Lançado em 1995 e dirigido por
Carla Camurati, Carlota Joaquina:
Princesa do Brazil foi um marco do cinema brasileiro, iniciando o período
da chamada “retomada”. Depois de anos estagnada por conta de ações do governo
Collor, o sucesso do filme de Camurati sinaliza a força da produção nacional e
um novo ciclo produtivo do nosso cinema. Comemorando 30 anos de seu lançamento
em 2025, o filme retorna aos cinemas em uma versão restaurada em 4K, como
também aconteceu neste ano com Iracema: Uma Transa Amazônica(1975).
História revisitada
O longa acompanha a trajetória de
Carlota Joaquina (Ludmila Dayer/Marieta Severo), desde sua infância como
princesa na Espanha quando é levada ainda criança para Portugal, forçada a
casar com a realeza portuguesa, até sua idade adulta quando vem ao Brasil
acompanhando o marido, Dom João VI (Marco Nanini), quando a corte de Portugal
foge da Europa para não se envolver nas Guerras Napoleônicas.
Com nomes como Eddie Murphy e
Keke Palmer encabeçando o elenco, A
Última Missão poderia ser uma comédia de ação ao menos divertida. A
despeito de um elenco carismático, no entanto, o resultado acaba sendo algo que
não entretém como deveria.
Roubo sobre rodas
Russell (Eddie Murphy) é um
segurança responsável por conduzir um carro blindado. No dia de suas bodas de
prata ele quer terminar sua rota o mais rápido possível para voltar para casa,
mas isso pode ser difícil por conta de seu novo parceiro, o jovem e impulsivo
Travis (Pete Davidson). Para complicar as coisas o veículo da dupla é atacado
pela gangue liderada por Zoe (Keke Palmer), que deseja roubar o blindado para
usá-lo em um assalto a um cassino e levar milhões. Como os aliados de Zoe
acabam fracassando durante a perseguição, ela propõe o plano a Travis e
Russell.
O diretor Halder Gomes e o ator
Edmilson Filho já parodiaram diferentes gêneros cinematográficos em filmes como
os dois Cine Holliúdy e O Shaolin do Sertão(2016). A mais nova
parceria da dupla é C.I.C: Central de
Inteligência Cearense que satiriza filmes de espiões, como a franquia James
Bond
Licença para matar (de rir)
A narrativa é protagonizada por
Wanderley (Edmilson Filho), que serve na Central de Inteligência Cearense como
o Agente Karkará. Sua mais nova missão é recuperar um projeto científico
secreto sendo desenvolvido na tríplice fronteira que foi roubado pela
misteriosa organização criminosa R.O.L.A (certamente zoando com siglas como S.P.E.C.T.R.E ou S.H.I.E.L.D). O agente precisa descobrir o que é
esse projeto secreto, bem como quem é a cabeça da R.O.L.A. Para tal, contara
com a ajuda do agente paraguaio Romerito (Gustavo Falcão) e a agente argentina
Micaela (Adriana Ferri).
Entre os vários gêneros que o
cinema brasileiro tem explorado com regularidade nos últimos anos, o thriller é um dos que menos aparece na
nossa cinematografia. Dirigido por Fernando Coimbra (responsável pelo excelente
O Lobo Atrás da Porta) este Os Enforcados tenta construir uma trama
de suspense a partir do universo da contravenção do jogo do bicho.
Profissão de risco
Regina (Leandra Leal) está no
meio da reforma da mansão na qual vive com o marido, Valério (Irandhir Santos),
os gastos estão altos e Valério lhe informa que precisarão diminuir custos pois
seus negócios não estão indo bem. Valério trabalha com o tio (Stepan
Nercessian) na exploração de caça-níqueis e jogo do bicho, sendo responsável
por lavar o dinheiro da contravenção do tio. Regina tenta estimular o marido a
tomar o controle dos negócios, já que o tio teria assassinado o pai de Valério
para chegar ao topo dos negócios. A oportunidade vem quando o tio pede para se
esconder na casa deles antes de fugir do país por conta de algum esquema que
deu errado. Tomar o controle, no entanto, é apenas o início dos problemas do
casal, já que o tio deixou muitas dívidas com outros figurões do crime.
Lançado em 2005, o suspense Plano de Voo chama atenção por sua
atmosfera de incerteza e manejo da intriga ao acompanhar um mistério em que
nada é o que parece. A narrativa é protagonizada por Kyle (Jodie Foster), uma
enlutada engenheira de aviação que parte em um voo de Berlim para os Estados
Unidos levando o corpo do marido recém-falecido. Ela vai acompanhada da filha
pequena, Julia (Marlene Lawston), mas pouco tempo depois do avião decolar a menina
desaparece. Ela pede ajuda à equipe para encontrar a garota, mas logo é
informada pelo capitão que não há registro de que Julia tenha embarcado. Assim,
Kyle tenta descobrir o que está acontecendo.
Voo noturno
A narrativa constrói bem o clima
de claustrofobia e paranoia que envolve a protagonista. Alguém em um ambiente
fechado, com todos duvidando de si, lutando para provar que está correta. A
dúvida se desloca também para o espectador, já que considerando o trauma
recente da perda do marido, começamos a considerar que talvez ela esteja
realmente imaginando coisas e a situação não seja o que ela pensa ser.
No papel Operação Vingança parece um thriller
bem típico. Sujeito tem esposa assassinada por terroristas e monta um plano
de vingança e, bom, é exatamente isso, uma aplicação de fórmulas conhecidas sem
nada que o ajude a se destacar de um oceano de produções similares.
Revanche previsível
Heller (Rami Malek) é um
programador que trabalha para a CIA. Quando sua esposa, Sarah (Rachel
Brosnahan, que recentemente foi a Lois Lane em Superman), é assassinada em um atentado terrorista na Europa, ele
exige participar da busca pelos culpados. Para isso, recebe treinamento de
campo do veterano Henderson (Lawrence Fishburne), que não vê como Heller será
capaz de cumprir a missão. As coisas se complicam quando Heller descobre que os
envolvidos no atentado são mercenários empregados pela CIA em missões secretas,
significando que a agência não tem qualquer interesse em capturá-los.
A primeira coisa que chamou minha
atenção enquanto assistia o novo Guerra
dos Mundos foi a opção de contar toda a história a partir da tela do
computador do protagonista que monitorava toda a situação. A escolha não
parecia casar com o escopo da narrativa. Depois descobri a real razão para o
filme ter sido feito dessa maneira e isso só piorou minha impressão a respeito
do resultado final.
Guerra confinada
A narrativa é protagonizada pelo
analista de inteligência William Radford (Ice Cube). Ele é responsável por
monitorar vazamentos de dados, mas também começou a receber pedidos das
agências especiais a respeito de estranhos fenômenos eletromagnéticos ocorrendo
ao redor do mundo. Quando estranhas máquinas de três pernas caem do céu e
começam a atacar várias cidades do mundo, William resolve analisar o que está
havendo para tentar articular uma resposta.
Tudo é narrado a partir da tela
do computador de William, no qual ele acessa imagens de câmeras, conversa com
colegas e familiares por chamadas de vídeo e se informa por noticiários. Como a
produção foi filmada em 2020, durante a pandemia de COVID-19, as medidas
sanitárias de isolamento provavelmente motivaram essa estrutura do filme. Seria
uma oportunidade de usar esse senso de isolamento como uma metáfora para o
temor e ansiedade do nosso confinamento durante a pandemia, quando estávamos fechados
em nossas casas temendo um inimigo invisível e sem saber o que estava acontecendo.
O Guerra dos Mundos de 2005 dirigido
por Steven Spielberg usava muito bem o romance de H.G Wells para refletir sobre
seu tempo, em especial o senso de insegurança, paranoia e vulnerabilidade dos
Estados Unidos pós 11 de setembro. Essa nova versão, no entanto, não faz nada
disso.
Não há qualquer tentativa de usar
o confinamento do personagem para refletir sobre o confinamento pandêmico.
Tampouco há qualquer senso da escala ou da gravidade dos ataques já que as
imagens da invasão e dos conflitos em si são poucas e sempre borradas ou pixelizadas
para disfarçar a qualidade baixa dos efeitos visuais. Em termos de narrativa,
há apenas o clichê do pai que tenta consertar a relação com os filhos e uma
trama sobre vigilância governamental e privacidade, mas nenhuma delas tem muito
a oferecer além de lugares comuns. Não ajuda que Ice Cube e o resto do elenco
entreguem performances automáticas, desinteressadas, que são incapazes de
injetar qualquer senso de drama ou urgência nos eventos. Apesar de noventa minutos,
a impressão é que a narrativa dura muito mais por conta das arrastadas videochamadas
nas quais tudo se desenvolve, lembrando o horrendo Black Wake(2020) protagonizado pela brasileira Nana Gouvea.
Cinismo corporativo
Além do vazio narrativo e dramatúrgico,
a produção também incomoda pelo excesso de exposição de marcas de ferramentas
digitais e o modo como o filme, sem qualquer sutileza, apresenta os atributos
positivos dessas ferramentas, mostrando essas plataformas como potenciais
salvadoras do mundo. São construções que quebram nossa imersão na narrativa e
também soam como uma tentativa cínica de construir uma representação positiva
de big techs que tem sido alvo de
bastante escrutínio nos últimos anos por seu papel em contribuir para
desinformação ou discursos de ódio. Aqui todos esses questionamentos são
sublimados e todas essas plataformas têm apenas impactos positivos no mundo.
O pior, no entanto, é o que
acontece no clímax, quando William precisa fisicamente fazer o upload de um
vírus em servidores e precisa de um pen drive, recorrendo a uma grande empresa
de comércio eletrônico. O que se segue é uma publicidade cínica da velocidade
de entregas da Amazon Prime com seu uso de drones, basicamente fazendo a Amazon
ser a responsável por salvar o mundo por sua suposta agilidade na entrega e
avanços tecnológicos. É uma escolha que reduz o filme a uma mera propaganda
corporativa (e uma propaganda ruim ainda por cima) pensada apenas para gerar
valor para a empresa sem qualquer preocupação em entreter o espectador ou
fazê-lo refletir.
Misturando realidade e fantasia, A Morte de um Unicórnio tenta falar
sobre a ganância humana e nossa conduta predadora em relação à natureza. O
filme, no entanto, esgota rapidamente suas ideias e dá a impressão de uma narrativa
que constantemente repete os mesmos temas sem sair do lugar.
Animais fantásticos
A trama segue Ridley (Jenna
Ortega), que acompanha o pai Elliot (Paul Rudd) em um retiro corporativo no
qual ele espera que seu chefe moribundo, Odell (Richard E. Grant), o torne o
representante de sua família no conselho da empresa quando ele morrer. No
caminho para a propriedade de Odell, porém, Elliot acidentalmente atropela um
unicórnio. Ele coloca o animal no carro, acreditando que a criatura está morta
e quando chega na mansão do chefe, descobre que o sangue do animal tem
propriedades curativas. Odell logo se anima com as possibilidades medicinais
para curar seu câncer e outras doenças, mas Ridley alerta a família e o pai que
matar um unicórnio pode trazer consequências severas.
Dirigido por Mel Gibson, Ameaça no Ar tenta construir um thriller a partir de um espaço
confinado. Em tese seria uma boa maneira de criar tensão, mantendo seus
personagens em um diminuto espaço enquanto lidam com uma ameaça constante. O
resultado, no entanto, é desprovido de qualquer fagulha de suspense.
Plano de voo
A narrativa acompanha a agente
federal Madolyn (Michelle Dockery), encarregada de levar uma importante
testemunha, Winston (Topher Grace) através do estado do Alasca. Da cidade onde
estão, a agência só lhe consegue um velho avião bimotor no qual só cabem eles
dois e o piloto, Daryl (Mark Wahlberg). No meio do voo, no entanto, eles
descobrem que Daryl tomou o lugar do piloto real e é um assassino enviado para
matar Winston, impedindo-o de testemunhar contra um figurão do crime. Agora
Madolyn e Winston precisam encontrar um meio de sobreviver ao assassino e levar
o avião até o seu destino.
A produção britânica Os Radley tenta fazer algo diferente com
histórias de vampiros ao contar a história de uma família vampírica que tenta
viver uma vida normal em sua vizinhança pacata, abdicando do consumo de sangue.
Os problemas que se impõem a eles no cotidiano, no entanto, ampliam a vontade
de morder pessoas.
Fome de viver
Os jovens Rowan (Harry Baxendale)
e Clara (Bo Bragason) Radley são adolescentes aparentemente comuns, embora se
sintam diferentes e deslocados dos demais. A confirmação de que eles são de
fato diferentes vem quando Clara reage a um colega de escola que tenta abusar
dela, criando presas e mordendo seu pescoço para devorar seu sangue. É então
que seus pais Peter (Damian Lewis) e Helen (Kelly Macdonald) revelam a verdade:
eles são vampiros, mas optaram por uma vida abstêmia por não quererem ter que
matar pessoas. Para lidar com o cadáver do colega morto, Helen chama o cunhado
Will (também Damian Lewis), que ao contrário deles não tem qualquer questão
moral em devorar sangue.