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sexta-feira, 25 de outubro de 2024

Crítica – Bloomtown: A Different Story

 

Análise Crítica – Bloomtown: A Different Story

Review – Bloomtown: A Different Story
O que me chamou atenção neste Bloomtown: A Different Story foi a sua mistura de RPG e simulação social que evocava a franquia Persona e em sua ambientação em uma pequena cidade interiorana na década de 60, evocando aventuras juvenis como Stranger Things. Embora use essas referências com competência, o jogo produzido pela desenvolvedora lituana Lazy Bear Games nunca consegue ser mais do que uma derivação de elementos conhecidos.

quarta-feira, 23 de outubro de 2024

Crítica – A Garota da Vez

 

Análise Crítica – A Garota da Vez

Review – A Garota da Vez
Estreia da atriz Anna Kendrick como diretora, A Garota da Vez parte de uma história real para analisar as tensões de navegar no mundo sendo mulher sob o constante temor de que os homens ao seu redor se revelem abusivos ou violentos. A trama acompanha Sheryl (Anna Kendrick), uma aspirante a atriz cuja carreira não consegue decolar. A agente de Sheryl consegue para ela uma participação em um game show ao estilo Namoro na TV, no qual ela deve ser uma garota interessada em conseguir um namorado e precisa escolher entre três solteiros que ela não vê e vai conhecer apenas através de perguntas. O problema é que um desses solteiros, Rodney (Daniel Zovatto), é um serial killer.

Mulheres objeto

Já na primeira cena com Sheryl em um teste de elenco o filme ilustra como Hollywood é um espaço que objetifica mulheres ao mostrar os dois produtores de elenco cochichando sobre a aparência da personagem enquanto a câmera abre o plano para mostrar que Sheryl está em pé bem diante deles. O final da cena, em que eles mudam de atitude no instante em que ela diz não se interessar por fazer cenas com nudez reforça a ideia de que ela está ali para servir ao olhar masculino.

Ao longo de todo o arco de Sheryl isso é constantemente reforçado pelas interações entre ela e outros homens e pelo modo como Kendrick filma essas situações. Seja em closes ou em planos mais abertos, os homens estão sempre entrando em quadro para encostar na personagem ou tocar seu rosto, como se invadissem seu espaço pessoal. Essas interações são sempre marcadas com um senso de desconforto, como na conversa que ela tem em um bar com o vizinho Terry (Pete Holmes), na qual ela acaba cedendo aos seus avanços apesar de inicialmente rejeitá-lo. Como na cena com os produtores de elenco, é visível como Terry muda de atitude no momento em que percebe que não irá conseguir o que quer dela e Sheryl decide ceder talvez por medo de sua reação ou por receio de alienar o único amigo que tem na cidade.

O senso de objetificação se reforça quando ela chega no set do programa no qual o apresentador vivido por Tony Hale constantemente comenta sobre a aparência de Sheryl, toca em seu corpo e diz que ela está ali apenas para ser bonita. Não à toa que o pequeno gesto de resistência da atriz de sair do roteiro e fazer perguntas jocosas aos candidatos que expõem o seu machismo é recebida com fúria pelo apresentador. Nesse sentido, o fato de Rodney dar todas as “respostas certas” soando como um cara legal mostra que não há padrão para homens abusivos e mesmo alguém que soa bacana ou inofensivo pode ser um potencial agressor, criando um senso de tensão crescente conforme Sheryl se aproxima de Rodney e demora a perceber sua real natureza.

Muitas vítimas, pouco tempo

A questão é a despeito de ideias interessantes e composições de planos cuidadosas, o filme derrapa em um material que tenta abrir várias frentes narrativas simultâneas, mas não desenvolve quase nenhuma a contento. A espectadora do programa que reconhece Rodney como o estuprador de sua amiga está ali só para mostrar como mulheres são ignoradas ou silenciadas em suas denúncias, seja por quem detêm poder, como os funcionários do estúdio que a ignoram, ou de quem está próxima dela, como o namorado, que a trata como doida ao invés de acreditar no que ela diz. A personagem existe mais como uma engrenagem em um mecanismo e menos como uma pessoa autônoma dotada de suas próprias motivações.

Os segmentos que mostram o passado de Rodney e como ele constantemente matava com impunidade ou evadia autoridades enquanto mantinha emprego em grandes jornais e instituições similares tenta reforçar a existência de estruturas de poder que protegem homens abusivos e entender como esse predador age, mas fica na superfície dessas ideias. Ocasionalmente o filme aponta para questões subjacentes da personalidade de Rodney, como as várias sugestões de que ele se interessa por homens, mas não faz nada com esse dado.

A narrativa também passa algum tempo com as vítimas do assassino, revelando como ele é um predador astuto, sempre se aproximando de mulheres sozinhas ou em situação de vulnerabilidade. O desfecho, que nos faz acompanhar uma sobrevivente de seus ataques, analisa como a sobrevivência dela se relaciona em tentar manter um senso de normalidade com seu abusador, agindo como se nada demais tivesse acontecido para ganhar tempo para escapar. O problema é que passamos muito pouco tempo com essa personagem para que seu arco tenha o impacto devido e, considerando que é ela a responsável pela captura do assassino me pergunto por que não seria sua história a central para a trama ao invés da trama de Sheryl, que não seria muito mais que uma nota de rodapé na trajetória do assassino.

Do jeito que está, A Garota da Vez fica na superfície de seus temas principais, apontando os abusos e os mecanismos que facilitam sua perpetuação, mas fazendo pouco para analisar seu funcionamento, se dividindo em múltiplas tramas que não saem da superfície. É competente na construção do senso de desconforto experimentado por Sheryl no seu cotidiano e Anna Kendrick se mostra muito consciente das escolhas que faz como diretora, uma pena o texto não estar à altura disso.

 

Nota: 6/10


Trailer

terça-feira, 22 de outubro de 2024

Crítica – Robô Selvagem

 

Análise Crítica – Robô Selvagem

Review – Robô Selvagem
Não esperava nada da animação Robô Selvagem e me surpreendi com sua narrativa singela e emocionante sobre cuidado, cooperação e maternidade. A trama é focada na robô Roz (voz de Lupita Nyong’o), que depois de uma tempestade vai parar em uma ilha habitada apenas por animais. Lá ela acaba acolhendo um bebê ganso órfão, a quem chama de Bico-Bonito, e toma para si a tarefa de criá-lo e prepará-lo para voar até o momento da migração de inverno, contando com a ajuda da raposa Escobar (voz de Pedro Pascal) para educar a pequena ave.

sexta-feira, 18 de outubro de 2024

Crítica – Hala

 

Análise Crítica – Hala

Review – Hala
De certa forma, Hala é uma história de amadurecimento bem típica, acompanhando uma adolescente conforme ela lida com descobertas afetivas, o peso de certos erros e o complicado divórcio de seus pais. O que diferencia a produção de outras histórias é que isso é contado a partir do ponto de vista de uma adolescente muçulmana filha de imigrantes paquistaneses nos Estados Unidos.

quinta-feira, 17 de outubro de 2024

Crítica – Pisque Duas Vezes

 

Análise Crítica – Pisque Duas Vezes

Review – Pisque Duas Vezes
Estreia da atriz Zoe Kravitz como diretora, Pisque Duas Vezes é um suspense sobre manipulação e abuso que não se esquiva de lidar com os aspectos mais sombrios desse tipo de violência. Em alguns momentos não é um filme fácil de assistir, mas não deixa de funcionar como uma impactante reflexão de como esse tipo de violência funciona.

Ilha do esquecimento

A trama é centrada na garçonete Frida (Naomi Ackie). Um dia ela vai com a amiga Jess (Alia Shawkat) a uma festa e conhece o bilionário da tecnologia Slater (Channing Tatum). Ele as convida para passar uns dias em sua ilha particular e a dupla aceita. Chegando lá conhecem outros amigos e amigas do bilionário e passam seus dias na piscina, tomando drinks, comendo comida refinada e em festas que nunca terminam. Com o tempo, porém, Frida começa a se sentir esquisita, já que a proibição de celulares ou relógios a faz perder noção de há quanto tempo está ali e ocorrências estranhas, como outros convidados sumindo e ninguém lembrando deles, a fazem suspeitar de que há algo muito estranho ocorrendo ali.

quarta-feira, 16 de outubro de 2024

Crítica – Identidades em Jogo

 

Análise Crítica – Identidades em Jogo

Review – Identidades em Jogo
Tramas sobre trocas de corpos são propícias para suspense. O fato de não sabermos quem está no corpo de quem é um mecanismo de constante tensão e que pode ser usado para gerar reviravoltas. Identidades em Jogo tenta se construir em cima dessa ideia, mas uma demora em engrenar e um olhar raso para seus personagens deixa a produção aquém de seu potencial.

terça-feira, 15 de outubro de 2024

Crítica – O Aprendiz

 

Análise Crítica – O Aprendiz

Review – O Aprendiz
Donald Trump já ocupava os holofotes décadas antes de sua entrada na política. O Aprendiz, ao contrário do que o título sugere, não foca no reality show que ele apresentou no início dos anos 2000, mas na relação entre Trump e Roy Cohn, advogado constantemente associado a figuras da máfia e que foi parte fundamental do sucesso inicial de Trump.

Advogado do diabo

A narrativa começa no final dos anos 70 quando um jovem Donald Trump (Sebastian Stan) está assumindo o negócio imobiliário do pai, Fred (Martin Donovan) e enfrenta um processo na justiça federal que o acusa de discriminar inquilinos negros. O processo põe em pausa os planos de Trump de sair do ramo de habitações populares e começar a investir em hotéis de luxo, então ele procura a ajuda do advogado Roy Cohn (Jeremy Strong, de Succession), para ajudá-lo. A trama então segue o desenvolvimento da relação entre Trump e Cohn, mostrando a influência do advogado no empresário.

segunda-feira, 14 de outubro de 2024

Crítica – Garotas em Fuga

 

Análise Crítica – Garotas em Fuga

Review – Garotas em Fuga
Como em muitos outros filmes dos irmãos Coen Garotas em Fuga apresenta uma trama sobre pessoas comuns acidentalmente envolvidas em uma trama criminal. Despreparadas para lidar com os eventos ao seu redor, as personagens agem de maneira sem noção e provocam reações desproporcionais em seus perseguidores, criando uma espécie de bola de neve crescente de burrice e caos. Dirigida por Ethan Coen, a produção não tem nada que ele já não tenha feito antes, mas ao menos envolve com suas personagens pitorescas.

Comédia de erros

A trama é centrada em Jamie (Margaret Qualley), que busca um recomeço depois de terminar com a namorada, Sukie (Beanie Feldstein), embarca em uma viagem para a Flórida ao lado de sua amiga Marian (Geraldine Viswanathan). O problema é que o carro que elas alugaram deveria ser entregue a um grupo de criminosos que iria transportar a carga escondida nele até a Flórida e agora os criminosos estão no encalço das duas.

Muito do humor vem das personalidades opostas da dupla principal, com Jamie sendo aventureira e disposta a qualquer maluquice enquanto Marian é mais retraída e introspectiva. Boa parte das situações insólitas em que a dupla se coloca vem de Jamie querer que Marian se solte e tenha uma transa espetacular com alguma garota que encontrem na estrada, enquanto Marian prefere esperar pela garota ideal.

Universo caótico

Além das protagonistas, o filme povoa seu universo com figuras esquisitas e histriônicas, como a dupla de capangas no encalço de Jamie e Marian, que estão sempre discordando e questionando o modo de agir um do outro, enquanto um quer ser mais violento o outro tenta resolver via diálogo, um embate que terá consequências sangrentas perto do final. Igualmente pitoresca é a agressiva policial vivida por Beanie Feldstein que parece sempre reagir a qualquer situação com o máximo de intensidade, que faça sentido para o momento ou não.

Esse senso de bizarrice se dá também na própria progressão da trama, com guinadas que acontecem por conta de coincidências ou desencontros fortuitos e revelações completamente absurdas. A principal delas é a descoberta do que há na maleta escondida no carro de Jamie e Marian e o motivo de um poderoso e conservador senador da Flórida (interpretado por Matt Damon) estar tão focado em recuperá-la. De todas as possibilidades de construir uma trama de escândalo político, o filme escolhe pela via mais estúpida e aloprada possível. Há uma crítica aqui às hipocrisias dessas figuras públicas que arrotam moralismo em prol da “família tradicional”, mas são observações que nunca saem da superfície e carecem da acidez de sátiras sociais que os Coen já fizeram em filmes como Fargo (1996), O Grande Lebowski (1998) ou Queime Depois de Ler (2006).

Assim, Garotas em Fuga diverte pelo seu universo povoado por personagens excêntricos, ainda que não faça nada que os Coen não tenham feito melhor em trabalhos anteriores.

 

Nota: 6/10


Trailer


quinta-feira, 10 de outubro de 2024

Crítica – A Liga

 

Análise Crítica – A Liga

Review – A Liga
Estrelado por Halle Berry e Mark Wahlberg, A Liga é uma mistura de comédia romântica e filme de ação que não empolga em nenhuma das duas frentes. Roxanne (Halle Berry) é uma espiã que trabalha para a agência secreta conhecida como A Liga, quando uma missão da errado e toda a equipe dela é morta, a agente decide pedir ajuda a alguém de fora, seu ex-namorado de tempos de colégio: Mike (Mark Wahlberg). Ele é um operário de meia idade que mora com a mãe e continua no mesmo emprego com a mesma vida e é recrutado por Roxanne para recuperar uma lista com os dados de todos os agentes infiltrados de todas as agências de inteligência do mundo antes que a lista caia em mãos erradas.

quarta-feira, 9 de outubro de 2024

Crítica – Infestação

 

Análise Crítica – Infestação

Review – Infestação
Assistir Aracnofobia (1990) e sua continuação na Sessão da Tarde quando criança me deixou com medo de aranhas por muito tempo. A possibilidade de talvez ser traumatizado de novo por um filme de terror com aranhas provavelmente foi o que me impeliu a assistir este Infestação, produção francesa que é o primeiro longa-metragem do diretor Sébastien Vanicek.

Humanidade inane

A trama é centrada em Kaleb (Théo Christine), um jovem de vinte e poucos anos que vive de revender tênis de marca e mora no apartamento de sua falecida mãe em um prédio de habitação popular na periferia de Paris. Ele não tem muitas perspectivas de futuro e se interessa por animais exóticos. Um dia ele compra uma aranha estranha em um container de plástico da loja de produtos roubados na qual ele adquire os tênis que revende. Logicamente a aranha escapa e rapidamente se multiplica, infestando o prédio.

terça-feira, 8 de outubro de 2024

Crítica – A Casa Mórbida

 

Análise Crítica – A Casa Mórbida

Review – A Casa Mórbida
É impressionante como os filmes da parceria entre a Blumhouse e a Prime Video partem de boas premissas, mas ficam aquém de seu potencial. Aconteceu em Noturno (2020), em A Babá (2022) e agora volta a acontecer neste A Casa Mórbida, cuja premissa pode ser resumida com “e se O Urso se passasse em uma casa mal assombrada?” para tentar desenvolver um “horror gastronômico”.

segunda-feira, 7 de outubro de 2024

Crítica – Força Bruta: Sem Saída

 

Análise Crítica – Força Bruta: Sem Saída

Review – Força Bruta: Sem Saída
Quando escrevi sobre a produção coreana Força Bruta (2022) mencionei como o filme trazia uma trama bem básica, mas se sustentava pelas cenas de ação. Este Força Bruta: Sem Saída segue na mesma toada, entregando uma narrativa similar ao que já vimos um monte de outras vezes e se elevando pela condução da ação.

Crimes banais

A trama acompanha o detetive Ma Seok-Do (Don Lee) que precisa investigar assassinatos conectados à chegada de uma poderosa nova droga nas ruas da Coreia do Sul. A investigação o leva a uma disputa por território entre gangues locais, membros da yakuza japonesa e as tríades chinesas. Tráfico e guerras de gangues são comuns em filmes de ação e a trama não faz nada com essa premissa que já não tenhamos visto antes. Ao menos consegue tornar seus vilões em ameaças críveis e com personalidades excêntricas, como o sanguinário yakuza Ricky (Munetaka Aoki). Don Lee é um protagonista carismático ao equilibrar o jeito durão de Seok-Do com um lado mais bonachão.

sexta-feira, 4 de outubro de 2024

Crítica – O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder 2ª Temporada

 

Análise Crítica – O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder 2ª Temporada

Review – O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder 2ª Temporada
Depois de uma primeira temporada que demorava a desenhar seus principais conflitos e que funcionava como um grande prólogo de uma narrativa que estava por vir, a segunda temporada de O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder entrega uma narrativa mais concisa e focada do que seu ano de estreia. Se o primeiro ano demorou a encontrar um rumo, esta temporada já parece saber desde o início qual será seu foco.

Se na temporada anterior tudo girava em torno da possibilidade de Sauron (Charlie Vickers) estar vivo, aqui a temporada foca justamente no vilão e como ele manipula todos à sua volta, em especial o artesão élfico Celebrimbor (Charles Edwards). Os três anéis élficos forjados no final do primeiro ano foram realizados sem a influência de Sauron e agora o vilão quer estar perto de Celebrimbor conforme o convence a forjar anéis de poder para os anões e homens, inserindo suas trevas nos artefatos. Ao mesmo tempo, Galadriel (Morfydd Clark) tenta convencer o rei Gil-Galad (Benjamin Walker) e Elrond (Robert Aramayo) da presença de Sauron entre eles e de como os anéis élficos podem ser importantes para a batalha que virá. O Estranho (Daniel Weyman) segue em sua peregrinação para leste ao lado de Nori (Markella Kavenagh) enquanto Míriel (Cynthia Addai-Robinson) e Elendil (Lloyd Owen) retornam para Numenor apenas para se verem sob a suspeita dos opositores liderados por Pharazon (Trystan Gravelle).

quinta-feira, 3 de outubro de 2024

Crítica – The Plucky Squire (O Escudeiro Valente)

 

Análise Crítica – The Plucky Squire (O Escudeiro Valente)

Review – The Plucky Squire (O Escudeiro Valente)
Os primeiros trailers do game The Plucky Squire (que aqui recebeu o título de O Escudeiro Valente) me chamaram a atenção pelo modo como o game misturava elementos bidimensionais que remetiam a livros infantis com segmentos 3D cuja estética remetia ao remake de Link’s Awakening para Nintendo Switch ou o recente Echoes of Wisdom. Como ele ficou disponível no catálogo de jogos da Playstation Plus já no dia de seu lançamento pude conferir o jogo e o resultado é bacana, ainda que tenha alguns problemas.

Um elo entre mundos

A trama se passa dentro de um livro de histórias infantis protagonizado por Pontinho, o escudeiro valente. Um dia, o vilão da história, o mago Enfezaldo, se dá conta de que todos são personagens em um livro e usa poderes metamágicos para expulsar Pontinho do livro e reescrever a história se colocando como herói. Agora Pontinho precisa transitar entre os dois mundos para salvar seu livro e também o mundo real, já que sem suas aventuras as vidas das crianças que leem seus livros mudarão para pior.

quarta-feira, 2 de outubro de 2024

Crítica – Monstros: Irmãos Menendez Assassinos dos Pais

 

Análise Crítica – Monstros: Irmãos Menendez Assassinos dos Pais

Review – Monstros: Irmãos Menendez Assassinos dos Pais
Quando estreou a primeira temporada de Monstros, nova série de antologia sobre crimes reais produzidas por Ryan Murphy, acabei deixando de conferir a história do assassino Jeffrey Dahmer por já estar saturado na época de séries “true crime”. A série chega a sua segunda temporada com este Monstros: Irmãos Menendez Assassinos dos Pais contando o caso de dois irmãos que mataram os pais no final da década de 80. Eu tinha ouvido falar do caso algumas vezes, mas nunca soube muito à respeito, então resolvi conferir a série.

A narrativa acompanha os irmãos Lyle (Nicholas Alexander Chavez) e Erik Menedez (Cooper Koch) que em 1989 assassinam o pai, José (Javier Bardem), e a mãe, Kitty (Chloe Sevigny), com múltiplos tiros de espingarda. O crime chamou atenção pela crueldade e pelo fato de que os irmãos inicialmente tentaram culpar a máfia pela execução dos pais, tentando sugerir que o pai, um rico empresário da indústria fonográfica, estava envolvido com o crime organizado. O caminho até a eventual condenação dos irmãos levou quase uma década e foi marcado por denúncias de abusos físicos e sexuais que José Menendez teria cometido contra eles.

terça-feira, 1 de outubro de 2024

Crítica – Coringa: Delírio a Dois

 

Análise Crítica – Coringa: Delírio a Dois

Review – Coringa: Delírio a Dois
É impossível um realizador ter pleno controle sobre a recepção de sua arte. A recepção é um processo semiopragmático que depende da interpretação do espectador e, nesse sentido, comunidades interpretativas podem chegar até mesmo a um entendimento que não é sustentado pela materialidade da obra (Umberto Eco chamaria isso de interpretação aberrante). Não importa o quanto um realizador seja perfeccionista, é sempre possível que as pessoas gostem de um filme por motivos errados.

Piada explicada perde a graça

David Fincher é famoso pelo seu perfeccionismo e nem ele foi capaz de impedir que seu Clube da Luta (1999) fosse lido como um chamado ao retorno a um hipermasculinismo para reconstruir a ordem social e não como uma crítica a uma masculinidade que prefere criar uma seita terrorista e explodir o mundo a lidar com os próprios sentimentos. Há quem veja O Lobo de Wall Street (2013) como uma celebração da cultura de excessos da especulação financeira e não como a óbvia sátira que o filme é. Do mesmo modo, há quem goste de Coringa (2019) por ver o protagonista como um revolucionário se rebelando contra uma sociedade que o maltrata apesar do filme (e o próprio personagem) dizer explicitamente que ele não é nada disso.

sexta-feira, 27 de setembro de 2024

Crítica – Calor Mortífero

 

Análise Crítica – Calor Mortífero

Review – Calor Mortífero
Nunca li os livros de Jo Nesbo, mas meu contato com adaptações de suas obras não foi dos melhores. Primeiro com o péssimo Boneco de Neve (2017) e agora com este fraco Calor Mortífero, produção da Prime Video que adapta o conto O Homem Ciumento de Nesbo.

Mistério requentado

A trama se passa na Grécia e acompanha o detetive particular Nick Bali (Joseph Gordon Levitt) contratado pela socialite Penelope (Shailene Woodley) para investigar a morte de seu cunhado Leo (Richard Madden). Leo teria morrido ao cair de um penhasco durante uma escalada livre (sem equipamentos), com a morte sendo considerada um acidente. Penelope, no entanto, desconfia de algo, já que o controle da empresa da família está em jogo, contrata o detetive. As principais suspeitas recaem sobre Elias (Richard Madden), irmão gêmeo de Leo e marido de Penelope, e Audrey (Claire Holman), a controladora mãe dos gêmeos.

quinta-feira, 26 de setembro de 2024

Crítica – Pizza Tower

 

Análise Crítica – Pizza Tower

Review – Pizza Tower
Com algumas séries de games sendo esquecidas por suas desenvolvedoras, muitas vezes cabe a jogos indie trazer de volta o espírito desses games. Pizza Tower de certa forma faz isso pela série Wario Land, que a Nintendo não produz um game novo desde Wario Land: Shake It, no Nintendo Wii. Pizza Tower é um game de plataforma que tem o claro objetivo de evocar a estrutura de fase e senso de velocidade que marcou alguns games da série Wario Land. Eu não joguei quando Pizza Tower foi lançado para PC ano passado, mas aproveitei o lançamento para Nintendo Switch para finalmente conferir.

terça-feira, 24 de setembro de 2024

Crítica – A Substância

 

Análise Crítica – A Substância

Review – A Substância
Funcionando como uma versão moderna de O Retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde, ou do Fausto, de Goethe, A Substância usa o horror corporal para ponderar sobre o tempo, nossa relação com o corpo e os excessos que as pessoas vão para se adequarem a padrões de beleza e juventude impostos pela sociedade. É também sobre como Hollywood e toda a indústria do entretenimento objetifica as mulheres e constrói uma visão de que envelhecimento é algo indesejável apesar de ser um meio controlado por homens brancos velhos.

A narrativa é protagonizada por Elizabeth Sparkle (Demi Moore) que outrora foi uma premiada estrela de cinema, mas com o tempo viu sua fama diminuir e agora apresenta um programa matinal de ginástica. Em seu aniversário de 50 anos Elizabeth ouve Harvey (Dennis Quaid), o produtor do programa, falando em demiti-la e contratar alguém mais jovem por Elizabeth já ter passado demais de seu tempo. Depois da demissão Elizabeth recebe uma correspondência lhe oferecendo uma droga misteriosa chamada apenas de “A Substância” que promete um “novo eu” perfeito. Ela decide usar o item misterioso e cria uma versão jovem e bela de si em Sue (Margaret Qualley). Os efeitos da substância, no entanto, não são permanentes e ela deve voltar ao seu corpo original a cada sete dias, mas a fama e facilidades que Sue obtém a fazem ter repulsa de seu corpo mais velho e a levam a estender mais seu tempo como Sue, trazendo consequências sérias para ambas.

segunda-feira, 23 de setembro de 2024

Crítica – O Dia Que Te Conheci

 

Análise Crítica – O Dia Que Te Conheci

Review – O Dia Que Te Conheci
O cinema de André Novais e dos outros diretores da Filmes de Plástico é muito calcado na construção de um senso de cotidianidade. Se o drama normalmente tenta se concentrar nos grandes momentos de triunfo ou tragédia da vida comum, André e seus colegas entendem que a vida se constrói principalmente nos interlúdios entre essas duas coisas, que o grosso de nosso tempo se concentra nesse “eterno quase” de conseguirmos ou não aquilo que desejamos e neste "eterno quase" em que residem muitos de nossos momentos especiais. O Dia Que Te Conheci é um romance que se desenvolve justamente nesses momentos.