sexta-feira, 27 de junho de 2025

Rapsódias Revisitadas – Grey Gardens

 

Análise Rapsódias Revisitadas – Grey Gardens

Review - Grey Gardens
Dirigido pelos irmãos Maysles, nomes chave do movimento do cinema direto dos Estados Unidos, Grey Gardens foi lançado em 1975 e até hoje permanece como um documentário envolvente tanto pela abordagem observacional dos Maysles, que pregam por interferir o mínimo possível nas cenas, e as personalidades pitorescas das duas protagonistas, que parecem apreciar serem observadas pelas câmeras do documentário. O resultado é uma enorme sinergia entre quem filma e quem é filmado, tornando difícil não se deixar absorver pelo que está em tela.

Elite decadente

A trama acompanha a idosa Edith e sua filha de meia idade Edie. Elas são tia e prima de Jackie Kennedy Onassis, ex-primeira dama do país. Em 1973 a dupla tomou as manchetes dos jornais depois que uma série de denúncias e vistorias de órgãos municipais decretou que a mansão dilapidada em que viviam, chamada de Grey Gardens, estava condenada e elas seriam removidas do local para que o imóvel fosse demolido. Jackie e irmã ajudam as parentes da minimamente reformarem a casa e elas são autorizadas a voltarem a morar no local e esse é o ponto de partida do filme, acompanhando o cotidiano de mãe e filha nesse imóvel acabado.

quinta-feira, 26 de junho de 2025

Crítica – Tempo de Guerra

 

Análise Crítica – Tempo de Guerra

De certa forma Tempo de Guerra passa por questões similares a Falcão Negro em Perigo (2001). Ambas são produções tecnicamente bem feitas nas suas reconstruções de situações de guerra, mas que é míope demais no contexto ao redor desse conflito para que seu efeito seja qualquer outra coisa que não uma celebração maniqueísta da resiliência das tropas retratadas.

Guerra interior

A trama conta a história real de uma tropa de fuzileiros durante a Guerra do Iraque que ficou acuada em dentro de uma casa enquanto tentavam dar suporte a outra unidade. Sem ter como sair e com soldados feridos, eles tentam resistir aos ataques externos enquanto buscam um modo de cuidar dos feridos e evacuar em segurança. A narrativa se passa em tempo real, acompanhando a situação conforme ela se desenrola e busca um registro mais realista de uma operação de guerra.

quarta-feira, 25 de junho de 2025

Crítica – Homem Com H

 

Análise Crítica – Homem Com H

Review – Homem Com H
Desde o início dos anos 2000 as cinebiografias musicais se tornaram um filão comercial no cinema brasileiro. Nem todas estão no mesmo nível de qualidade, com algumas, como Tim Maia (2014), se destacando enquanto outras, como a biografia dos Mamonas Assassinas, ficando aquém de seus biografados. Homem Com H, por sua vez, é uma das melhores produções dos últimos anos ao acompanhar a trajetória de Ney Matogrosso.

Sangue Latino

A narrativa acompanha Ney (Jesuíta Barbosa) desde sua juventude até cerca dos anos 90 quando ele perde seu companheiro, Marco (Bruno Montaleone), por complicações relativas à AIDS. Ao longo de sua vida, vemos Ney Matogrosso lidou com o preconceito desde cedo por conta de seu pai (Rômulo Braga), militar severo que batia no filho por conta do comportamento afeminado, além de desafiar a ditadura militar com seus figurinos e performances musicais.

sexta-feira, 20 de junho de 2025

Crítica – Premonição 6: Laços de Sangue

Análise Crítica – Premonição 6: Laços de Sangue

Review – Premonição 6: Laços de Sangue
Me aproximo desse Premonição 6: Laços de Sangue como alguém que não é um profundo conhecedor da franquia. Assisti o primeiro e o segundo filme e, assim como aconteceu com Jogos Mortais, me dei por satisfeito e resolvi parar por aí. Com esse sexto filme chegando mais de uma década depois do quinto fiquei curioso por terem resolvidos ressuscitar a franquia.

Desafiando a morte

A trama é centrada em Steph (Kaitlyn Santa Juana), uma jovem universitária que começa a ter sonhos recorrentes com o desabamento de um restaurante panorâmico que mata várias pessoas. Com o tempo ela descobre que uma das pessoas no sonho era sua avó e como as visões estão atrapalhando em seu desempenho na faculdade, ela decide descobrir o que aconteceu com a sua avó e, no processo desenterra segredos de sua família.

quarta-feira, 18 de junho de 2025

Crítica – Branca de Neve

 

Análise Crítica – Branca de Neve

Review – Branca de Neve
Toda a produção deste Branca de Neve foi tomada por tantas polêmicas e controvérsias que era difícil que todo o discurso sobre o filme antes mesmo que ele fosse lançado não afetasse seu desempenho nas bilheterias. Desde a escolha de Rachel Zegler para ser a protagonista, passando pelo recuo da Disney em escalar atores com nanismo para fazer os sete anões por conta de uma declaração de Peter Dinklage (os anões do filme acabaram sendo digitais), além de histórias de desentendimentos entre Zegler e Gal Gadot por conta de perspectivas políticas, tudo no filme estava envolto em polêmica. A verdade, no entanto, é que mesmo descontando todas as controvérsias, não há muita substância que sustente o filme ou que o torne minimamente envolvente.

Conto antigo

A premissa da história se mantem a mesma, Branca de Neve (Rachel Zegler) é uma jovem princesa que cresce controlada pela Rainha Má (Gal Gadot), que tomou o controle do reino depois da morte de seu pai. A Rainha é obcecada pela beleza e por ser a mais bela do reino, mas quando seu espelho mágico diz que Branca de Neve é a mais bela, a Rainha decide matá-la. Assim, Branca de Neve foge para a floresta onde é acolhida pelos sete anões. Em seu exílio ela conhece Jonathan (Andrew Burnap), um charmoso renegado que lidera a resistência contra a Rainha.

terça-feira, 17 de junho de 2025

Crítica – Echo Valley

 

Análise Crítica – Echo Valley

Review – Echo Valley
Existem dois filmes dentro de Echo Valley e, infelizmente, a produção escolhe por priorizar o menos interessante deles. Apesar de um começo promissor e de um elenco competente, a produção acaba degringolando em um suspense B que sequer consegue executar bem suas principais reviravoltas.

Querida menina

Depois de uma perda pessoal severa, Kate (Julianne Moore) passa a viver reclusa em sua fazenda de cavalos. O cotidiano solitário dela é interrompido pelo retorno Claire (Sydney Sweeney), sua filha viciada em drogas. De início parece que Claire está disposta a se reestruturar, mas logo fica evidente que ela está ali só para conseguir dinheiro e outros recursos antes de voltar para as ruas. Kate tenta ajudá-la, mas logo se vê enredada nos crimes da filha.

segunda-feira, 16 de junho de 2025

Crítica – Predador: Assassino de Assassinos

 

Análise Crítica – Predador: Assassino de Assassinos

Review – Predador: Assassino de Assassinos
Depois de dar novo fôlego à franquia com O Predador: A Caçada (2022), o diretor Dan Trachtenberg retorna ao universo dos yautja (a raça dos predadores) nesta antologia animada Predador: Assassino de Assassinos. A narrativa acompanha três histórias que se passam em épocas diferentes e mostram a presença dos predadores em nosso planeta o longo da história humana.

Quem mata os matadores?

A primeira história se passa no período dos vikings, com a guerreira Ursa liderando seu povo em uma campanha para se vingar daqueles que mataram seu pai. A segunda acontece no Japão feudal, com os irmãos Kenji e Kiyoshi lutando entre si pela herança do pai. A terceira é durante a Segunda Guerra Mundial com o mecânico Torres descobrindo que as aeronaves de seu porta-aviões estão sendo abatidas por uma nave que não pertence aos inimigos.

sexta-feira, 13 de junho de 2025

Rapsódias Revisitadas – Ed Wood

 

Crítica – Ed Wood

Análise Crítica – Ed Wood
Considerado por muito tempo como o pior diretor do mundo, os filmes de Ed Wood são lembrados por sua tosqueira, uso de imagens de arquivo e narrativas insólitas. Ele é uma figura singular no cinema dos EUA, vivendo às margens dessa indústria a despeito de seu desejo de ser parte dela. Talvez seja essa vida de pária que atraiu Tim Burton, sempre interessado em personagens solitários ou excluídos, a contar a história do diretor em Ed Wood, lançado em 1994.

Cinema nas bordas

A narrativa é toda filmada em preto e branco, acompanhando Ed (Johnny Depp) desde seus esforços para filmar seu primeiro longa-metragem, Glen or Glenda (1953), passando por sua amizade com o ator Bela Lugosi (Martin Landau), suas tentativas de se estabelecer na indústria e a culminância de sua carreira em Plan 9 From Outer Space (1959), produção que lhe deu fama, ou melhor, infâmia internacional.

quinta-feira, 12 de junho de 2025

Crítica – Como Ganhar Milhões Antes que a Avó Morra

 

Análise Crítica – Como Ganhar Milhões Antes que a Avó Morra

Review – Como Ganhar Milhões Antes que a Avó Morra
Primeiro longa-metragem do diretor Pat Boonnitipat, a produção tailandesa Como Ganhar Milhões Antes que a Avó Morra parte de uma premissa inusitada para contar uma afetuosa história sobre família, luto e legado. Às vezes é um pouco previsível, mas tem charme e emoção o suficiente para nos manter interessados.

Esquema afetivo

A narrativa é centrada em M (Putthipong Assaratanakul), um jovem sem perspectiva de futuro que passa seu tempo com jogos online. Ele vê a prima Mui (Tontawan Tantivejakul) tomar conta de um tio idoso e saltar para a prioridade em seu testamento, ficando com a casa dele quando ele morre. Percebendo como a herança permitiu que a prima subisse na vida, M enxerga a notícia que sua avó, Amah (Usha Seamkhum), está com câncer e provavelmente só tem um ano de vida, como uma possibilidade de ganhar a preferência da avó e ficar no topo das prioridades por herança.

terça-feira, 10 de junho de 2025

Crítica – O Contador 2

 

Análise Crítica – O Contador 2

Review – O Contador 2
Lançado em 2016, o primeiro O Contador chamava atenção pelo protagonista neurodivergente vivido por Ben Affleck, mas além disso era um suspense moroso, com poucos elementos marcantes. Não era um filme que me deixava curioso por mais, nem parecia ter sucesso ou fãs pedindo por uma continuação. Ainda assim esse O Contador 2 é lançado quase dez anos depois do original e continua sendo um suspense meia boca impedido de mergulhar no completo tédio por conta do protagonista.

Identificando padrões

A trama começa com o assassinato de King (J.K Simmons) durante a investigação a um esquema de tráfico de pessoas. A agente Marybeth (Cynthia Addai-Robinson) relutantemente pede ajuda a Christian (Ben Affleck) para ajudar a descobrir o que aconteceu, já que o nome dele estava nos arquivos de King. No percurso, Christian também é auxiliado pelo irmão Braxton (Jon Bernthal) de quem tenta se reaproximar.