quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

Crítica – Reacher: 1ª Temporada

 

Análise Crítica – Reacher: 1ª Temporada

Review – Reacher: 1ª Temporada

Não esperava grande coisa de Reacher. Os filmes com o personagem que foram estrelados por Tom Cruise eram bem básicos e se sustentavam basicamente pelo carisma do astro. Não tinha muita esperança que sem Cruise ou um grande nome como ele o material pudesse resultar em grande coisa. Depois de assistir toda a primeira temporada, confesso que é melhor do que imaginei.

Na trama, Jack Reacher (Alan Ritchson) está viajando pelo interior dos Estados Unidos quando chega a uma pequena cidade no interior da Geórgia. Lá, acontece um assassinato e como ele é o único forasteiro, logo é considerado suspeito. Agora ele precisa desvendar o crime e provar a inocência. Para isso terá a ajuda do detetive Finlay (Michael Goodwin) e da policial Roscoe (Willa Fitzgerald).

A trama tem alguns eventos excessivamente convenientes no primeiro episódio, mas, no geral, é hábil no manejo da intriga e na criação de uma atmosfera de suspense na qual não sabemos em quem confiar e qualquer um pode estar envolvido na grande conspiração que corrompe a cidade. A temporada consegue nos manter envolvidos no mistério e também trazer algumas reviravoltas inesperadas que constantemente nos fazer reavaliar o que sabemos.

Não é nada que reinvente o formato de uma trama investigativa, mas tem tensão suficiente para envolver. O que sustenta mesmo a série é o protagonista. O Reacher de Alan Ritchson é mais bruto do que aquele vivido por Tom Cruise (uma impressão que também é construída pela violência gráfica das cenas de ação), no entanto Ritchson consegue encontrar momentos de humor e calor humano em meio ao estoicismo rígido do personagem para que ele soe como uma pessoa crível e desenvolva uma boa química com os demais personagens. Ainda assim, incomoda como a trama faz questão de exaltar a dureza do personagem a partir de ideais arcaicos e problemáticos de masculinidade, como a ideia de que “homem não chora”. Algumas personagens femininas, como a que é intepretada por Kristin Kreuk (a eterna Lana de Smallville) só existem como donzelas a serem salvas.

Os vilões, por outro lado, são o típico bando de empresários e políticos corruptos genéricos com capangas de carteis latino-americanos estereotipados. Todos soam como caricaturas e nenhum serve como um antagonista interessante. Mais que isso, a revelação do culpado por trás de tudo é um pouco decepcionante, já que era um sujeito que Reacher tinha enfrentado sem problemas em episódios anteriores. Assim, o clímax perde um pouco do impacto já que sabemos de antemão que o principal vilão é incapaz de fazer frente a Reacher, sendo despachado por ele facilmente.

A maioria das cenas de ação, porém, são muito bem conduzidas, servindo para ilustrar a natureza astuta e estratégica de Reacher, que sempre é capaz de antever os movimentos dos adversários e pegá-los desprevenidos. As lutas deixam evidente a brutalidade de Reacher, mostrando sangue e fraturas expostas. O personagem tem uma espécie de moral arturiana, evitando confronto a menos que seja necessário, mas despachando seus oponentes sem piedade uma vez que entra em combate. Isso, no entanto, não significa que Reacher seja indestrutível, já que a ação também o mostra se ferindo ou em inferioridade numérica, precisando usar sua inteligência para superar os obstáculos.

Apesar de não trazer nada de novo e apresentar vilões sem personalidade, Reacher consegue apresentar um mistério bem construído e personagens carismáticos o suficiente para envolver.

 

Nota: 7/10


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