domingo, 8 de setembro de 2019

Crítica – It: Capítulo 2


Análise Crítica – It: Capítulo 2


Review – It: Capítulo 2
Apesar de ter adorado It: A Coisa (2017), confesso que estava apreensivo com essa segunda parte, já que, no livro de Stephen King, o segmento com os personagens com os personagens adultos é bem inferior ao início com os personagens crianças. Este It: Capítulo 2 é, de fato, inferior à primeira parte, mas ao menos consegue funcionar como um desfecho digno e é bem melhor que a péssima segunda parte da versão televisiva da década de noventa.

A trama se passa 27 anos depois do original. Mike (Isaiah Mustafa), o único do Clube dos Otários a permanecer em Derry, se dá conta de que a onda de mortes de Pennywise (Bill Skarsgard) recomeçou. Assim, ele chama os demais amigos para voltarem à cidade e cumprirem o juramento que fizeram de eliminar a criatura de uma vez por todas caso ela voltasse.

O elenco adulto é competente, mas não encanta o mesmo tanto que o elenco jovem do primeiro filme. Parte do problema é inerente à própria situação, afinal ver crianças sendo confrontadas com seus medos é uma situação mais tensa do que acompanhar adultos dotados de certa maturidade e ciência de suas vulnerabilidades emocionais passarem pela mesma situação. Outra razão é que a trama em si não dá muito espaço para desenvolver esses personagens em suas novas situações e vermos o tanto que eles se transformaram. Temos um pequeno vislumbre disso na cena do restaurante chinês, mas depois o filme se reduz a uma corrida contra o tempo para derrotar Pennywise.

O elenco jovem projeta uma sombra grande sobre o novo elenco adulto também pela escolha do filme em constantemente inserir flashbacks da infância dos personagens. O problema desses flashbacks é que eles quebram o fluxo de desenvolvimento da trama sem oferecer muita coisa em troca. Já sabíamos desde o filme anterior da culpa que Bill (James McAvoy) carregava pela morte do irmão menor, da complicada relação de Bev (Jessica Chastain) com o pai ou a paixão mal resolvida de Ben (Jay Ryan) por Bev.

Assim, o miolo do filme fica com um ritmo truncado a troco de informações repetidas, já que apenas as memórias de Richie (Bill Hader) acrescentam algo que não sabíamos sobre o personagem. Isso acaba estendendo desnecessariamente a duração do filme a inchadas duas hora e cinquenta minutos, quando podia ter pouco mais de duas horas se essas redundâncias tivessem ficado na sala de edição.

Bill acaba tendo algum destaque pelo fato da trama inserir um conflito envolvendo as tentativas dele de proteger um garoto local da fúria de Pennywise para tentar purgar a culpa de seu irmão, mas os demais não tem muito desenvolvimento, principalmente Mike, preso a um papel o limita a explicar a mitologia envolvendo A Coisa. Outro destaque é Richie por conta do talento de Bill Hader em roubar praticamente toda a cena em que aparece, seja por suas interjeições cômicas, seja em momentos dramáticos próximos ao final. O desfecho, por sinal, completa os temas iniciados no primeiro filme sobre superação de traumas e aprender a deixar o passado para trás, oferecendo um encerramento digno para a jornada de seus protagonistas.

Apesar da narrativa tropeçar, o filme não deixa de ser um terror eficiente graças à performance sinistra de Bill Skarsgard como o palhaço Pennywise, com um misto de simplicidade infantil e sadismo que torna difícil não sentir um frio na espinha toda vez que o vemos em cena com seu olhar desencontrado. Os momentos de terror também funcionam pelo talento do diretor Andy Muschietti em criar imagens criativas em sua natureza macabra, a exemplo na cena em que vemos patas de aranha brotarem em uma cabeça decomposta ou na cena em que uma velhinha se torna uma criatura horrenda e deformada.

It: Capítulo 2 é inferior ao seu antecessor, mas continua a oferecer bons momentos de terror e funciona como um encerramento razoável para o Clube dos Otários.

Nota: 6/10


Trailer

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