quarta-feira, 30 de novembro de 2022

Crítica – Pokémon Scarlet e Violet

 

Análise Crítica – Pokémon Scarlet e Violet

De certa forma Pokémon Scarlet/Violet é a culminação de um esforço de construir um game de mundo aberto na franquia Pokémon que começou lá em Pokémon Sword/Shield com uma área aberta que interligava os principais locais do mapa. O jogo recebeu duas expansões, Isle of Armor e The Crown Tundra, que se passavam em ambientes totalmente abertos, ainda que menores que o mapa principal. A Game Freak voltou a explorar a possibilidade de um jogo em espaços abertos no início desse ano com Pokémon Legends Arceus cuja exploração se dividia em grandes áreas abertas. Pois agora em Pokémon Scarlet/Violet finalmente temos um jogo com um mundo completamente aberto e de exploração não linear. É o que os fãs pediam há muito tempo, embora não esteja livre de problemas.

A trama se passa na região de Paldea (inspirada pelo interior da Espanha) é praticamente a mesma de outros games, você é um jovem treinador que deseja se tornar o melhor e para tal entra na Naranja (em Scarlet) ou na Uva (em Violet) Academy para refinar seus talentos. Depois de um tutorial relativamente longo considerando que Sword/Shield era bem rápido em deixar o jogador solto para explorar, o seu treinador fica livre para perambular por Paldea enquanto cumpre três linhas narrativas distintas.

terça-feira, 29 de novembro de 2022

Crítica – Wandinha

 

Análise Crítica – Wandinha

Review – Wandinha
Tinha lá minhas dúvidas se uma série solo da Wandinha iria funcionar, já que muito do apelo da Família Addams vem das interações do núcleo familiar, algo que os dois filmes da década de noventa exploraram muito bem. Para minha surpresa Wandinha é uma série bacana principalmente por conta de algumas decisões certeiras de casting.

Na série, depois de quase matar um grupo de garotos que fazia bullying com o seu irmão, Wandinha (Jenna Ortega) é expulsa da escola e seus pais a matriculam no colégio interno Nunca Mais, instituição em que Gomez (Luis Guzman) e Mortícia (Catherine Zeta Jones) estudaram quando jovens. Apesar de situado em uma pacata cidade do interior, o colégio é frequentado por párias e seres sobrenaturais que, obviamente, não se dão bem com os habitantes da cidade. As coisas se complicam quando uma estranha criatura começa a matar tanto estudantes quanto locais, mas Wandinha decide investigar os crimes.

Jenna Ortega é uma escalação perfeita como Wandinha, captando os maneirismos secos, a fala direta e o senso de humor sombrio da jovem Addams. O carisma trevoso que Ortega traz para a personagem mantem a jornada de Wandinha interessante e excêntrica (a cena de dança no quarto episódio é impagável) mesmo quando tudo ao seu redor se limita a reproduzir clichês batidos de séries adolescentes.

segunda-feira, 28 de novembro de 2022

Drops – Guardiões da Galáxia: Especial de Festas

 

Análise - Drops – Guardiões da Galáxia: Especial de Festas




Review – Guardiões da Galáxia: Especial de Festas
Assim como falei em Lobisomem da Noite, gosto desse formato da Marvel de especiais mais soltos e mais curtos, que vão direto ao ponto sem demandar que precisemos assistir meia dúzia de filmes antes ou aguentar mais de duas horas e meia de filme. Este Guardiões da Galáxia: Especial de Festas cumpre exatamente o que se propõe: ser um divertido especial de fim de ano ao mesmo tempo em que posiciona algumas dinâmicas para o terceiro filme dos Guardiões.

A trama foca principalmente em Drax (Dave Bautista) e Mantis (Pom Klementieff). Depois de ouvirem como Yondu (Michael Rooker) sabotou o Natal de Peter (Chris Pratt) desde a infância, a dupla decide trazer o Natal da Terra até Peter. Para isso Drax e Mantis decidem vir à Terra e sequestrar o ator Kevin Bacon (interpretando a si mesmo) para levá-lo de presente a Peter.

quinta-feira, 24 de novembro de 2022

Lixo Extraordinário – Fuga Para a Vitória

 

Análise Crítica – Fuga Para a Vitória

Review Crítica – Fuga Para a Vitória
Pelé é o maior jogador de futebol de todos os tempos. Na década de oitenta Sylvester Stallone era um dos astros de Hollywood em maior ascensão depois do sucesso do primeiro Rocky. Logo, juntar os dois em um filme como este Fuga Para a Vitória, lançado em 1981, não tinha como ser ruim, certo? Errado. O resultado, embora longe do nível de incompetência de muitos filmes abordados nesta coluna (afinal trata-se de uma produção dirigida por John Houston), é extremamente entediante e falha em capturar a empolgação de uma partida decisiva de futebol.

A trama se passa durante a Segunda Guerra Mundial, focada em um campo de prisioneiros de guerra composto por soldados de diferentes países capturados pelos nazistas. Lá, Colby (Michael Caine) treina um time de futebol para passar o tempo e o estadunidense Hatch (Sylvester Stallone) tenta aprender a jogar apesar de não entender porque não se pode usar as mãos como no futebol americano. Ao ver o time de Colby o oficial nazista Steiner (Max Von Sydow) propõe um jogo amistoso entre prisioneiros e nazistas. Colby se nega inicialmente, mas aceita ao ver a possibilidade de melhorar as condições dos prisioneiros, enquanto que Hatch vê no jogo uma oportunidade de fugir.

quarta-feira, 23 de novembro de 2022

Crítica – Passagem

 

Análise Crítica – Passagem

Review – Passagem
Não esperava muita coisa de Passagem, fui assistir sem saber nada a respeito e me surpreendi com o cuidado com o qual o filme trata o caminho de reabilitação de seus personagens do trauma que sofreram. A trama é focada em Lynsey (Jennifer Lawrence), uma soldado que volta à sua cidade natal depois de sofrer uma lesão na cerebral enquanto servia no Afeganistão. Precisando se recuperar física e psicologicamente, Lynsey consegue um trabalho limpando piscinas e começa uma amizade com o mecânico James (Bryan Tyree Henry), que perdeu uma perna e a família inteira em um acidente de carro.

Desde as primeiras cenas o filme constrói uma atmosfera de solidão investindo nos silêncios, nos ruídos ambientes, com pouca ou nenhuma música, ressaltando os vazios e ausências que marcam o cotidiano de Lynsey. Do mesmo modo, já nos primeiros momentos vemos como os traumas do Afeganistão ainda estão presentes na personagem como no ataque de pânico que ela tem assim que começa a dirigir.

É uma narrativa mais introspectiva, que se constrói através dos olhares e movimentos discretos (ou ausência de movimento já que Lynsey ainda tem dificuldade de manusear objetos por conta da lesão cerebral), com Jennifer Lawrence sendo eficiente em trazer a dor e o desespero silencioso de Lynsey por estar naquela situação. Igualmente competente é o trabalho de Bryan Tyree Henry, que traz um olhar pesaroso e cansado para James, um sujeito que se deixou afundar na própria culpa e luto.

terça-feira, 22 de novembro de 2022

Crítica – Warrior Nun: 2ª Temporada

 

Análise Crítica – Warrior Nun: 2ª Temporada

Review – Warrior Nun: 2ª Temporada
A primeira temporada de Warrior Nun entendia o quanto sua premissa aloprada podia ser divertida e tentava extrair o melhor disso. A série, no entanto, esbarrava em problemas de ritmo que deixavam a temporada excessivamente arrastada. Essa segunda temporada de Warrior Nun, porém, explora um pouco melhor as potencialidades do material.

O segundo ano começa alguns meses depois dos eventos que encerram a temporada de estreia. Ava (Alba Baptista) e Beatrice (Kristina Tonteri-Young) estão escondidas na Holanda depois de terem sido derrotadas pelo poderoso Adriel (William Miller), que busca o halo usado por Adriel. A mesmo tempo, a Madre Superiora (Sylvia de Fanti) e as demais guerreiras estão se reorganizando para combater a nova ameaça. Lilith (Lorena Andrea) retorna do Outro Lado com estranhos poderes.

A trama tem um ritmo mais ágil do que a temporada anterior, imprimindo um maior clima de urgência que traduz bem a ameaça que Adriel representa e o que está em jogo caso o vilão vença. Claro, a narrativa tem lá seus problemas, principalmente pelo modo como faz certos personagens mudarem constantemente de lado, com guinadas que nem sempre soam devidamente merecidas. Do mesmo modo, a maneira com a qual os poderes de Ava falham, por mais que seja explicada pela trama, parece acontecer mais por conveniência do roteiro do que consistência de suas regras.

segunda-feira, 21 de novembro de 2022

Crítica – Escola Base: Quando Um Repórter Enfrenta o Passado

 

Análise Crítica – Escola Base: Quando Um Repórter Enfrenta o Passado

Review Crítica – Escola Base: Quando Um Repórter Enfrenta o Passado
Qualquer pessoa que passou por uma faculdade de Comunicação certamente ouviu falar do caso da Escola Base. Exemplo basilar de como o jornalismo descuidado pode destruir a reputação e a vida de inocentes, a apuração do caso arruinou uma pré-escola em São Paulo e a vida dos donos depois que uma mãe fez denúncias delirantes sobre supostos abusos sexuais que as crianças eram submetidas na escola. Eventualmente foi provado que todos eram inocentes e nenhum abuso tinha ocorrido, mas o estrago na vida daquelas pessoas já estava feito. O documentário Escola Base: Quando Um Repórter Enfrenta o Passado coloca o repórter Valmir Salaro, que foi o primeiro a cobrir o caso em 1993, para refletir sobre a própria cobertura e os impactos dela na vida dos envolvidos.

É um raro caso de autocrítica da imprensa, que raramente assume responsabilidade pelos seus erros, com Valmir corajosamente se colocando na mira das câmeras para examinar o que podia ter sido feito de diferente e também conversando com as famílias afetadas para tentar realizar alguma medida de separação. Lógico, Valmir não foi o único responsável pela injustiça da apuração no caso e o documentário trabalha para mostrar os vários problemas que cercaram a investigação desde o início.

domingo, 20 de novembro de 2022

Rapsódias Revisitadas – Alma no Olho

 

Análise – Alma no Olho

O Brasil produz cinema desde o final do século XIX, mas só na década de 1970 que tivemos uma pessoa negra ocupando pela primeira vez a função de diretor. O pioneirismo coube a Zózimo Bulbul, ator com uma longa trajetória no cinema tendo trabalhado com diretores importantes do Cinema Novo como Glauber Rocha e Leon Hirszman. Talvez tenha sido justamente o prestígio angariado em sua trajetória como ator que permitiu a ele abrir caminho para sua estreia como diretor no curta-metragem Alma no Olho lançado em 1974.

Construir uma longa trajetória antes de chegar na direção acabou sendo um percurso comum entre muitos realizadores negros e negras, como Adélia Sampaio, primeira mulher negra a dirigir um filme no Brasil. Até chegar à função de diretora Adélia trabalhou como continuísta, maquiadora, câmera, montadora e produtora até dirigir o curta Denúncia Vazia em 1979.

Todo em preto e branco, Alma no Olho se mostra inicialmente um experimento do olhar. Uma tentativa de olhar corpos negros celebrando sua beleza, suas formas, seus traços característicos. Não é à toa que a câmera passeia pelo corpo do ator em planos detalhe que chamam atenção para sua boca, sorriso, pelos do corpo e outras partes. É uma maneira de observar pessoas negras diferente do que o cinema brasileiro costumava a fazer até então, constantemente representando a população negra em funções subalternas ou personagens estereotipados, tratando-os com um olhar exotizante ou ridicularizante. O cineasta Joel Zito Araújo chegou a explorar o tratamento que a população negra recebe na dramaturgia brasileira no documentário A Negação do Brasil, de 2000.

Aqui, portanto, o olhar da câmera de Zózimo Bulbul se converte como um espaço de emancipação e poder, transformando a maneira como o cinema observa os corpos negros projetados na tela. Nesse sentido, o uso de Kulu Sé Mama de John Coltrane como trilha musical do curta serve a propósitos similares de celebração da cultura da afro diáspora. Composta por Juno Lewis, a canção é um longo poema de cunho autobiográfico no qual Lewis refletia sobre o orgulho de seus ancestrais e seu senso de tradição. Além da letra em um dialeto africano, a música incorpora instrumentos percussivos do continente ao lado da típica instrumentação de jazz costumaz nas obras de Coltrane, misturando assim diferentes tradições de música negra.

Para além de pensar questões relacionadas ao olhar, é um curta que tenta sintetizar a experiência da diáspora. O personagem principal começa alegre, dançante, até ser inesperadamente colocado em grilhões e preso a um espaço apertado. A alegria é deixada de lado e o protagonista é tomado por confusão e desespero com essa nova situação, como provavelmente se sentiram aqueles trazidos à força para o trabalho escravo nas colônias das Américas. Conforme a narrativa progride, o protagonista tenta encontrar maneiras de sobreviver até inevitavelmente romper seus grilhões como um prenúncio da emancipação do povo negro. É um ótimo exercício de economia narrativa que o filme consiga dizer tanto, com tanta intensidade tendo apenas um ator em cena, sem diálogos, diante de um cenário vazio.

Alma no Olho é, portanto, um marco do cinema brasileiro, que permanece um exame poderoso sobre olhar, identidade e subjetividade.

sexta-feira, 18 de novembro de 2022

Drops – Wendell & Wild

 

Análise Crítica – Wendell & Wild

Review – Wendell & Wild
Tenho um fraco por animações em stop motion, então logo que vi esse Wendell & Wild no catálogo da Netflix me interessei em ver. É uma aventura que mistura comédia e terror, fazendo uma boa mescla dos dois gêneros. A trama é protagonizada por Kat, uma garota órfã que retorna à sua cidade natal apenas para descobrir que uma mega corporação agora é dona de praticamente tudo. Desejando retomar a cidade, incluindo o negócio de seus falecidos pais, Kat acaba fazendo um acordo com os demônios Wendell e Wild, trazendo-os para o mundo material e tirando-os de sua prisão infernal em troca de que eles ressuscitem seus pais. O problema é que os demônios não são exatamente competentes no que fazem e ressuscitam pessoas erradas, causando uma grande confusão.

O longa chama atenção por seu aspecto visual e a criatividade com a qual concebe seu plantel de seres infernais, mortos vivos e seres sobrenaturais. São designs bizarros o suficiente para soarem fora de nosso mundo, mas ao mesmo tempo divertidos o suficiente para não assustarem um público infantil. Boa parte dos personagens remete aos dubladores como os demônios Wendell e Wild, cuja aparência remete a Jordan Peele e Keegan Michael Key, que fazem as vozes da dupla em inglês.

quinta-feira, 17 de novembro de 2022

Crítica – Sally: Fisiculturismo e Assassinato

 

Análise Crítica – Sally: Fisiculturismo e Assassinato

Review – Sally: Fisiculturismo e Assassinato
A essa altura serviços de streaming já tem um formato praticamente pronto de séries documentais sobre crimes, basta pegar uma história qualquer em encaixar na estrutura pré existente. Essa é a impressão que passa a minissérie Sally: Fisiculturismo e Assassinato que, como a maioria das séries documentais sobre crimes, se constrói em cima da mesma estrutura de depoimentos e imagens de arquivo, além de um número de episódios maior do que seria necessário para contar a história.

A trama segue a fisiculturista Sally McNeil, que na década de noventa foi presa depois de matar o marido a tiros quando ele tentava agredi-la. A série usa o evento para falar sobre machismo e sensacionalismo midiático. Como já mencionei, a estrutura é bem típica e acomodada no que se tornou padrão desse tipo de produto, arriscando ou ousando muito pouco. Também se tornou típico estender a história mais do que necessário, com muitos elementos redundantes ou que acrescentam pouco à narrativa principal, inchando o produto desnecessariamente. Poderia ser um longa documental conciso de cerca de noventa minutos, mas os realizadores desnecessariamente alongaram o material para render três episódios de cerca de cinquenta minutos.

quarta-feira, 16 de novembro de 2022

Crítica – A Hora do Desespero

 

Análise Crítica – A Hora do Desespero

Review – A Hora do Desespero
Eu tenho um fraco por filmes que se passam em tempo real. Me interessa o esforço criativo em contar uma história satisfatória em um tempo e espaço bem restritos, mantendo o interesse do espectador e a trama andando. Alguns filmes, como Por um Fio (2002) fazem isso muito bem. Outros, como este A Hora do Desespero se perdem no esforço de encadear uma reviravolta atrás da outra ao ponto em que nada faz sentido.

A trama é protagonizada por Amy (Naomi Watts), que está em seu dia de folga e sai para correr em uma trilha próxima. No meio do caminho recebe a notícia de que há um tiroteio na escola em que seu filho estuda e precisa sair correndo do meio do nada onde está de volta para a cidade na esperança de ter alguma notícia.

É um filme que inicialmente parece dialogar com o medo bastante real nos Estados Unidos de que a qualquer momento um pai ou mãe pode receber essa notícia. De que se tornou um evento tão cotidiano que as pessoas já vivem sob o constante temor de que é algo que pode acontecer consigo. De início, o filme trabalha bem esse senso de pânico conforme Amy corre pelo mato saltando entre uma ligação telefônica e outra tentando entender o que está ocorrendo.

segunda-feira, 14 de novembro de 2022

Crítica – Pantera Negra: Wakanda Para Sempre

 

Análise Crítica – Pantera Negra: Wakanda Para Sempre

Review – Pantera Negra: Wakanda Para Sempre
Quaisquer que fossem os planos originais da Marvel e do diretor Ryan Coogler para o segundo filme do Pantera Negra, eles foram inequivocamente abalados pela prematura morte do astro Chadwick Boseman. É preciso ter isso em mente ao analisar este Pantera Negra: Wakanda Para Sempre, que certamente precisou fazer várias gambiarras narrativas para adaptar as ideias originais, ser respeitoso com o falecimento de seu astro e atender às demandas corporativas da Marvel e a construção de seu universo cinematográfico.

A narrativa começa justamente com Wakanda lidando com o falecimento de T’Challa (Chadwick Boseman) por uma doença misteriosa. Um ano depois, Wakanda e seu valioso vibranium são alvo de ataques das potências mundiais que buscam o valioso recurso. O mundo acha que sem o Pantera Negra, a rainha Ramonda (Angela Bassett) e a princesa Shuri (Letitia Wright) estão vulneráveis. Ao mesmo tempo, quando uma plataforma marítima que pesquisava vibranium é atacada por estranhos seres aquáticos, o mundo desconfia de Wakanda. O líder desses seres, Namor (Tenoch Huerta) se revela para Ramonda e Shuri pedindo que Wakanda entregue a ele os responsáveis pela pesquisa com o vibranium submarino. Agora elas precisam ponderar como proceder com ameaças por todos os lados.

sexta-feira, 11 de novembro de 2022

Crítica – Força Bruta

 

Análise Crítica – Força Bruta

Review – Força Bruta
Não conhecia muita coisa do trabalho do ator coreano Don Lee até vê-lo em Eternos (2021), no qual ele interpretava o herói Gilgamesh. A partir de então passei a buscar as produções coreanas estreladas por ele, incluindo o recente Força Bruta. Na trama o policial Ma Seok-Do (Don Lee) vai ao Vietnã repatriar um criminoso coreano que foi preso por lá. Chegando no país, o criminoso em questão revela conexão com um assassino em série, também coreano que vem matando turistas ricos da Coreia no Vietnã ao longo dos últimos anos. Agora Seok-Do precisa caçar o perigoso assassino Kang Hae-Sang (Sukku Son).

É uma narrativa bem apoiada em elementos já conhecidos do cinema de ação. Um policial durão caçando um criminoso violento em um país estrangeiro no qual não tem jurisdição, precisando lidar não apenas com os vilões, mas com as limitações burocráticas de atuar em um país no qual não tem autoridade. A história poderia ser usada para pensar as tensões entre Coreia e Vietnã ou a dificuldade de cooperação entre autoridades de diferentes países, logicamente o filme está mais interessado em pancadaria e como é exatamente isso que o espectador desse tipo de produção vai ver, o fato de não ter muito a dizer não chega a ser exatamente um problema.

quinta-feira, 10 de novembro de 2022

Crítica – Não Se Preocupe, Querida

 

Análise Crítica – Não Se Preocupe, Querida

Review – Não Se Preocupe, Querida
Depois de uma ótima estreia como diretora no bacana Fora de Série (2019), fiquei curioso pelo que Olivia Wilde faria a seguir. Seu segundo trabalho, Não Se Preocupe, Querida já estava cercado de controvérsias antes mesmo de ser lançado por conta de histórias de bastidores atribulados, a relação entre ela e Harry Styles, além de possíveis desavenças entre Wilde e a atriz Florence Pugh. No fim todo esse conflito acabou rendendo algo mais interessante do que o próprio filme, que soa como uma reciclagem sem brilho de ideias e premissas que a ficção científica já explorou melhor desde a década de 70.

Na trama Alice (Florece Pugh) vive uma existência idílica como dona de casa suburbana no que parece ser a década de 50 enquanto seu marido, Jack (Harry Styles), sai todo dia para trabalhar na misteriosa instalação no meio do deserto liderada por Frank (Chris Pine). Aos poucos, no entanto, ela começa a desconfiar que Frank e a aquela tranquila comunidade escondem segredos nefastos.

quarta-feira, 9 de novembro de 2022

Drops - Catarina: A Menina Chamada Passarinha

 

Análise Crítica - Catarina: A Menina Chamada Passarinha

Review - Catarina: A Menina Chamada Passarinha
Dirigido por Lena Dunham, Catarina: A Menina Chamada Passarinha conquista pelas personalidades excêntricas de seus personagens e o senso de humor com o qual analisa a situação da mulher na Inglaterra medieval. A trama é protagonizada por Catarina (Bella Ramsay), uma garota de 14 anos filha de pequenos aristocratas na Inglaterra medieval. Catarina não se interessa pela maioria das “coisas de mulher” com as quais seus pais tentam lhe dar, mas as coisas se complicam quando o pai dela, o lorde Rollo (Andrew Scott), decide arranjar o casamento de Catarina com algum homem rico de modo a pagar suas crescentes dívidas. Logicamente Catarina não fica nem um pouco feliz e tenta de todas as maneiras sabotar os pretendentes que chegam.

A narrativa tenta ponderar o modo como as mulheres eram (são) tratadas como objetos pelos homens. Bens que trocam de mãos segundo caprichos e necessidades masculinas. Ainda que o texto não deixe de ver a severidade dessas questões tudo é construído com leveza e humor, com a protagonista nunca sendo reduzida a uma vítima ou alguém sem controle da própria narrativa.

terça-feira, 8 de novembro de 2022

Crítica – Enola Holmes 2

 

Análise Crítica – Enola Holmes 2

Review – Enola Holmes 2
Quando escrevi sobre o primeiro Enola Holmes (2020), mencionei que o filme tinha potencial, mas se perdia em múltiplas tramas que não conseguiam dialogar. Temi que o mesmo acontecesse neste Enola Holmes 2, mas felizmente esses elementos fluem melhor aqui.

A trama se passa algum tempo depois do primeiro filme. A agência aberta por Enola (Millie Bobby Brown) vai à falência depois dela não conseguir clientes. A jovem detetive está pronta para retornar ao interior da Inglaterra quando é procurada por Bessie (Serrana Su-Ling Bliss), uma garota que pede ajuda a Enola para localizar a irmã desaparecida. A investigação leva Enola a uma fábrica de fósforos, que a coloca no caminho do irmão, Sherlock (Henry Cavill), que está em um caso envolvendo chantagem e lavagem de dinheiro. O caso também leva a protagonista a se encontrar com o jovem lorde Tewkesbury (Louis Partridge) que está tentando trazer reformas políticas para o país.

Chama atenção como o filme faz suas múltiplas tramas convergirem com habilidade no mistério principal envolvendo Enola e a busca pela irmã de Bessie, fazendo todos os personagens desembocarem em um único clímax que amarra todas as tramas e deixa muito pouco sobrando. A relação da protagonista com a mãe, Eudoria (Helena Bonham Carter), porém continua sendo deixada de lado. Aqui Eudoria aparece em uma única cena e assim como no original o filme falha em discutir a complexidade moral do terrorismo como ferramenta de ativismo político, preferindo tratar a mãe como uma figura excêntrica.

segunda-feira, 7 de novembro de 2022

Crítica – Rota 66: A Polícia Que Mata

 

Análise Crítica – Rota 66: A Polícia Que Mata

Review – Rota 66: A Polícia Que Mata
Escrito por Caco Barcellos, o livro Rota 66 é um dos melhores exemplares do jornalismo literário brasileiro, demonstrando de maneira contundente a truculência da polícia de São Paulo e o modo como eles matavam indiscriminadamente, forjando cenas de crime quando o morto era uma pessoa inocente. A série Rota 66: A Polícia Que Mata é baseada no livro de Barcellos e relata alguns dos casos absurdos de inocentes mortos pela brutalidade policial.

A trama acompanha o trabalho de investigação de décadas empreendida por Caco Barcellos (Humberto Carrão) para revelar as ações violentas da PM paulista, que tratava pessoas periféricas como bandidos e constantemente matava inocentes. Os episódios também se debruçam sobre as consequências dessa violência nas famílias das vítimas e como, mesmo depois de anos, elas tem dificuldade de se recuperar. Nesse sentido a série destaca o arco do sargento Homero (Ailton Graça), policial da Rota que passa a questionar seu trabalho depois que o filho, estudante de direito prestes a se formar, é morto por seus colegas de farda.

sexta-feira, 4 de novembro de 2022

Crítica – O Telefone do Sr. Harrigan

 

Análise Crítica – O Telefone do Sr. Harrigan

Review – O Telefone do Sr. Harrigan
Baseado em um conto de Stephen King, O Telefone do Sr. Harrigan tenta simultaneamente falar de nossa relação com tecnologia, dos impactos do luto e também dos perigos em conseguir exatamente o que queremos. São ideias que poderiam render um suspense sobrenatural interessante, mas que o filme nunca desenvolve de modo a ter algo significativo a dizer.

A trama é protagonizada por Craig (Jaeden Martell), um jovem contratado pelo rico idoso Sr. Harrigan (Donald Sutherland) para periodicamente ler livros para ele. Ao longo das sessões de leitura, Craig e Harrigan se tornam amigos, com Craig dando ao seu idoso patrão um smartphone para que possam se comunicar facilmente. Inevitavelmente Harrigan morre, mas estranhamente continua a responder Craig pelo telefone.

Inicialmente o filme parece explorar uma tecnofobia similar a algo como O Chamado (2002), explorando como as máquinas conectadas à internet permitem que a informação se multiplique e que quebremos fronteiras de espaço e tempo, podendo ser acessados infinitamente. O problema é que conforme a trama se desenvolve, boa parte desses temas se dilui em outras pretensões narrativas e nenhuma delas consegue envolver.

quinta-feira, 3 de novembro de 2022

Drops – O Time da Redenção

 

Análise Crítica – O Time da Redenção

Review – O Time da Redenção
O basquete masculino estadunidense costuma dominar as Olimpíadas, então depois de duas competições seguidas sem o ouro olímpico o alerta foi acendido a respeito da perda da supremacia do país nesse esporte. A partir daí começaram a se preparar para os jogos de 2012 em Pequim com o intuito de retomarem o pódio. Essa é a história do documentário O Time da Redenção.

Estruturalmente é um documentário que segue todos os recursos narrativos já batidos nesse tipo de produto, com entrevistas e imagens de arquivo. Não ousa muito e confia no carisma dos atletas para sustentar o filme. As entrevistas encontram boas histórias de bastidores sobre como o time e a união entre eles foi se construindo ao longo dos três anos de preparação para as Olimpíadas e o papel de liderança que o falecido Kobe Bryant desempenhou para o time, conseguindo manter nosso interesse no que é narrado. Igualmente envolventes são as cenas das partidas, que mostram o entrosamento e habilidade da seleção estadunidense e também de seus principais adversários, em especial Espanha e Argentina, mostrando como a competição de fato foi acirrada.

terça-feira, 1 de novembro de 2022

Rapsódias Revisitadas – Bamako

 

Análise – Bamako

Review - Bamako
Lançado em 2006 e dirigido pelo mauritano Abderrahmane Sissako, Bamako reflete sobre as consequências da colonização sobre países africanos ainda hoje e como os processos de globalização deram um novo verniz à exploração colonial. A trama se passa em Bamaco, capital de Mali. Mele (Aissa Maiga) é uma cantora que ganha a vida se apresentando em bares e restaurantes. Seu marido, Chaka (Tiecoura Traore), está desempregado e o casamento deles está em crise. Em meio a isso, na praça que fica no centro de onde moram acontece um julgamento. No tribunal montado a céu aberto representantes do Mali processam o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional por impedirem o desenvolvimento dos países africanos.

Há uma escolha consciente de Sissako em situar o julgamento numa praça de um espaço periférico. Essa decisão primeiramente deixa evidente o caráter lúdico e fabulizante desse julgamento, ou seja, não há uma intenção de tratar isso como se fosse um procedimento real, mas como uma metáfora para a discussão das angústias de países como Mali diante de órgãos internacionais.