quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Crítica – Riverdale: 2ªTemporada


Análise Crítica – Riverdale: 2ªTemporada


Review – Riverdale: 2ªTemporada
Quando escrevi sobre o ano de estreia de Riverdale, mencionei como a série tinha dificuldade em fazer a sombria trama de assassinato dialogar com as intrigas colegiais experimentadas pelos protagonistas adolescentes. Essa segunda temporada se sai melhor nesse aspecto, focando mais nos mistérios do que na vida estudantil dos personagens, mas ainda teve problemas com tramas que não funcionavam. A partir desse ponto, o texto contem SPOILERS.
                          
A narrativa começa no ponto em que a anterior terminou, com o pai de Archie (KJ Apa), Fred (Luke Perry) sendo baleado por um misterioso homem encapuzado que passa a ser chamado de Capuz Negro conforme mais pessoas da cidade são atacadas. O assassino parece ter algum fascínio por Betty (Lili Reinhart), ligando para ela e mandando mensagens criptografadas. Ao mesmo tempo, o pai de Veronica (Camila Mendes), Hiram (Mark Consuelos), retorna a Riverdale e começa a comprar propriedades na zona sul da cidade. Jughead (Cole Sprouse) desconfia dos planos do empresário e decide investigar o que está acontecendo.

Assim como a primeira temporada, a narrativa tem uma clara filiação com os temas e estética do noir, desde a cidade sombria, coberta de névoa e sinais neon que evidenciam os contrastes entre claro e escuro, passando pelos temas de corrupção e desigualdade social. Como é típico no noir, as duas principais tramas são cheias de ambiguidades morais e mostram como a estrutura da sociedade existe para manter os ricos no poder e os pobres sempre jogados à margem. Isso fica mais evidente na trama envolvendo Jughead e Hiram. Quanto mais Jughead luta para evitar que o pai de Veronica controle seu bairro, mais ele se afunda na ilegalidade e se coloca em risco, como se não fosse possível que alguém como Jughead conseguisse enfrentar um poderio financeiro tão grande.

Confesso que consegui deduzir a identidade do Capuz Negro logo no início da temporada, mas penso que isso foi mais pela minha familiaridade com esse tipo de trama de investigação (meu doutorado foi sobre isso) do que inabilidade do roteiro. Em geral o mistério é bem envolvente embora seja previsível que o sujeito morto no meio da temporada como culpado era um despiste.

Falando em despiste, o problema principal da temporada são as muitas subtramas que não vão a lugar algum ou tem pouquíssima repercussão. Personagens somem por muitos episódios, reaparecem em alguns e voltam à irrelevância logo depois, como é o caso de Cheryl (Madelaine Petsch) ou a que envolve o xerife ter traído a esposa com a prefeita. A sensação é que muito disso existe apenas para justificar o número maior de episódios, que foi de treze para vinte e dois e talvez tivesse sido melhor se a trama fosse mais enxuta como no ano anterior.

Incomoda também que alguns personagens assumem condutas contrárias ao que foi estabelecido até então. Eu entendo que Archie estava sendo movido por raiva e medo, mas ainda assim é estranho vê-lo formar o que é praticamente uma milícia ou ainda se aliar a Hiram, mesmo sendo bastante evidente que o empresário não tem o menor escrúpulo e está envolvido em negócios duvidosos. Outra trama que não funciona é a que envolve o irmão perdido de Betty, o sujeito é tão exageradamente sinistro que fica difícil de crer que Betty e mãe demorem tanto para perceber que há algo errado com ele.

É uma pena, pois quando Riverdale foca no que realmente importa, a relação dos quatro protagonistas, suas famílias e seu senso de comunidade, as coisas realmente funcionam, mas a temporada mais longa causou mais problemas do que soluções. Resta torcer para que melhore na terceira temporada.

Nota: 6/10


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