segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

Crítica – Pokémon Legends: Arceus

 

Análise Crítica – Pokémon Legends: Arceus

Review – Pokémon Legends: Arceus
Desde os primeiros trailers, Pokémon Legends: Arceus parecia o game 3D de Pokémon que eu sempre tinha imaginado desde a época de Pokémon Red/Blue no Game Boy. As imagens mostravam um treinador caminhando por espaços abertos, podendo arremessar pokébolas furtivamente nas criaturinhas ou ser atacado por elas caso fosse visto, com batalhas entre pokémons acontecendo no próprio cenário, sem transição para uma arena de batalha genérica. Restava saber se o produto final estava à altura da promessa.

A trama gira em torno de um garoto sem memória que misteriosamente chega na região de Hisui (basicamente uma versão feudal de Sinnoh). Lá ele acaba se juntando à expedição do Galaxy Team para explorar os mistérios da região e ajudar o Professor Laventon a fazer a primeira Pokédex da história. Além disso, o jovem precisa ajudar os clãs locais, Diamante e Pérola, a manterem a paz entre si e acalmarem os pokémons lendários que servem como lordes da ilha. Essas poderosas criaturas entraram num frenesi agressivo desde que estranhas fendas aparecerem e agora é preciso desvendar o que está por trás da crise.

De início, quando saíram os primeiros vídeos, muitos compararam a Breath of the Wild, mas o resultado final, no entanto, está mais para Monster Hunter. O jogador parte de uma vila, Jubilife, que serve como hub, para expedições em cinco grandes áreas abertas que compõem a ilha. Essas grandes áreas tem muito a explorar, com diferentes pokémons, materiais e missões secundárias a serem feitas.

O jogo acerta em fazer esses espaços soarem como ecossistemas vivos, com várias espécies tendo condutas diferentes. Alguns, como os Bidoofs, não prestam atenção ao jogador, outros bichos fogem assim que percebem a presença humana e há ainda aqueles que tem uma postura agressiva e atacam o jogador. Quando um pokémon ataca, o treinador pode esquivar dos ataques e tentar fugir ou arremessar a pokébola com um de seus pokémons para iniciar uma batalha. O jogador pode receber dano desses ataques e se for machucado demais o jogador é nocauteado, perdendo alguns de seus itens e acordando em um acampamento próximo.

Os espaços tem ciclos de dia e noite, com algumas criaturas só aparecendo em certos momentos do dia e cada criatura tem seu tipo de espaço, com Zubats habitando cavernas, Combees se escondendo em árvores e Spheals aparecendo na beira da praia. Cada animal também tem algumas preferências próprias de comidas que podem ser usadas para distrai-los para que o jogador aproveite a oportunidade de capturá-los arremessando pokébolas. As áreas também são habitadas por pokémons Alpha, versões maiores e mais poderosas de pokémons comuns. Esses Alpha são extremamente agressivos e de nível alto, sendo preferível evitá-los no início do jogo, mas se capturados podem ser valiosos aliados.

Durante a exploração também é possível coletar diversos materiais que servem para produzir diferentes tipos de pokébolas e itens através do sistema de crafting do jogo. A principal fonte de renda é cumprir objetivos de pesquisa, capturando pokémons e preenchendo suas seções na Pokédex.

Diferente de outros jogos, não basta capturar um monstrinho para que sua entrada apareça completa na Pokédex, sendo necessários cumprir uma série de objetivos para completar a seção de cada pokémon, tipo ver a criatura realizar um ataque específico, batalhar contra essa criatura ou derrotá-la com um elemento específico. Isso ajuda a dar a impressão de que estamos realmente pesquisando essas criaturas e reverbera as ideias da trama principal sobre construir a primeira Pokédex. Cumprir esses objetivos de pesquisa geram pontos que servem para aumentar seu rank no Galaxy Team e essas patentes funcionam de certa forma como as insígnias dos jogos da série principal.

Como já foi dito, as batalhas acontecem nos próprios cenários, sem transição para um campo de batalha genérico, mas essa não é a única novidade. Os combates continuam sendo por turnos, mas ao invés de turnos alternados há uma ordem de ação ao estilo Final Fantasy X, com a velocidade dos pokémons determinando quantas ações seguidas eles podem fazer. Os ataques também tem variações de dois novos estilos de combate, Strong e Agility. Usar qualquer um dos estilos gasta dois PPs ao invés de um, mas tem suas recompensas. O Strong torna o movimento mais forte, enquanto o Agility diminui o poder, mas permite uma segunda ação logo depois. Tudo isso adiciona novas camadas estratégicas ao combate. Diferentemente das entradas principais da franquia, os pokémons não tem mais habilidades ou a capacidade de equiparem itens, embora as “naturezas” ainda estejam presentes.

Em termos de combate há um novo formato de batalhas durante os embates contra os lordes de cada região. Ao invés de batalhar diretamente com esses pokémons poderosos, o jogador precisa atordoá-lo com bálsamos. Os ataques do treinador ocasionalmente dão espaço para que ele use seus pokémons para batalhar e assim drenar mais rápido a resistência desses chefões. É uma mecânica que ajuda a nos fazer sentir o quanto essas criaturas são poderosas e um simples humano não tem como fazer frente a elas.

Conforme a trama avança, o jogador vai tendo acesso a diferentes montarias que permitem deslocamento mais rápido e também acessar outros ambientes, como navegar pela água ou escalar paredes. Essas possibilidades de exploração são apoiadas por espaços amplos e verticalizados, que sempre incentivam que o jogador observe cada cantinho em busca de novos pokémons ou segredos. Além das missões principais da história, o jogo também fornece alguns objetivos secundários. Em geral são fetch quests pouco imaginativas, tipo capturar um pokémon específico ou coletar tanto de um determinado item. Por outro lado, é possível ver transformações palpáveis em Jubilife conforme você ajuda os cidadãos a entenderem os pokémons e eles se integram com as criaturas. Assim, conforme fui progredindo, vi os construtores adotando Bidoofs e Machokes para ajudar no trabalho, agricultores usando Geodudes para arar a terra e uma vigia noturna adotou um Zubat para trabalhar consigo depois que cumpri uma missão para ela.

Como qualquer novo jogo de Pokémon, existem alguns novos monstrinhos. Não existem criaturas completamente novas, apenas variantes regionais, como o Hisuian Growlithe, ou novas evoluções para pokémons já existentes, como o Wyrdeer, evolução do Stantler, ou Kleavor, uma nova evolução para Scyther. Confesso que fiquei um pouco decepcionado com as novas criaturas, já que nenhum novo design realmente chamou minha atenção.

O jogo também tem sua parcela de problemas gráficos e performance. Há um constante pop in de objetos, como se o carregamento do cenário não tivesse sido devidamente otimizado, e elementos cheios de serrilhados, algo evidente quando entramos em cavernas e é possível ver contornos brancos ao redor do personagem. As texturas dos ambientes por vezes soam pobres e datadas, como que de gerações anteriores. Considerando que é um game exclusivo para Nintendo Switch e outros exclusivos (a exemplo de Breath of the Wild, um game de quase cinco anos) já mostraram o poder do console em grandes espaços abertos, é difícil aceitar esse tipo de problema de performance. Claro, os visuais não são tão ruins quanto alardeado, mas ficam aquém do que o Switch é capaz.

Mesmo com alguns aspectos precisando de polimento, Pokémon Legends: Arceus cumpre bem o que promete ao finalmente arriscar inovações na fórmula da franquia, entregando uma aventura menos linear, com mais flexibilidade, que aponta empolgantes novos rumos e entrega muito do que os fãs pediam há tempos.

 

Nota: 8/10


Trailer


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