sexta-feira, 12 de abril de 2024

Crítica – Wonka

 

Análise Crítica – Wonka

Review – Wonka
Não tive lá muita vontade de conferir Wonka. A ideia de contar a origem do personagem nunca me soou como uma premissa interessante e o personagem não era o tipo que pedia um prelúdio. Na verdade, parte do charme de Willy Wonka era ter uma aura de mistério ao seu redor por não sabermos muito a respeito dele e isso lhe conferia certa imprevisibilidade. Wonka de fato não tem muito a dizer sobre seu personagem e conhecermos sua origem não traz nada que nos ajude a vê-lo sob um novo prisma, mas tem encantamento o bastante para ser uma aventura divertida.

Na trama um jovem Willy Wonka (Timothee Chalamet) chega à Inglaterra para abrir sua loja de chocolates, mas enfrenta resistência de um cartel de chocolate que não vê com bons olhos as invenções de Wonka. Perseguido, Wonka conta com a ajuda da órfã Noodle (Calah Lane) e do misterioso Umpa Lumpa (Hugh Grant) para denunciar a corrupção do cartel que mantem controle até mesmo sobre o chefe de polícia (Keegan Michael Key).

O desenho de produção acerta no estilo extravagante e fantasioso com o qual constrói sua Inglaterra do começo do século XX, com figurinos excêntricos e traquitanas alopradas criadas por Wonka, tudo parece acertadamente saído de uma imaginação infantil. O elenco parece entender a natureza extravagante do material e investe os personagens de um senso de exagero excêntrico, como os vilões do cartel de chocolate que parecem saídos diretamente de um desenho animado dos anos 80 com sua explícita alegria em fazer maldades.

Chalamet conjura uma energia que remete a um jovem Gene Wilder, já que tanto no aspecto visual quanto nos diálogos e nas músicas tudo parece remeter ao Wonka de Wilder e o filme protagonizado por ele. O ator tem carisma e um senso de esquisitice que funcionam bem para o personagem, convencendo de sua engenhosidade e de sua capacidade de inspirar as pessoas ao seu redor. Os doces criados por Wonka sempre tem algo de inesperado e isso se estende para a própria trama que constantemente nos apresenta conceitos malucos como a igreja de monges chocólatras que abrigam o esconderijo dos vilões ou o modo como o chefe de polícia recebe seu suborno em chocolate e vai ganhando peso conforme o filme progride.

A produção, no entanto, parece não decidir com clareza se está fazendo um prelúdio do filme estrelado por Gene Wilder ou se conta uma história de origem que irá trilhar seu próprio caminho. Se, por um lado, o filme é bastante tributário à produção de 1971 inserindo diálogos, visuais e canções diretamente dele, por outro ele traz novos personagens e uma mitologia própria que não se encaixa plenamente no Wonka de Wilder. Assim, o filme acaba em um meio termo estranho entre ser meramente um apelo nostálgico ao filme dos anos 70 e uma tentativa de reiniciar essa história com um novo olhar. Dividido entre essas duas abordagens, o filme não explora nenhuma das duas plenamente.

Ainda assim Wonka tem senso de humor e excentricidade o bastante para funcionar como uma aventura despretensiosa, ainda que sua trama de origem não tenha muito a acrescentar ao personagem.

 

Nota: 6/10


Trailer


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