sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Crítica – Brinquedo Assassino


Análise Crítica – Brinquedo Assassino


Review – Brinquedo Assassino
Não sabia muito o que esperar do novo Brinquedo Assassino. Não morro de amores pelo filme original, ainda que aprecie seu charme em abraçar sem medo o próprio absurdo de sua premissa. Esta nova versão, no entanto, acabou se mostrando desprovida de muita personalidade, falhando em construir um carisma próprio a despeito de seu esforço de atualizar a premissa principal.

Se antes o boneco Chucky era possuído pelo espírito de um serial killer depois de um ritual que dá errado, agora Chucky (voz de Mark Hamill) é um boneco ultra tecnológico dotado de uma inteligência artificial que o faz interagir com diferentes aparelhos. Chucky, no entanto, tem sua IA sabotada na fábrica e programada para ser agressiva, o que obviamente gera problemas que ele chega na casa do garoto Andy (Gabriel Bateman) e sua mãe Karen (Aubrey Plaza).

Tudo bem que a premissa do original era razoavelmente ridícula, mas ele tinha consciência disso e conseguia construir algo bastante singular. Aqui, no entanto, Chucky é só mais uma IA defeituosa igual a tantos outros filmes que apresentavam um antagonista similar. Mark Hamill, que foi a voz do Coringa nas animações e games do Batman durante anos, é perfeitamente capaz de fazer o Chucky soar sinistro, mas sem a ironia e sarcasmo sádico que o personagem tinha antes, o boneco nada mais é que um robô frio cujas frases de efeito são apenas repetições de falas de outros personagens que até podem soar engraçadas quando Chucky diz, mas que não constroem, em si, uma personalidade própria ao boneco.

Há uma tentativa de fazer Chucky parecer uma figura trágica, mas não funciona porque já na primeira cena vemos que o boneco foi programado para ser violento. Assim, seus arroubos de violência são menos uma consequência direta do tratamento que ele recebe de Andy e seus amigos e mais um desdobramento natural de uma máquina cumprindo a tarefa que foi programada para fazer.

É possível também perceber que a trama tenta usar o boneco para falar de consumismo e convergência tecnológica, mas nunca vai além de poucas observações pontuais, nunca tendo nada relevante a dizer sobre essas ideias. Desta maneira, toda a mudança na mitologia do personagem soa desperdiçada, já a alteração é feita praticamente a troco de nada. Imagino que a ideia de fazer Chucky um boneco tecnológico foi também pensada para justificar porque uma criança nos dias de hoje iria querer um boneco para brincar, mas isso podia ser contornado simplesmente situando a trama no passado, na década de noventa, oitenta ou antes.

Se há um acerto é na construção do gore e de mortes criativamente violentas como toda a cena em que Chucky mata um homem em uma plantação de melancias ou toda a carnificina insana que irrompe no terceiro ato do filme e torna tudo bastante divertido. Por outro lado, parte do clímax não faz muito sentido, afinal, se Chucky foi “reconstruído” com um novo núcleo e tudo mais, como ele ainda tem as memórias de antes?

Brinquedo Assassino consegue criar algumas mortes divertidas, mas peca pela falta de personalidade de seu protagonista, reduzido a uma inteligência artificial genérica.


Nota: 5/10

Trailer

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