Quem viveu o final dos anos 90 se
lembra do pânico sobre o bug do milênio. O temor de que quando os sistemas de
computadores fizessem a passagem do 99 para o 00 do 2000 geraria uma pane nos
sistemas que poderia causar uma série de problemas. O filme Y2K: O Bug do Milênio tenta falar desse
medo em uma trama que mistura terror e comédia, mas não sai bem sucedido nesses
esforços.
Rebelião das máquinas
A narrativa é centrada em Eli
(Jaeden Martell) que junto com o melhor amigo Danny (Julian Dennison) pensam em
como pegar garotas na festa de ano novo da escola que vai marcar a virada para
o ano 2000. Eli pensa em se aproximar de Laura (Rachel Zegler), a garota
popular por quem é apaixonado, mas assim que chega a meia-noite os computadores
ganham autonomia e começam a matar pessoas. Agora eles precisam sobreviver.
Estrelado por Hunter Schafer, Cuckoo: O Medo Chama cria uma misteriosa
atmosfera de horror para sua história, mas conforme progride não consegue dar
conta dos múltiplos temas que tenta abordar. A narrativa é centrada em Gretchen
(Hunter Schafer), uma jovem que se muda para a Alemanha com o pai, Luis (Marton
Csokas), a madastra, Beth (Jessica Henwick), e a irmã caçula Alma (Mila Lieu),
que desde que nasceu nunca conseguiu falar. Luis vai para o país a trabalho,
para reformar o remoto resort nas montanhas de propriedade do excêntrico Konig
(Dan Stevens). Gretchen começa a trabalhar como recepcionista do remoto resort,
mas logo começa a notar estranhos fenômenos e a ser perseguida por uma bizarra
mulher encapuzada. Como ninguém mais vê a tal mulher, o pai e a madrasta acham
que Gretchen está tentando chamar atenção, já que eles estão focados nos
problemas de saúde de Alma.
Espécie invasora
A narrativa vai aos poucos
construindo um senso de tensão e estranheza conforme fenômenos bizarros vão
acontecendo ao redor de Gretchen, desde conduta esquisita dos hóspedes,
passando por estranhos sons e momentos de deja
vu que ela experimenta até as violentas perseguições da mulher encapuzada.
Há uma ambiguidade nesses momentos que nos deixa incertos se é tudo na mente de
Gretchen, que lida com o senso de isolamento e o falecimento inesperado de sua
mãe, ou se há de fato uma criatura à espreita que explica todos os fenômenos
estranhos.
Por outro lado, alguns segredos
são bem óbvios desde o início como o fato de Konig claramente estar escondendo
algo, o que mina parte da ambiguidade que a narrativa tenta construir. O que
era uma narrativa sobre o luto de Gretchen e o senso de não pertencimento dela
à nova família do pai vai se abrindo a outros temas a partir do momento em que
o filme decide explicar o que de fato está acontecendo e qual a natureza da
ameaça.
As experiências de Konig com
criaturas híbridas deslocam os temas do luto para falar de ética científica,
direitos reprodutivos da mulher e diferentes configurações de família, mas
nunca há tempo suficiente para desenvolver todas essas ideias. O filme se torna
um slasher competente, com bons
momentos de tensão graças aos visuais bizarros e senso de estranheza com o qual
tudo é conduzido, mas fica a impressão de que a narrativa levanta muitas
questões e não as trabalha a contento.
Me aproximo desse Premonição 6: Laços de Sangue como
alguém que não é um profundo conhecedor da franquia. Assisti o primeiro e o
segundo filme e, assim como aconteceu com Jogos
Mortais, me dei por satisfeito e resolvi parar por aí. Com esse sexto filme
chegando mais de uma década depois do quinto fiquei curioso por terem
resolvidos ressuscitar a franquia.
Desafiando a morte
A trama é centrada em Steph (Kaitlyn
Santa Juana), uma jovem universitária que começa a ter sonhos recorrentes com o
desabamento de um restaurante panorâmico que mata várias pessoas. Com o tempo
ela descobre que uma das pessoas no sonho era sua avó e como as visões estão
atrapalhando em seu desempenho na faculdade, ela decide descobrir o que
aconteceu com a sua avó e, no processo desenterra segredos de sua família.
Lançado em 2019, Devorar trabalha o horror corporal de
uma maneira diferente do que estamos acostumados a ver em produções como as do
Cronenberg ou da Julia Ducournau. Ao invés de transformações bizarras e bastante
explicitas que despertam nossa angústia e até repulsa, o desconforto causado
aqui é mais pelo temor das consequências do que a protagonista faz com o
próprio corpo do que pela criatividade de modificações corporais insólitas.
Fome de viver
Não que as ações da protagonista
Hunter (Haley Bennet) não sejam bizarras. Recém-casada, Hunter vai morar com o
marido em uma remota mansão que seu sogro lhes deu de presente de casamento.
Ela agora é uma dona de casa que vive isolada, recebendo visitas apenas dos
sogros e de amigos do marido. Hunter se torna totalmente do cônjuge, que passa
a exercer muito controle sobre a sua vida. Isso se agrava depois que ela
engravida e a família do marido para a controla-la ainda mais, como se ela
deixasse de ser uma pessoa para apenas ser um veículo para o filho nascituro. É
aí que ela começa a desenvolver o hábito de comer estranhos objetos,
inicialmente com coisas como bolas de gude, mas logo ingerindo coisas mais
perigosas como pilhas ou tachinhas.
Alguns filmes são tão singulares
no modo como constroem sua atmosfera e contam sua história que nos conquistam
mesmo que o conjunto como um todo tenha suas falhas. Eu Vi o Brilho da TV é esse tipo de produção, algo que desafia
classificações de gênero, caminhando entre o horror, drama psicológico e
surrealismo para refletir sobre identidade e pertencimento.
Tempo de tela
A trama é centrada em Owen
(Justice Smith), um garoto solitário e sem senso de si que se torna obcecado
por uma série de televisão sobre duas garotas que enfrentam monstros
sobrenaturais (pensem em algo como Buffy).
Ele encontra uma amiga em Maddy (Brigette Lundy-Paine), que é igualmente
solitária e misantropa, mas compartilha com Owen a obsessão pela série The Pink
Opaque. O tempo passa, a série é cancelada, Maddy desaparece, mas Owen continua
fixado pela série, atraído por seu magnetismo enquanto os anos passam, o mundo
parece se mover e ele permanece estagnado.
Dirigido por Ryan Coogler (responsável por Pantera Negra, Creed e Fruitvale Station), Pecadores lembra um pouco Um Drink no Inferno (1996) ao contar a
história de um grupo de pessoas presas em um bar na beira da estrada tomado por
vampiros enquanto eles tentam sobreviver até o amanhecer. As semelhanças, no
entanto, ficam só na premissa básica, já que Pecadores tem questões bem diferentes de como pensa os vampiros e
nas relações entre seus personagens.
A voz suprema do blues
A narrativa se passa nos Estados
Unidos da década de 1930. Os gêmeros Fumaça e Fuligem (ambos Michael B. Jordan)
retornam para sua pequena cidade no Mississipi para abrirem um clube de blues
usando o dinheiro que ganharam dos gângsteres de Chicago. Eles recrutam o primo
Sammie (Miles Catton) para tocar no clube por conta do talento do garoto,
apesar do pai de Sammie, um pastor de igreja não querer que ele se envolva com
música que não seja gospel. A música tocada por Sammie é tão poderosa que é
capaz de acessar o mundo espiritual e chama a atenção do vampiro Remmick (Jack
O’Connell), que decide atacar o local para devorar Sammie e absorver seu poder.
É curioso que este Presença, filme de 2024 de Steven
Soderbergh tenha chegado aqui depois do filme mais recente do diretor, Código Preto. Se Código Preto trazia o realizador de volta a algo menos experimental
que seus últimos filmes, Presença é
um trabalho mais conceitual de Soderbergh em termos de como ele conta a
história.
Câmera-olho
A câmera é uma presença constante
em cena, mas ela opera de maneira relativamente paradoxal. Apesar de estar
fisicamente no espaço em muitos casos ela age como um olhar onisciente sobre
aquele universo ficcional, com os personagens nunca reconhecendo a presença do
dispositivo, sendo simultaneamente uma presença e uma ausência. De certa forma
a câmera age como um espectro, uma assombração, vendo sem ser vista. Soderbergh
leva isso para a literalidade ao contar toda a história de Presença do ponto de vista de uma assombração presente em uma casa.
A câmera funciona aqui como o olhar etéreo dessa entidade que vaga pelo imóvel.
Dirigido por Osgood Perkins,
responsável por Longlegs: Vínculo Mortal(2024),
este O Macaco adapta o conto homônimo
de Stephen King. Ele usa seu brinquedo amaldiçoado para falar de nosso medo da
morte e como se deixar paralisar por isso nos impede de viver. Apesar desse
tema ele não é uma produção que almeja ser um terror mais “cabeça”, muito pelo
contrário. A intenção parece ser um pastiche de horror B setentista ou
oitentista nos moldes de Maligno(2021),
de James Wan, embora não seja tão bem sucedido.
Brinquedo assassino
A trama acompanha Hal (Christian Convery, de Sweet Tooth). Na infância ele e o
irmão gêmeo Bill (Christian Convery) mexem nas coisas do pai que os abandonou e
encontram um misterioso macaco de brinquedo que ele trouxe de uma viagem.
Depois de dar corda no brinquedo para que o macaco toque seu tambor, alguém
próximo a eles sempre morre no que parece ser algum acidente bizarro. Depois de
várias tragédias eles decidem se livrar do boneco. Vários anos se passam e já
adulto Hal (Theo James) tenta se reconectar com o filho, Petey (Colin O’Brien)
levando ele para uma viagem a um parque de diversões. Os planos mudam quando
Hal recebe a notícia da morte da tia que os criou e lá acaba mais uma vez
reencontrando o macaco e toda a morte que vem junto com ele.
Depois da malfadada tentativa de
criar um universo compartilhado de monstros com blockbusters bombásticosa
partir do fraco A Múmia(2017), a
Universal decidiu voltar às origens desses personagens e fazer filmes em menor
escala e focados no horror. O primeiro desses filmes foi o ótimo O Homem Invisível (2020), de Leigh
Whannell e agora a Universal traz de volta outro monstro com o mesmo diretor
neste Lobisomem.
Fera interior
A trama é focada em Blake
(Christopher Abbott), que desde a infância teve uma relação complicada com o
pai excessivamente agressivo. Já adulto ele é notificado que seu pai foi
considerado legalmente morto depois de ter desaparecido na floresta anos atrás.
Agora ele, a esposa, Charlotte (Julia Garner, de Ozark), e a filha, Ginger (Matilda Firth), viajam para a cidade
natal de Blake e para a cabana remota de seu pai para resolver a questão dos
bens. Chegando na propriedade eles são atacados por uma feroz e estranha
criatura e Blake é mordido por ela. Aos poucos Blake sente como se a mordida o
tivesse transformando.
Considerado um dos primeiros
filmes de horror, Nosferatu (1922)
segue impactante mesmo hoje, mais de cem anos depois de seu lançamento. Essa
releitura do romance Drácula, escrito por Bram Stoker, já tinha recebido um
remake, dirigido pelo também alemão Werner Herzog em Nosferatu: O Vampiro da Noite (1979). Agora, o vampiro imortalizado
nos cinemas por atores como Max Schreck e Klaus Kinski retorna nas mãos do
diretor Robert Eggers (de A Bruxae O Farol), que traz sua construção
cuidadosa de atmosfera para essa história.
A sombra do vampiro
A trama se passa na Alemanha do
século XIX. O recém-casado Thomas Hutter (Nicholas Hoult) almeja uma promoção
e, para isso, aceita a tarefa de ir até a Transilvânia levar documentos para
uma propriedade alemã que o misterioso conde Orlok (Bill Skarsgard) deseja adquirir. Lá Thomas
encontra um mal ancestral que fixa sua mira em Ellen (Lily Rose-Depp) e chega
na Alemanha levando uma praga de ratos que ameaça toda a cidade.
O primeiro Sorria(2022) foi uma grata surpresa com sua atmosfera macabra. Com
o sucesso dele era de se esperar uma continuação. Esse Sorria 2 tem uma estrutura bem similar ao primeiro, mas tenta
superá-lo pelo modo intenso com o qual constrói a tensão ao redor de sua
protagonista.
O horror da fama
A narrativa é protagonizada por
Skye Riley (Naomi Scott, de Aladdin)
uma pop star que tenta retomar sua carreira depois de problemas com drogas e um
acidente de carro que matou seu namorado, Paul (Ray Nicholson), e a deixou com
várias cicatrizes e dores pelo corpo. Depois de sentir dor durante um ensaio,
ela procura o traficante Lewis (Lukas Gage) em busca de analgésicos potentes.
Chegando lá, encontra Lewis transtornado, com um sorriso macabro, e ele acaba
por se matar na frente dela. A partir de então ela começa a ter visões com
acontecimentos bizarros e pessoas com sorrisos sinistros.
Você já se perguntou como seria o
filme Megan(2023) se ao invés de um
robô boneca tivéssemos uma robô boazuda? Não? Pois azar o seu, já que é
exatamente essa resposta que o filme Alice: Subservience tenta dar. Sua narrativa de um futuro próximo
poderia pensar em precarização do trabalho ou transhumanismo, mas prefere ser
um slasher genérico com pitadas de um
erotismo frígido.
Alma de silicone
A trama acompanha o empreiteiro
Nick (Michele Morrone, do pavoroso 365
Dias), cuja esposa está hospitalizada com um sério problema cardíaco. Sem
conseguir dar conta das demandas de trabalho e dos filhos, ele compra a robô
doméstica Alice (Megan Fox). Dedicada, Alice logo se torna alguém que Nick e os
filhos passam a confiar, mas a androide logo demonstra querer ir além de seu
papel de ajudante.
Lançado em 2019 Casamento Sangrento não foi exatamente
um sucesso imediato, mas acabou ganhando um certo statuscult ao longo do
tempo por conta de sua narrativa slasher
cheia de mortes sangrentas e o carisma hiperbólico de seus personagens. A
narrativa é centrada em Grace (Samara Weaving), que está prestes a casar com
Alex (Mark O’Brien), cuja rica família, dona de um império de jogos de
tabuleiro, não vê Grace com bons olhos.
Jogos mortais
No dia do casamento Alex avisa
Grace da sua tradição familiar. Toda vez que alguém se casa, o novo membro da
família precisa jogar um jogo com a família. O que Alex não conta para a noiva
é que o que estará em jogo é a vida dela, já que sua família pretende usá-la
como sacrifício para a misteriosa entidade que seria responsável pela
prosperidade em seus negócios.
Uma adolescente volta ao passado
para impedir um serial killer de
matar um ente querido e no processo aprende mais sobre o passado de sua
família. Essa era a premissa de Dezesseis Facadas(2023) e que é repetida neste Corte
no Tempo, mas sem o humor ou o gore da produção de 2023.
Mortes sem impacto
A trama é protagonizada por Lucy
(Madison Bailey, de Outer Banks), uma
garota que acidentalmente viaja no tempo para 2003, dias antes da irmã mais
velha, Summer (Antonia Gentry, de Ginny
& Georgia) ser assassinada. Presa no passado, ela precisa encontrar um
meio de retornar ao presente ao mesmo tempo em que busca um meio de impedir a
morte da irmã.
Aproveitando sua boa fase como
vilão nos filmes do Paddington ou no divertido e pouco visto Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes
(2023), Hugh Grant resolve fazer um vilão de terror neste Herege. A produção visa ser um questionamento sobre fé e
instituições religiosas conta a história de duas missionárias mórmons, Barnes
(Sophie Tatcher) e Paxton (Chloe East), que se veem presas na casa do estranho
Sr. Reed (Hugh Grant) depois dele convidá-las para falar mais do mormonismo. Na
casa, Reed irá testar as convicções delas em situações que começam desconfortáveis,
se tornam tensas e logo se transformam em desafios mortais.
Hoje na coluna Drops, dedicada a
textos mais curtos, vou falar sobre dois filmes que acabei deixando passar
quando foram exibidos nos cinemas, Transformers:
O Início e Hellboy e o Homem Torto,
dois filmes que funcionam como recomeços para seus respectivos personagens.
Aventura “padrão Marvel”
Transformers: O Início acompanha a história de dois mineradores,
Orion Pax (Chris Hemsworth) e D-16 (Bryan Tyree Henry, de Atlanta) antes que eles se tornem os lendários Optimus Prime e
Megatron respectivamente. A trama mostra uma Cybertron arruinada, que depende
da constante mineração de energon para sobreviver enquanto o líder, Sentinel
Prime, busca a mítica matriz da liderança para resolver o problema de energia do
planeta.
Desde o início incomoda como o
filme se apoia no expediente de ter seus personagens trocando piadinhas ou
diálogos engraçadinhos o tempo todo, muitas vezes comentando a própria trama,
como se esse tipo de humor “padrão Marvel” fosse um substituto para personagens
sem personalidade ou para uma trama mal escrita (tentar rir de um roteiro ruim
não é por si só engraçado). Isso é principalmente evidente em B-127 (que virará
o Bumblebee), cujo falatório constante é mais constrangedor e irritante do que
engraçado, e em Elita-1 (Scarlett Johansson), que é reduzida à “a garota”, se
limitando a reagir exasperada às ações dos demais personagens de maneira tão
clichê que imaginei que em algum momento ela fosse jogar os braços para cima e
dizer “ah, homens” aborrecida.
Assistir Aracnofobia (1990) e sua continuação na Sessão da Tarde quando
criança me deixou com medo de aranhas por muito tempo. A possibilidade de
talvez ser traumatizado de novo por um filme de terror com aranhas
provavelmente foi o que me impeliu a assistir este Infestação, produção francesa que é o primeiro longa-metragem do
diretor Sébastien Vanicek.
Humanidade inane
A trama é centrada em Kaleb (Théo
Christine), um jovem de vinte e poucos anos que vive de revender tênis de marca
e mora no apartamento de sua falecida mãe em um prédio de habitação popular na
periferia de Paris. Ele não tem muitas perspectivas de futuro e se interessa
por animais exóticos. Um dia ele compra uma aranha estranha em um container de
plástico da loja de produtos roubados na qual ele adquire os tênis que revende.
Logicamente a aranha escapa e rapidamente se multiplica, infestando o prédio.
É impressionante como os filmes
da parceria entre a Blumhouse e a Prime Video partem de boas premissas, mas
ficam aquém de seu potencial. Aconteceu em Noturno(2020), em A Babá(2022) e agora
volta a acontecer neste A Casa Mórbida,
cuja premissa pode ser resumida com “e se O Ursose passasse em uma casa mal assombrada?” para tentar desenvolver um
“horror gastronômico”.
Funcionando como uma versão
moderna de O Retrato de Dorian Gray,
de Oscar Wilde, ou do Fausto, de
Goethe, A Substância usa o horror
corporal para ponderar sobre o tempo, nossa relação com o corpo e os excessos
que as pessoas vão para se adequarem a padrões de beleza e juventude impostos
pela sociedade. É também sobre como Hollywood e toda a indústria do
entretenimento objetifica as mulheres e constrói uma visão de que
envelhecimento é algo indesejável apesar de ser um meio controlado por homens
brancos velhos.
A narrativa é protagonizada por
Elizabeth Sparkle (Demi Moore) que outrora foi uma premiada estrela de cinema,
mas com o tempo viu sua fama diminuir e agora apresenta um programa matinal de
ginástica. Em seu aniversário de 50 anos Elizabeth ouve Harvey (Dennis Quaid),
o produtor do programa, falando em demiti-la e contratar alguém mais jovem por
Elizabeth já ter passado demais de seu tempo. Depois da demissão Elizabeth
recebe uma correspondência lhe oferecendo uma droga misteriosa chamada apenas
de “A Substância” que promete um “novo eu” perfeito. Ela decide usar o item
misterioso e cria uma versão jovem e bela de si em Sue (Margaret Qualley). Os
efeitos da substância, no entanto, não são permanentes e ela deve voltar ao seu
corpo original a cada sete dias, mas a fama e facilidades que Sue obtém a fazem
ter repulsa de seu corpo mais velho e a levam a estender mais seu tempo como
Sue, trazendo consequências sérias para ambas.
Dirigido por Osgood Perkins,
filho do ator Anthony Perkins (famoso pelo Norman Bates de Psicose), este Longlegs:
Vínculo Mortal mistura um thriller
de serial killer com horror
sobrenatural. Nem sempre a mistura transita de maneira fluida entre os gêneros,
mas a condução de Perkins é eficiente em criar uma atmosfera de constante
tensão.
Instinto sombrio
A narrativa é centrada em Lee
Harker (Maika Monroe, de Corrente do Mal)
uma jovem agente do FBI que tem um instinto afiado para encontrar criminosos.
Ela acaba incumbida pelo seu superior, Carter (Blair Underwood), de investigar
os assassinatos cometidos pelo misterioso Longlegs (Nicolas Cage). Ao longo de
anos, o assassino matou cerca de dez famílias inteiras, sempre deixando uma
carta cifrada no local do crime, mas nenhuma evidência física de sua
participação nos crimes, que são considerados assassinatos seguidos de suicídio
e as provas apontam para os pais de cada família cometendo os crimes.