quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Crítica - Até Que a Sorte Nos Separe 3


Análise Até Que a Sorte Nos Separe 3

Review Até Que a Sorte Nos Separe 3
A vida algumas vezes nos pega desprevenidos. Recentemente publiquei minhas escolhas para piores filmes do ano, pois 2015 estava terminando e eu imaginei que não veria mais nada até o fim do ano e mesmo que visse, dificilmente seria alguma bomba capaz de entrar no top 10. Este Até Que a Sorte Nos Separe 3 não apenas quebrou tudo isso, como conseguiu a proeza de roubar do completamente execrável Para o Que Der e Vier a primeira posição de pior coisa que vi nos cinemas esse ano e isso não é pouca coisa.

Depois de ficar rico e perder tudo duas vezes, o atrapalhado Tino (Leandro Hassum) se vê mais uma vez rico ao ser atropelado por Tom (Bruno Gissoni), filho do bilionário Rique (Leonardo Franco). Além de pagar as despesas médicas de Tino, Rique lhe dá um emprego em sua corretora de ações para compensar o ocorrido, mas logicamente Tino põe tudo a perder e põe a empresa e o país em direção à falência.

Como de costume Hassum, assim como Kevin James, parece adepto ao subgênero cômico do "gordo gritando", que consiste basicamente em berrar todas as linhas de diálogo enquanto age do modo mais exagerado possível na esperança de que alguém ria de alguma coisa. Assim como nos filmes protagonizados por James (e normalmente produzidos por Adam Sandler), o personagem de Hassum é tão absurdamente estúpido, incoveniente e sem noção que é impossível aderir a ele e à história, já que qualquer pessoa que agisse do modo como ele age não seria capaz de viver em nossa sociedade. Seus berros histéricos são tão incessantes e insuportáveis que com quinze minutos de filme meus ouvidos já estavam cansados e começava a torcer para que esse brutal ataque aos meus sentidos acabasse logo. O que não aconteceu, dada a duração de uma hora e quarenta e cinco minutos (de pura tortura mental) da fita

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Crítica - As Sufragistas


Análise As Sufragistas

Review As Sufragistas
A discussão sobre os direitos da mulher, igualdade de gêneros e suas representações tem sido bastante exploradas ultimamente no cinema. Apenas nos últimos meses tivemos os ótimos Olmo e a Gaivota, filme da brasileira Petra Costa que trazia um olhar bem interessante sobre a gestação, e o documentário Malala, sobre a jovem paquistanesa baleada pelo talibã depois de protestar contra a proibição das mulheres frequentarem escolas. Esse As Sufragistas continua esse movimento de falar a respeito dessas questões, mas lamentavelmente não chega a ser tão interessante quanto os filmes anteriormente citados.

A história se passa na Inglaterra no início do século XX quando as mulheres ainda eram proibidas de votarem. Depois que o parlamento nega o mais recente pedido pelo voto feminino, um grupo feminista começa a coordenar atos de desobediência civil para chamar atenção para o problema. A operária Maud (Carey Mulligan) entra em contato com o movimento graças a uma colega de trabalho e, apesar de não nenhuma formação política, percebe que o direito ao voto poderia ser um caminho para uma vida melhor e mais igualitária para as mulheres.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Crítica - Macbeth: Ambição e Guerra



Este Macbeth: Ambição e Guerra (até agora não entendi pra quê esse subtítulo, mas, enfim) é um filme sombrio, depressivo, cheio de pessoas horríveis e nem um pouco recomendável se você estiver tendo um dia ruim. Ou seja, é uma adaptação bastante competente da tragédia shakespeariana à qual se baseia, afinal, se você não sair com um gosto amargo na boca depois de ver qualquer versão de Macbeth, algo não foi feito corretamente.

Para quem não conhece a famosa história, seguimos o nobre escocês Macbeth (Michael Fassbender) que depois de uma batalha encontra um grupo de bruxas e estas profetizam que ele irá virar rei da Escócia. Ao contar tudo para sua esposa, Lady Macbeth (Marion Cotillard), e ao saber que a providência está de seu lado, ela começa a tramar o assassinato do rei Duncan (David Thewlis), covencendo o marido a cometer o regicídio. O casal consegue o que quer, mas passa a ser consumido pela culpa e paranoia. Macbeth começa a achar que seus aliados Banquo (Paddy Considine) e Macduff (Sean Harris, o vilão do recente Missão Impossível: Nação Secreta) podem se voltar contra ele e decide agir.

Reflexões Boêmias: Piores Filmes de 2015


Final de ano chegando e hora de fazer o balanço do passou. Com o cinema não é diferente e essa é a época de relembrar o que teve de bom ao longo do ano, mas também o que teve de muito ruim. Normalmente as pessoas começam pelos melhores, mas preferi iniciar o meu balanço com um ranking dos piores. Então vamos às experiências mais dolorosas e insuportáveis que tive dentro de um cinema este ano. Logicamente, levei em conta apenas o que foi lançado comercialmente no Brasil ao longo de 2015. [Atualizado: 23/12/2015 às 21:27] Fiz esse post certo de que no último fim de semana do ano não estrearia nada capaz de perturbar a ordem desta lista, mas o atroz Até Que a Sorte Nos Separe 3 chegou aos 45 do segundo tempo para me fazer reavaliar tudo e tornando o top 10 um top 11. Se quiserem saber em qual posição ficou, continuem lendo [Fim da atualização].



Épico de ação arrastado, com embates desprovidos de energia ou empolgação e coreografias burocráticas. A narrativa é toda apoiada em clichês e a atuação canastrona e caricata de Hayden Christensen também não ajuda. Nicolas Cage ocasionalmente aparece para devorar o cenário e acaba divertindo com seu jeito over, mas é muito pouco para salvar esse desastre.

 Trailer:

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Crítica - Star Wars: O Despertar da Força


Análise Star Wars: O Despertar da Força

Review Star Wars: O Despertar da Força
Havia uma grande expectativa e antecipação sobre esse novo Star Wars, conheço muita gente que mal continha a ansiedade. Eu preferi segurar o hype, afinal eu estava lá em 1999 quando uma nova trilogia se iniciava com A Ameaça Fantasma e todas as altas expectativas e esperanças foram soterradas em uma avalanche de inaptidões. Por isso, fiquei bastante aliviado ao sair da sessão deste O Despertar da Força, que é o retorno em grande estilo que os fãs esperavam desde a trilogia prelúdio.

A trama foi mantida a sete chaves durante toda a divulgação do filme e eu acho realmente louvável o esforço, principalmente em uma época em que toda a trama é dada nos trailers (estou olhando para você, Batman v. Superman) e ver o filme torna-se mera formalidade, já que entramos sabendo todas as reviravoltas e surpresas. Aqui isso não acontece e cada revelação e cada reviravolta nos dá um sentimento genuíno de descoberta, mesmo quando são algumas coisas que já suspeitávamos que aconteceria. Não vou aqui dar muitos detalhes, pois quero respeitar a reserva da Disney e do diretor J.J Abrams em preservar o frescor da nossa experiência. O máximo que posso dizer é que gira em torno de Finn (John Boyega), um stormtrooper que quer se afastar da Primeira Ordem, e Rey (Daisy Ridley), uma jovem solitária que vive no desértico planeta Jakku recolhendo sucata.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Crítica - The Ridiculous 6



O serviço de streaming Netflix se tornou bastante reconhecido pela qualidade de suas produções originais, tanto de seriados quanto de documentários, mas foi apenas recentemente que a plataforma começou a investir em longas-metragens de ficção. O primeiro foi o ótimo Beasts of No Nation, impactante história sobre crianças soldado na África, mas o projeto seguinte pegou todos de surpresa com o anúncio de que a Netflix se juntaria com Adam Sandler, comediante famoso pelos trabalhos rasteiros e cujas bilheterias vem diminuindo a cada novo projeto, tornando a escolha incompreensível tanto por razões artísticas quanto comerciais.

A produção foi marcada por problemas, em especial quando os figurantes indígenas se recusaram a trabalhar acusando o filme de ser racista. Dado o histórico de Sandler em fazer um humor baseado na reafirmação de preconceitos de raça e gênero, o filme começou a ser execrado antes mesmo de ser lançado e tudo apontava para um completo desastre. A verdade, no entanto, é que o filme de fato não é exatamente ofensivo em relação aos indígenas, embora seja difícil dizer se ele sempre foi assim ou se alterações foram feitas depois da polêmica ter surgido. De todo modo, nada disso evita que a obra seja mais uma coleção de piadas preguiçosas e desinteressantes que pode até não estar no baixo nível de atrocidades como Gente Grande 2 (2013) ou Cada um Tem a Gêmea que Merece (2011), mas ainda assim passa longe de ser minimamente satisfatória e é provavelmente a pior produção original do Netflix até então.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Crítica - O Clã



Baseado na história real de uma série de crimes que chocou a Argentina na década de oitenta, O Clã acompanha uma família de classe média argentina cujo patriarca, Arquimedes (Guillermo Francella), perde o cargo depois do fim do governo militar. Sem trabalho, inicia um empreendimento criminoso de sequestrar pessoas com posses para pedir resgate e depois elimina os reféns para que não possa ser identificado. Além de algum capangas, o patriarca ainda conta com o auxílio do filho mais velho, Alejandro (Peter Lanzani), que o ajuda a identificar alvos e realizar os sequestros. As vítimas são mantidas no porão da casa da família, cujos membros restantes fingem ignorar o que acontece, mas, claro, as consequências dessa violência vão surgindo com o tempo.

Guillermo Francella surpreende como o patriarca Arquimedes, um homem que acha que está "trabalhando" em prol de sua família, mas é tão egocêntrico que não percebe o mal que lhes está fazendo e o quanto a sua violência os incomoda. Ao mesmo tempo, é intimidador e manipulador o suficiente para manter todos dançando conforme a sua música e sempre dá um jeito de convencer todos a fazerem o que ele quer, mesmo quando não estão inclinados a isso.

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Crítica - Pegando Fogo

Análise Pegando Fogo

Review Pegando Fogo
Chega a ser irônico que um filme cujo protagonista passa boa parte do tempo reclamando sobre mediocridade e a necessidade de correr riscos seja tão acomodado e evite tanto se aprofundar em quaisquer dos conflitos e subtramas que tente desenvolver, mas é exatamente o que este Pegando Fogo faz.

O chef Adam Jones (Bradley Cooper) tinha uma carreira em ascensão e um futuro promissor, mas tudo desapareceu em uma espiral de vícios e conduta imprópria que praticamente enterrou sua carreira. Dois anos depois ele tenta retornar ao cenário gastronômico e conquistar a quase inalcançável terceira estrela do guia Michelin. Para isso ele conta com o apoio de alguns antigos amigos como o maitre Tony (Daniel Bruhl), o chef Michel (Omar Sy) e a novata Helene (Sienna Miller).

É o típico conto de volta por cima, superação e redescoberta do que torna a gastronomia tão especial, algo que o adorável Chef (2014) já tinha feito muito bem, mas que aqui não funciona como deveria graças ao excesso de conflitos e subtramas que nunca são plenamente desenvolvidas. Não é apenas os próprios traumas que Adam precisa resolver, ele ainda tem que lidar com um chef rival, Reece (Matthew Rhys), com um grupo de traficantes para quem deve dinheiro, com sua relação mal resolvida com seu falecido mentor e sua filha, além do crescente sentimento que tem por Helene, que, por sua vez, parece ter seus próprios problemas domésticos, já que as exigências de Adam a fazem passar mais tempo do trabalho e longe da filha. Parece muita coisa para um filme com apenas 110 minutos e realmente é.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Crítica - Olhos da Justiça


Quando foi anunciado que haveria um remake hollywoodiano para o competente suspense argentino O Segredo de Seus Olhos (2009), dirigido por Juan Jose Campanella e protagonizado por Ricardo Darín, imaginei que seria mais um daqueles projetos estilo "copia e cola", feito apenas para tornar o produto original palatável às audiências do país que não gostam muito de filmes que lhes façam ler legendas (assim como o público brasileiro, diga-se de passagem). Olhos da Justiça é exatamente isso, mas pelo menos consegue manter a essência do texto original e o faz funcionar.

A nova trama tira a história da ditadura argentina dos anos 70 para o pós 11 de setembro nos Estados Unidos quando todos temiam um novo ataque. O agente do FBI Ray (Chiwetel Ejiofor) é designado para ajudar a procuradoria de Los Angeles a investigar possíveis ameaças terroristas e lá se apaixona pela promotora Claire (Nicole Kidman), mas quando a filha de sua colega, Jess (Julia Roberts), é assassinada e morta perto de uma mesquita que investigavam, o agente coloca de lado sua missão para ajudar a amiga, mas sua investigação se estende por mais de uma década.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Crítica - Chatô: O Rei do Brasil



Com uma produção que durou quase vinte anos, diversos processos judiciais por dívidas e uso indevido de verba captada via editais, além de escabrosas histórias de bastidores (muito bem contadas neste ótimo texto da revista Época)  que provavelmente renderiam um filme por si só. Tanta coisa depunha contra o filme que chega a ser surpreendente constatar que, sim, Chatô: O Rei do Brasil é razoavelmente bom, embora certamente teria mais impacto se tivesse sido finalizado e lançado lá pelos anos 90 quando começou a ser produzido.

Depois de tantos anos ouvindo histórias sobre como a megalomania do diretor Guilherme Fontes afundou a produção e a deixou inviabilizada em dívidas, era fácil imaginar que o filme resultaria em uma obra bagunçada, cheia de pretensões e sem direcionamento, mas ao me deparar com o produto final, percebo que o resultado não foi esse. A obra tem um olhar muito bem definido, tem uma voz clara à respeito do que quer dizer e, embora derrape aqui e ali, consegue alcançar o que quer.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Crítica - No Coração do Mar


 
No Coração do Mar baseia-se na história real que inspirou o romancista Herman Melville a escrever Moby Dick, que veio a se tornar uma das mais emblemáticas obras da literatura de língua inglesa. Apesar de não ser uma adaptação direta da obra de Melville, o filme toca em muitos temas semelhantes aos abordados pelo escritor em seu trabalho.

A narrativa conta os eventos que ocorreram na expedição do baleeiro Essex que partiu para o Oceano Pacífico à caça de baleias para extração de óleo e outros recursos. A trama acompanha o imediato Owen Chase (Chris Hemsworth, mostrando aqui que seria um ótimo Edward Kenway de Assassin's Creed: Black Flag), um marinheiro com experiência na caça de baleias, mas que é preterido na vaga de capitão por um dos herdeiros de companhia marítima, o inexperiente e arrogante George Pollard (Benjamin Walker), e ambos passam a se detestar mutuamente. Ao se dirigirem a partes pouco exploradas do oceano nas quais será mais fácil caçar baleias, a embarcação encontra uma enorme e poderosa baleia que coloca todos em risco.

Crítica - À Beira Mar


Análise À Beira Mar

Review À Beira Mar
Devo dizer que apesar de apreciar muito o trabalho de Angelina Jolie como atriz, o mesmo não posso de dizer de seu trabalho como diretora. Não vi seu primeiro filme atrás das câmeras, Na Terra do Amor e do Ódio (2011), mas seu trabalho seguinte, Invencível (2014), me soou demasiadamente superficial e carregado de excessos apesar de belissimamente filmado. Já este À Beira Mar, seu terceiro esforço como diretora, continua belissimamente filmado, mas também traz os mesmos problemas do trabalho anterior com ainda mais intensidade.

A obra acompanha Vanessa (Angelina Jolie) e Roland (Brad Pitt), um casal em crise que vai passar férias no litoral da França. Enquanto Roland tenta lidar com seu bloqueio criativo que o impede de escrever, Vanessa passa seus dias observando um pescador na costa e o jovem casal, Lea (Melanie Laurent) e François (Melvil Paupaud), que está hospedado no quarto ao lado.

Muitos dos detratores deste filme irão centrar seus argumentos no fato de ser muito lento ou de não ser nada mais do que uma banal discussão de relação (a famosa DR) de mais de duas horas. Nenhum desses dois atributos, no entanto, é o problema, afinal a trilogia iniciada em Antes do Amanhecer (1995) é inteiramente baseado em duas pessoas falando sobre si e suas visões de mundo e são belíssimos filmes, graças aos personagens complexos e diálogos bem estruturados. O mesmo pode ser dito do sueco Força Maior, um competente estudo de personagem que se baseia inteiramente nas tragicômicas conversas de um casal em férias.

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Crítica - O Presente




Creio que mais de uma vez aqui (nos textos sobre Aliança do Crime e Êxodo: Deuses e Reis) falei que não me impressionava com o trabalho do ator Joel Edgerton, apesar de não considerá-lo um profissional ruim. Pois isso mudou ao vê-lo neste ótimo O Presente, suspense que também foi escrito e dirigido pelo ator.

Na história, o casal Simon (Jason Bateman) e Robyn (Rebecca Hall) se muda para uma nova cidade em busca de recomeço depois de uma crise no relacionamento. Na cidade, eles reencontram um antigo colega de escola de Simon, o estranho Gordo (Joel Edgerton). O amigo inicialmente mostra-se prestativo ao casal, mandando presentes e visitando-os, mas aos poucos a presença constante e inesperada dele na residência do casal vai se tornando não apenas incômoda, como também ameaçadora, principalmente quando problemas passados entre ele e Simon começam a emergir.

Apesar de todo trio entregar ótimas performances, é Edgerton que se destaca com sua composição ambígua, fazendo seu personagem flutuar entre o sujeito carente e patético e um stalker perigoso, nos deixando incertos quanto às suas intenções, elevando o suspense e a tensão toda vez que está em cena. Bateman impressiona pelo modo como vai aos poucos se despindo de sua tradicional persona boa-praça e vai mostrando que Simon talvez não seja tão inocente quanto inicialmente pensamos. Já Rebecca Hall faz de Robyn uma mulher fragilizada por um trauma recente que flutua entre o medo e a pena de Gordo, principalmente ao ver o modo como o marido o trata.