sexta-feira, 25 de outubro de 2024
Crítica – Bloomtown: A Different Story
quarta-feira, 23 de outubro de 2024
Crítica – A Garota da Vez
Mulheres objeto
Já na primeira cena com Sheryl em um teste de elenco o filme ilustra como Hollywood é um espaço que objetifica mulheres ao mostrar os dois produtores de elenco cochichando sobre a aparência da personagem enquanto a câmera abre o plano para mostrar que Sheryl está em pé bem diante deles. O final da cena, em que eles mudam de atitude no instante em que ela diz não se interessar por fazer cenas com nudez reforça a ideia de que ela está ali para servir ao olhar masculino.
Ao longo de todo o arco de Sheryl isso é constantemente reforçado pelas interações entre ela e outros homens e pelo modo como Kendrick filma essas situações. Seja em closes ou em planos mais abertos, os homens estão sempre entrando em quadro para encostar na personagem ou tocar seu rosto, como se invadissem seu espaço pessoal. Essas interações são sempre marcadas com um senso de desconforto, como na conversa que ela tem em um bar com o vizinho Terry (Pete Holmes), na qual ela acaba cedendo aos seus avanços apesar de inicialmente rejeitá-lo. Como na cena com os produtores de elenco, é visível como Terry muda de atitude no momento em que percebe que não irá conseguir o que quer dela e Sheryl decide ceder talvez por medo de sua reação ou por receio de alienar o único amigo que tem na cidade.
O senso de objetificação se reforça quando ela chega no set do programa no qual o apresentador vivido por Tony Hale constantemente comenta sobre a aparência de Sheryl, toca em seu corpo e diz que ela está ali apenas para ser bonita. Não à toa que o pequeno gesto de resistência da atriz de sair do roteiro e fazer perguntas jocosas aos candidatos que expõem o seu machismo é recebida com fúria pelo apresentador. Nesse sentido, o fato de Rodney dar todas as “respostas certas” soando como um cara legal mostra que não há padrão para homens abusivos e mesmo alguém que soa bacana ou inofensivo pode ser um potencial agressor, criando um senso de tensão crescente conforme Sheryl se aproxima de Rodney e demora a perceber sua real natureza.
Muitas vítimas, pouco tempo
A questão é a despeito de ideias interessantes e composições de planos cuidadosas, o filme derrapa em um material que tenta abrir várias frentes narrativas simultâneas, mas não desenvolve quase nenhuma a contento. A espectadora do programa que reconhece Rodney como o estuprador de sua amiga está ali só para mostrar como mulheres são ignoradas ou silenciadas em suas denúncias, seja por quem detêm poder, como os funcionários do estúdio que a ignoram, ou de quem está próxima dela, como o namorado, que a trata como doida ao invés de acreditar no que ela diz. A personagem existe mais como uma engrenagem em um mecanismo e menos como uma pessoa autônoma dotada de suas próprias motivações.
Os segmentos que mostram o passado de Rodney e como ele constantemente matava com impunidade ou evadia autoridades enquanto mantinha emprego em grandes jornais e instituições similares tenta reforçar a existência de estruturas de poder que protegem homens abusivos e entender como esse predador age, mas fica na superfície dessas ideias. Ocasionalmente o filme aponta para questões subjacentes da personalidade de Rodney, como as várias sugestões de que ele se interessa por homens, mas não faz nada com esse dado.
A narrativa também passa algum tempo com as vítimas do assassino, revelando como ele é um predador astuto, sempre se aproximando de mulheres sozinhas ou em situação de vulnerabilidade. O desfecho, que nos faz acompanhar uma sobrevivente de seus ataques, analisa como a sobrevivência dela se relaciona em tentar manter um senso de normalidade com seu abusador, agindo como se nada demais tivesse acontecido para ganhar tempo para escapar. O problema é que passamos muito pouco tempo com essa personagem para que seu arco tenha o impacto devido e, considerando que é ela a responsável pela captura do assassino me pergunto por que não seria sua história a central para a trama ao invés da trama de Sheryl, que não seria muito mais que uma nota de rodapé na trajetória do assassino.
Do jeito que está, A Garota da Vez fica na superfície de
seus temas principais, apontando os abusos e os mecanismos que facilitam sua
perpetuação, mas fazendo pouco para analisar seu funcionamento, se dividindo em
múltiplas tramas que não saem da superfície. É competente na construção do
senso de desconforto experimentado por Sheryl no seu cotidiano e Anna Kendrick
se mostra muito consciente das escolhas que faz como diretora, uma pena o texto
não estar à altura disso.
Nota: 6/10
Trailer
terça-feira, 22 de outubro de 2024
Crítica – Robô Selvagem
sexta-feira, 18 de outubro de 2024
Crítica – Hala
quinta-feira, 17 de outubro de 2024
Crítica – Pisque Duas Vezes
Ilha do esquecimento
A trama é centrada na garçonete Frida (Naomi Ackie). Um dia ela vai com a amiga Jess (Alia Shawkat) a uma festa e conhece o bilionário da tecnologia Slater (Channing Tatum). Ele as convida para passar uns dias em sua ilha particular e a dupla aceita. Chegando lá conhecem outros amigos e amigas do bilionário e passam seus dias na piscina, tomando drinks, comendo comida refinada e em festas que nunca terminam. Com o tempo, porém, Frida começa a se sentir esquisita, já que a proibição de celulares ou relógios a faz perder noção de há quanto tempo está ali e ocorrências estranhas, como outros convidados sumindo e ninguém lembrando deles, a fazem suspeitar de que há algo muito estranho ocorrendo ali.
quarta-feira, 16 de outubro de 2024
Crítica – Identidades em Jogo
terça-feira, 15 de outubro de 2024
Crítica – O Aprendiz
Advogado do diabo
A narrativa começa no final dos anos 70 quando um jovem Donald Trump (Sebastian Stan) está assumindo o negócio imobiliário do pai, Fred (Martin Donovan) e enfrenta um processo na justiça federal que o acusa de discriminar inquilinos negros. O processo põe em pausa os planos de Trump de sair do ramo de habitações populares e começar a investir em hotéis de luxo, então ele procura a ajuda do advogado Roy Cohn (Jeremy Strong, de Succession), para ajudá-lo. A trama então segue o desenvolvimento da relação entre Trump e Cohn, mostrando a influência do advogado no empresário.
segunda-feira, 14 de outubro de 2024
Crítica – Garotas em Fuga
Comédia de erros
A trama é centrada em Jamie (Margaret Qualley), que busca um recomeço depois de terminar com a namorada, Sukie (Beanie Feldstein), embarca em uma viagem para a Flórida ao lado de sua amiga Marian (Geraldine Viswanathan). O problema é que o carro que elas alugaram deveria ser entregue a um grupo de criminosos que iria transportar a carga escondida nele até a Flórida e agora os criminosos estão no encalço das duas.
Muito do humor vem das personalidades opostas da dupla principal, com Jamie sendo aventureira e disposta a qualquer maluquice enquanto Marian é mais retraída e introspectiva. Boa parte das situações insólitas em que a dupla se coloca vem de Jamie querer que Marian se solte e tenha uma transa espetacular com alguma garota que encontrem na estrada, enquanto Marian prefere esperar pela garota ideal.
Universo caótico
Além das protagonistas, o filme povoa seu universo com figuras esquisitas e histriônicas, como a dupla de capangas no encalço de Jamie e Marian, que estão sempre discordando e questionando o modo de agir um do outro, enquanto um quer ser mais violento o outro tenta resolver via diálogo, um embate que terá consequências sangrentas perto do final. Igualmente pitoresca é a agressiva policial vivida por Beanie Feldstein que parece sempre reagir a qualquer situação com o máximo de intensidade, que faça sentido para o momento ou não.
Esse senso de bizarrice se dá também na própria progressão da trama, com guinadas que acontecem por conta de coincidências ou desencontros fortuitos e revelações completamente absurdas. A principal delas é a descoberta do que há na maleta escondida no carro de Jamie e Marian e o motivo de um poderoso e conservador senador da Flórida (interpretado por Matt Damon) estar tão focado em recuperá-la. De todas as possibilidades de construir uma trama de escândalo político, o filme escolhe pela via mais estúpida e aloprada possível. Há uma crítica aqui às hipocrisias dessas figuras públicas que arrotam moralismo em prol da “família tradicional”, mas são observações que nunca saem da superfície e carecem da acidez de sátiras sociais que os Coen já fizeram em filmes como Fargo (1996), O Grande Lebowski (1998) ou Queime Depois de Ler (2006).
Assim, Garotas em Fuga diverte pelo seu universo povoado por personagens
excêntricos, ainda que não faça nada que os Coen não tenham feito melhor em
trabalhos anteriores.
Nota: 6/10
Trailer
quinta-feira, 10 de outubro de 2024
Crítica – A Liga
quarta-feira, 9 de outubro de 2024
Crítica – Infestação
Humanidade inane
A trama é centrada em Kaleb (Théo Christine), um jovem de vinte e poucos anos que vive de revender tênis de marca e mora no apartamento de sua falecida mãe em um prédio de habitação popular na periferia de Paris. Ele não tem muitas perspectivas de futuro e se interessa por animais exóticos. Um dia ele compra uma aranha estranha em um container de plástico da loja de produtos roubados na qual ele adquire os tênis que revende. Logicamente a aranha escapa e rapidamente se multiplica, infestando o prédio.
terça-feira, 8 de outubro de 2024
Crítica – A Casa Mórbida
segunda-feira, 7 de outubro de 2024
Crítica – Força Bruta: Sem Saída
Crimes banais
A trama acompanha o detetive Ma Seok-Do (Don Lee) que precisa investigar assassinatos conectados à chegada de uma poderosa nova droga nas ruas da Coreia do Sul. A investigação o leva a uma disputa por território entre gangues locais, membros da yakuza japonesa e as tríades chinesas. Tráfico e guerras de gangues são comuns em filmes de ação e a trama não faz nada com essa premissa que já não tenhamos visto antes. Ao menos consegue tornar seus vilões em ameaças críveis e com personalidades excêntricas, como o sanguinário yakuza Ricky (Munetaka Aoki). Don Lee é um protagonista carismático ao equilibrar o jeito durão de Seok-Do com um lado mais bonachão.
sexta-feira, 4 de outubro de 2024
Crítica – O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder 2ª Temporada
Se na temporada anterior tudo girava em torno da possibilidade de Sauron (Charlie Vickers) estar vivo, aqui a temporada foca justamente no vilão e como ele manipula todos à sua volta, em especial o artesão élfico Celebrimbor (Charles Edwards). Os três anéis élficos forjados no final do primeiro ano foram realizados sem a influência de Sauron e agora o vilão quer estar perto de Celebrimbor conforme o convence a forjar anéis de poder para os anões e homens, inserindo suas trevas nos artefatos. Ao mesmo tempo, Galadriel (Morfydd Clark) tenta convencer o rei Gil-Galad (Benjamin Walker) e Elrond (Robert Aramayo) da presença de Sauron entre eles e de como os anéis élficos podem ser importantes para a batalha que virá. O Estranho (Daniel Weyman) segue em sua peregrinação para leste ao lado de Nori (Markella Kavenagh) enquanto Míriel (Cynthia Addai-Robinson) e Elendil (Lloyd Owen) retornam para Numenor apenas para se verem sob a suspeita dos opositores liderados por Pharazon (Trystan Gravelle).
quinta-feira, 3 de outubro de 2024
Crítica – The Plucky Squire (O Escudeiro Valente)
Um elo entre mundos
A trama se passa dentro de um livro de histórias infantis protagonizado por Pontinho, o escudeiro valente. Um dia, o vilão da história, o mago Enfezaldo, se dá conta de que todos são personagens em um livro e usa poderes metamágicos para expulsar Pontinho do livro e reescrever a história se colocando como herói. Agora Pontinho precisa transitar entre os dois mundos para salvar seu livro e também o mundo real, já que sem suas aventuras as vidas das crianças que leem seus livros mudarão para pior.
quarta-feira, 2 de outubro de 2024
Crítica – Monstros: Irmãos Menendez Assassinos dos Pais
A narrativa acompanha os irmãos Lyle (Nicholas Alexander Chavez) e Erik Menedez (Cooper Koch) que em 1989 assassinam o pai, José (Javier Bardem), e a mãe, Kitty (Chloe Sevigny), com múltiplos tiros de espingarda. O crime chamou atenção pela crueldade e pelo fato de que os irmãos inicialmente tentaram culpar a máfia pela execução dos pais, tentando sugerir que o pai, um rico empresário da indústria fonográfica, estava envolvido com o crime organizado. O caminho até a eventual condenação dos irmãos levou quase uma década e foi marcado por denúncias de abusos físicos e sexuais que José Menendez teria cometido contra eles.
terça-feira, 1 de outubro de 2024
Crítica – Coringa: Delírio a Dois
Piada explicada perde a graça
David Fincher é famoso pelo seu perfeccionismo e nem ele foi capaz de impedir que seu Clube da Luta (1999) fosse lido como um chamado ao retorno a um hipermasculinismo para reconstruir a ordem social e não como uma crítica a uma masculinidade que prefere criar uma seita terrorista e explodir o mundo a lidar com os próprios sentimentos. Há quem veja O Lobo de Wall Street (2013) como uma celebração da cultura de excessos da especulação financeira e não como a óbvia sátira que o filme é. Do mesmo modo, há quem goste de Coringa (2019) por ver o protagonista como um revolucionário se rebelando contra uma sociedade que o maltrata apesar do filme (e o próprio personagem) dizer explicitamente que ele não é nada disso.
sexta-feira, 27 de setembro de 2024
Crítica – Calor Mortífero
Mistério requentado
A trama se passa na Grécia e acompanha o detetive particular Nick Bali (Joseph Gordon Levitt) contratado pela socialite Penelope (Shailene Woodley) para investigar a morte de seu cunhado Leo (Richard Madden). Leo teria morrido ao cair de um penhasco durante uma escalada livre (sem equipamentos), com a morte sendo considerada um acidente. Penelope, no entanto, desconfia de algo, já que o controle da empresa da família está em jogo, contrata o detetive. As principais suspeitas recaem sobre Elias (Richard Madden), irmão gêmeo de Leo e marido de Penelope, e Audrey (Claire Holman), a controladora mãe dos gêmeos.
quinta-feira, 26 de setembro de 2024
Crítica – Pizza Tower
terça-feira, 24 de setembro de 2024
Crítica – A Substância
A narrativa é protagonizada por Elizabeth Sparkle (Demi Moore) que outrora foi uma premiada estrela de cinema, mas com o tempo viu sua fama diminuir e agora apresenta um programa matinal de ginástica. Em seu aniversário de 50 anos Elizabeth ouve Harvey (Dennis Quaid), o produtor do programa, falando em demiti-la e contratar alguém mais jovem por Elizabeth já ter passado demais de seu tempo. Depois da demissão Elizabeth recebe uma correspondência lhe oferecendo uma droga misteriosa chamada apenas de “A Substância” que promete um “novo eu” perfeito. Ela decide usar o item misterioso e cria uma versão jovem e bela de si em Sue (Margaret Qualley). Os efeitos da substância, no entanto, não são permanentes e ela deve voltar ao seu corpo original a cada sete dias, mas a fama e facilidades que Sue obtém a fazem ter repulsa de seu corpo mais velho e a levam a estender mais seu tempo como Sue, trazendo consequências sérias para ambas.
segunda-feira, 23 de setembro de 2024
Crítica – O Dia Que Te Conheci