terça-feira, 31 de janeiro de 2023

Crítica – Fire Emblem Engage

 

Análise Crítica – Fire Emblem Engage

Review – Fire Emblem Engage
Conheci a franquia Fire Emblem ainda na época do Game Boy Advance. Acompanhei os jogos em portáteis, mas tive pouco contato com os lançamentos em consoles até Three Houses, que ampliou a visibilidade desses games ao adicionar elementos de simulação social ao estilo Persona 5. Confesso que meu interesse sempre foi o combate tático, então fiquei contente que este Fire Emblem Engage, exclusivo para Nintendo Switch, focaria mais nisso e deixaria de lado o foco em sociabilidade e agenda social de Three Houses. Dependendo do que você espera de um game da franquia sua relação com Engage pode ser diferente da minha.

Na trama o jogadora controla Alear, a herdeira (ou herdeiro) do Dragão Divino que acordou depois de um longo sono depois que as trevas voltaram ao reino. O surgimento de seres corrompidos prenuncia a volta do dragão das trevas, uma entidade sombria que foi derrotada séculos atrás. Para impedir o retorno das trevas o protagonista conta com artefatos mágicos chamados Emblem Rings, anéis que trazem consigo o espírito de guerreiros do passado e que emprestam seu poder ao usuário. Assim, com o auxílio do espírito de protagonistas de games anteriores como Marth ou Ike, o protagonista precisa salvar o mundo.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

Crítica – Decisão de Partir

 

Análise Crítica – Decisão de Partir

Review – Decisão de Partir
Filme mais recente do diretor sul-coreano Park Chan-wook, Decisão de Partir flerta com o noir e com um clima de suspense hitchcockiano. Apesar da trama investigativa que inicia a narrativa, no entanto, ele está mais interessado na relação entre seus protagonistas do que na resolução do crime.

O detetive Hae-joon (Park Hae-il) é incumbido de investigar a morte de um sujeito que supostamente caiu do alto de um morro. Parece ser acidente, mas há indícios de que possa ter sido assassinato. A principal suspeita é a esposa do morto, Seo-rae (Tang Wei), que trabalha como cuidadora de idosos. A investigação coloca Hae-joon para monitorar Seo-rae de perto e logo os dois começam a se aproximar.

É, logicamente, uma relação fadada ao fracasso já que Seo é claramente culpada e a única maneira de Hae-joon mantê-la em segurança é se afastar dela e não continuar a investigação. Seo, no entanto, se apaixona pelo detetive e tenta encontrar maneiras de chamar sua atenção, incluindo outros assassinatos.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

Crítica – Vengeful Guardian: Moonrider

 

Análise Crítica – Vengeful Guardian: Moonrider

Review – Vengeful Guardian: Moonrider
Desenvolvido pela brasileira Joy Masher, responsável pelo bacana Blazing Chrome, Vengeful Guardian: Moonrider chamou minha atenção pelo modo como seus visuais remetiam a Shinobi III para Mega Drive. Não me lembrava de um jogo de aventura retrô que captasse tão bem as antigas aventuras do ninja do Mega Drive, então resolvi conferir.

A trama é simples: em um futuro distópico o jogador controla o titular Moonrider, uma arma viva a serviço de um regime repressivo. Farto de ser uma ferramenta de opressão, o ninja tecnológico se rebela contra aqueles que o controlam e reflete sobre como o poder corrompe. Tudo isso serve como pretexto para uma jornada sanguinária ao longo de oito fases. Algumas cutscenes com ótima pixel art ajudam a dar algum contexto entre uma fase e outra, mas no geral a narrativa é meio vaga, o que não chega a ser um problema considerando a natureza retrô do produto.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

Drops – A Babá (2022)

 

Análise Crítica – A Babá (2022)

Review – Nanny
Estrelado por Anna Diop (a Kory da série Titãs), A Babá é o primeiro longa-metragem de Nikyatu Jusu, diretora oriunda de Serra Leoa, e transita entre o drama e o terror para falar imigração, racismo e questões de classe. A narrativa é centrada em Aisha (Anna Diop), uma imigrante senegalesa em Nova Iorque que começa a trabalhar como babá de um casal rico da cidade na esperança de fazer dinheiro suficiente para trazer o filho do Senegal para morar com ela nos EUA. O que parecia um bom emprego vai aos poucos se transformando numa experiência tensa conforme ela passa a ter problemas com a patroa, Amy (Michelle Monaghan), e Aisha começa a ter visões estranhas com entidades como Anansi.

A condução de Jusu vai aos poucos mostrando como inúmeros pequenos incidentes vão minando os ânimos de Aisha até que a soma dele faz as tensões entre ela e a patroa chegarem a um atrito explícito. Nesse sentido, Anna Diop é eficiente em nos fazer entender o que a protagonista sente através de reações inicialmente contidas diante da exploração ou preconceitos de classe e raça casualmente demonstrados pelos patrões.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

Crítica – Tár

 Análise Crítica – Tár

Quase quinze anos depois de seu último filme (o excelente e pouco visto Pecados Íntimos), o diretor Todd Field retorna às telas com Tár um filme que muitos podem reduzir ao um mero olhar sobre “cultura do cancelamento”, mas tem muito mais camadas do que isso. Tal como um maestro em uma orquestra Tár é sobre tempo, estar ciente do tempo, medir o tempo, controlar o tempo e o que acontece quando alguém é incapaz de se relacionar adequadamente com o tempo ao seu redor.

A trama acompanha a maestra Lydia Tár (Cate Blanchett), uma regente com uma brilhante carreira na música clássica e primeira mulher a dirigir a filarmônica de Berlim. Devotada a compositores clássicos como Mahler e Bach, Lydia está prestes a fazer história com sua vindoura gravação da quinta sinfonia de Mahler, no entanto as indiscrições pessoais de Lydia começam a surgir e a maestra vai aos poucos perdendo o controle do mundo a sua volta.

De certa forma Lydia é uma pessoa fora do tempo presente. Seus ídolos estão todos no passado e são todos homens, ela se recusa a olhar para a arte com qualquer viés sociológico ou político. Para ela as críticas ao eurocentrismo da música clássica e as condutas ou pensamentos de compositores como Bach de nada servem. O texto de Todd Field nunca adere à ideia de que devemos “cancelar” a música clássica por sua perspectiva branca eurocêntrica ou por condutas questionáveis de seus compositores, no entanto, a trajetória da narrativa opera para mostrar o equívoco do ponto de vista de Lydia em considerar que a arte existe desconectada de seu contexto de produção e de recepção. É um tema espinhoso e o filme o trata com essa devida complexidade, evitando respostas fáceis.

terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Crítica – Os Banshees de Inisherin

 

Análise Crítica – Os Banshees de Inisherin

Review – Os Banshees de Inisherin
Os filmes do diretor Martin McDonagh costumeiramente trazem sujeitos que buscam viver em paz, mas inevitavelmente se envolvem em atos de violência absurda. Em Os Banshees de Inisherin ele tem provavelmente seu filme mais introspectivo sobre esse tipo de história e provavelmente o melhor desde Na Mira do Chefe (2008).

A trama se passa na ilha de Inisherin na Irlanda na década de 1920. O povoado da ilha segue alheio aos bombardeios da guerra que ocorre fora, mas uma desavença aparentemente banal altera o cotidiano do povoado. Um dia o pacato Padraic (Colin Farrell) descobre que Colm (Brendan Gleeson) não quer mais ser seu amigo apesar dos dois sentarem juntos no pub local para conversar ao longo das últimas décadas. Inconformado com a decisão aparentemente sem motivo, Padraic exige explicações de Colm e isso vai gerar consequências cada vez mais absurdas.

É possível pensar no conflito entre os dois como uma metáfora da guerra civil irlandesa, com duas pessoas iniciando um conflito destrutivo por pequenas diferenças, mas também como uma análise de perspectivas opostas para um certo grau de pavor existencial. Ninguém da vila fica surpreso que o motivo de Colm em não mais querer falar com Padraic é o fato dele ser um sujeito simplório e entediante que não tem nada para dizer além de falar horas a fio sobre as fezes de seus animais.

Conheçam os indicados ao Oscar 2023

Oscar Nominees 2023

A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas divulgou hoje os indicados ao Oscar 2023. O mais lembrado foi Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo que recebeu onze indicações, incluindo melhor filme, melhor direção e melhor atriz para Michelle Yeoh. Em segundo lugar Nada de Novo no Front, produção alemã da Netflix, surpreendeu ao levar nove indicações empatando com Os Banshees de Inisherin. Além deles Elvis levou oito indicações enquanto que Os Fabelmans ficou com sete. A cerimônia do Oscar deve ocorrer no dia 12 de março, confiram abaixo a lista completa de indicados.

  

segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

Conheçam os indicados ao Framboesa de Ouro 2023

 

Razzies 2023 Nominees

O Framboesa de Ouro é a premiação que “homenageia” os piores filmes do ano e hoje, 23 de janeiro, divulgou os indicados aos prêmios desse ano, cuja cerimônia acontece no dia 11 de março. Blonde, biografia de Marilyn Monroe, levou o maior número de indicações, superando bombas como Morbius ou A Filha do Rei, que tiveram cinco e quatro indicações respectivamente. Tom Hanks recebeu três indicações, incluindo pior ator coadjuvante por Elvis sendo que seu trabalho está longe de ser ruim, o coronel Parker era uma figura tosca e detestável, Hanks fez o que o personagem pedia. Atores como Matt Smith pelo vilão de Morbius ou Pierce Brosnan pelo Luis XIV de A Filha do Rei mereciam mais a indicação por coadjuvante. Stallone recebeu uma indicação por Samaritano apesar dele ser o menor dos problemas do filme, provavelmente sendo lembrado por ser um alvo fácil do Framboesa.

É o tipo de coisa que mostra como a "premiação" é mais movida por implicâncias do que pela (má qualidade dos filmes). Blonde é um filme problemático, de fato, e mereceu algumas das indicações, bem como as críticas à visão do diretor sobre mulheres, mas não chega aos pés da porcaria que é algo como Morbius ao ponto de ter mais indicações que o filme protagonizado por Jared Leto, sem falar que um dos piores filmes do ano, Moonfall: Ameaça Lunar não recebeu uma indicação sequer. Confiram abaixo a lista completa de indicados:

 

 

Pior Filme:

 

Pior Remake, Cópia ou Sequência

  • Blonde
  • As duas continuações de 365 Dias – 365 Dias: Hoje e 365 Dias Finais
  • Pinóquio
  • Chamas da Vingança
  • Jurassic World: Domínio

 

Pior ator

  • Colson Baker (Machine Gun Kelly) – Tenha um Bom Luto
  • Pete Davidson (voz) – Marmaduke
  • Tom Hanks (como Gepetto) – Pinóquio
  • Jared Leto – Morbius
  • Sylvester Stallone – Samaritano

 

Pior atriz

  • Ryan Kiera Armstrong – Chamas da Vingança
  • Bryce Dallas Howard – Jurassic World: Dominion
  • Diane Keaton – Mack & Rita
  • Kaya Scodelario – A Filha do Rei
  • Alicia Silverstone – The Requin

 

Pior ator coadjuvante

  • Tom Hanks – Elvis
  • Pete Davidson (Participação especial) – Tenha um Bom Luto
  • Mod Sun – Tenha um Bom Luto
  • Xavier Samuel – Blonde
  • Evan Williams – Blonde

 

Pior atriz coadjuvante

 

Pior casal

  • Os dois personagens reais na cena falaciosa do quarto da Casa Branca – Blonde
  • Andrew Dominik e seus problemas com mulheres – Blonde
  • Tom Hanks e seu rosto carregado de látex (e sotaque ridículo) – Elvis
  • Colson Baker (Machine Gun Kelly) & Mod Sun – Tenha um Bom Luto
  • As duas continuações de 365 Dias (ambos lançados em 2022)

 

Pior direção

  • Judd Apatow – A Bolha
  • Colson Baker (Machine Gun Kelly) e Mod Sun – Tenha um Bom Luto
  • Andrew Dominik – Blonde
  • Daniel Espinosa – Morbius
  • Robert Zemeckis – Pinóquio

 

Pior roteiro

  • Blonde
  • Pinóquio
  • Tenha um Bom Luto
  • Jurassic World: Domínio
  • Morbius

 

Crítica – One Piece Odyssey

 

Análise Crítica – One Piece Odyssey

Review – One Piece Odyssey

Não sou exatamente um grande fã de One Piece, mas conheço o suficiente o anime e aprecio os jogos. Como fã de JRPGs, fiquei curioso com o anúncio deste One Piece Odyssey, que colocava a tripulação do Chapéu de Palha em uma aventura com estrutura de RPG. O resultado tem muitos bons momentos, mas várias ideias que não são plenamente aproveitadas.

Na trama o grupo de piratas liderados por Luffy bate na misteriosa ilha de Waford. Lá eles são atacados por um colosso de fogo que drena os poderes dos heróis. Com ajuda de Adio e Lim, que parecem estar presos na ilha há algum tempo, os piratas precisam desvendar os mistérios da ilha e coletar os cubos de memória para recuperar sua força. Esses cubos fazem os personagens reviverem aventuras passadas, dando a oportunidade do jogador revisitar alguns dos arcos do mangá.

A ideia de recontar arcos como os de Alabasta ou Water 7 através dessa mecânica de reviver memórias ao invés de nos colocar na cronologia canônica deveria dar oportunidade para a trama explorar com criatividade possíveis cenários alternativos com eventos um pouco diferentes ou como a presença de personagens que não estavam originalmente presente impactaria em alguns eventos. Infelizmente a narrativa não aproveita plenamente essas possibilidades, preferindo se ater a mudanças superficiais e com poucas repercussões, como o fato de Usopp ser sequestrado ao invés de Robin em Water 7.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

Crítica – House of Hammer: Segredos de Família

Análise Crítica – House of Hammer: Segredos de Família


Review – House of Hammer: Segredos de Família
Todo mundo ficou chocado quando surgiram as primeiras denúncias de abusos sexuais e outras práticas reprováveis contra o ator Armie Hammer. Depois de uma série de fracassos de bilheteria, Hammer estava reerguendo a carreira com o sucesso de Me Chame Pelo Seu Nome, mas logo tudo foi interrompido de maneira abrupta pela severidade das denúncias. A minissérie documental House of Hammer: Segredos de Família tenta analisar o caso, explorando como Armie não é o único de sua família com segredos sombrios.

A produção não faz nada além da típica estrutura de documentários sobre crimes, recorrendo a testemunhos e imagens de arquivo, não tendo nada de diferente neste aspecto. Por outro lado, é bem contundente na exposição de evidências do comportamento abusivo do astro, com testemunhos de ex-namoradas que mostram conversas via mensagens de texto e áudios que ilustram o modo como ele as tratava.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

Crítica – Chained Echoes

 

Análise Crítica – Chained Echoes

Review Crítica – Chained Echoes
Desenvolvido ao longo de sete anos pelo alemão Matthias Linda, Chained Echoes me chamou atenção pelo modo como evocava antigos RPGs japoneses da era 16 e 32 bits como Final Fantasy VI, Chrono Trigger e Xenogears. O resultado é algo próximo de como a gente se lembra que esses jogos eram, sem os problemas de um certo design de gameplay ou visuais que hoje consideraríamos datados.

A narrativa se passa em um continente com três reinos à beira da guerra. No meio disso está Glenn um mercenário traumatizado pela guerra que tenta impedir que os reinos usem uma poderosa arma chamada Grand Grimoire capaz de dizimar áreas inteiras. Ao longo da jornada Glenn encontra diversos companheiros e desvendará intrigas entre os reinos. É uma narrativa que fala sobre os horrores da guerra, da corrupção do poder e que faz isso com certa maturidade, sem se furtar de questões mais sombrias.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

Crítica – O Pálido Olho Azul

 

Análise Crítica – O Pálido Olho Azul

Review – O Pálido Olho Azul
Produção da Netflix, O Pálido Olho Azul é um daqueles filmes que no papel não tem como dar errado. Tem um diretor competente em Scott Cooper (de filmes como Coração Louco, Tudo por Justiça e Aliança do Crime), um roteiro que adapta um sucesso literário (o romance de mesmo nome escrito por Louis Bayard) e um ótimo elenco. Cinema, no entanto, não é uma ciência exata e apesar de todas as credenciais positivas o resultado é relativamente esquecível.

A trama se passa no século XIX. Augustus Landor (Christian Bale) é um detetive veterano e traumatizado por problemas do passado é chamado para desvendar uma morte misteriosa na academia militar de West Point, em que um cadete supostamente se matou e depois o coração do cadáver foi roubado. Como os recrutas são um grupo fechado e pouco colaborativo, Landor acaba se aproximando do cadete Edgar Allan Poe (Henry Melling) para ajudá-lo a desvendar o segredo de West Point. Apesar de Poe ter de fato servido em West Point no período histórico em que a narrativa acontece, a trama é completamente ficcional.

terça-feira, 17 de janeiro de 2023

Crítica – M3gan (Megan)

 

Análise Crítica – M3gan (Megan)

Review – M3gan (Megan)
Assim que saíram os primeiros trailers M3gan (ou simplesmente Megan) viralizou por conta do visual sinistro de sua boneca assassina. Indo assistir o filme me perguntei se talvez não fosse um daqueles filmes que tem um trailer empolgante, mas o resultado final é uma porcaria.

A trama é centrada em Gemma (Allison Williams), uma programadora que se vê no inesperado papel de guardiã da sobrinha, Cady (Violet McGraw), depois que os pais dela morrem em um acidente. Sem saber se conectar com a menina, Gemma decide testar com Cady o protótipo de uma boneca interativa que está desenvolvendo. Logo Cady se conecta com a boneca M3gan, tratando-a quase como uma pessoa de verdade, mas a boneca passa a levar a sério demais sua programação de cuidar da garota.

É claramente uma premissa de produção B e o filme sabe disso, caminhando entre o terror e a paródia para tentar extrair o máximo de entretenimento da situação. Boa parte do humor deriva justamente do texto reconhecer a bizarrice da situação e como o visual da boneca é, por si só, naturalmente sinistro. Apesar da classificação indicativa baixa para um filme de terror (14 anos, quando a maioria é 16), a trama consegue criar momentos de tensão mesmo a violência não sendo tão explícita. Quem espera um terror mais sangrento, porém, provavelmente vai se decepcionar.

domingo, 15 de janeiro de 2023

Lixo Extraordinário – Zardoz

 

Crítica – Zardoz

Review – Zardoz
Na década de 70 o diretor John Boorman vinha de seguidos sucessos. Depois de À Queima Roupa (1967) e Amargo Pesadelo (1972) Boorman gozava de prestígio e liberdade criativa em Hollywood o suficiente para conseguir fazer o que quisesse. Seu primeiro instinto foi tentar adaptar a trilogia O Senhor dos Anéis, que seria produzida pela United Artists, mas o estúdio desistiu durante a pré-produção ao perceber o alto valor. Tendo perdido a possibilidade de levar Tolkien para as telas, Boorman resolveu criar do zero um projeto de fantasia e ficção científica em Zardoz.

Lançado em 1974, o filme originalmente seria protagonizado por Burt Reynolds, que trabalhou com Boorman em Amargo Pesadelo. Por conta de alguns problemas de saúde, Reynolds saiu do filme e foi substituído por Sean Connery, que buscava algo diferente para mostrar à indústria que era mais do que James Bond. O (merecido) retumbante fracasso de Zardoz quase enterrou a carreira de Connery.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

Crítica – Até os Ossos

Análise Crítica – Até os Ossos


Review – Até os Ossos
No papel Até os Ossos é uma trama que não deveria funcionar. É um road movie sobre canibalismo e também uma história de amor e autoaceitação. Seria fácil deixar o tom inconsistente ou falhar em nos fazer entender esses personagens a despeito das coisas brutais que eles fazem, mas o diretor Luca Guadagnino caminha com sensibilidade pelos temas complicados do filme.

A trama se passa na década de 80, sendo protagonizada por Maren (Taylor Russell, a Judy de Perdidos no Espaço). Uma garota que está começando uma nova escola e tentando se aproximar das colegas a despeito do pai superprotetor. Uma noite Maren escapa de casa para ir se encontrar com as amigas. Durante a conversa com umas das amigas, Maren morde o dedo dela e começa a devorar a carne. Chegando em casa ensanguentada, o pai dela se comporta como se não fosse a primeira vez e Maren parte em uma jornada de autodescoberta pelo interior dos EUA. No caminho ela conhece Lee (Timothee Chalamet), que também tem o mesmo impulso de comer carne humana.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

Crítica – Os Fabelmans

Análise Crítica – Os Fabelmans


Review – Os Fabelmans
Baseado na própria juventude do diretor Steven Spielberg, Os Fabelmans não apenas permite que compreendamos sua formação como realizador e as origens de elementos recorrentes em sua arte como é uma carta de amor ao cinema e ao poder da arte. O que mais impressiona é como Spielberg consegue aqui falar de si mesmo e seus anos formativos sem soar ególatra como as vezes acontece em produções autobiográficas em que um artista analisa sua própria arte.

A trama começa na década de 50, acompanhando a infância e juventude de Sammy (Gabriel Labelle), um jovem de família judia que se fascina pelo cinema. Além da crescente paixão do protagonista pela sétima arte, o filme acompanha a jornada da família de Sammy em suas múltiplas mudanças por conta do trabalho de seu pai, Burt (Paul Dano), e a relação complicada que o protagonista tem com a mãe, Mitzi (Michelle Williams).

quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

Drops – Ruído Branco

 

Análise Crítica – Ruído Branco

Review – Ruído Branco
Dirigido por Noah Baumbach, Ruído Branco tenta falar sobre existencialismo na sociedade dos Estados Unidos sob um olhar satírico. Em geral o realizador se sai bem por conta da maneira fluida com a qual transita entre drama, comédia e catástrofe, o problema é que ele traz tantas ideias que nem sempre forma um todo coeso.

A trama gira em torno da família liderada por Jack (Adam Driver) e Babette (Greta Gerwig), ambos lidando, cada um ao seu modo, com o medo da morte. Esses temores levam ambos a atitudes que os afastam um do outro em meio a diferentes crises pelas quais a família passa.

terça-feira, 10 de janeiro de 2023

Crítica – I Wanna Dance With Somebody: A História de Whitney Houston

 

Análise Crítica – I Wanna Dance With Somebody: A História de Whitney Houston

Review – I Wanna Dance With Somebody: A História de Whitney Houston
Fiquei com um pé atrás quando vi que este I Wanna Dance With Somebody: A História de Whitney Houston seria feito pelos mesmos produtores de Bohemian Rhapsody (2018), cinebiografia do Freddie Mercury. Temi que o resultado fosse a mesma estrutura quadrada que passa superficialmente por vários momentos da vida de sua personagem principal sem qualquer esforço de ir a fundo neles. Pois depois de ver o filme posso dizer: é bem isso mesmo.

A trama acompanha Whitney (Naomi Ackie) desde a juventude em sua trajetória de sucesso até a eventual decadência por conta das drogas e de uma relação conturbada com o rapper Bobby Brown (Ashton Sanders). É aquela biografia bem estilo “melhores momentos” que salta rapidamente entre momentos icônicos da carreira da personagem sem dar tempo para que nenhum evento seja desenvolvido ou tenha qualquer repercussão.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

Reflexões Boêmias – Melhores Filmes de 2022

 

Besf films of 2022

Depois de comentar sobre os piores filmes do ano passado é chegada a hora de refletir sobre os melhores filmes do ano que passou. Assim como na lista de piores, levo em consideração os filmes que receberam lançamento oficial no Brasil (em cinemas ou streaming) durante 2022.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2023

Crítica – A Inventora: À Procura de Sangue no Vale do Silício

 

Análise Crítica – A Inventora: À Procura de Sangue no Vale do Silício

Review Crítica – A Inventora: À Procura de Sangue no Vale do Silício
A primeira vez que ouvi sobre o caso de Elizabeth Holmes e a empresa Theranos fiquei surpreso como as pessoas acreditaram na promessa dela. Não sou médico ou engenheiro, mas o pequeno dispositivo chamado Edison que prometia fazer mais de 200 testes sanguíneos diferentes a partir de apenas uma gota de sangue sequer parecia ter espaço suficiente para comportar todos os componentes mecânicos, químicos e computacionais para fazer tantas operações complexas com confiabilidade. Produzido pela HBO, o documentário A Inventora: À Procura de Sangue no Vale do Silício desnuda os motivos disso: ninguém estava olhando para a ciência por trás do aparato, apenas para a performance de grande empreendedora de Holmes.

O documentário é inteligente ao não mostrar Holmes como um incidente isolado e sim como uma metonímia de todo o discurso mitificado sobre inovação e empreendedorismo que se construiu ao longo do século XX. Já em seus primeiros minutos o filme nos mostra como Thomas Edison construiu em torno de si toda uma performance para vender a imagem de um inventor genial, mesmo quando seus inventos não davam certo. A trajetória de Holmes, que tinha nomes como Edison e Steve Jobs como ídolos, se construiu em cima de uma performance semelhante.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

Reflexões Boêmias - Piores filmes de 2022

 

Worst Movies of 2022

Com o início de um novo ano, é chegado o momento de fazer um balanço do ano que passou. Depois de dois anos de pandemia, as coisas começaram a voltar ao normal em 2022, inclusive os cinemas, embora muitas práticas da pandemia, como uma janela cada vez menor entre lançamento nos cinemas e em plataformas digitais, tenham permanecido. Como em qualquer ano tivemos ótimos filmes e produções pavorosas. Como prefiro começar com as más notícias primeiro, começarei fazendo o balanço dos piores filmes. A lista leva em consideração os filmes lançados oficialmente no Brasil ao longo de 2022.

 

quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

Crítica – American Crime Story: Impeachment

 

Análise Crítica – American Crime Story: Impeachment

Review – American Crime Story: Impeachment
Depois de uma segunda temporada que se complicava desnecessariamente com uma cronologia invertida em O Assassinato de Gianni Versace, em Impeachment a antologia American Crime Story volta ao alto nível da primeira temporada, O Povo Contra OJ Simpson. Assim como em seu ano de estreia, a série apresenta um olhar que entende a complexidade dos eventos narrados sem se perder nas firulas narrativas do segundo ano.

A terceira temporada gira em torno dos eventos que levaram ao impeachment do presidente Bill Clinton (Clive Owen) na década de 90 por conta das denúncias de que o presidente estaria tendo um caso com a estagiária Monica Lewinsky (Beanie Feldstein) após denúncias da servidora da Casa Branca Linda Tripp (Sarah Paulson).

terça-feira, 3 de janeiro de 2023

Drops – Bardo, Falsa Crônica de Algumas Verdades

 

Análise Crítica– Bardo, Falsa Crônica de Algumas Verdades

Review – Bardo, Falsa Crônica de Algumas Verdades
Dirigido por Alejandro Iñarritu, Bardo, Falsa Crônica de Algumas Verdades tem um tom relativamente autobiográfico ao acompanhar a história de um realizador mexicano, Silverio (Daniel Gimenez Cacho), que há anos vive nos Estados Unidos e volta ao México para receber um prêmio. Durante a viagem passa aa ponderar sobre sua vida, sua arte e relação com a indústria.

É um filme que se presta a um passeio onírico pela subjetividade de seu protagonista (e que emula a subjetividade de seu realizador), nos deixando imersos em seu fluxo de consciência e no sentimento dele em relação ao mundo que o cerca. É indubitavelmente ensimesmado, mas a condução de Iñarritu de fato nos faz sentir em muitos momentos como se estivéssemos presenciando um passeio por sonhos. Encontramos muitas imagens interessantes, como a cena em que Silverio encolhe ao tamanho de uma criança ao conversar com o pai ou o surreal segmento do protagonista discutindo com um oficial da imigração ao retornar aos EUA com a família.