quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Crítica - Tim Maia


As cinebiografias de músicos tem sido um formato bastante explorado pelo cinema comercial brasileiro e é fácil entender os motivos. De um lado temos o apelo popular de suas canções que serve para chamar a atenção da audiência e de outro temos a curiosidade de público em saber mais sobre os bastidores da vida dessas celebridades. Baseado no best-seller escrito por Nelson Motta, este Tim Maia talvez seja o melhor dentre este recente ciclo de cinebiografias.

Ao longo do filme acompanhamos a trajetória do cantor e compositor Tim Maia (Robson Nunes e Babu Santana) de seus primeiros esforços para formar um conjunto musical ainda na juventude, passando por sua ascensão ao sucesso e os problemas de seus últimos anos. É uma narrativa bem tradicional e comum para esse tipo de filme, mostrando os anos de formação, a chegada do sucesso, os amores e a decadência, mas a trajetória de Maia é tão repleta de eventos pitorescos e sua personalidade é tão singular que até ignoramos o fato de que estamos diante de uma estrutura narrativa tão padronizada.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Crítica - Relatos Selvagens

Análise Relatos Selvagens

Review Relatos SelvagensApesar de todos os mecanismos estatais e jurídicos para que mantenhamos nossa civilidade em relação uns aos outros, os seres humanos são animais. Animais capazes de racionalizar suas ações, é verdade, mas ainda assim animais. Isso implica que também somos governados pelos mesmos impulsos primitivos presentes em outros animais, que somos capazes da mesma selvageria e brutalidade que qualquer predador irracional. É justamente sobre esse lado sombrio do ser humano que irá se debruçar o argentino Relatos Selvagens.

O filme nos apresenta uma coletânea de histórias curtas que abordam situações nas quais cidadãos comuns se engajam em atos de agressividade, violência e vingança, nos mostrando as cruéis consequências desses atos. Não irei dar muitos detelhes das histórias para não estragar a experiência, mas curtas nos revelam como cidadãos comuns são capazes de cometer atrocidades e como facilmente abandonamos nossos princípios morais e cívicos quando nos sentimos acuados, intimidados ou que estamos numa situação sem saída.

Crítica - A Pelada



Apesar de todos os avanços e todas as liberdades que temos hoje para falar abertamente sobre os mais diversos temas, sexo ainda é um tabu em boa parte da nossa sociedade. Quando uma mulher demonstra interesse em se engajar em práticas sexuais pouco usais, isso torna-se ainda mais tabu. Afinal, vivemos em uma sociedade patriarcal na qual a admissão de uma mulher em querer experimentar algo como sexo a três imediatamente a renderia adjetivos negativos como “vadia” e “piranha”, enquanto que se um homem expressa essa mesma intenção isso reforçará a sua “macheza” e virilidade. É justamente sobre essa discrepância de tratamentos que a comédia A Pelada irá abordar. A tentativa de romper tabus e buscar algo novo, não é exatamente um tema inédito, muitas comédias americanas, brasileiras (como o segundo longa de Os Normais) ou argentinas (como Dois Mais Dois), mas se não reinventa a roda, A Pelada pelo menos é competente no que faz.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Crítica - Festa no Céu


A história é quase tão velha quanto a própria existência de nossa tradição narrativa, dois amigos de infância tornam-se rivais na disputa pelo afeto de uma bela e virtuosa mulher e esta disputa torna-se um conto épico de amor e ciúme. Bem, a animação Festa no Céu segue isso direitinho e não reinventa a roda mas é tão carismático e criativo visualmente que acaba funcionando.

A narrativa começa quando La Muerte (Kate Del Castillo) e Xibalba (Ron Perlman) os responsáveis pelo mundo dos mortos decidem fazer uma aposta que decidirá quem cuidará da Terra dos Lembrados, onde ficam os espíritos lembrados pelos vivos passando a eternidade em festa, e a Terra dos Esquecidos, uma terra erma na qual vagam as almas esquecidas. A aposta reside em quem conquistará o coração da bela Maria (Zoe Saldana), o romântico músico Manolo (Diego Luna) ou o valente soldado Joaquin (Channing Tatum). Cada uma das divindades escolhe um deles como “campeão” e a partir daí acompanharemos as tentativas dos dois em conquistarem a jovem enquanto o astuto Xibalba tenta intervir para que a aposta transcorra em seu favor.

Crítica - O Juiz


Foi inesperado ver o nome do diretor David Dobkin, famoso por comédias como Penetras Bons de Bico (2005) e Eu Queria Ter Sua Vida (2011) assumir o comando deste drama familiar e jurídico O Juiz. Não que um realizador acostumado a comédias não possa ser competente em dramas, temos o exemplo de James L. Brooks que saiu de sua zona de conforto cômica para dirigir Laços de Ternura (1983), mas é uma movimentação pouco usual. Dobkin, no entanto, não é Brooks e aqui o resultado é uma mão pesada para o melodrama e uma série de excessos e clichês que só não termina em desastre por causa de seu elenco.

Na trama, Hank (Robert Downey Jr) é um rico advogado famoso por tirar pessoas culpadas da cadeia. Quando recebe a notícia do falecimento de sua mãe, se vê compelido a retornar à sua pequena cidade natal no interior dos Estados Unidos. O retorno reabre antigas mágoas e feridas com seu pai, Joseph (Robert Duvall), um rígido juiz. As coisas se complicam quando Joseph é acusado de atropelar um homem e Hank precisa se reaproximar do pai, mesmo contra sua vontade, para tirá-lo da cadeia.

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Crítica - O Homem Mais Procurado



Hollywood tem feito vários filmes nos quais questiona a capacidade dos serviços de inteligência em verdadeiramente serem capazes de manterem a vigilância e segurança de seus países. Os irmãos Coen trataram isso de forma escrachada no ótimo Queime Depois de Ler (2008), e a recente versão de O Espião que Sabia Demais mostra como eles estão tão mergulhados em burocracia e disputas internas por cargos e prestígio. Este O Homem Mais Procurado, adaptação do romance de John Le Carré (que também escreveu O Jardineiro Fiel e outros romances de espionagem que foram transformados em filmes), também irá tratar como espiões estão mais preocupados com suas carreiras e com movimentos a curto prazo ao invés de verdadeiramente coletar informações sobre os inimigos do Estado.

A trama é centrada em Gunther (Philip Seymour Hoffman, em um de seus últimos trabalhos), um oficial da inteligência alemã que recebe a tarefa de encontrar Issa (Grigoriy Dobrygin) um muçulmano checheno que entrou ilegalmente na Alemanha a procura do banqueiro Tommy (Willem Dafoe) e que aparentemente possui laços com organizações terroristas. Enquanto seus superiores o pressionam para efetuar a prisão imediatamente, Gunther prefere esperar para ver se Issa é realmente terrorista e se ele pode leva-los a alvos mais importantes ou suas fontes de financiamento. O espião alemão encontra ajuda na agente americana Martha (Robin Wright) que tentará ajudá-lo a ganhar tempo para investigar o suspeito mais a fundo.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Crítica - Annabelle

Análise Crítica - Annabelle


Review - Annabelle
Invocação do Mal (2013) foi um dos filmes de terror mais eficientes que vi nos últimos anos. Sucesso de público e de crítica, era difícil imaginar que não tentariam fazer mais um filme sobre aquele universo e não foi uma surpresa quando anunciaram este Annabelle, prelúdio que trata da boneca demoníaca do filme original. O problema é que continuações de terror raramente são tão boas quanto o original e lamentavelmente este filme não é uma exceção à regra.


A trama se passa nos anos 70 e foca no casal Mia (Annabelle Wallis) e John (Ward Horton) que está prestes a ter sua primeira filha. A vida do casal muda quando sua casa é invadida por cultistas que tentam matá-los para realizar algum tipo de ritual. A polícia chega a tempo e salva os dois, mas uma das cultistas se tranca no quarto e comete suicídio enquanto segura uma das bonecas da coleção de Mia nos braços. A partir de então o casal e sua filha recém-nascida passam a experimentar uma série de ocorrências sobrenaturais que parecem ligadas à boneca.