quinta-feira, 21 de março de 2013

Crítica - Tomb Raider



Lara Croft é um dos principais ícones dos videogames, mas desde o desastroso Tomb Raider Underworld (2008) não protagoniza um jogo. O hiato parece ter sido bem utilizado já que este Tomb Raider é um excelente recomeço para a personagem, investindo numa narrativa muito bem construída que conta o que seria o início da vida de Lara como aventureira e numa jogabilidade mais aberta que nos dá uma ilha vasta para explorar.

A história conta a primeira exploração de Lara em busca do reino perdido de Yamatai, uma ilha que ficava próxima ao Japão e era governado pela imperatriz Himiko, cujas lendas diziam ser capaz de controlar os ventos e trovões. O navio naufraga durante uma tempestade e Lara se separa do resto da tripulação, sendo capturada por um grupo de cultistas. A partir daí começa a jornada da protagonista para rever sua tripulação e desvendar os segredos de Yamatai, dignos da ilha de Lost, que envolvem não apenas cultistas, mas fortes que datam da Segunda Guerra Mundial e até samurais zumbis.

Crítica - Os Croods

Depois de quatro A Era do Gelo, era de se pensar que o tema de “seres primitivos precisam sobreviver a destruição do mundo conhecido” havia sido esgotado pelo cinema de animação, mas então a Dreamworks nos apresenta a este Os Croods, uma animação sobre um grupo de seres primitivos que precisa sobreviver ao fim do mundo como o conhecem, mais especificamente, a separação dos continentes.
Felizmente as semelhanças param por aí, já que este Os Croods tem um tema próprio a tratar. O filme foca na jovem Eep (Emma Stone), sempre descontente em viver fechada dentro de uma caverna, saindo apenas para procurar comida. Isso a coloca em constante atrito com seu pai, Grug (Nicolas Cage), cuja única regra é “nunca saia da caverna” e arrasta sua família para dentro da caverna ao sinal de qualquer perigo ou coisa diferente. A situação muda quando Eep vê uma luz vindo de fora da caverna à noite e tomada por curiosidade, decide sair da caverna e descobrir de onde vem a luz. É assim que ela conhece Guy (Ryan Reynolds) um jovem que lhe conta sobre a catástrofe iminente e a necessidade de encontrar um lugar seguro.
Assim, o filme é basicamente uma versão infantil do mito da caverna de Platão, com indivíduos presos a noções limitadas de mundo precisam sair de suas cavernas (literal e metaforicamente) para enfrentar os problemas do mundo e reavaliar suas convicções ao invés de permanecerem fechados em si mesmos. É uma premissa interessante, principalmente pelo fato do filme ser desprovido de um vilão, os obstáculos a serem superados são os próprios medos e preconceitos dos personagens, além de, é claro, a natureza selvagem e implacável.

quinta-feira, 14 de março de 2013

Crítica - A Fuga

Creio que nunca o título de um filme transmitiu tão bem a sensação que eu tive durante a apreciação da obra. Durante os cerca de noventa minutos do filme (mas que pareceram durar muito mais) tudo que eu sentia era vontade de fugir da sala de cinema e tirar da memória esse desastre horrendo.
O filme acompanha um trio de ladrões que, depois de um assalto bem sucedido, rumam para a fronteira dos Estados Unidos com o Canadá. Quando o carro em que viajam sofre um acidente, apenas os irmãos Addison (Eric Bana) e Liza (Olivia Wilde) sobrevivem e decidem se separar para terem melhores chances de chegar à fronteira do Canadá. Em paralelo, o ex-boxeador Jay (Charlie Hunnam) acaba de sair da prisão e mata acidentalmente seu antigo treinador, com medo de voltar para cadeia, segue para a casa dos pais, uma fazenda próxima à fronteira do Canadá.
Até então nada que já não tenhamos visto anteriormente nesses suspenses pés-de-chinelo que passam direto no Supercine da Globo. A premissa, apesar de bem básica, poderia até render um caldo razoável ao tratar dessas pessoas que seguem em fuga não apenas de seus atos, mas de seu passado, entretanto, a execução é péssima e a sensação é que os realizadores simplesmente não sabiam o que fazer com sua narrativa, todo desenvolvimento do filme acontece apenas por necessidade do roteiro e nunca por algo realmente motivado pelos personagens ou pelo contexto.

segunda-feira, 11 de março de 2013

Crítica – Killer Joe: Matador de Aluguel

É muito bom ver um diretor veterano sendo capaz de produzir obras com o mesmo vigor e impacto dos seus períodos de apogeu, assim é muito bom constatar que o quase octogenário William Friedkin entregue um filme tão instigante quanto suas pérolas de outrora como O Exorcista (1973) e Operação França (1971).
Este Killer Joe: Matador de Aluguel representa um mergulho no que há de pior no comportamento humano, nos apresentando uma galeria de personagens detestáveis, de moral distorcida e incrivelmente estúpidos. O filme conta a história de Chris (Emile Hirsch) um pequeno traficante que se vê endividado com seus fornecedores depois de sua mãe cheirar seu estoque de cocaína. Sem dinheiro, recorre a seu pai, Ansel (Thomas Haden-Church), cuja única ajuda é dizer “você deveria fugir da cidade”. A resposta para seus problemas parece ser o seguro de vida que sua mãe tem em nome de sua irmã, Dottie (Juno Temple), uma garota retraída, quase beirando o autismo, devido à violência diária que vivencia entre seu pai e sua madrasta, Sharla (Gina Gershon) por causa de seus trambiques e traições.
Assim sendo, Chris decide matar a mãe. Disposto a obter o dinheiro do seguro que garantiria o pagamento da dívida, do assassinato e ainda sobraria dinheiro, Chris chama o policial e matador profissional Joe Cooper (Matthew McConaughey), um homem que esconde uma índole selvagem e violenta sob seus modos calculados e contidos. Quando Joe pede o pagamento adiantado, a única solução que Chris encontra é oferecer sua irmã como “garantia” até que o pagamento seja pago. Sim, o sujeito prostitui a irmã socialmente incompetente para pagar por um assassinato e isso é apenas a ponta do iceberg do comportamento sujo desta família desajustada que inclui ainda sonhos incestuosos e todo tipo de agressão.

domingo, 10 de março de 2013

Crítica – Oz: Mágico e Poderoso



A primeira coisa que me veio à mente quando ouvi falar sobre a produção de Oz: Mágico e Poderoso foi “pra quê?”. Sério, duvido muito que qualquer pessoa que tenha visto o filme O Mágico de Oz(1939), dirigido pelo Victor Fleming, ou qualquer um que tenha lido o livro de L. Frank Baum tenha pensado ou ficado curioso em saber como o mágico chegou a Oz. Isso, na verdade, parece ser fruto da tendência recente em Hollywood de revisitar clássicos para mostrar as “histórias não contadas”, mesmo que ninguém queira realmente saber que histórias são essas. A própria Disney fez isso com o horrível Alice no País das Maravilhas (2010), que se apresentava como uma continuação dos dois livros escritos por Lewis Carroll, igualmente desastrosa foi a tentativa de contar a origem do psicopata Hannibal Lecter em Hannibal: A Origem do Mal (2007). Assim sendo, as chances deste Oz: Mágico e Poderoso entregar algo realmente interessante pareciam bem pequenas.
Felizmente, o filme consegue ser uma obra satisfatória, resgatando um pouco da mágica presente no clássico de 1939 e conseguindo se manter fiel ao seu espírito. Aqui acompanhamos a história de Oscar Diggs (James Franco), ou simplesmente Oz, um mágico circense do Kansas que acaba indo parar no mundo de Oz (sim, o mundo e o mágico tem o mesmo nome) depois de ser pego por um furacão. Em Oz, o mágico precisa ajudar a bruxa boa Glinda (Michelle Williams) a libertar a Cidade Esmeralda das bruxas más Theodora (Mila Kunis) e Evanora (Rachel Weisz).
A narrativa é centrada no mágico e sua transição de jovem inconsequente, aproveitador e narcisista para um sujeito capaz de confiar em si mesmo e em seus talentos e inspirar confiança e força no povo de Oz e é graças à performance carismática e cafajeste do James Franco que acreditamos no personagem. A jornada do mágico serve ao mesmo propósito da história de Dorothy na produção de 1939, passando a mensagem de que não há uma solução mágica para nossos problemas e que precisamos encontrar em nós mesmos aquilo que consideramos ser necessário para o nosso sucesso e bem estar.

Crítica – Amigos Inseparáveis

É muito triste quando vemos um competente ator veterano chegar a um ponto de sua carreira onde ele passa anos se limitando a aparecer basicamente como ele mesmo (ou como a persona pública que criou para si) em filmes sofríveis que desperdiçam seu talento. Acontece com Robert De Niro (que voltou a ter um papel digno somente com O Lado Bom da Vida), e com dois dos protagonistas deste Amigos Inseparáveis, Al Pacino (até hoje não entendo como ele foi parar no horrendo Cada Um Tem a Gêmea que Merece) e Christopher Walken. Do trio principal apenas Alan Arkin parece manter uma consistência, tendo participado de projetos premiados como Argo(2012) e Pequena Miss Sunshine (2006), além de projetos com sucesso modesto como Agente 86 (2008). Dito isto, é ótimo constatar que Amigos Inseparáveis dificilmente irá constar no rol de recentes porcarias homéricas feitas por Pacino e Walken.
O filme acompanha o mafioso Val (Al Pacino) em seu primeiro dia de liberdade depois de passar vinte e oito anos preso e seu reencontro com os amigos da velha guarda, Doc (Christopher Walken) e Hirsch (Alan Arkin). O dia do trio, entretanto, não é apenas nostalgia, já que o mafioso Claphands deseja eliminar Val como vingança por ter matado seu único filho e contratou Doc para isso. Assim, Doc planeja aproveitar o tempo que resta ao lado do amigo.