sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Crítica - Straight Outta Compton: A História do N.W.A


Análise  Straight Outta Compton: A História do N.W.A

Review Straight Outta Compton: A História do N.W.A
Um grupo de pequenos traficantes discute negócios em uma casa na periferia, de repente um veículo policial blindado munido de um aríete na dianteira arrebenta a parede frontal da casa e dezenas de policiais fortemente armados invadem o recinto. Podia ser algo saído de algum daqueles filmes de ação exagerados da década de 80 tipo Stallone Cobra (1986) ou Comando Para Matar (1985), mas na verdade foram eventos reais ocorridos na região de Compton em Los Angeles e é nesse cenário de gangues e forte intervenção policial que surge o grupo de rap N.W.A (Niggaz Wit Attitudes).

A trama acompanha a trajetória do grupo, de suas origens humildes em Compton aos anos de sucesso, focando principalmente em Ice Cube (O'Shea Jackson Jr, filho de Cube na vida real e parecidíssimo com o pai), Dr. Dre (Corey Hawkins) e Eazy-E (Jason Mitchell). O filme vai seguir aquela estrutura básica de cinebiografias de artistas, tratando das dificuldades, da inspiração para suas músicas, dos conflitos internos e brigas com gravadoras, nada muito diferente do que já vimos em outros filmes sobre músicos.

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Crítica - Sicario: Terra de Ninguém




Não é de hoje que fronteira entre Estados Unidos e México é retratada como um lugar brutal e quase que sem lei pelo Hollywoodiano, desde a era de ouro dos westerns passando por produções mais recentes como Onde os Fracos Não Tem Vez (2007). A imoralidade das práticas governamentais de combate ao crime também é algo que tem aparecido muito em filmes como A Hora Mais Escura (2013), do mesmo modo que a ética cinzenta dos profissionais que convivem constantemente com isso já tinha sido tratada, por exemplo, em obras como Miami Vice (2006). Este Sicario: Terra de Ninguém continua a trabalhar essas ideias e, embora não traga nada de novo, funciona pela condução de Denis Villenueve.

A trama acompanha a agente do FBI Kate Macy (Emily Blunt) que durante uma operação de resgate de reféns descobre mais de quarenta corpos escondidos na parede de uma casa. Ela é então abordada pelo espião Matt (Josh Brolin) que lhe diz que seus métodos não surtem efeito no crime organizado e que se ela quiser fazer algo definitivo, deve acompanhá-lo ao México, juntamente com o misterioso Alejandro (Benicio del Toro), para levar a luta diretamente aos chefões. Claro que nem tudo está dentro da lei e eles agem de modo tão brutal quanto os criminosos que combatem e isso põe em xeque a visão de mundo de Kate.

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Crítica - Ponte dos Espiões



Depois de passar os últimos anos entregando filmes que estavam abaixo daquilo que se espera dele com o meramente correto Lincoln (2012) e o fraco Cavalo de Guerra (2011), o diretor Steven Spielberg volta a entregar um ótimo trabalho com este Ponte dos Espiões e se considerarmos que Ridley Scott também voltou a encantar com um ótimo trabalho em Perdido em Marte, podemos dizer que este ano tem sido bastante positivo para os cineastas veteranos.

Baseada em eventos reais, a trama se passa em 1957, auge da Guerra Fria, e segue James Donovan (Tom Hanks) um advogado de seguros que é chamado para defender Rudolf Abel (Mark Rylance) suspeito de espionar para a União Soviética. Mesmo sabendo que enfrentará reações negativas por atuar na defesa de um espião, James o faz por crer que todos tem direito a uma defesa justa e a um processo dentro da lei, no entanto ele vai aos poucos descobrindo que tudo não passa de uma encenação e que todos estão mais interessados em rapidamente condená-lo à morte. As coisas se complicam quando o piloto de um avião espião dos EUA é capturado na Rússia e ambos governos começam a considerar uma troca. Sem poder se engajar em negociações oficiais (visto que isso implicaria que ambas nações teriam de admitir que cometeram crimes de espionagem), James é escolhido para negociar extraoficialmente com os soviéticos.

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Crítica - Beasts of No Nation


 
Vou ser direto, Beasts of No Nation, longa-metragem original do Netflix, é um filme desagradável. Não que seja um filme ruim, longe disso, mas ele trata de algumas verdades brutais sobre nosso mundo e sobre eventos que, apesar de encenados, reproduzem com incômodo realismo a trajetória tacanha das crianças soldado em nações africanas. Não é algo fácil de digerir, não é agradável acompanhar essa história de violência e desesperança, mas não havia outro modo de falar a respeito disso senão por o dedo na ferida e fazê-la sangrar, se o filme não nos incomodasse, se não nos tirasse de nossa zona de conforto, não estaria fazendo direito o seu trabalho e se nada nesse filme de incomodar, te chocar ou te deixar agoniado, diria que você tem sérios problemas de empatia e deve procurar rápido um profissional de saúde mental.

Baseado no romance homônimo de Uzodinma Iweala, a narrativa acompanha Agu (Abraham Attah), um garoto que vê sua vila ser invadida depois que uma guerra civil explode em seu país. Quando todos ao seu redor são mortos, Agu foge da vila, mas é encontrado por um comando da facção rival e seu Comandante (Idris Elba) o obriga a se tornar um soldado. A partir daí acompanhamos como essa criança vai aos poucos sendo transformada em um sanguinário soldado.

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Crítica - The Witcher 3: Hearts of Stone


A prática do DLC se tornou hoje praticamente obrigatória para quase todos os jogos blockbusters lançados. A questão é que na maioria das vezes não passam caça-níqueis que apenas repetem as mesmas coisas do game principal, não acrescentando nada à narrativa ou à jogabilidade, ou são tão breves que nem valem o custo. Este Hearts of Stone, primeiro DLC pago de The Witcher 3: Wild Hunt (antes disso foram liberados 16 pequenos DLCs gratuitos) não é nenhuma dessas coisas e mantêm o alto nível de qualidade e a promessa feita pela desenvolvedora CD Projekt Red de que os DLCs pagos do game (há mais um previsto para fevereiro) realmente valeriam a pena.

A narrativa se passa durante os eventos da campanha original e é um dos pontos fortes da expansão e coloca Geralt de Rívia em confronto com o intrigante Olgierd von Everec. Não quero estragar muito da história aqui, mas é um hábil conto sobre oportunidades perdidas, a ilusão de livre arbítrio e uma série de outras coisas, sendo simultaneamente um romance, uma história de terror e um estudo de personagem. Além de von Everec, somos introduzidos a outros personagens igualmente bem construídos como o misterioso Gaunter O'Dimm e o reencontro com a médica Shani, que apareceu no primeiro game da série.

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Crítica - Operações Especiais



Quando entrei na sala de cinema para conferir este Operações Especiais temi que fosse algo não vergonhoso quanto o terrível Federal (2010). A verdade é que não chega a ser tão ruim, no entanto, tem problemas demais para funcionar bem como deveria.

A trama acompanha Francis (Cleo Pires), uma recepcionista que decide entrar para a polícia civil depois de presenciar um assalto no hotel em que trabalha. A vida de policial, no entanto, não é tão fácil quanto ela imagina, já que é mandada para uma cidade no interior do Rio de Janeiro na busca de traficantes que fugiram da capital depois da ocupação das favelas. Lá terá de lidar com as próprias inseguranças, com o machismo de seus colegas de trabalho e, claro com a criminalidade do local.

O filme acerta nas cenas de ação que são muito bem filmadas e com uma abordagem bastante realista de como a polícia procede durante tiroteios e mesmo em meio ao caos ou em velozes perseguições cheias de cortes e com a câmera em constante movimento nunca perdemos a sensação de espacialidade da cena e sempre temos clareza do que está acontecendo. No início do filme, quando Francis ainda está tensa e insegura de sua posição a câmera está sempre próxima do seu rosto, dando uma sensação de confinamento e de que ela está acuada, nos colocando no estado mental da personagem.

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Crítica - A Colina Escarlate


Análise A Colina Escarlate

Review Crimson PeakDepois do divertido filme de robôs gigantes Círculo de Fogo (2013), o diretor Guillermo Del Toro retorna ao universo do sobrenatural que já tinha abordado em filmes como A Espinha do Diabo (2001) e O Labirinto do Fauno (2006) com este A Colina Escarlate.

A trama se passa no início do século XX e acompanha a jovem aspirante a escritora Edith (Mia Wasikowska) que desde criança é assombrada pelo fantasma de sua mãe morta que lhe alerta para o perigo da "colina escarlate". Quando seu pai morre sob circunstâncias misteriosas, ela decide se casar com o carismático, mas à beira da falência, nobre britânico Thomas Sharpe (Tom Hiddleston) e se muda com ele para sua propriedade na Inglaterra. Lá ela usará sua herança para tentar ajudar o marido e sua irmã, Lucille (Jessica Chastain), a reconstruírem o negócio da família que consiste em minerar uma resistente argila vermelha das terras da família. No entanto, conforme o tempo passa, eventos estranhos começam a acontecer na decrépita mansão da família e Edith começa a desconfiar que o marido e a irmã provavelmente guardam segredos bastante sombrios.

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Crítica - Transformers: Devastation



Apesar de gostar dos dois games dos Transformers desenvolvidos pela High Moon Studios (War for Cybertron e Fall of Cybertron), me incomodava o foco praticamente exclusivo no combate à distância, já que os jogos seguiam o modelo de tiro em terceira pessoa. Pra mim uma das possibilidades mais legais de se ter um universo de robôs gigantes que mudam de forma é justamente vê-los saindo na porrada e esses jogos meio que me negavam isso, dando apenas um pouco efetivo golpe corporal para cada personagem. Meus desejos de pancadaria robótica desenfreada, no entanto, foram atendidos por este ótimo Transformers: Devastation, jogo desenvolvido pela Platinum Games (Bayonetta, Metal Gear Rising: Revengeance), que além de tudo faz uma afetuosa homenagem à animação original (também conhecida como G1).

A trama é básica, Megatron e seus Decepticons encontram um antigo artefato de Cybertron capaz de "ciberformar" nosso planeta, cabe aos Autobots liderados por Optimus Prime deter o vilão e salvar o mundo. Depois de uma fase inicial que te obriga a alternar entre os personagens, o jogador fica livre para escolher entre Optimus, Bumblebee e Sideswipe, conforme avançamos também é possível habilitar Wheeljack e o dinobot Grimlock.

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Crítica - Peter Pan


 
Ultimamente Hollywood tem se esforçado para transformar praticamente qualquer coisa em franquia cinematográfica, criar um grande universo que possa ser explorado e construído ao longo de vários filmes e produtos derivados, criando marcas que se tornem garantias de retorno financeiro. O problema, como apontei em meu texto sobre Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros, é que nem todo material se presta a dar origem a um universo expansível ou ofereça base para que tome ampla liberdade com seus personagens sem que eles percam a essência que os torna tão interessantes.

Filmes como Malévola (2014) ou Hannibal: A Origem do Mal (2007), já mostraram que tentar retornar à origem de personagens muito icônicos muitas vezes acaba enfraquecendo esses personagens (como na origem de Hannibal Lecter) ou lhes retira suas características fundamentais ao ponto de não sermos mais capazes de ver ali aquele personagem que tanto adorávamos (como em Malévola) e o que resta é apenas alguém com o mesmo nome e muito parecido com ele em uma narrativa genérica que podia ser feita em qualquer universo com qualquer personagem. Este Peter Pan lamentavelmente cai na segunda categoria.

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Crítica - A Travessia

Análise Crítica - A Travessia
Review - A Travessia
Quando falei sobre Evereste mencionei que uma das coisas que me incomodou no filme era que ele parecia se esforçar pouco para nos fazer compreender o que movia aqueles personagens a tentar tal façanha e isso prejudicava nosso engajamento com eles. Este A Travessia felizmente não padece do mesmo mal e ao longo das duas horas de projeção conseguimos claramente entender as razões para o equilibrista Philippe Petit (Joseph Gordon-Levitt) ficar fascinado em realizar seu número entre as torres do World Trade Center. Claro, é uma construção mais pautada em níveis emotivos e sensoriais, mas, sejamos sinceros, explicar em termos lógicos de modo convincente porque alguém quereria se pendurar em uma corda bamba no alto de um arranha-céu seria uma tarefa bastante ingrata.

Baseado na autobiografia de Petit (que também inspirou o documentário vencedor do Oscar Man on Wire), o filme conta seus primeiros dias como artista de rua até o momento em que fez sua histórica performance no World Trade Center. É uma tradicional história de superação, da luta de um homem para superar os obstáculos em busca de um sonho, algo que o diretor Robert Zemeckis já fez muito bem em Forrest Gump (1994), mas também tem elementos de um filme de roubo (ou heist movie) com os personagens montando a equipe para o "golpe", a invasão às torres para armar os cabos,  planejando, e então lidando com os imprevistos que aparecem.

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Crítica - Horas de Desespero

Análise Horas de Desespero

Review Horas de Desespero
O título nacional deste Horas de Desespero (No Escape no original) dá a impressão de ser um daqueles "filmes B" de suspense que são repetidos à exaustão nas madrugadas de sábado no Super Cine da Globo e, bem, é exatamente isso.

No filme acompanhamos o engenheiro Jack (Owen Wilson) é transferido de seu trabalho para um novo cargo na Ásia e leva a família junto. Chegando lá, além de precisarem lidar com a mudança, a família é pega de surpresa quando um golpe de estado explode no país e o hotel em que eles estão é tomado por revolucionários que começam a executar todos os presentes. Assim, começam uma corrida desesperada não apenas para fugirem do hotel, mas para saírem do país.

A primeira coisa que salta aos olhos é modo como tal país é representado, primeiro porque nunca é especificado se estamos na Indonésia, Camboja, Laos, Tailândia ou qualquer outro país da região, provavelmente porque os realizadores acharam que era tudo igual e não fazia diferença (e também para não despertar reações negativas de nenhum desses países, já que certamente visam a distribuição internacional). Além disso, durante a primeira meia hora o filme irá fazer questão de mostrar quanto o país é atrasado, pouco desenvolvido e sua população é composta por um bando de primitivos incultos que são atrasados até nas suas referências culturais ao mundo ocidental, como o motorista que é fã de Kenny Rogers.