quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Crítica - Me Chame Pelo Seu Nome

Análise Me Chame Pelo Seu Nome


Review Me Chame Pelo Seu Nome
Dirigido pelo cineasta italiano Luca Guadagnino, Me Chame Pelo Seu Nome é um exame sobre o período formativo de um jovem rapaz conforme ele descobre sua sexualidade e seu primeiro amor. O jovem em questão é Elio (Timothée Chalamet), que vai passar o verão na exuberante propriedade dos pais no norte da Itália. O pai de Elio, o Sr. Perlman (Michael Stuhlbarg), é um renomado acadêmico que costuma alugar um quarto em sua propriedade para algum colega de universidade. O escolhido da vez é Oliver (Armie Hammer), um jovem e promissor acadêmico.

Oliver chama a atenção de Elio desde sua chegada à propriedade, mas o próprio Elio não sabe exatamente o porquê de estar tão fascinado por Oliver ou qual a natureza do sentimento que começa a nutrir por ele. O filme acerta ao contar a história sob o ponto de vista de Elio, mostrando como boa parte da iniciativa para se aproximar de Oliver e concretizar o que sentem parte dele. O romance entre os dois é construído com muita sensibilidade e cuidado, deixando claro que há um sentimento forte conectando os dois e não é algo motivado meramente por sexo, sendo possível entender o que os atrai um no outro.

Timothée Chalamet faz de Elio um garoto guarda em si uma boa dose de insegurança e senso de não pertencimento apesar de aparentar transitar com certo conforto pelos eventos sociais promovidos por sua família e até na interação com as garotas do local. Já Armie Hammer faz de Oliver alguém mais consciente de quem é e do que sente, mas não menos inseguro de vivenciar os próprios sentimentos. Pelo modo como ele evita demonstrações públicas de afeto com Elio é possível depreender que o personagem provavelmente já passou por situações de preconceito enquanto que Elio parece não ter noção do estigma social ao qual estão submetidos.

A falta de reservas de Elio em querer ficar com Oliver uma vez que ambos admitem o que sentem um pelo outro também pode ser percebida como um resultado da criação mais liberal que teve. Enquanto Oliver diz que sua própria família não o aceitaria se soubessem a verdade a seu respeito, a família de Elio não demonstra tratar a situação como um tabu. Isso fica evidente no poderoso diálogo que Elio tem com o pai no fim do filme, no qual Michael Stuhlbarg enche de sentimento e ternura a fala do pai para que o filho seja sincero consigo mesmo e com os próprios sentimentos caso contrário nunca terá uma vida completa.

De maneira sutil o filme suscita reflexões sobre o tabu da apreciação da forma masculina na cena em que Oliver e o Sr. Perlman conversam sobre esculturas gregas antigas e o modo sensual com o qual escultores homens retratavam outros homens. A cena serve como um lembrete de que o homoerotismo (e consequentemente relações homossexuais) sempre existiram e nem sempre foram tratadas como tabu. A narrativa também encanta pelo modo como filma as paisagens do interior da Itália na década de oitenta, prezando por ambientes belissimamente iluminados e uma paleta de cores cheias de tons pastéis, sendo simultaneamente uma recriação fiel da época e um olhar idílico sobre ela.

Me Chame Pelo Seu Nome é um retrato competente sobre o despertar afetivo de um jovem que arrebata pela sua sensibilidade e construção visual.


Nota: 9/10

Trailer

Nenhum comentário: