O ator Josh Hartnett tem
experimentado um retorno em sua carreira nos últimos anos, se encontrando novamente sob os holofotes a partir de produções como Oppenheimer(2023) ou Armadilha(2024) e
agora ganha uma oportunidade de estrelar um filme de ação neste Fight or Flight. É uma produção que
remete às comédias de ação ultraviolentas do início dos anos 2000 como Adrenalina (2006) e Mandando Bala (2007) embora aqui o filme não traga consigo nada de
muito marcante.
Voo perigoso
A trama acompanha Lucas Reyes
(Josh Hartnett), um ex-agente de inteligência que virou mercenário e vive na
clandestinidade, sendo caçado pelas autoridades dos Estados Unidos. Ele tem a
chance de limpar seu passado ao aceitar a missão de se infiltrar em um voo
transcontinental para localizar uma perigosa hacker e levá-la com vida aos EUA.
O problema é que o avião está cheio de mercenários contratados para matar a
pessoa que ele foi designado para proteger.
Em um mundo pós apocalíptico em
que os recursos são escassos e há um grande controle populacional por parte do
governo, qualquer casal que deseje ter filhos precisa se submeter a um processo
no qual são avaliados por alguns dias para analisar se eles tem condições de
criar filhos. A Avaliação parte desse
conceito para pensar sobre relacionamentos afetivos, controle populacional e
totalitarismo estatal.
Teste despadronizado
A narrativa foca no casal Mia
(Elizabeth Olsen) e Aaryan (Himesh Patel), dois cientistas que se submetem ao
processo de avaliação para tentarem ter um filho. Eles são avaliados por
Virginia (Alicia Vikander) que irá ficar com eles por sete dias observando
diferentes aspectos da vida do casal para determinar se eles estariam aptos a
terem filhos ou não. De início Virginia age de forma bastante protocolar,
perguntando sobre o trabalho do casal ou a relação deles, mas a partir do
segundo dia, os testes passam a ser menos ortodoxos, incluindo Virginia se
comportando como criança para testar as reações deles ou tentando seduzi-los.
Estrelado por Vince Vaughn, Nonnas é aquele tipo de “filme conforto”
que a gente sabe que é extremamente clichê, não tem nada que nos instigue ou
desafie enquanto espectadores, mas apreciamos pela familiaridade e pela emoção
genuína que oferece dentro de um esquema já conhecido de narrativa sobre
relações familiares e realização de sonhos.
Comida de vó
A narrativa se baseia em uma
história real e é centrada em Joe (Vince Vaughn). Depois de perder a mãe, Joe
tenta se reconectar com a memória dela refazendo suas antigas receitas. Daí ele
tem a ideia de usar o dinheiro que sua mãe lhe deixou para abrir um restaurante
focado em celebrar essa comida italiana caseira, trazendo “nonas” italianas
para cozinharem com ele. Assim ele recruta um time formado por Gia (Susan
Sarandon), Teresa (Talia Shire, a eterna Adrian da franquia Rocky), Antonella (Brenda Vaccaro) e
Roberta (Lorraine Bracco).
Apesar de boas cozinheiras, a
personalidade forte dessas senhoras as coloca em conflito, criando problemas no
restaurante. As dificuldades também vem do lado financeiro, já que Joe não tem
muita experiência com negócios e mesmo com o auxílio do melhor amigo, Bruno
(Joe Manganiello), as contas do restaurante não fecham. É tudo bem típico desse
tipo de história, sendo bem previsível que as senhoras irão eventualmente
dialogar e perceber as dificuldades que cada uma teve que superar e vão
cooperar umas com as outras.
O que conquista é o peso
emocional que cada uma das atrizes consegue dar a suas personagens, nos fazendo
sentir como elas são um produto de tudo com que tiveram de lidar ao longo de
suas trajetórias e no senso verdadeiro de amizade que se desenvolve entre elas.
É também um retrato bem sincero e afetuoso de comunidades de ítalo-descendentes
(diferente de estereótipos presentes em filmes como Amor em Little Italy) e de como o ato de cozinhar não tem apenas a
ver com comer e sim com um senso de comunidade e afeto. Como alguém que vem de
uma família de descendentes de italianos, acompanhar um ambiente de cozinha
repleto de senhoras italianas idosas berrando umas com as outras me fez sentir
em casa.
Empreendedorismo performático
O arco de Joe e os desafios do
restaurante, bem como sua tentativa de se reaproximar de sua antiga paixão de
infância, Olivia (Linda Cardellini), por outro lado, é bem menos interessante.
A trama romântica com Olivia se desenvolve de maneira muito fácil e sem muito
drama. Já a narrativa do restaurante segue a fórmula desse tipo de história de
superação, fazendo parecer que tudo é uma questão de força de vontade a
acreditar no próprio negócio, como isso por si só fizesse qualquer obstáculo
sumir.
Não importa qual o problema que
apareça, ele vai ser rapidamente resolvido por algum deus ex machina do roteiro como que conjurado pelo simples fato de
que Joe quer que o negócio dê certo. Em muitos casos a própria narrativa deixa
explícito que Joe sequer sabe o mínimo de como gerir um restaurante (incluindo
conhecimento de códigos ou regulamentos) e faz parecer que esses problemas são
culpa dos outros e não do sujeito que não se preparou para gerir um negócio que
abriu por vontade própria.
Felizmente, o elenco de atrizes
veteranas dá suficiente alma e coração a Nonnas
que a produção consegue trazer o conforto de um almoço de domingo na casa da
avó mesmo que seja uma refeição que já consumimos inúmeras vezes.
Fui assistir Caos e Destruição por ter sido dirigido por Gareth Evans,
realizador responsável pelos dois Operação
Invasão. Ainda que o filme até tenha bons momentos de adrenalina, o
restante é derivativo demais para oferecer algo digno de nota.
Metrópole corrompida
A trama gira em torno de Walker
(Tom Hardy), um policial corrupto que tenta se reaproximar da filha pequena
depois que suas ações o afastaram da família. As coisas se complicam quando ele
recebe a incumbência de resgatar Charlie (Justin Cornwell), filho de um
importante e corrupto político da cidade, Lawrence (Forest Whitaker), a quem
Walker costumava servir. Depois de um roubo que deu errado, Charlie
acidentalmente iniciou uma guerra de gangues, estando na mira de vários grupos
criminosos e da polícia.
Lançado em 2011 e dirigido por Nanni
Moretti, Temos Papa (Habemus Papam no original)reflete sobre o peso de ocupar um cargo
tão poderoso e influente como o de Papa. O filme traz consigo uma tentativa de
lembrar que por mais solene que seja o processo de eleição de um novo pontífice,
aqueles envolvidos e o próprio escolhido são pessoas com seus próprios problemas
dúvidas e inseguranças.
Papa em pânico
A trama começa com o falecimento do
atual Papa e a necessidade de um conclave para eleger um novo líder da Igreja
Católica. Durante a eleição o cardeal Melville (Michel Piccoli) é escolhido
como Papa apesar de não estar entre os mais cotados. No momento em que ele está
prestes a ser apresentado ao mundo, no entanto, o novo Papa tem um ataque de pânico
e não consegue sair na sacada. Sem um novo papa, o processo do conclave não é
concluído e os cardeais são obrigados a continuarem isolados.
Misturando comédia e thriller, a produção Um Pequeno Favor(2018) foi uma
divertida surpresa por conta da interessante dupla de protagonistas. Era, no
entanto, uma história que não pedia continuações e que provavelmente,
considerando o desfecho rocambolesco do filme, não teria muito a ganhar
expandindo a história. Ainda assim o filme recebeu uma sequência neste Outro Pequeno Favor e o resultado é
exatamente o que eu temia.
True crime suburbano
Depois dos eventos do primeiro
filme, Stephanie (Anna Kendrick) lançou um livro narrando toda sua experiência
que viveu com Emily e transformou seu canal sobre maternidade em um canal de true crime, embora não tenha obtido o
sucesso esperado. Tudo muda quando Emily (Blake Lively) reaparece em sua vida,
chamando Stephanie para seu casamento na Itália. De início Stephanie reluta,
mas aceita o convite quando Emily ameaça processá-la pelo uso indevido de seu
nome e imagem no livro. Chegando na Itália, Stephanie descobre que o noivo de
Emily, Dante (Michele Morrone), é membro de uma poderosa família mafiosa. As
coisas se complicam quando corpos começam a aparecer na festa de casamento.
Depois de Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo (2022) o público redescobriu o
carisma de Ke Huy Quan. Após o sucesso e as premiações que vieram com o filme,
Quan apareceu em projetos de visibilidade como a segunda temporada de Loki. Este Amor Bandido, porém, é o primeiro trabalho do ator como
protagonista depois de sua renascença e, infelizmente, é uma produção aquém do
seu astro.
Paixão perigosa
A trama gira em torno de Marvin
(Ke Huy Quan), um pacato corretor de imóveis que parece feliz com sua vida. No
dia dos namorados ele recebe uma mensagem de uma antiga paixão, Rose (Ariana
DeBose), que o lembra de sua vida pregressa. O contato de Rose coloca Marvin na
mira dos criminosos para os quais ele trabalhava e agora ele precisa lutar para
sobreviver. De certa forma é uma mistura de John Wick com comédia romântica e
personagens excêntricos a la Tarantino e Guy Richie. O problema é que nenhuma
dessas é bem executada.
Depois do fraco Capitão América: Admirável Mundo Novoeu
não estava particularmente empolgado para este Thunderbolts*, mas o resultado é bacana pelo modo como tenta
explorar os traumas de seus personagens, ainda que sofra com um certo
desequilíbrio tonal.
Bando à parte
A trama começa com um processo de
impeachment para remover Valentina
Allegra de Fontaine (Julia Louis Dreyfus) do controle da CIA. Para impedir o
processo ela despacha Yelena (Florence Pugh) para eliminar provas. No curso da ação
ela encontra John Walker (Wyatt Russell) e a Fantasma (Hannah John-Kamen),
também operativos trabalhando para Valentina e que agora foram despachados para
matar uns aos outros. Na batalha entre eles em um laboratório, eles acabam
acidentalmente despertando Bob (Lewis Pullman), a única cobaia que sobreviveu
do projeto Sentinela. Dotado de amplos poderes, mas mentalmente instável, Bob é
uma arma valiosa para Valentina, mas Yelena e os demais decidem detê-la, sendo
auxiliados por Bucky (Sebastian Stan), que estava fazendo sua própria
investigação em Valentina.
Alguns filmes são tão singulares
no modo como constroem sua atmosfera e contam sua história que nos conquistam
mesmo que o conjunto como um todo tenha suas falhas. Eu Vi o Brilho da TV é esse tipo de produção, algo que desafia
classificações de gênero, caminhando entre o horror, drama psicológico e
surrealismo para refletir sobre identidade e pertencimento.
Tempo de tela
A trama é centrada em Owen
(Justice Smith), um garoto solitário e sem senso de si que se torna obcecado
por uma série de televisão sobre duas garotas que enfrentam monstros
sobrenaturais (pensem em algo como Buffy).
Ele encontra uma amiga em Maddy (Brigette Lundy-Paine), que é igualmente
solitária e misantropa, mas compartilha com Owen a obsessão pela série The Pink
Opaque. O tempo passa, a série é cancelada, Maddy desaparece, mas Owen continua
fixado pela série, atraído por seu magnetismo enquanto os anos passam, o mundo
parece se mover e ele permanece estagnado.
Depois de uma fraca sexta temporada não pensei que Black Mirror fosse
retornar para mais um conjunto de episódios. Esta sétima temporada é um pouco
melhor que a anterior, mas deixa a impressão de que a série está se repetindo e
não tem muito mais a dizer. Assim como na temporada anterior, por sinal, em
alguns episódios a questão da tecnologia chega a ser até marginal para as
narrativas.
Vida precarizada
O primeiro episódio é, talvez, o
melhor dessa nova leva. O casal Mike (Chris O’Dowd) e Amanda (Rashida Jones) se
vê com uma grande despesa médica quando ela passa a ser dependente de um
dispositivo tecnológico para se manter viva. O problema é que a empresa que faz
o dispositivo está sempre piorando seu serviço para oferecer pacotes mais caros
que são vendidos como melhorias, mas que na prática só entregam o mesmo básico
de antes.