segunda-feira, 2 de setembro de 2019

Lixo Extraordinário – Palhaços Assassinos do Espaço Sideral


Crítica – Palhaços Assassinos do Espaço Sideral


Review – Palhaços Assassinos do Espaço Sideral
Lançado em 1988, Palhaços Assassinos do Espaço Sideral parece, no papel, uma mistura ideal entre terror e humor. Na prática, no entanto, o resultado final carece tanto de criatividade no humor quanto de violência e gore para funcionar como deveria em qualquer uma dessas duas frentes.

Na trama, o casal Mike (Grant Cramer) e Debbie (Suzanne Snyder) está trocando beijos na floresta quando veem um cometa passar no céu. Eles tentam seguir o cometa até o lugar onde ele caiu, mas quando chegam no que deveria ser o ponto de impacto, encontram apenas uma estranha tenda circense. O casal decide entrar na tenda e descobrem se tratar de uma nave espacial habitada por criaturas que se parecem com palhaços. Os palhaços tentam matá-los e eles fogem para a cidade, mas os alienígenas seguem o casal e começam a aterrorizar os habitantes do local.

Como em muitos filmes de terror, os protagonistas se comportam como completos idiotas na maior parte do tempo. Mike e Debbie, por exemplo, entram sem qualquer cerimônia no estranho circo abandonado no meio do mato. Em outro momento dois personagens se recusam a deixar o furgão em que estão mesmo quando um palhaço assassino gigante está correndo na direção deles só pelo motivo do automóvel ser alugado. Porque, claro, pagar o prejuízo seria muito pior que morrer.


Essa estupidez seria ao menos aceitável se o filme conseguisse criar cenas engraçadas em cima disso, mas na maioria do tempo coloca os palhaços em situações banais que não exploram o potencial cômico da premissa absurda. Em uma cena, vemos as criaturas invadirem uma loja de conveniência e começar a mexer na mercadoria enquanto o balconista observa tudo atônito. Em outra, acompanhamos enquanto os palhaços tocam em portas fingindo ser entregadores de pizza. O humor deveria vir do estranhamento das pessoas com as criaturas, mas como as situações em si não tem nada demais, não há muito pelo que dar risada.

O gore também deixa a desejar. Em um produto com a palavra “assassinos” no título era de se esperar mortes violentas e criativas, mas na maioria dos casos os palhaços apenas envolvem suas vítimas em casulos de algodão doce, com poucas cenas de violência propriamente dita, como no momento no qual um palhaço arranca a cabeça de um sujeito com um soco. A ideia de transformar itens comumente usados por palhaços em armas mortais é uma boa sacada que infelizmente não é bem explorada. Só em alguns poucos momentos, como a cena em que um palhaço estrangula um policial com uma língua de sogra, é que o filme tenta embarcar na ideia de que esses brinquedos são armas ultra tecnológicas.

É como se os realizadores confiassem que bastava vermos os bizarros palhaços espaciais para conseguirmos rir, não fazendo muito esforço para desenvolver situações insólitas a partir da premissa curiosa do filme. Claro, essas escolhas também podem ter sido motivadas pelo pouco orçamento, mas mesmo levando isso em consideração fica a impressão de uma oportunidade desperdiçada. Afinal, não existe muita narrativa a ser contada, apenas uma colagem de cenas dos palhaços aterrorizando a população, então essas cenas deveriam ao menos ser divertidas pelo humor ou pela sanguinolência.

Ocasionalmente a trama consegue entregar algo criativamente divertido, como na cena em que um motorista é perseguido por um palhaço que guia um “carro invisível”, sem mencionar que todo o clímax dentro do circo/nave dos vilões traz o visual lisérgico e colorido que ajuda a transmitir toda a maluquice da premissa. As próteses usadas para criar os palhaços são relativamente expressivas para algo feito com um orçamento limitado e as criaturas tem um aspecto que consegue equilibrar o hilário e o sinistro. Só é uma pena que as criaturas sejam tão subutilizadas e tenham tão pouco a fazer.

Palhaços Assassinos do Espaço Sideral poderia render uma podreira bem divertida se explorasse todo o absurdo de sua premissa evoca, mas decepciona ao não fazer jus ao potencial criativo de sua premissa.

Trailer


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