A trama gira em torno de Fern (Frances McDormand), uma mulher na casa dos sessenta anos que passou a morar em uma van e viver como nômade depois que a economia de sua cidade entrou em colapso. Agora Fern vive de trabalhos temporários, rodando o país em busca desses pequenos bicos para poder se sustentar. Em sua jornada, ela encontra apoio em comunidades formadas por outros nômades, tentando lidar com a solidão e a falta de recursos.
Seria fácil reduzir essa história a uma exploração fetichista da pobreza, mostrando apenas o sofrimento e as dificuldades dessas pessoas reduzindo tudo a uma “pornomiséria” (como o péssimo Era Uma Vez um Sonho). Felizmente o olhar de Zhao evita isso e segue com sensibilidade as vidas de suas personagens. Claro, o filme não deixa de mostrar como essas pessoas são fruto de um capitalismo cada vez mais exploratório que precariza as relações de trabalho para dar vantagens a empregadores e consumidores, reduzindo o trabalhador a um animal de carga que não tem outra escolha senão trabalhar sem parar. Por outro lado, Zhao consegue encontrar a beleza, o afeto e a alegria da existência dessas pessoas, mostrando que não estamos diante de meros coitadinhos.