosfera de terror, com a silhueta sombria da freira demoníaca se movimentando pelos espaços ou se confundindo com o cenário, explorando a profundidade de campo para criar a impressão que a criatura pode estar em qualquer lugar. Em alguns momentos, o terror vem da claustrofobia dos corredores apertados ou espaços diminutos como a cena em que o padre Burke fica preso no caixão.

terça-feira, 4 de setembro de 2018

Crítica – Great News: 1ª Temporada

Análise Crítica – Great News: 1ª Temporada


Review – Great News: 1ª Temporada
Eu não esperava muita coisa dessa primeira temporada de Great News. Pelo material de divulgação parecia uma sitcom antiquada baseada em uma premissa batida, mas acabei me surpreendendo com o quanto a série consegue ir além do seu começo aparentemente banal para forjar uma identidade bem singular.

Na trama, Katie (Briga Heelan) trabalha como produtora de um telejornal e tenta avançar na carreira. Os problemas dela começam quando a mãe, Carol (Andrea Martin), resolve cursar uma faculdade de jornalismo e começa a estagiar na mesma emissora em que Katie trabalha. Obviamente, a presença de Carol causa muitos constrangimentos a Katie, já que Carol não consegue separar o pessoal do profissional.

Parece algo saído de uma sitcom de décadas atrás, já que a ideia do adulto que é envergonhado pelos pais em seu ambiente de trabalho ou na frente dos amigos foi explorada à exaustão. O episódio piloto faz pouco para afastar essa impressão de uma comédia feita em linha montagem reciclando um monte de piadas velhas e é possível que muita gente desista da série por conta desse começo genérico, mas para quem continuar acompanhando a experiência acaba valendo à pena.

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Crítica – Ozark: 2ª Temporada

Análise Crítica – Ozark: 2ª Temporada


Review – Ozark: 2ª Temporada
Depois de um competente início, a segunda temporada de Ozark traz ainda mais tensão, suspense e dilemas morais para os esquemas criminosos da família Byrde. Cheguei a pensar que seria mais no mesmo, mas neste segundo ano, os membros da família enfrentam constantes desafios que os levam ao limite.

A temporada começa no ponto em que a anterior terminou, com Marty (Jason Bateman) tendo que explicar a morte de Del (Esai Morales) para o cartel depois que Jacob (Peter Mullan) e Darlene Snell (Lisa Emery) o matam por puro despeito. Marty se compromete em construir um cassino em seis meses para poder lavar tanto o dinheiro do cartel quanto o dos Snell. Aprovar o cassino, no entanto, não será tão fácil quanto parece, já que além de manipular políticos para passarem as leis necessárias, ele também precisará lidar com a máfia de Kansas City. Como se esses obstáculos não fossem o suficiente, Marty continua na mira do agente Petty (Jason Butler Harner), disposto a tudo para eliminar o cartel. Outra complicação é a saída do pai de Ruth (Julia Garner) da cadeia, já que ele se torna obcecado em roubar o dinheiro de Marty.