segunda-feira, 29 de abril de 2019

Crítica – She-Ra e as Princesas do Poder: 2ª Temporada


Análise Crítica – She-Ra e as Princesas do Poder: 2ª Temporada


Review – She-Ra e as Princesas do Poder: 2ª Temporada
Eu fiquei bastante surpreso com a primeira temporada de She-Ra e as Princesas do Poder. Era uma reinvenção competente da animação oitentista que conseguia trazer uma inesperada camada de complexidade aos seus personagens em relação ao maniqueísmo quadrado do produto original. Esse segundo ano segue essa mesma abordagem de adicionar camadas aos seus heróis e vilões, mas a curta duração impede que tenha o mesmo impacto do ano de estreia.

Com apenas sete episódios, quase metade em relação aos treze da primeira temporada, esse segundo ano começa no ponto em que o anterior terminou. Adora está treinando para dominar seus poderes como She-Ra, as princesas tentam se organizar para conter o avanço de Hordak e Felina tenta encontrar um jeito de neutralizar Adora.

Se a primeira temporada era sobre Adora (e em certa medida as outras princesas também) descobrir o próprio poder, essa segunda é sobre como a protagonista lida com o peso da responsabilidade de saber que ela carrega nas costas o destino da resistência contra Hordak. Esse peso cria inseguranças em Adora, principalmente por ela saber que a última She-Ra foi, de alguma maneira, responsável por parte da destruição de Etéria. Assim, ela se torna obcecada em entender o que aconteceu para evitar que os problemas do passado voltem a se repetir.

domingo, 28 de abril de 2019

Crítica – Vingadores: Ultimato (SEM SPOILERS)

Análise Crítica – Vingadores: Ultimato


Review – Vingadores: Ultimato
Vingadores: Ultimato tinha a ingrata missão de encerrar um ciclo de narrativas iniciadas há mais de dez anos, contendo inúmeros personagens e tramas. Poderia ser confuso, bagunçado ou cansativo, mas o filme é um desfecho competente e digno a todas essas histórias, respeitando e celebrando o próprio legado.

A trama começa no ponto em que Vingadores: Guerra Infinita (2018) terminou. Com o Capitão América (Chris Evans), Viúva Negra (Scarlett Johansson) e os demais tentando descobrir o que fazer depois da dizimação de Thanos (Josh Brolin). Ao mesmo tempo, Tony Stark (Robert Downey Jr.) e Nebulosa (Karen Gillan) estão à deriva no espaço depois da batalha no planeta Titã.

Dizer mais seria dar estragar a experiência, já que é melhor assistir sabendo o mínimo possível, mas o começo faz um eficiente trabalho em evidenciar o peso da derrota sobre os heróis e do caos que se instaurou no mundo após a dizimação. Todo o começo serve para dar peso e motivação para os eventos que segue e, por mais que demore para chegar onde precisa, é necessário para que compreendamos devidamente o que está em jogo para cada personagem.

quinta-feira, 25 de abril de 2019

Crítica – Samantha!: 2ª Temporada


Análise Crítica – Samantha!: 2ª Temporada


Review – Samantha!: 2ª Temporada
Eu fiquei bem surpreso com a primeira temporada de Samantha! O que poderia ser uma comédia esquecível sobre uma personalidade midiática no ostracismo acabou se revelando um competente e divertido estudo sobre o culto às celebridades e sobre uma geração de adultos que se recusa a crescer e está constantemente apegada à nostalgia. Essa segunda temporada não chega a dizer nada de novo, mas ao menos aprofunda seu entendimento sobre seus personagens.

A trama começa com Samantha (Emanuelle Araújo) descobrindo que seus antigos colegas de programa, Tico (Rodrigo Pandolfo) e Bolota (Maurício Xavier), vão lançar um filme biográfico sobre ela chamado “Samonstra”. Diante do que considera um ataque, Samantha tenta sabotar o filme ao mesmo tempo em que se esforça para reconstruir sua imagem como algo além de um símbolo nostálgico.

O tema da imaturidade volta a aparecer na ida de Samantha a uma reunião de pais na escola dos filhos. A reunião mostra como os adultos se mostram facilmente dispostos a abandonar as responsabilidades parentais e delegar tudo à escola, conforme Samantha os faz ver como tudo aquilo é chato e trabalhoso. A temática também é vista na relação de Dodói (Douglas Silva) com sua controladora mãe (Zezeh Barbosa), que o trata como uma criança pequena.

terça-feira, 23 de abril de 2019

Crítica – Star Trek Discovery: 2ª Temporada


Análise Crítica – Star Trek Discovery: 2ª Temporada


Review – Star Trek Discovery: 2ª Temporada
O final da primeira temporada de Star Trek Discovery prometia um encontro com a tripulação da Enterprise. Fiquei em dúvida se inserir alguns personagens clássicos como Spock ou o capitão Pike não poderia cair em um mero fanservice, mas felizmente a presença desses personagens é usada para desenvolver os arcos dos protagonistas da série.

A temporada começa no ponto em que a primeira parou. A Discovery vai resgatar a Enterprise e Michael (Sonequa Martin Green) descobre que seu irmão adotivo Spock (Ethan Peck) está desaparecido. Como a Enterprise está com sérios danos, o capitão Pike (Anson Mount) se integra à tripulação da Enterprise, que está precisando de um capitão depois da morte do capitão Lorca (Oscar Isaac) no ano de estreia. Ao longo da temporada, a tripulação da Discovery se envolve em uma investigação de misteriosos sinais deixados por uma entidade que eles passam a chamar de “Anjo Vermelho”.

A aparição de uma entidade aparentemente sobrenatural que parece vagar pelo universo ajudando pessoas necessitadas coloca a série diante de uma temática que a franquia Star Trek pouco tinha explorado até agora que a da fé. Sim, Star Trek V: A Fronteira Final (1989) mais ou menos explorou isso ao colocar Kirk e companhia para encontrar o planeta de “deus”, mas o filme é pavoroso e trata toda a questão da pior maneira possível, então vamos considerar que Discovery é a primeira tentativa séria de tentar ponderar sobre o papel da fé em um universo tão dominado pela ciência.

sexta-feira, 19 de abril de 2019

Crítica – O Mundo Sombrio de Sabrina: Parte 2


Análise Crítica – O Mundo Sombrio de Sabrina: Parte 2


Review – O Mundo Sombrio de Sabrina: Parte 2
Essa segunda parte de O Mundo Sombrio de Sabrina sofre de muitos dos mesmos problemas da segunda temporada de Riverdale, também produzida por Roberto Aguirre-Sacasa. Ambos segundos anos sofrem com uma trama arrastada, que demora a engrenar, arcos de personagens secundários que não convencem e uma aparente falta de compreensão do que tornou o ano de estreia tão interessante.

A trama continua basicamente onde a primeira parte terminou, com Sabrina (Kiernan Shipka) finalmente fazendo o seu batismo de sangue, aceitando sua herança de bruxa e indo estudar na Academia de Artes Ocultas, deixando para trás seus amigos humanos e seu namorado, Harvey (Ross Lynch). Na Academia, Sabrina precisa lidar com as estruturas arcaicas e machistas da Igreja da Noite e a liderança do Padre Blackwood (Richard Coyle).

Desde a primeira parte já havia ficado evidente que o culto das bruxas servia como uma espécie de metáfora invertida do cristianismo, criticando a imposição de uma fé aos jovens e também o patriarcado anacrônico da Igreja Católica. Aqui isso é construído através de paralelos tão exageradamente óbvios, como a existência de um “antipapa” ou da performance da “Paixão de Lúcifer” ao invés da Paixão de Cristo do cristianismo, que aquilo que era uma interessante metáfora social se torna uma caricatura tosca. A verdade é que quanto mais tempo a trama gasta nesses pormenores da sociedade bruxa, menos interessante tudo fica.

quinta-feira, 18 de abril de 2019

Crítica – Amor Até as Cinzas


Análise Crítica – Amor Até as Cinzas


Review – Amor Até as Cinzas
O diretor chinês Jia Zhang-ke volta a tratar de temas que lhe são caros neste Amor Até as Cinzas. A trama se estende ao longo de vários anos para falar de tempo, memória e afeto, algo que Zhang-ke já tinha explorado em filmes anteriores, como o primoroso As Montanhas Se Separam (2016), e dá ao filme a sensação de que estamos vendo um músico tocando seu maiores sucessos. Pode não levar adiante o que ele já tinha feito antes, mas é consistente o bastante para oferecer uma boa experiência.

A trama começa em 2001. Qiao (Tao Zhao) mora em uma pequena vila mineradora no interior da China e namora o pequeno gângster Bin (Fan Liao) que trabalha para um grande empresário do ramo imobiliário. Quando o chefe de Bin morre, ele acaba colocado em uma posição de liderança para a qual não estava preparado, se tornando um alvo para grupos rivais. Um dia, Bin é atacado por um grupo grande de adversários e, sem outro meio para ajudar o namorado, Qiao saca uma arma de fogo que Bin tinha guardada no carro, espantando os bandidos rivais. Qiao e Bin acabam presos e a protagonista se recusa a entregar o namorado, dizendo que a arma pertencia a ela. Assim, Qiao pega uma pena muito maior do que a de Bin, saindo da prisão cinco anos depois.

quarta-feira, 17 de abril de 2019

Crítica – Cópias: De Volta à Vida


Análise Crítica – Cópias: De Volta à Vida


Review – Cópias: De Volta à Vida
Este Cópias: De Volta à Vida se propõe a ser uma ficção científica que tenta discutir consciência, a mente humana e a transcendência da vida, no entanto acaba abandonando todas essas ideias lá pela metade de sua duração, preferindo ser um suspense esquecível sem nada a dizer.

A trama acompanha Will (Keanu Reeves) um cientista que pesquisa maneiras de transmitir a consciência de mortos para corpos robóticos, mas cujos fracassos sucessivos tem deixado impaciente seu chefe, Jones (John Ortiz). Um dia, durante uma viagem, ele se envolve em um acidente de carro e toda a sua família morre. Sem aceitar a fatalidade, ele decide criar réplicas da esposa e filhos para que eles continuem vivos.

Era de se imaginar, dado o começo do filme, que ele tentaria passar as mentes deles para corpos robóticos, mas não, ele os clona. Isso não faz nenhum sentido, afinal porque cargas d’água no universo desse filme a clonagem seria considerada uma ação antiética enquanto transferir mentes para robôs mais fortes e resistentes que qualquer humano seria aceitável? Mais que isso, porque robôs seriam um receptáculo melhor para a mente do que um corpo orgânico e com o mesmo DNA do sujeito original?

terça-feira, 16 de abril de 2019

Crítica – A Maldição da Chorona


Análise Crítica – A Maldição da Chorona


Review – A Maldição da Chorona
Eu não fazia a menor ideia de que este A Maldição da Chorona fazia parte do “universo compartilhado” da franquia Invocação do Mal. Considerando que A Freira (2018) foi bem abaixo do que eu esperava e que teremos um terceiro filme da boneca Annabelle esse ano, não imaginava que teríamos outro produto neste universo. A verdade é que parte de um universo maior ou não, A Maldição da Chorona é um terror preguiçoso e cheio de clichês.

A trama acompanha a assistente social Anna (Linda Cardellini). Durante uma inspeção de rotina, ela descobre que uma mulher mexicana, Patricia (Patricia Velasquez), está mantendo os filhos trancados em um armário há dias. Anna resgata os meninos e os leva a um abrigo, mas um dia depois os dois garotos morrem afogados misteriosamente. Ao mesmo tempo, os dois filhos de Anna começam a ser assombrados por uma aparição de uma mulher chorosa vestida de noiva e a mãe começa a desconfiar que a assombração tem alguma relação com as crianças mexicanas.

segunda-feira, 15 de abril de 2019

Crítica – O Mau Exemplo de Cameron Post


Análise Crítica – O Mau Exemplo de Cameron Post


Review – O Mau Exemplo de Cameron Post
Cameron Post (Chloe Moretz) é uma adolescente vivendo no interior dos Estados Unidos na década de noventa. Ela tem um namorado, mas seu principal interesse romântico é sua melhor amiga, Coley (Quinn Shephard). Quando o namorado de Cameron flagra ela e Coley se beijando, Cameron é enviada a um “acampamento de conversão”, um lugar no qual jovens homossexuais são enviados para passar por uma espécie de “terapia cristã” de “cura gay” no qual irão aprender a se livrar do pecado.

O que primeiro chama atenção em O Mau Exemplo de Cameron Post é como ele evita maniqueísmos fáceis e denuncismos rasteiros. Seria muito fácil transformar o acampamento em uma prisão horrenda e os “terapeutas” em monstros sádicos intolerantes, mas a trama consegue encontrar um módico de humanidade mesmo nas pessoas mais repreensíveis, reconhecendo a complexidade da situação sem, no entanto, deixar de lado a gravidade das consequências desse pseudo tratamento.

quinta-feira, 11 de abril de 2019

Crítica – Como Falar Com Garotas em Festas


Análise Crítica – Como Falar Com Garotas em Festas


Resenha Crítica – Como Falar Com Garotas em Festas
Dirigido por John Cameron Mitchell a partir de uma história escrita por Neil Gaiman (responsável também por escrever Deuses Americanos), Como Falar Com Garotas em Festas encanta pelos personagens esquisitos e senso visual, mas nem sempre tem substância suficiente para acompanhar seu estilo.

A trama se passa na Londres da década de 70 e acompanha um grupo de jovens em uma banda punk rock. Um desses jovens é o tímido Enn (Alex Sharp), que durante uma festa encontra um grupo de alienígenas que está viajando pelo universo e conhece a curiosa Zan (Elle Fanning), que fica muito entusiasmada com a possibilidade de sair daquele lugar e conhecer o mundo dos humanos. Assim, os dois começam a passear por Londres ao mesmo tempo em que os líderes do povo de Zan começam a procurá-la por ela ter abandonado o grupo.

Se a premissa “punks vs aliens” não for o suficiente para despertar a curiosidade sobre este filme, nada mais a respeito dele o fará, já que a melhor qualidade da trama é justamente sua atmosfera aloprada, investindo em personagens insólitos e visuais psicodélicos. Mesmo sem muito desenvolvimento em muitas das figuras que encontramos ao longo da narrativa, a trama consegue criar figuras curiosas e excêntricas como a rainha punk interpretada por Nicole Kidman ou a deslumbrada mãe de Enn que passa seus dias rememorando seus quinze minutos de fama.

quarta-feira, 10 de abril de 2019

Rapsódias Revisitadas – Ladrões de Bicicleta


Análise Crítica - Ladrões de Bicicleta


Review - Ladrões de Bicicleta
Dirigido por Vittorio De Sica, Ladrões de Bicicleta é um dos principais e mais lembrados filmes do neo-realismo italiano. O marco inicial do movimento é normalmente considerado Roma, Cidade Aberta (1945), de Roberto Rossellini, mas Ladrões de Bicicleta tem um olhar um pouco menos pessimista que filmes de Rossellini do período como o próprio Roma, Cidade Aberta ou Alemanha Ano Zero (1948).

A narrativa se passa na Itália devastada após a Segunda Guerra Mundial. Antonio (Lamberto Maggiorani) precisa desesperadamente de um emprego para sustentar sua família. Quando ele consegue um trabalho colando cartazes, seu chefe diz que ele precisa ter uma bicicleta, mas Antonio penhorou a sua. Sem escolha, a esposa de Antonio vende alguns bens da família para resgatar a bicicleta, mas já nos primeiros dias de trabalho a bicicleta de Antonio é roubada. Sem meios para fazer seu trabalho, Antonio e o filho correm pelas ruas de Roma em busca da bicicleta e do ladrão.

terça-feira, 9 de abril de 2019

Crítica – Loja de Unicórnios


Análise Crítica – Loja de Unicórnios


Review – Loja de Unicórnios
Estreia da atriz Brie Larson como diretora, Loja de Unicórnios parecia ser algo excêntrico e aloprado como Quero Ser John Malkovich (1999), mas lamentavelmente vai ficando cada vez mais convencional conforme a trama segue, mais por conta do texto do que das escolhas de Larson como realizadora.

Kit (Brie Larson) é um jovem que sonha em ser artista, mas é expulsa da faculdade pelos professores, que detestam seu trabalho. Voltando a morar com os pais e sem perspectiva de vida, ela aceita um trabalho temporário em uma empresa que fabrica aspiradores de pó. Infeliz nesse trabalho convencional, ela vê a perspectiva de mudar de vida quando é contatada por um misterioso vendedor (Samuel L. Jackson) que lhe promete um unicórnio se Kit se mostrar digna e responsável o suficiente.

O visual colorido da loja contrastando com a fotografia naturalista ajuda a criar um clima de realismo fantástico, assim como a interpretação exagerada de Samuel L. Jackson como o bizarro vendedor de unicórnios. A questão é que a despeito de toda essa premissa incomum, quanto mais o filme avança, mais ele vai se tornando extremamente similar a uma onda de indies similares sobre pessoas jovens excêntricas e imaturas precisando encontrar seu lugar no mundo e inevitavelmente amadurecer.

sexta-feira, 5 de abril de 2019

Crítica – Power Rangers: Battle For The Grid


Análise Crítica – Power Rangers: Battle For The Grid


Review – Power Rangers: Battle For The Grid
Os últimos jogos realmente bons dos Power Rangers foram lançados lá na era 16 bits, com as versões para Mega Drive e Super Nintendo de Power Rangers The Movie, que eram relativamente diferentes entre si. De lá para cá foram lançados jogos para diferentes consoles, a imensa maioria de qualidade duvidosa.

Os dois últimos que joguei foram Lightspeed Rescue e Time Force ambos para o primeiro Playstation e ambos muito ruins. O que saiu até então me escapou, inclusive porque parei de acompanhar a série, mas confesso que fiquei curioso com o anúncio deste Power Rangers: Battle For The Grid, jogo de luta em equipes de 3 vs 3 estilo Marvel Vs Capcom. Depois de ter passado um considerável tempo com ele, devo dizer que é o melhor game dos Rangers em muito tempo.

A narrativa é baseada no arco Shattered Grid dos quadrinhos no qual o vilão Lord Drakkon, uma versão do Tommy Oliver de um universo paralelo que se manteve maligno mesmo depois do feitiço de Rita Repulsa ser quebrado, viaja pelo multiverso caçando Rangers para roubar seus poderes e assim controlar a grade de morfagem. Explico tudo isso porque quem não estiver familiarizado com a história não irá receber muito mais do modo Arcade que vem no jogo.

quinta-feira, 4 de abril de 2019

Crítica – Um Ato de Esperança


Análise Crítica – Um Ato de Esperança


Review – Um Ato de Esperança
Um Ato de Esperança começa propondo um debate moral bastante complexo. A juíza Fiona Maye (Emma Thompson) precisa julgar um caso envolvendo um adolescente com leucemia que precisa de uma transfusão de sangue urgente, mas os pais estão proibindo o procedimento por serem Testemunhas de Jeová e a religião proíbe esse tipo de operação. Seria, em essência, um questionamento acerca de liberdade religiosa versus proteção da vida humana. Até que ponto o Estado deve ou não intervir no princípio da liberdade religiosa e de expressão ou se a proteção da vida de um menor de idade é suficiente para interferir nas liberdades individuais, o que poderia configurar um precedente perigoso.

O problema é que a narrativa praticamente não realiza essa discussão, com o caso sendo decidido antes mesmo que o filme chegue à metade e com a argumentação do julgamento não chegando nem perto de alcançar a complexidade dos temas em pauta. O que sobra depois que Fiona decide sobre a vida do jovem Adam (Fionn Whitehead, que protagonizou Dunkirk) não é suficiente para sustentar cerca de uma hora de projeção.

quarta-feira, 3 de abril de 2019

Crítica – Duas Rainhas


Análise Crítica – Duas Rainhas


Review – Duas Rainhas
Duas Rainhas parecia aquele tipo de filme feito para ser indicado a vários prêmios. Era um drama histórico, protagonizado por duas jovens atrizes badaladas e talentosas e com um grande apuro técnico. O filme, no entanto, só conseguiu duas indicações ao Oscar, não levando nenhuma e talvez tenha sido esse baixo desempenho que fez as distribuidoras brasileiras empurrarem para abril o lançamento do filme por aqui, já que sem o burburinho das premiações seria difícil ele competir com obras com mais menções lançadas no mesmo período.

A narrativa, baseada em fatos reais, conta a história de Mary (Saoirse Ronan) rainha da Escócia que aos dezessete anos volta ao país para assumir trono depois de ficar viúva do monarca francês com o qual estava casada. O retorno dela não é bem visto por membros da corte como líder religioso John Knox (David Tennant), que não aceita ser governado por uma católica (a Escócia e a Inglaterra eram protestantes) e uma mulher. Mary tenta conseguir apoio com a prima, a rainha Elizabeth I (Margot Robbie) da Inglaterra, mas aos poucos a relação das duas começa a erodir graças a diferentes conselheiros que instigam conspirações entre as duas.

terça-feira, 2 de abril de 2019

Crítica – Shazam!


Análise Crítica – Shazam!


Review – Shazam!
Desde sua divulgação Shazam! se vendia como uma espécie de Quero Ser Grande (1988) com super-heróis e, bem, o resultado final é exatamente isso. Uma mistura de comédia e aventura que remete ao mesmo padrão e estrutura das coisas que a Marvel vem fazendo, com tudo de bom e ruim que isso acarreta.

Billy Batson (Asher Angel) é um jovem adolescente que constantemente foge dos lares adotivos nos quais reside para tentar encontrar a mãe biológica, de quem se perdeu quando ainda era muito novo. Ele acaba indo parar na Filadélfia e é colocado em um novo lar adotivo, no qual conhece Freddy (Jack Dylan Grazer), um jovem deficiente, que caminha com ajuda de muletas e fã de super-heróis. Um dia Billy é transportado para a caverna na qual vive o mago Shazam (Djimon Hounsou), que transfere seus poderes Billy, transformando-o em um herói (Zachary Levi) capaz de proteger o mundo dos monstros que representam os sete pecados capitais.

O filme reverbera temas de poder e responsabilidade de maneira relativamente similar ao que fez Homem Aranha: De Volta ao Lar (2017), com o protagonista se deslumbrando com a possibilidade de ser super-herói, relegando os amigos e seu cotidiano escolar. Também trabalha com a noção de família, em especial com a ideia de que família não apenas aquela na qual nascemos, mas também a que escolhemos. Nesse sentido, o filme acerta ao apresentar o lar adotivo de Billy com um espaço de acolhimento e aceitação, evitando o clichê típico de representar esses lugares como um espaço de abandono e maus tratos.

segunda-feira, 1 de abril de 2019

Crítica – Coisa Mais Linda


Análise Crítica – Coisa Mais Linda


Review – Coisa Mais Linda
Comecei a assistir Coisa Mais Linda, nova série brasileira da Netflix, sem saber muita coisa exceto que se passava no Rio de Janeiro na década de 50 e mostrava um pouco do cenário musical da cidade. O que encontrei acabou me surpreendendo positivamente, já que a série não apenas visava uma mera reconstrução histórica, mas também contemporizar várias questões do período, como o machismo, o racismo e um certo elitismo cultural, ao mesmo tempo que celebra essa belle époque da cultura carioca e brasileira.

A narrativa é centrada em Malú (Maria Casedevall), um jovem mulher da elite agrária paulista que vai ao Rio de Janeiro encontrar o marido, que foi para a cidade para abrir um restaurante. Chegando lá Malú descobre que o marido a abandonou e levou consigo todo o dinheiro do casal. Sem perspectivas, ele decide continuar o empreendimento do marido por conta própria, dessa vez transformando-o em um clube de música. Para tal, ela contará com a ajuda das amigas Adélia (Pathy Dejesus), Lígia (Fernanda Vasconcellos) e Thereza (Mel Lisboa).

A trama mostra a dificuldade dessas mulheres em conseguirem independência e respectivos espaços de trabalho. Thereza é jornalista, mas é relegada a pautas consideradas “femininas” como moda e culinária, cujo objetivo é ensinar as mulheres que leem esse material a serem “belas, recatadas e do lar”. Mais de uma vez ela ouve do chefe que mulheres são mais difíceis de trabalhar e homens são mais objetivos na função. Inclusive, o único meio de convencer os superiores a contratar outra redatora mulher, é que ela será mais barata do que contratar um homem.