sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

Crítica – RRR: Revolta, Rebelião, Revolução

 

Análise Crítica – RRR: Revolta, Rebelião, Revolução

Review – RRR: Revolta, Rebelião, Revolução
Conheço pouco do cinema indiano, mas fiquei curioso para conferir este RRR: Revolta, Rebelião, Revolução não apenas pelas conversas de que poderia ser indicado a prêmios internacionais, como também pelo argumento de que ele não deveria ser indicado a prêmios por se tratar de uma peça de propaganda nacionalista. Ora, o que são filmes como Top Gun: Maverick (2022), Rambo 3 (1988) ou O Resgate do Soldado Ryan (1998) se não peças de propaganda nacionalista, feitas para acreditarmos nos Estados Unidos como essa heroica “polícia do mundo” com interesses puros de promover a liberdade e democracia ao redor do globo?

Porque Hollywood ou a Europa podem fazer filmes celebrando suas identidades nacionais e construindo uma versão de seu relato histórico em que seu povo é sempre o herói, mas populações colonizadas, como a da Índia, não podem fazer o mesmo? Imagino que muito do que causou essa recepção do filme se relaciona com o incômodo das populações europeias e de outros países hegemônicos em se enxergarem como vilões. Muito da história da colonização foi construída da perspectiva europeia e nela eles se colocam como bravos descobridores que civilizaram ou dominaram as selvagens e atrasadas populações dos territórios conquistados.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

Crítica – A Filha do Rei

 

Análise Crítica – A Filha do Rei

Review – A Filha do Rei
Adaptando um romance escrito por Vonda McIntyre, A Filha do Rei teve uma longa jornada até os cinemas. O filme foi feito em 2014, mas ficou engavetado até 2022 quando foi lançado sem muito barulho e depois de tê-lo assistido entendi o motivo. Não consegui encontrar muita coisa em termos do por que ter sido engavetado e esperado sete anos para sair, no entanto, o resultado pavoroso torna compreensível o porquê do filme ser jogado de qualquer jeito nas salas de cinema. Imagino que a produtora sabia do fracasso que tinha em mãos e preferiu reduzir as perdas ao não gastar muito com publicidade.

A trama se passa no século XVIII. O rei Luís XIV (Pierce Brosnan) volta a Paris depois de uma guerra custosa que coloca parte da população contra ele. Obcecado com a ideia de imortalidade, o rei descobre que seu desejo pode ser alcançado se roubar a força vital de uma sereia e despacha sua marinha em busca da criatura. Ao mesmo tempo, ele tenta se aproximar de Marie-Josephe (Kaya Scodelario), a filha que manteve em segredo do mundo e até dela mesma. Usando a ocorrência de um eclipse, o rei manda trazer Marie a Paris sob o pretexto que ela toque em uma cerimônia, mas na verdade deseja revelar à jovem que é seu pai.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

Drops – Matilda: O Musical

 

Análise Crítica– Matilda: O Musical

Review – Matilda: O Musical
Confesso que nunca tive lá grande vínculo com o clássico da Sessão da Tarde Matilda (1996), achava divertido, assistia quando passava, mas não foi algo tão presente na minha formação cinéfila. Ainda assim, fiquei curioso para conferir este Matilda: O Musical, que adapta o musical teatral baseado no livro de Roald Dahl que inspirou o filme de 96.

A trama é a mesma da versão da década de 90, Matilda (Alisha Weir) é uma garota precoce e genial negligenciada pelos pais picaretas que é mandada para a escola dirigida pela rígida Sra. Trunchbull (Emma Thompson), que sente prazer em humilhar as crianças. Felizmente, Matilda encontra refúgio nos amigos e na professora Honey (Lashana Lynch).

Tal como o primeiro filme, a narrativa é sobre como adultos não entendem ou subestimam as crianças, além de criticar um modelo educacional repressivo que tenta colocar as crianças dentro de um padrão restrito de conduta através de castigos arbitrários que não educam coisa alguma. Através de Matilda somos lembrados da inventividade e senso de imaginação que temos durante a infância, bem como o fato de que crianças as vezes tem motivos compreensíveis para agir de um modo que adultos considerariam como travesso.

terça-feira, 27 de dezembro de 2022

Crítica – Noites Brutais

 

Análise Crítica – Noites Brutais

Review – Noites Brutais
O terror Noites Brutais é um daqueles filmes que é melhor assistir sabendo o mínimo possível. Ele constantemente nos leva por caminhos inesperados que ampliam o suspense e nos deixa em um estado de incerteza a respeito do que virá a seguir. Em tempos de filmes que parecem cada vez mais aderir a lugares comuns, é um alívio encontrar produções que arriscam ao aloprar na trama com fabulações que nunca imaginaríamos a exemplo do que James Wan fez em Maligno (2021), embora Noites Brutais não chegue ao nível de maluquice do filme de Wan.

A trama é protagonizada por Tess (Georgina Campbell) que viaja a Detroit para uma entrevista de emprego e aluga uma casa via aplicativo. Chegando lá Tess descobre que há outra pessoa no local, Keith (Bill Skarsgard), que alugou a mesma casa via aplicativo diferente. Sem conseguir outro lugar para ficar, Tess aceita dividir a casa com Keith, mas fica alerta com o comportamento do desconhecido.

De início imaginamos que o filme irá girar em torno desse desconforto social de ser mulher e ser colocada em um espaço com um homem estranho. Como vemos tudo sob a perspectiva de Tess, imediatamente suspeitamos de Keith e de suas atitudes aparentemente gentis, como oferecer chá. O fato de Keith comentar que é “um cara legal” e que o chá não tem nada para dopar Tess só amplia nossa desconfiança. Claro, muito da tensão vem da escalação de Bill Skarsgard, famoso por viver monstros em filmes de terror (como o palhaço Pennywise), já imaginamos que o personagem interpretado por ele será alguém sinistro.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

Crítica – Glass Onion: Um Mistério Knives Out

 

Análise Crítica – Glass Onion: Um Mistério Knives Out

Review – Glass Onion: Um Mistério Knives Out
Lançado em 2019 Entre Facas e Segredos divertia ao brincar com as convenções do gênero policial. Produzida pela Netflix, sua continuação, Glass Onion: Um Mistério Knives Out, segue entretendo graças ao seu equilíbrio entre homenagem e deboche de tramas investigativas.

Na trama, o detetive Benoit Blanc (Daniel Craig) é convidado para um final de semana na mansão do bilionário Miles Bron (Edward Norton) em sua propriedade nas ilhas gregas. Além de Blanc, estão na viagem outros amigos e parceiros do bilionário e o motivo da viagem é participar de um jogo: desvendar o fictício assassinato de Miles. O problema é que pessoas começam a morrer de verdade e Blanc precisa entrar em ação.

De início parece que estaremos diante de um mistério bem similar ao romance E Não Sobrou Nenhum de Agatha Christie, em que um grupo de pessoas numa mansão remota começa a ser assassinado um a um, no entanto, o texto de Rian Johnson consegue pegar essa premissa familiar e virar ao avesso, evitando que as coisas fiquem previsíveis demais e mantendo o clima de suspense.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

Crítica – Sorria

 

Análise Crítica – Sorria

Review – Sorria
O terror Sorria chamou minha atenção pelos pôsteres com personagens exibindo sorrisos macabros. Mesmo sem saber exatamente do que se tratava, as imagens eram o suficiente para despertar minha curiosidade. O resultado, felizmente, é um produto satisfatório, ainda que um pouco derivativo.

Na trama, a psiquiatra Rose (Sosie Bacon) testemunha uma paciente se matar diante dela dizendo que estava sendo perseguida por uma entidade sobrenatural que a fazia ver estranhos rostos sorridentes. Pouco tempo depois, Rose começa a ver o mesmo tipo de aparição e teme estar perdendo a sanidade. Ela começa a pesquisar e descobre uma estranha ligação de sua paciente com outros suicídios.

De certa forma a narrativa do filme é basicamente a mesma de Corrente do Mal (2014), com uma entidade invisível “infectando” diferentes pessoas e passando de hospedeiro para hospedeiro. A diferença é que ao invés de ser transmitida pelo sexo, é transmitida ao ver alguém se matando.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

Lixo Extraordinário – Labirinto de Emoções

 

Análise Crítica – Labirinto de Emoções

Review - Mazes and Monsters
Na década de 80 houve todo um discurso midiático focado em construir pânico moral ao redor de RPGs de mesa como Dungeons & Dragons. Pessoas que não entendiam esses jogos achavam se tratar de coisas satânicas e qualquer morte ou desaparecimento de jovens na época era creditado aos RPGs. Era algo tão preponderante que a quarta temporada de Stranger Things chegou a explorar esse pânico moral e esse discurso era tão presente e pervasivo que não se limitava ao jornalismo até mesmo a ficção da época se dedicada a demonizar os jogos de RPG. Um exemplo é este Labirinto de Emoções, lançado em 1982 e adaptando um romance escrito por Rona Jaffe, o filme mostrava como jogar RPG destruía a vida dos jovens, recorrendo a caracterizações extremamente caricatas sobre o jogo e seus jogadores. A produção também tem a distinção de ser o primeiro longa metragem estrelado pelo ator Tom Hanks, mas, bem, todo mundo precisa começar por algum lugar.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

Crítica – Eu Sou Vanessa Guillen

 

Análise Crítica – Eu Sou Vanessa Guillen

Review – Eu Sou Vanessa Guillen
Eu tinha ouvido falar por alto do caso Vanessa Guillen, uma militar dos Estados Unidos que foi desapareceu da base militar que servia no interior do país e que semanas depois foi encontrada morta com suspeita de ter sido assassinada e estuprada por colegas de farda. O documentário Eu Sou Vanessa Guillen acompanha a família de Vanessa conforme elas pressionam as autoridades por justiça e mudanças na legislação que rege investigações pertinentes às forças armadas.

Apesar de partir de um crime o documentário é menos sobre o crime em si e mais sobre como a estrutura de poder das forças armadas dos EUA trabalha para ocultar crimes cometidos por militares, que muitas vezes não sofrem qualquer tipo de consequência. Na verdade, o pouco foco no crime se dá pela própria falta de evidências e elementos concretos para se falar dele, já que pouca informação a respeito foi divulgada pelas forças armadas.

terça-feira, 20 de dezembro de 2022

Crítica – Aftersun

 

Análise Crítica – Aftersun

Review – Aftersun
Quando somos crianças muitas vezes pensamos em nossos pais como super-heróis infalíveis. Só quando nos tornamos adultos é que vemos que eles são falhos como qualquer pessoa e ao revisitar as memórias de infância nos perguntamos como não percebemos antes os problemas deles ou o que eles estavam passando. Aftersun primeiro longa metragem da diretora Charlotte Wells é exatamente sobre esse exame de memórias e a tentativa de conciliar a imagem que criamos de nossos pais com a realidade do que eles eram.

Quando tinha onze anos Sophie (Frankie Corio) viajou para a Turquia para passar férias com o pai, Calum (Paul Mescal), em um modesto resort. Já adulta Sophie (Celia Rowlson-Hall) revisita filmagens e fotos da época para pensar em como o modo que ela se lembra daquele período e do pai.

A trama ocasionalmente se desloca no tempo entre a Sophie criança e a versão adulta da personagem e esses movimentos acontecem com relativa naturalidade, quase sem chamar atenção para si. Não interessa a Wells o jogo com as temporalidades e sim explicitar para o espectador que aquilo que vemos não é a realidade do passado, mas a memória de Sophie. É como ela lembra, não necessariamente o que aconteceu e essa constante volta ao passado, como um disco que toca sem parar, soa quase como uma tentativa de Sophie de tentar encontrar vestígios que ela teria deixado passar quando criança.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

Crítica – Avatar: O Caminho da Água

 

Análise Crítica – Avatar: O Caminho da Água

Review Crítica – Avatar: O Caminho da Água
Confesso que tinha minhas reservas com Avatar: O Caminho da Água. O primeiro filme entregava um grande espetáculo visual que criava um universo interessantíssimo, mas a trama básica me fazia pensar se seria capaz de sustentar uma franquia. Esse sentimento foi ampliado pelo hiato de treze anos entre os dois filmes. Afinal, será que James Cameron conseguiria ainda fazer o público se importar com o mundo de Pandora depois de tanto tempo? Será que seria mais um apelo cínico à nostalgia como Hollywood tem feito incansavelmente nos últimos anos? Para minha surpresa, o resultado de Avatar: O Caminho da Água é majoritariamente positivo.

A trama se passa muitos anos depois do primeiro filme. Jake (Sam Worthington) agora tem uma família com Neytiri (Zoe Saldana) e vive em comunhão com o povo da floresta e com os poucos humanos que restaram em Pandora. Tudo muda quando a humanidade retornar pronta para guerra e para retomar o controle do planeta. Jake lidera uma guerrilha contra os humanos, mas os planos mudam com a chegada de um clone do coronel Quaritch (Stephen Lang), agora num avatar de Na’vi, enviado especialmente para caçar Jake e sua família. Jake decide deixar a floresta e se refugiar com o povo da água, onde acredita que ficará seguro.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

Crítica – Trem Bala

 

Análise Crítica – Trem Bala

Review – Trem Bala
Reunindo uma dezena de assassinos excêntricos em um ambiente fechado, Trem Bala é mais um daqueles filmes que quer emular o estilo descolado e verborrágico de realizadores como Quentin Tarantino, Guy Richie ou Edgar Wright, mas falha em entender o que faz os filmes desses diretores funcionarem tão bem.

Na trama Joaninha (Brad Pitt) é um mercenário incumbido de transportar via trem uma valiosa maleta para um perigoso mafioso russo até a cidade de Kioto. O que o agente não esperava é que tivessem vários outros operativos e assassinos no mesmo trem em busca da maleta com objetivos diferentes.

Há todo um esforço de encher esses personagens de diálogos com referências pop e frases sagazes, no entanto nada disso soma a uma personalidade coesa para esses sujeitos soando mais como uma série de cacoetes aleatórios para tentar dar a ilusão de que há alguma substância neles. Não há sequer algo a dizer, nenhum insight interessante sobre as referências pop levantadas.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

Drops – CEO em Fuga: A História de Carlos Ghosn

 

Análise Crítica – CEO em Fuga: A História de Carlos Ghosn

Review – CEO em Fuga: A História de Carlos Ghosn
A Netflix e outros serviços de streaming já fizeram tantos documentários sobre crimes que talvez já tenham explorado todas as histórias interessantes e agora precisam recorrer a histórias pouco interessantes para continuar produzindo nesse filão. Só isso para explicar um produto tão sem graça quanto esse CEO em Fuga: A História de Carlos Ghosn.

O documentário conta a história do presidente da Nissan, Carlos Ghosn, que teria roubado e embolsado milhões da empresa através de companhias de fachada e depois fugiu do país em um elaborado plano de fuga. O primeiro problema da produção é o ritmo, já que ele demora a chegar no crime propriamente dito e passa mais da metade de sua duração falando da trajetória profissional de Ghosn na Renault e na Nissan.

Quando chega no crime, é um esquema tão padrão de desvio de dinheiro que não tem nada que justifique um longa metragem. Mesmo a mirabolante fuga, o aspecto mais interessante, é contado em poucos minutos. Não ajuda que o documentário use o conjunto padrão de ferramentas desse tipo de filme, sem muita imaginação, e ainda recorra a expedientes preguiçosos como várias cenas com imagens estáticas e cartelas de texto.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

Crítica – God of War Ragnarok

 

Análise Crítica – God of War Ragnarok

Lançado em 2018 God of War era um excelente reboot que reinventava tanto o gameplay quanto os personagens da franquia de ação do Playstation. Kratos finalmente era um personagem tridimensional, com motivações complexas, sentimentos ambíguos e uma intensa jornada emocional. Quatro anos depois voltamos para concluir a jornada de Kratos pela mitologia nórdica neste God of War Ragnarok, que melhora praticamente todos os aspectos em relação ao original.

A trama se passa dois anos depois do primeiro jogo. O Fimbulwinter toma Midgard, Kratos tenta treinar Atreus para sobreviver sozinho, temendo que a profecia de sua morte se concretize. Já Atreus tenta de qualquer maneira encontrar uma solução para a profecia de morte, o que coloca os dois na mira de Odin e Thor, iniciando um novo conflito com o panteão nórdico.

terça-feira, 13 de dezembro de 2022

Crítica – Pinóquio

 

Análise Crítica – Pinóquio

Review Crítica – Pinóquio
Dirigido por Guillermo del Toro, esta nova versão de Pinóquio sai meses depois que a Disney lançou mais um insosso remake live action de sua versão animada. A de del Toro, por sua vez, se sai melhor tanto por sua estética stop motion peculiar como pelos temas que agrega ao conto originalmente escrito por Carlo Collodi.

A trama se passa na Itália sob o regime fascista de Mussollini. Em plena guerra, Gepetto perde o filho depois que sua pequena vila é bombardeada. Devastado pelo trauma, o carpinteiro decide recriar a aparência do filho em um boneco de madeira e um espírito da floresta decide dar vida ao boneco. Agora Gepeto precisa cuidar do travesso Pinóquio, mas ele ainda enxerga o filho no boneco.

O conto original era uma fábula moral sobre infância, educação e consciência, mas aqui além desses temas del Toro também se debruça sobre questões um pouco mais adultas e sombrias. Não seja um filme desaconselhável para crianças, não há nada aqui de muito explícito em termos de violência ou linguajar, no entanto, certos temas provavelmente vão ressoar mais com adultos do que com os pequenos.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

Crítica – The White Lotus: 2ª Temporada

 

Análise Crítica – The White Lotus: 2ª Temporada

Review – The White Lotus: 2ª Temporada
Inicialmente anunciada como uma minissérie, fiquei com o pé atrás quando foi anunciada que teria uma segunda temporada de The White Lotus. A primeira temporada não deixava muito espaço por onde continuar as tramas e mesmo com a noção de que se passaria em uma unidade diferente da fictícia rede de resorts com um elenco inteiramente novo, temi que o segundo ano não estivesse à altura do primeiro. Felizmente o texto de Mike White continua afiado em tratar questões de classe social e identidade.

A narrativa se passa no White Lotus da Sicília, na Itália, gerido por Valentina (Sabrina Impacciatore). Um corpo aparece misteriosamente na praia e logo a trama volta para narrar os eventos de uma semana antes quando um grupo de hóspedes excêntricos chega ao hotel. Entre eles está o casal Ethan (Will Sharpe) e Harper (Aubrey Plaza), eles ficaram ricos recentemente por conta da empresa de tecnologia de Ethan e são convidados para a Itália por um antigo colega de faculdade de Ethan. Dominic Di Grasso (Michael Imperioli) chega com o pai, Bert (F. Murray Abraham), e o filho Albie (Adam Di Marco). Dom está tentando se reconectar com as origens italianas de sua família e também dar um tempo de seu decadente casamento. Retornando da primeira temporada, Tanya (Jennifer Coolidge) está em lua de mel com o marido Greg (Jon Gries) e a assistente Portia (Haley Lu Richardson).

sexta-feira, 9 de dezembro de 2022

Drops – Natal Com Você

 

Análise Crítica – Natal Com Você

Review – Natal Com Você
Não há nada em Natal Com Você que já não tenhamos visto em outros filmes natalinos. Ainda assim, essa produção da Netflix tem charme e calor humano o bastante para envolver. A narrativa é protagonizada por Angelina (Aimee Garcia), uma diva pop cuja carreira está empacada e caminhando para seu ocaso se ela não souber se reinventar. A gravadora pede que ela grave um álbum natalino, mas ela está sem inspiração. As coisas mudam quando ela vê um vídeo da adolescente Cristina (Deja Monique Cruz) cantando uma de suas músicas. Angelina decide conhecer Cristina e na casa da garota se aproxima do pai dela, o viúvo professor de música Miguel (Freddie Prinze Jr.). Vendo algumas composições de Miguel, Angelina pede ajuda a ele para compor sua canção natalina.

É a estrutura típica de uma comédia romântica do casal com personalidades opostas que se aproxima ao aprender a ser mais como o outro. Miguel vai aprender a vencer as próprias inseguranças e ser mais assertivo enquanto que Angelina aprende que fama e sucesso não valem muita coisa se você não tem pessoas que ama ao seu redor. Tal como em muitas narrativas sobre a indústria do entretenimento, há aqui a oposição entre esse universo de fama e de aparências com uma vida pacata em família, que pode não ser tão glamourosa, mas é afetivamente mais recompensadora.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

Crítica – Cuphead A Série: Terceira Temporada

 

Análise Crítica – Cuphead A Série: Terceira Temporada

Review – Cuphead A Série: Terceira Temporada
Assim como aconteceu nas duas temporadas anteriores, essa terceira temporada de Cuphead: A Série continua a alternar entre histórias mais isoladas, que se sustentam por si só, e tramas mais contínuas, que levam vários episódios para se desenvolver. Aqui, no entanto, a série parece ter atingido um equilíbrio melhor entre esses dois elementos.

A temporada começa no ponto em que a anterior parou, com o Diabo levando Caneco para o inferno depois que Xicrinho pegou o seu tridente. Agora Xicrinho precisa encontrar uma maneira de salvar o irmão. Logicamente a temporada tem outras histórias, mas constantemente volta a focar na rivalidade dos irmãos com o Diabo de uma maneira mais constante do que outras temporadas.

Provavelmente ciente de que seria lançada no final do ano, a temporada também tem uma boa dose de episódios natalinos. Um, por exemplo, gira em torno de Xicrinho tentar conseguir uma árvore de Natal para o Vovô Chaleira. Em outro o Diabo tenta conseguir um presente do Papai Noel, mas é obrigado a se redimir das maldades que cometeu para sair da lista dos malcriados.

terça-feira, 6 de dezembro de 2022

Crítica – O Milagre

Análise Crítica – O Milagre


Review – O Milagre
Dirigido pelo chileno Sebastian Lelio, O Milagre fala da força da crença e das narrativas que sustentam essa crença. A trama, que adapta um romance de Emma Donoghue, se passa na Irlanda do século XIX e acompanha a enfermeira Wright (Florence Pugh). Ela é chamada a um remoto vilarejo para investigar o misterioso jejum de uma jovem, Anna (Kila Lord Cassidy), que supostamente estaria há meses sem comer e analisar a possibilidade de se tratar de um milagre ou algum importante desenvolvimento científico.

Os primeiros momentos mostram como a cidade foi tomada por místicos, curandeiros e pseudocientistas que tentam mostrar que há algo de extraordinário na garota. Os diálogos entre Wright e o comitê que a contratou deixam evidente que eles não estão interessados em descobrir a verdade sobre o que está acontecendo, mas que a vigília da enfermeira tem como objetivo oferecer algum grau de validação para a narrativa de que a garota de fato está há meses sem comer.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

Crítica – Eike: Tudo ou Nada

 

Análise Crítica – Eike: Tudo ou Nada

Review – Eike: Tudo ou Nada
Confesso que não sabia o que esperar deste Eike: Tudo ou Nada, que acompanha a trajetória de Eike Batista de empresário de sucesso a procurado por fraude, e ainda assim consegui me decepcionar com a produção. A narrativa acompanha Eike (Nelson Freitas) a partir de meados dos anos 2000 quando ele abre uma empresa de petróleo e tenta faturar em cima do leilão do pré-sal. Conforme o tempo passa seus poços não produzem e a pressão aumenta sobre ele e seus funcionários.

É um filme quase todo calcado em diálogos expositivos nos quais os personagens explicam o que está acontecendo ou como se sentem, contando ainda com uma narração em off que muitas vezes se limita a dizer o que está na tela diante de nós. Não ajuda que entre uma cena e outra hajam longos saltos temporais, fazendo tudo soar episódico e com pouca relação de causa e consequência. O filme tenta conectar essas cenas com uma espécie de telejornal fictício do mundo financeiro.

Claramente inspirado por televisivos como Mad Money, o programa existe como mais um veículo de exposição que, por um lado, tenta traduzir ao público alguns jargões do mundo financeiro, mas por outro é tão expositivo que me pergunto se não seria melhor ter feito um documentário. Outro problema desse segmento é que apesar de exagerado, com um apresentador que emposta a voz como um locutor de rodeio, esses segmentos são conduzidos sem um pingo de ironia, como se o filme não conseguisse se decidir se aquilo é para ser cômico ou sério.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

Drops – Lanterna Verde: Cuidado Com Meu Poder

 

Análise Crítica – Lanterna Verde: Cuidado Com Meu Poder

Review – Lanterna Verde: Cuidado Com Meu Poder
Apesar de John Stewart ter sido o Lanterna Verde titular na série animada da Liga da Justiça, nos longas animados da DC era quase sempre Hal Jordan a ter protagonismo. Este Lanterna Verde: Cuidado Com Meu Poder é uma tentativa de voltar a focar em Stewart.

Na trama, Stewart é um ex-militar tentando reconstruir a vida e lidar com seus traumas de guerra quando testemunha uma nave caindo na Terra. No local da queda ele encontra um dos Guardiões de Oa, que em seu último suspiro dá a John um anel da Tropa dos Lanternas Verdes. Com o novo poder, John embarca em uma aventura espacial ao lado de membros da Liga da Justiça para descobrir o que aconteceu em Oa e acaba se envolvendo no meio da guerra entre thanagarianos e rannianos.

É uma pena que a narrativa torne Stewart praticamente um coadjuvante da própria história, focando mais no conflito intergaláctico e nas tensões entre a Mulher-Gavião e Adam Strange do que em Stewart e os modos como a nova vida como Lanterna Verde revivem seus traumas de guerra e o fazem se questionar o porquê de lutar. Toda a questão relativa ao estresse pós-traumático de John, um tema sério que afeta várias pessoas que vivenciaram guerras e outras situações extremas, acaba sendo tratado de forma muito simplória e superficial.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

Drops – Spirited: Um Conto Natalino

 

Análise Crítica – Spirited: Um Conto Natalino

Review – Spirited: Um Conto Natalino
Com uma trama sobre redenção e generosidade, não é de se espantar que o romance Um Conto de Natal, de Charles Dickens, siga até hoje como a quintessência da narrativa natalina. O cinema já adaptou e se inspirou na obra de Dickens de diversas maneiras e agora Spirited: Um Conto Natalino, produção da AppleTV+, resolve trazer a história para um cenário contemporâneo e para o gênero musical.

Na trama, o Fantasma do Natal Presente (Will Ferrell), ou apenas Presente para simplificar, não se sente mais desafiado pelo trabalho de redimir pessoas ruins na véspera de Natal e decide que o próximo alvo dos fantasmas deve ser alguém considerado irredimível, já que apenas corrigindo alguém assim eles conseguiriam uma mudança significativa no mundo. O escolhido é o relações públicas Clint (Ryan Reynolds), um sujeito completamente antiético, disposto a qualquer coisa para destruir seus oponentes e promover seus clientes.

quarta-feira, 30 de novembro de 2022

Crítica – Pokémon Scarlet e Violet

 

Análise Crítica – Pokémon Scarlet e Violet

De certa forma Pokémon Scarlet/Violet é a culminação de um esforço de construir um game de mundo aberto na franquia Pokémon que começou lá em Pokémon Sword/Shield com uma área aberta que interligava os principais locais do mapa. O jogo recebeu duas expansões, Isle of Armor e The Crown Tundra, que se passavam em ambientes totalmente abertos, ainda que menores que o mapa principal. A Game Freak voltou a explorar a possibilidade de um jogo em espaços abertos no início desse ano com Pokémon Legends Arceus cuja exploração se dividia em grandes áreas abertas. Pois agora em Pokémon Scarlet/Violet finalmente temos um jogo com um mundo completamente aberto e de exploração não linear. É o que os fãs pediam há muito tempo, embora não esteja livre de problemas.

A trama se passa na região de Paldea (inspirada pelo interior da Espanha) é praticamente a mesma de outros games, você é um jovem treinador que deseja se tornar o melhor e para tal entra na Naranja (em Scarlet) ou na Uva (em Violet) Academy para refinar seus talentos. Depois de um tutorial relativamente longo considerando que Sword/Shield era bem rápido em deixar o jogador solto para explorar, o seu treinador fica livre para perambular por Paldea enquanto cumpre três linhas narrativas distintas.

terça-feira, 29 de novembro de 2022

Crítica – Wandinha

 

Análise Crítica – Wandinha

Review – Wandinha
Tinha lá minhas dúvidas se uma série solo da Wandinha iria funcionar, já que muito do apelo da Família Addams vem das interações do núcleo familiar, algo que os dois filmes da década de noventa exploraram muito bem. Para minha surpresa Wandinha é uma série bacana principalmente por conta de algumas decisões certeiras de casting.

Na série, depois de quase matar um grupo de garotos que fazia bullying com o seu irmão, Wandinha (Jenna Ortega) é expulsa da escola e seus pais a matriculam no colégio interno Nunca Mais, instituição em que Gomez (Luis Guzman) e Mortícia (Catherine Zeta Jones) estudaram quando jovens. Apesar de situado em uma pacata cidade do interior, o colégio é frequentado por párias e seres sobrenaturais que, obviamente, não se dão bem com os habitantes da cidade. As coisas se complicam quando uma estranha criatura começa a matar tanto estudantes quanto locais, mas Wandinha decide investigar os crimes.

Jenna Ortega é uma escalação perfeita como Wandinha, captando os maneirismos secos, a fala direta e o senso de humor sombrio da jovem Addams. O carisma trevoso que Ortega traz para a personagem mantem a jornada de Wandinha interessante e excêntrica (a cena de dança no quarto episódio é impagável) mesmo quando tudo ao seu redor se limita a reproduzir clichês batidos de séries adolescentes.

segunda-feira, 28 de novembro de 2022

Drops – Guardiões da Galáxia: Especial de Festas

 

Análise - Drops – Guardiões da Galáxia: Especial de Festas




Review – Guardiões da Galáxia: Especial de Festas
Assim como falei em Lobisomem da Noite, gosto desse formato da Marvel de especiais mais soltos e mais curtos, que vão direto ao ponto sem demandar que precisemos assistir meia dúzia de filmes antes ou aguentar mais de duas horas e meia de filme. Este Guardiões da Galáxia: Especial de Festas cumpre exatamente o que se propõe: ser um divertido especial de fim de ano ao mesmo tempo em que posiciona algumas dinâmicas para o terceiro filme dos Guardiões.

A trama foca principalmente em Drax (Dave Bautista) e Mantis (Pom Klementieff). Depois de ouvirem como Yondu (Michael Rooker) sabotou o Natal de Peter (Chris Pratt) desde a infância, a dupla decide trazer o Natal da Terra até Peter. Para isso Drax e Mantis decidem vir à Terra e sequestrar o ator Kevin Bacon (interpretando a si mesmo) para levá-lo de presente a Peter.

quinta-feira, 24 de novembro de 2022

Lixo Extraordinário – Fuga Para a Vitória

 

Análise Crítica – Fuga Para a Vitória

Review Crítica – Fuga Para a Vitória
Pelé é o maior jogador de futebol de todos os tempos. Na década de oitenta Sylvester Stallone era um dos astros de Hollywood em maior ascensão depois do sucesso do primeiro Rocky. Logo, juntar os dois em um filme como este Fuga Para a Vitória, lançado em 1981, não tinha como ser ruim, certo? Errado. O resultado, embora longe do nível de incompetência de muitos filmes abordados nesta coluna (afinal trata-se de uma produção dirigida por John Houston), é extremamente entediante e falha em capturar a empolgação de uma partida decisiva de futebol.

A trama se passa durante a Segunda Guerra Mundial, focada em um campo de prisioneiros de guerra composto por soldados de diferentes países capturados pelos nazistas. Lá, Colby (Michael Caine) treina um time de futebol para passar o tempo e o estadunidense Hatch (Sylvester Stallone) tenta aprender a jogar apesar de não entender porque não se pode usar as mãos como no futebol americano. Ao ver o time de Colby o oficial nazista Steiner (Max Von Sydow) propõe um jogo amistoso entre prisioneiros e nazistas. Colby se nega inicialmente, mas aceita ao ver a possibilidade de melhorar as condições dos prisioneiros, enquanto que Hatch vê no jogo uma oportunidade de fugir.