terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Crítica - Armas na Mesa

Análise Armas Na Mesa


Review Armas Na Mesa
Controle de armas é um assunto que vem sendo bastante discutido nos Estados Unidos, em especial pela constância dos tiroteios massivos que vem se tornando quase que corriqueiros. Este Armas na Mesa é um suspense político que tenta discutir a questão ao mesmo tempo que mostra as táticas das empresas de lobby para manter a situação do jeito que está. Apesar das boas intenções, o filme acaba caindo na vala comum do thriller, reproduzindo vários clichês e fazendo pouco para efetivamente debater as questões que se propõe.

A trama segue a lobista Elizabeth Sloane (Jessica Chastain), uma profissional que adquiriu uma reputação de nunca falhar e de ser capaz de qualquer coisa para conseguir seus objetivos. Quando um conglomerado de empresas de armas tenta contratá-la para gerenciar uma campanha contra uma nova lei que irá promover restrições ao acesso às armas, Sloane decide pedir demissão de sua empresa e vai trabalhar para a oposição, uma empresa menor com orçamento muito mais limitado que quer que a lei seja aprovada. A partir daí, vemos como o lobby das empresas de armas joga sujo e como Sloane precisa ultrapassar certos limites éticos para vencer.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Crítica - Estrelas Além do Tempo

Análise Estrelas Além do Tempo


Review Estrelas Além do Tempo
Este Estrelas Além do Tempo já tinha chamado minha atenção por causa de sua premissa, que contava um capítulo até então desconhecido da história da exploração espacial dos Estados Unidos e da importância de figuras que, provavelmente por questões de etnia e gênero, passaram décadas sem o devido reconhecimento por seu protagonismo em momentos tão importantes. A questão é que o filme oferece muito mais do que meras curiosidades históricas, nos apresentando a personagens fascinantes e uma narrativa cheia de sensibilidade.

A trama segue Katherine (Taraji P. Henson), Mary (Janelle Monae) e Dorothy (Octavia Spencer), três mulheres que trabalhavam na força-tarefa responsável pelos cálculos dos foguetes da NASA em 1961, auge da corrida espacial quando EUA e União Soviética lutavam para serem os primeiros no espaço. Como ainda era um período de segregação racial em muitos estados americanos, incluindo a Virgínia, no qual a história se passa. O grupo das protagonistas era segregado do resto, funcionando em uma sala isolada em um ponto distante do campus da NASA, quase que feito propositalmente para mantê-las longe de vista. Aos poucos, no entanto, os talentos das três vão se mostrando valiosos para a corrida espacial, mas o caminho para o reconhecimento é marcado por muitas barreiras construídas de puro preconceito.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Crítica - Manchester à Beira Mar

Análise Manchester à Beira Mar


Review Manchester à Beira Mar
Não existe uma maneira única de lidar com a perda de um ente querido. Muitas vezes sequer há a superação completa dessa perda e aquela ausência continua a ser sentida o resto da vida, como uma ferida que nunca fecha. Ainda assim, a vida continua, é preciso seguir em frente e é justamente sobre pessoas tentando reajustar suas vidas depois de uma perda que esse Manchester à Beira Mar trata.

O filme segue Lee (Casey Affleck), um homem que trabalha como zelador de prédio e vive em um pequeno quartinho. Sua vida é abalada quando ele retorna à sua cidade natal ao receber a notícia da morte de seu irmão Joe (Kyle Chandler) e que o testamento dele o aponta como guardião de seu filho adolescente, Patrick (Lucas Hedges). Agora ele precisa lidar com sua nova situação ao mesmo tempo em que o retorno à cidade desperta memórias de traumas antigos.

Casey Affleck faz de Lee um homem que tenta se ocupar com os afazeres diários para não ter que confrontar a dor da morte de irmão e outras dores passadas. Ele sempre parece taciturno e focado, mas quando qualquer coisa interrompe seu fluxo ou lhe contraria, ele imediatamente desmorona e reage de um modo desmedidamente agressivo, revelando toda dor e frustração que há dentro dele, quase como se quisesse descontar tudo aquilo em cima dos outros. Mesmo nas cenas em que parece sério e direto, Affleck deixa transparecer em seu olhar opaco, perdido e em sua linguagem corporal retraída e cabisbaixa o quanto Lee não está bem. A primeira metade do filme vai entrecortando os eventos do presente com flashbacks do passado que vão mostrando o que levou ao seu afastamento da cidade e quando a revelação vem, ela é tão potente e vívida que nos atinge com força e nos deixa sem ar mesmo quando já esperávamos por uma grande tragédia.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Crítica - Até o Último Homem

Análise Até o Último Homem


Review Até o Último Homem
Muitas histórias sobre heroísmo em tempos de guerra destacam a coragem de homens que lutaram e sobreviveram a um grande contingente de inimigos, que contribuíram com suas habilidades de combate para uma conquista importante de guerra. Este Até o Último Homem não exalta o esforço de um grande combatente, mas de um homem que foi para o campo de batalha se recusando a carregar armas, preocupado apenas em salvar as vidas dos companheiros.

O filme é baseado na história real de Desmond Doss (Andrew Garfield) que se alistou voluntariamente no exército dos Estados Unidos para atuar como médico de combate, mas enfrentou resistência de seus superiores por se recusar a pegar em armas. Ele acaba sendo despachado para o Japão para ajudar na tomada de uma área estratégica e lá salvou a vida de dezenas de homens.

Seria muito fácil construir um retrato hagiográfico de Desmond, com seu fervor religioso e sua postura pacifista que é levada quase à irresponsabilidade com a própria segurança. Ele poderia ser tratado como um proverbial santo, mas o filme se preocupa em estabelecer razões bastante compreensíveis para que ele tenha tamanha repulsa pelas armas e pelo ato de matar, de sua criação religiosa, ao incidente com o irmão na infância, passando pela sua relação com o pai (Hugo Weaving). Ele não é alguém inerentemente não violento, mas um sujeito que ao longo da vida foi aprendendo que nada de positivo sai de um comportamento violento e isso algo que qualquer um, independente de credo ou nacionalidade, é capaz de se relacionar.

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Crítica - Beleza Oculta

Análise Beleza Oculta


Review Beleza Oculta
O princípio lógico conhecido como "Navalha de Occam", muitas vezes referido como "princípio da parcimônia", determina que as entidades não devem ser multiplicadas além da necessidade. Trocando em miúdos: a explicação mais simples e direta tende a ser a melhor. Este Beleza Oculta, porém, ignora qualquer lógica ou parcimônia e pega uma história relativamente simples sobre superação de luto e tenta transformar em algo muito mais complicado do que deveria ser, criando uma trama rocambolesca que demora a engrenar e mais prejudica a mensagem desejada do que ajuda. Outro princípio filosófico que o filme parece ignorar (e sequer problematiza) é a noção de que não é possível fazer o bem a alguém ao lhe fazer mal. Platão disse isso em seu seminal A República e, embora seja possível colocar isso em questão sob perspectivas mais utilitaristas, o filme ignora por completo que o plano de certos personagens para o protagonista interpretado por Will Smith é simplesmente vil e desprezível (da mesma forma que o recente Passageiros insiste em tratar o protagonista vivido por Chris Pratt como herói, ainda que suas ações sejam condenáveis).

A trama segue Howard (Will Smith) um homem devastado pela perda da filha pequena anos atrás. Ele se afasta do mundo em seu luto, deixando de lado inclusive a agência de publicidade da qual é dono. Em seu tempo livre faz mosaicos com dominós e escreve cartas cheias de raiva e amargura para o Tempo, o Amor e a Morte. Enquanto isso, seus negócios afundam e seus três sócios, Whit (Edward Norton), Claire (Kate Winslet) e Simon (Michael Peña), pensam em vender a agência, mas não podem fazer isso sem a aprovação de Howard, que é o sócio majoritário e se recusa a ouvir a proposta. Os três contratam uma detetive para investigar Howard na esperança que ela encontre evidências que provem que Howard está mentalmente incapaz, mas tudo que ela encontra são as cartas. Whit então resolve contratar um grupo de atores para que eles se passem por Tempo, Amor e Morte e interajam com Walt para que possam filmá-lo e posteriormente remover digitalmente os atores e convencer a diretoria de que ele está louco.

Indicados ao Oscar 2017



A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas revelou os indicados à 89ª edição dos Oscars. O maior número de indicações ficou com o musical La La Land: Cantando Estações, que chegou à marca histórica de 14 indicações, se igualando ao recorde de Titanic (1997) e A Malvada (1950). Entre as esnobadas está a não indicação de Amy Adams pelo seu trabalho em A Chegada. A cerimônia de premiação acontecerá no dia 26 de fevereiro e será apresentada pelo comediante Jimmy Kimmel. Confiram abaixo a lista de indicados. 

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Crítica - A Bailarina

Análise A Bailarina


Review A Bailarina
Animações sobre jovens que partem de seus locais de origem em busca de um sonho e aprendem sobre a importância da persistência e humildade existem aos montes. A Bailarina é mais uma dessas histórias infantis e se algumas tentam ir além do molde ou oferecer algo mais, esta animação faz muito pouco para evitar os lugares-comuns que sua trama inevitavelmente a leva.

A narrativa acompanha Felicie (voz de Elle Fanning), uma jovem orfã que sonha em ser uma bailarina. Um dia ela decide fugir do orfanato onde mora junto com o amigo Victor (voz de Dane DeHaan) e ambos partem para Paris. Lá ele irá tentar se tornar um grande inventor enquanto que ela irá tentar se tornar uma bailarina do teatro de Paris, mas no seu caminho está a aristocrática e perfeccionista Camille (voz de Maddie Ziegler), que logo se torna sua rival.

Felicie é a típica mocinha sonhadora, Camille é a rival invejosa e Odette (voz de Carly Rae Jepsen), a "tutora" de Felicie, é a típica mestra com trauma do passado. No instante que vemos Odette pela primeira vez com sua bengala, já é possível antever a revelação sobre seu passado. Do mesmo modo, cada movimento da narrativa é telegrafado com extrema antecedência tornando tudo aborrecidamente previsível.

Framboesa de Ouro 2017 - Lista de Indicados

Lista de Indicados Framboesa de Ouro 2017

Na chamada "temporada de premiação", há um prêmio que ninguém deseja concorrer ou receber, o infame troféu Framboesa de Ouro, dado aos que são considerados os piores do ano. Entre os indicados mais lembrados para a premiação desse ano ficaram Zoolander 2 (que nem achamos tão ruim assim), com nove menções, e Batman vs Superman: A Origem da Justiça (que também não nos despertou toda essa raiva, embora algumas indicações sejam realmente compreensíveis), com oito indicações. Os vencedores desta "honraria" serão anunciados no dia 25 de fevereiro, um dia antes do Oscar. Alguns dos indicados ainda não estrearam no Brasil, como Beleza Oculta, mas iremos atualizar a lista com links para críticas e mais informações conforme eles cheguem nos nossos cinemas. Confiram abaixo a lista de indicados:

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Crítica - Max Steel

Análise Max Steel


Review Max Steel
Max Steel, baseado no boneco da Mattel (e que já teve uma série animada), teve um lançamento bem curioso nos Estados Unidos no final do ano passado. Ninguém sequer sabia da existência do filme até um mês antes de sua estreia quando o estúdio divulgou o primeiro trailer na internet. Como praticamente não sabia nada sobre o filme, ninguém se empolgou e, consequentemente, pouca gente compareceu um mês depois nos cinemas e o filme foi um grande fracasso. O que teria levado a produtora a agir com tanto desdém em relação ao filme? Eles se deram conta de que tinham uma bomba em mãos? Foi um filme feito "nas coxas" e de qualquer jeito só para não perder os direitos do personagem? As duas coisas? Independente dos motivos da displicência do estúdio para com o produto, o resultado final é tão ruim que me pergunto como alguém achou que seria uma boa ideia fazer este filme.

A trama acompanha o adolescente Max (Ben Winchell) que passou a vida constantemente mudando de cidade até retornar para sua cidade natal com a promessa de sua mãe, Molly (Maria Bello), de que esta é a última vez. Chegando lá, percebe que muitos conhecem mais sobre seu falecido pai do ele próprio, ao mesmo tempo em que começa a manifestar estranhos poderes. Aos poucos, ele parece não ser capaz de conter a energia de seu corpo até que recebe a visita do alienígena Steel (voz de Josh Brener), que não só é capaz de absorver o excesso de energia de Max, como também pode se fundir com ele (Max e Steel, Max Steel, sacaram?) transformando-o em um cosplayer ruim de Homem de Ferro.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Crítica - Sherlock: The Final Problem (S04E03)

Análise Sherlock: The Final Problem (S04E03)


Review Sherlock: The Final Problem (S04E03)
Uau. Que jornada foi essa quarta temporada de Sherlock. De um começo trôpego em The Six Thatchers e de uma melhora em The Lying Detective, mas que pouco fazia para avançar o que parecia ser a trama principal da temporada, o "retorno" de Moriarty (Andrew Scott). Com muitas perguntas ainda no ar, este The Final Problem (uma referência ao conto O Problema Final, que tratava do embate final entre Holmes e Moriarty, mas a narrativa também acena para o conto O Ritual Musgrave) tinha uma tarefa muito difícil de amarrar tudo e ainda lidar com o gancho do episódio anterior que mexia com o passado da família Holmes. Fiquei surpreso em como o episódio se sai extremamente bem em juntar todas as tramas deixadas no ar, resultando em uma excelente trama do detetive britânico.

A narrativa começa pouco depois dos eventos em The Lying Detective, com Holmes (Benedict Cumberbatch) e Watson (Martin Freeman) indagando à Mycroft (Mark Gatiss) sobre a existência da misteriosa Eurus (Sian Brooke), que pode ser irmã de Sherlock e Mycroft. Depois de revelar um pouco sobre o passado de sua família, Mycroft leva Holmes e Watson à prisão secreta na qual sua irmã está desde a infância, para garantir que ela nunca deixou o lugar. O que nenhum deles esperava, é que tudo não passava de uma armadilha de Eurus, que os prende no lugar e os transforma em seus joguetes.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Crítica - Os Saltimbancos Trapalhões: Rumo à Hollywood

Análise Os Saltimbancos Trapalhões: Rumo à Hollywood


Review Os Saltimbancos Trapalhões: Rumo à Hollywood
Os Saltimbancos Trapalhões (1981) provavelmente está entre os meus favoritos dentre os filmes feitos pela trupe de humor liderada por Renato Aragão. A ideia de uma nova versão do filme baseado no musical teatral escrito por Chico Buarque, no entanto, não me despertava tanta empolgação. Felizmente esse Os Saltimbancos Trapalhões: Rumo à Hollywood é um filme adorável e uma homenagem afetuosa do longa oitentista no qual se baseia.

Na trama, Didi Mocó (Renato Aragão) é um faz-tudo que trabalha no Circo Sumatra, liderado pelo sempre irritadiço Barão (Roberto Guilherme, o eterno Sargento Pincel). O circo está à beira da falência e o Barão decide alugar o terreno para que o prefeito da cidade realize eventos. Didi, no entanto, está disposto a salvar o circo e com a ajuda de Dedé (Dedé Santana) e Karina (Letícia Colin), a filha do Barão que retornou ao circo depois de terminar a faculdade, decidem escrever um novo e grandioso número para tirar o circo da bancarrota.

domingo, 15 de janeiro de 2017

Crítica - Desventuras em Série: 1ª Temporada

Análise Desventuras em Série: 1ª Temporada


Review Desventuras em Série: 1ª Temporada
A maioria das fábulas infantis tem como propósito transmitir às crianças lições que serão úteis em suas vidas, prepará-las para a vida adulta e as dificuldades que encontrarão no caminho. Pois dificuldade é o que não falta a na história dos irmãos Beaudelaire neste Desventuras em Série, cuja "moral" parece ser justamente a de que coisas ruins acontecem, não podemos evitá-las e o melhor que se pode fazer é lidar com elas de acordo.

A trama segue os irmão Klaus (Louis Hynes), Violet (Malina Weissman) e Sunny (Presley Smith com a "voz" de Tara Strong) Baudelaire, que ficam órfãos depois que um misterioso incêndio destrói sua casa e toma a vida de seus pais. Eles são mandados para viver com um parente distante, o medonho Conde Olaf (Neil Patrick Harris), um aspirante a ator não muito inteligente que vive cercado por sua trupe teatral formada por esquisitões. O que falta em inteligência a Olaf sobra em maldade e ele está disposto a qualquer coisa para tomar o controle da fortuna que os pais deixaram para os irmãos Baudelaire.

Como a música de abertura e as falas do narrador Lemony Snicket (Patrick Warburton) insistem em dizer, essa é uma história de constante infortúnio, com os irmãos encontrando um novo apuro ou perigo cada vez que pensam estarem seguros. Há uma sensação constante que os irmãos correm um real perigo de vida e os eventos convencem do sofrimento deles. Como essa é uma narrativa para crianças, a trama também traz uma leveza e um senso de humor através de seus diálogos ágeis e tiradas sagazes, em especial pelas explicações detalhadas de Snicket, que inclusive faz questão de explicar e dar exemplos quando usa palavras complicadas.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Crítica - Sherlock: The Lying Detective (S04E02)

Análise Sherlock: The Lying Detective (S04E02)


Review Sherlock: The Lying Detective (S04E02)
Depois de um retorno problemático com The Six Thatchers, a quarta temporada de Sherlock parece voltar aos eixos e ao alto nível de qualidade que se espera da série com este tenso Thr Lying Detective.

A trama, baseada no conto O Detetive Moribundo (The Dying Detective em inglês) começa algum tempo depois dos eventos do episódio anterior, com Sherlock (Benedict Cumberbatch) e Watson (Martin Freeman) distantes um do outro, tendo que lidar com os eventos do episódio anterior e perdidos em suas espirais de autodestruição. Watson tem visões com Mary (Amanda Abbington), enquanto Holmes se entrega ao consumo de drogas e se enterra em trabalho. Os problemas começam quando Holmes aparentemente recebe a visita de Faith (Gina Bramhill), filha de Culverton Smith (Toby Jones), uma poderosa personalidade da televisão. A jovem conta ao detetive que suspeita que seu pai seja um serial killer e assim ele inicia sua investigação. Como Sherlock está mentalmente incapaz de lidar sozinho com um oponente tão brilhante e dissimulado, ele, ou melhor, a Sra. Hudson (Una Stubbs), pede ajuda a Watson, apelando para o senso de dever e correção moral do médico.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Crítica - La La Land: Cantando Estações

Análise La La Land Cantando Estações


Review La La Land Cantando Estações
A música parece um tema caro ao diretor Damien Chazelle. Ele já tinha feito um musical com temas de jazz em seu primeiro longa, Guy and Madeline on a Park Bench (2009), originalmente feito para ser seu trabalho de conclusão de curso em Harvard. Seu segundo longa, o excelente Whiplash: Em Busca da Perfeição (2015), tratava da busca por um baterista em ser o melhor e a relação abusiva/doentia que tinha com um professor. Agora em La La Land: Cantando Estações ele entra no universo do musical clássico hollywoodiano e não apenas celebra seu legado, como tenta também passá-lo em revisão sob um olhar contemporâneo (e um conhecimento quase enciclopédico sobre essa filmografia).

A trama segue a aspirante a atriz Mia (Emma Stone) e o pianista de jazz Sebastian (Ryan Gosling) e as idas e vindas de sua relação ao longo de um ano na cidade de Los Angeles. É uma trama típica de musical romântico, um casal de personalidades distintas que tem algo de importante a ensinar um para o outro, números musicais guiando as ações e desenvolvimentos da trama, a busca pelo sonho de sucesso e reconhecimento em sua arte, tudo está ali presente. Ao mesmo tempo que remete a tempos mais simples, românticos e ingênuos, mas ao mesmo tempo, o filme vai dando pistas que não é tão ingênuo e idealizado quanto parece.

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Crítica - A Criada

Análise A Criada


Review A Criada
O diretor sul-coreano Park Chan-Wook tem apreço por histórias de vingança. Isso já tinha ficado claro em sua "trilogia da vingança", composta por Mr. Vingança (2002), Oldboy (2003) e Lady Vingança (2005). Depois de tantos filmes excelentes sobre o tema, era de se imaginar que uma nova história de vingança contada por ele fosse soar como repetitiva e sem o frescor criativo de antes. Isso, no entanto, não acontece neste A Criada, que também conta uma história de vingança em um ambiente de sordidez e constante exploração.

A trama começa quando a jovem Sook-Hee (Tae-ri Kim) é abordada pelo golpista "Conde" Fujiwara (Jung-woo Ha), um falsário que se passa por nobre japonês para se aproximar de um rico sul-coreano que coleciona livros raros, Kouzuki (Jing-woong Jo). O falso conde sabe que o colecionador está à beira da falência por causa de seus gastos com sua coleção e sua única solução para se salvar financeiramente é casar com Lady Hideko (Min-hee Kim), a sobrinha de sua falecida esposa que tenha uma grande herança a receber. O falso conde então resolve ele mesmo seduzir Hideko e para isso infiltra Sook-Hee na mansão para trabalhar como criada da jovem nobre. Aos poucos, no entanto, Sook-Hee começa a se afeiçoar por seu alvo e o que inicialmente era admiração vai dando lugar ao desejo.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Crítica - Assassin's Creed

Análise Assassin's Creed


Review Assassin's Creed
Joguei todos os games da série principal da franquia Assassin's Creed (desconto aqui versões portáteis como o Liberation e os três do selo Chronicles), acompanhei a franquia em seus melhores momentos (Assassin's Creed 2, Brotherhood, Black Flag) e nos seus piores (Revelations, Unity) e a possibilidade de um filme parecia uma tentativa interessante de expandir a franquia (embora eu creia que suas narrativas, que se estendem ao longo de anos, seriam melhor comportadas em uma série). Um elenco de peso foi reunido, Michael Fassbender (também atuando como produtor), Marion Cotillard, Jeremy Irons, um diretor promissor, Justin Kurzel do ótimo Macbeth: Ambição e Guerra (2015), foi chamado. Com tanta gente boa envolvida, fica até difícil compreender como isso deu errado.

A trama acompanha Callum Lynch (Michael Faassbender), um homem condenado à morte e prestes a ser executado por assassinato. Após sua aparente execução, ele acorda em uma instalação da corporação Abstergo acompanhado da cientista Sofia Rikkin, que diz precisar da ajuda dele para localizar a Maçã do Éden, um artefato que, segundo ela, pode eliminar a violência do mundo. Para achar o item, Callum precisa usar uma máquina chamada Animus, que o faz reviver as memórias de antepassados que estão contidas em seu código genético. A máquina o faz ver o passado de Aguilar (também Fassbender), ancestral seu que viveu na época da Inquisição Espanhola, no fim do século XV.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Crítica - Moana: Um Mar de Aventuras

Análise Moana Um Mar de Aventuras


Review Moana Um Mar de Aventuras
Moana: Um Mar de Aventuras não é exatamente original. É uma reprodução da tradicional "jornada do herói" (até se referem à personagem no filme como "a escolhida") que já vimos um monte de outras vezes, mas à despeito da natureza familiar, funciona pelos seus personagens bem construídos e pelas canções envolventes compostas pelo atual queridinho da Broadway, Lin-Manuel Miranda, que fez a limpa nos prêmios Tony (o "Oscar" do teatro dos Estados Unidos) com o musical Hamilton, escrito, dirigido e protagonizado por ele.

A trama acompanha a jovem Moana (Auli'i Cravalho) uma garota que cresceu em uma pequena ilha e sempre sonhou em viajar através dos oceanos. Seu pai, no entanto, tem planos diferentes para ela, criando-a para tomar seu lugar como líder de seu povo. Sua sede de viajar acaba sendo estimulada quando ela recebe um artefato chamado Coração de Te Fiti, que aparentemente pertencia a uma deusa antiga, que precisa ser devolvido ao seu devido lugar para evitar que as trevas se espalhem pelo mundo e tudo seja controlado pelo monstro de lava Te Ka. Para tanto, ela precisa encontrar e pedir ajuda ao semideus Maui (Dwayne "The Rock" Johnson), que originalmente roubou a joia.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Crítica - Sherlock: The Six Thatchers (S04E01)

Análise Sherlock: The Six Thatchers (S04E01)


Review
Descontando o "especial de Natal" The Abominable Bride, três anos separam o gancho no fim da terceira temporada que apontava o possível retorno do aparentemente morto Moriarty e o início desta quarta. O retorno da série com este The Six Thatchers trazia em si muita expectativa e o episódio não decepciona, ainda que tenha sua parcela de problemas. O que vem a partir daqui pode conter alguns SPOILERS.

Começando onde a terceira temporada e o especial de Natal terminaram, Sherlock (Benedict Cumberbatch) está de volta à Inglaterra e conclui que Moriarty (Andrew Scott) de fato está morto, mas deixou uma vingança póstuma preparada para seu inimigo. Sherlock ainda não sabe exatamente o que é, então resolve manter seus olhos e ouvidos atentos ao submundo do crime, resolvendo caso atrás de caso com ajuda de Watson (Martin Freeman) e sua esposa Mary (Amanda Abbington). Uma possível pista sobre os planos de Moriarty surge quando ele identifica a destruição de vários bustos da ex-primeira ministra Margaret Thatcher.

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Reflexões Boêmias - Melhores Filmes de 2016



Depois de fazer minha lista com os piores filmes do ano, chegou a vez de listar os melhores e devo dizer que foi muito mais difícil. Assim como no ano passado, tentei me ater apenas a um top 10, mas tinham filmes que valiam destaque de fora dessa lista inicial, então acabei novamente fazendo um top 15. Assim como na lista de piores, levei em conta os filmes lançados comercialmente no Brasil em 2016, tanto nos cinemas quanto em vídeo e serviços de streaming. Sendo assim, vamos aos filmes.

Crítica - Dominação

Análise Dominação


Review Dominação
Quando escrevi sobre o recente Passageiros, mencionei como Hollywood tem a falsa impressão de que é possível ter um produto de sucesso e qualidade apenas por juntar duas ideias diferentes que isoladamente já tinham se mostrado bem sucedidas. Este horrendo Dominação ajuda a sedimentar essa ideia. Provavelmente originado em alguma reunião de produtores e executivos de estúdio quando pediram ideias originais para um filme de terror e alguém sugeriu "que tal um terror que misture O Exorcista (1973) com A Origem (2010)?", o filme não funciona em absolutamente nenhum nível e sua premissa é a única coisa que tem de interessante.

O Dr. Ember (Aaron Eckhart) é capaz de entrar no subsconsciente de pessoas possuídas por demônios para expulsá-los de dentro de suas mentes (e consequentemente de seus corpos). Um dia ele é procurado por uma emissária do Vaticano para tentar expulsar um poderoso demônio do corpo do menino Cameron (David Mazouz), mas só resolve pegar o caso quando fica sabendo que este pode ser o mesmo demônio que matou sua família e o deixou paraplégico.

A narrativa demora muito a engrenar, se estendendo mais do que deveria nas explicações de como o "poder" de Ember funciona e quais as regras. As explicações em excesso acabam apenas revelando a fragilidade daquilo tudo (não é a toa que A Origem nunca se detém nos pormenores de como a máquina funciona). Para piorar posteriormente muito do que acontece contradiz diretamente o que é falado no início, o que dá a impressão de que nem o próprio roteirista estava prestando atenção naquilo que estava fazendo.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Crítica - Passageiros

Análise Passageiros


Review Passageiros
A mistura de vários tipos de filmes que costumam fazer sucesso como uma ficção científica com temas existenciais (pensem em Interestelar ou A Chegada), dramas românticos e filmes catástrofes somados aos dois atuais queridinhos de Hollywood, Chris Pratt e Jennifer Lawrence, parecia uma receita lógica. Afinal, se isoladamente esses ingredientes dão certo, juntos eles vão dar ainda mais certo, não é? Bem, não. Arte não é uma ciência exata e mesmo nesse cinemão feito em escala industrial e para grande público não dá para reduzir tudo a uma mera aplicação de fórmulas, pois se fosse assim tão simples não existiriam fracassos. Este Passageiros é prova de que simplesmente juntar um monte de coisas que faz sucesso não vai necessariamente resultar em algo bom.

A trama se passa no futuro quando a humanidade colonizou planetas distantes e uma grande corporação oferece cruzeiros para quem quiser habitar esses novos planetas. A viagem dura 120 anos e os passageiros e a tripulação são mantidos em animação suspensa durante boa parte do trajeto, sendo acordados somente quatro meses antes de chegarem. Quando a nave Avalon é atingida por uma chuva de meteoros, um defeito acaba acordando um dos passageiros, o mecânico Jim (Chris Pratt). Sem saber o que causou o problema e sem conseguir acesso aos compartimentos da tripulação, Jim tenta descobrir o que está acontecendo e o que fazer agora que é o único acordado ali. Ele eventualmente acaba ganhando a companhia de outra passageira, Aurora (Jennifer Lawrence), mas os problemas da nave se agravam.